A revista Triplov
propõe-se homenagear Ernesto de Sousa, organizador da
mais importante exposição colectiva da década de
setenta, a Alternativa Zero: Tendências Polémicas na
Are Portuguesa Contemporânea (Lisboa, 1977), de que
se assinalam em 2017 os 40 anos. Partilhando desta
homenagem, deixo um pequeno excerto do livro de minha
autoria, Artes plásticas e crítica em Portugal nos
anos 70: vanguarda e pós-modernismo, editado pela
Imprensa da Universidade de Coimbra em 2013, com segunda
edição em 2015.
«Ernesto de Sousa (1921-1988)
foi uma figura incontornável no contexto da arte
portuguesa destes anos. Indivíduo de considerável
versatilidade – crítico, cineasta, “operador estético”,
jornalista, ensaísta, curador de exposições (1),
professor, cineclubista (2)
–, catalisador de pessoas e de práticas artísticas,
especialmente ao longo dos anos setenta, não obstante o
seu percurso fragmentário, ecléctico e eventualmente
contraditório, o qual se prolongou ao longo dos anos
oitenta, até ao seu falecimento. Inicialmente ligado ao
neo-realismo, começou a fazer crítica de arte na revista
Seara Nova (1921-1979) em 1946, na sequência de
uma exposição integrada na Semana de Arte Negra,
na Escola Superior Colonial, que organizou com Diogo de
Macedo. Foi redactor principal da revista Imagem
(2.ª série, 1956-1961), estudou cinema em Paris
(1949-1952) e interessou-se vivamente pelo denominado
“cinema novo” português, realizando o filme Dom
Roberto (1962). No final dos anos sessenta, Ernesto
de Sousa começa a interessar-se vivamente pela
vanguarda, pela arte conceptual e pelo conceptualismo.
Sobretudo, a busca da relação entre a arte e a vida,
pontua o percurso de Ernesto de Sousa, independentemente
dos formatos, suportes ou conceitos. Em 1969, Ernesto de
Sousa participou no primeiro festival
11 Giorni di Arte Collectiva a Pejo,
em Itália, e conviveu com Ben Vaultier,
Robert Filliou, Wolf Vostell, entre
outros artistas de vanguarda/”operadores estéticos”,
numa procura contínua de comunhão entre a arte e a vida.
No mesmo ano de 1969, apresentava no Clube de Teatro 1.º
Ato (Algés) o mixed-media Nós Não Estamos
Algures, desenvolvido a partir da conferência A
invenção do dia claro (1921), de Almada Negreiros, e
a instalação/meeting as art Encontro no Guincho,
com a colaboração, entre outros, de Ana Hatherly, Artur
Rosa, Helena Almeida, Isabel Alves, Jorge Peixinho,
Noronha da Costa, inaugurando as actividades da Oficina
Experimental, bem como, de suma relevância, um processo
de pesquisa ao nível da experimentação de suportes e
linguagens, nomeadamente, em torno da arte intermedia».
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Isabel Nogueira
(Portugal).
Doutorada em Belas-Artes, área de especialização em
Ciências e Teorias da Arte (Faculdade de
Belas-Artes da Universidade de Lisboa) e pós-doutorada
em História e Teoria da Arte Contemporânea e
Teoria da Imagem (Universidade de Coimbra e Université
Paris 1 Panthéon-Sorbonne). É historiadora de arte
contemporânea, professora universitária, ensaísta e
curadora independente. É investigadora integrada do
Centro de Estudos Interdisciplinares do Século
XX/Universidade de Coimbra, onde coordena a linha de
investigação: “Artes Visuais e Imagem em Campo
Expandido”. Colabora regularmente nas publicações
Estudos do Século XX e Recherches en Esthétique. No
domínio do ensaio, publicou as seguintes monografias: Do
pós-modernismo à exposição Alternativa Zero, Nova
Vega, 2007; Alternativa Zero (1977): o
reafirmar da possibilidade de criação,
CEIS20/Universidade de Coimbra, 2008; A crítica
nas artes: fundamentos, conceitos e funções
(coord.), CEIS20/Universidade de Coimbra, 2011;
Teoria da arte no século XX: modernismo, vanguarda,
neovanguarda, pós-modernismo. Imprensa da
Universidade de Coimbra, 2012, segunda edição em 2014;
Théorie de l’art au XXe siècle: modernisme,
avant-garde, néo-avant-garde, postmodernisme, Éditions
L’Harmattan, 2013; Modernidade avulso: escritos
sobre arte, Edições A Ronda da Noite, 2014.
Obras editadas na IUC:
Teoria da Arte no século XX: modernismo, vanguarda,
neovanguarda, pós-modernismo.
Artes plásticas e crítica em Portugal nos anos 70 e 80:
vanguarda e pós-modernismo.
Teoria da Arte no Século XX (2.ª Edição).
Artes plásticas e crítica em Portugal nos anos 70 e 80:
vanguarda e pós-modernismo (2.ª edição)
In:
https://www.uc.pt/imprensa_uc/Autores/galeriaautores/isabelnogueira
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