REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


nova série | número 49 | dezembro-janeiro | 2014-15

 
 

 

 

FRANCISCO JOSÉ 
CRAVEIRO DE CARVALHO
Lembro-me 
(segundo Joe Brainard)

 

 

EDITOR | TRIPLOV

 
ISSN 2182-147X  
Contacto: revista@triplov.com  
Dir. Maria Estela Guedes  
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  ÍNDICE
 
 

(Im)practical cats 

Para Luís Quintais 

T(homas) S(tearns) Eliot foi um grande poeta do século XX.  Um pouco menor na sua obra, se é que podemos falar em menor sobre um tão grande poeta, será um livro, chamado Old Possum’s Book of Practical Cats.

Alguns esclarecimentos. Possum é o nome inglês de um mamífero marsupial, conhecido em português por gambá, havendo outras designações. A expressão Old Possum era uma alcunha dada a Eliot pelo, também grande, poeta Ezra Pound.

O livro, um conjunto de poemas fantasiosos sobre gatos, escritos nos anos 30 do século passado, que Eliot incluía em cartas para os seus afilhados, foi publicado pela primeira vez em 1939. A capa, do próprio Eliot, era esta

   
 
   
 

Para a grande popularidade do livro terá certamente contribuído o musical Cats, composto por Andrew Lloyd Weber e nele baseado. Weber terá, no entanto, usado outras fontes também e, curiosamente, aquela que é, talvez, a canção mais conhecida, Memory, não parte de  qualquer poema do livro, mas de dois outros poemas de Eliot, Preludes e Rhapsody on a windy night. A letra da canção essa  é de Trevor Nunn.

A este ponto, perguntar-se-á por que estarei eu a falar de gatos? Por razões que são alheias a este texto, fiz uma pequena pesquisa sobre uma pintora inglesa, Wilhelmina Barns-Graham, e deparei com um depoimento, recolhido por Martin Gayford, sobre, precisamente, a pintura de um gato, de Roger Hilton (tanto Wilhelmina como Hilton foram membros da chamada St Ives School ).

O gato de Hilton, sobre o qual Barns-Graham diz (The Telegraph, 17 November, 2001) 

"The colours are very simple. There's just blue, black, white and a green. The blue's splashed down nice and freely, and the black is just confined to the outlines of the cat. What impresses me about it is the vitality of the brush-strokes - the black face, the black ears, the black paws, and their positions." 

é este:
   
 
   
 

Com ele, fui em busca de outros gatos, criados por Roger Hilton. Curiosidade pura. E encontrei alguns,

   
 
   
 
   
 
   
 
   
 
   
 
   
 

Gatos bonitos, o último com um casaco de lã vermelho, com qualidades próprias, mas um pouco impratical. Não?

 

 

fjcc

 

  Francisco José Craveiro de Carvalho  (Portugal). Licenciou-se em Matemática na Universidade de Coimbra. Doutorou-se, mais tarde, com uma tese em Topologia e  Geometria, sob a supervisão de  Stewart Alexander Robertson, Southampton University, U. K.. Assume uma posição de alguma marginalidade em relação à divulgação daquilo que escreve. Traduziu poemas de Carl Sandburg, Jane Hirshfield, Jennifer Clement, Linda Pastan, Rita Dove..., publicados em opúsculos discretos, que circularam entre  os seus amigos.
 

 

© Maria Estela Guedes
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