Revista TriploV . ns . nº 64. abril-maio . 2017 . ÍNDICE.
Homenagem do Triplov aos Capitães de Abril

António Marcos Galopim de Carvalho (Portugal, 1931), conhecido em Portugal como "o avô dos dinossauros", foi diretor do Museu Nacional de História Natural, em Lisboa. Dirigiu inúmeros projectos de investigação, de que são exemplo a "Paleontologia dos vertebrados fósseis do Jurássico superior da Lourinhã e Pombal" e "Icnofósseis de dinossáurios do Jurássico e do Cretácico Português". Dirige e integra diversos organismos nacionais e internacionais, nomeadamente a comissão Oceanográfica Intergovernamental da UNESCO. Foi colaborador dos Serviços Geológicos de Portugal e trabalhou no Centro de Estudos Geográficos, do Instituto de Geografia da Faculdade de Letras de Lisboa e no Centro de Estudos Ambientais. Foi consultor científico da RTP para as séries televisivas de divulgação científica na área das Ciências da Terra.  Ver Wikipédia.


A.M. GALOPIM DE CARVALHO

Nós formamo-los
e o estrangeiro dá-lhes o emprego que Portugal lhes nega 

Com a geração de geólogos e professores, como Carlos Teixeira, Torre de Assunção, Cotelo Neiva, Georges Zbyszevski, Gaspar de Carvalho e Carlos Romariz, renasceu, em Portugal, a meados do seculo passado, uma geologia adormecida, que fora grande no virar do XIX ao XX, com Carlos Ribeiro, Paul Choffat e Nery Delgado entre os mais destacados. A esta geração, que fez escola, seguiu-se a minha, com António Ribeiro, em Lisboa, Ferreira Soares, em Coimbra,  Fernando Noronha, no Porto, e outros.

Daqui para a frente foi um desabrochar de um sem número de “netos” e “bisnetos”, na vanguarda do que de melhor se faz nos domínios das Ciências da Terra, que já nem conhecem os “avós”. João Duarte, agora galardoado com o "Arne Richter Award for Outstanding Early Career Scientists” pela União Europeia de Geociências, é apenas um destes descendentes que, com orgulho e satisfação, vemos crescer.

O Arne Richter Award for Outstanding Early Career Scientists reconhece actividade científica de exceção, a nível mundial, realizada por cientistas na fase inicial da carreira, em qualquer área das Geociências.

João Duarte, licenciado em Geologia e Recursos Naturais pela Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, em 2005, é investigador do Instituto Dom Luiz e do Departamento de Geologia da mesma Faculdade, recebeu este prémio pelo seu trabalho na área da Geologia Marinha e Tectónica, bem como pela sua atividade na área da divulgação científica.  

Leia o comentário de João Duarte a este post que coloquei no Facebook:

É este o  prestigiado percurso de uma ciência, hoje de ponta em Portugal, onde (com as excepções, que são devidas salientar) a incultura geológica é uma realidade a todos os níveis socioculturais, dos governantes aos governados.

Isto acontece porque, ao contrário de outros domínios científicos, a comunidade a que pertenço, não tem sabido projectar para fora das academias o muito que sabe sobre este planeta maravilhoso e único que nos deu vida, “um ponto azul claro” (como lhe chamou o grande divulgador Carl Sagan) perdido na imensidão do espaço. 

Leia-se agora o comentário de João Moedas a este texto que publiquei na minha página do Facebook:

“Caro Professor, colegas e amigos. Muito obrigado pelas palavras! Muito me honram. É verdade o que o Professor diz: hoje somos muitos! E isso é uma conquista fabulosa.. Mas é também verdade que eu, assim como muitos, continuamos a ter posições precárias com contratos a prazo sem qualquer perspectiva de futuro. Estive emigrado uns anos e as perspectivas que hoje tenho é que se quiser continuar a fazer o que gosto (explorar e ensinar a ciência que amo) e ao mesmo tempo quiser ter condições para constituir a família que tanto desejo provavelmente terei de emigrar outra vez. Desculpem-me o desabafo, até por que sou um optimista e não gosto de fatalismos. Mas penso que é importante contextualizar um pouco. No que diz respeito à dignidade dos jovens cientistas em Portugal as coisas não estão nada bem.. nada bem mesmo! E o pior é que não vejo perspectivas de virem a melhorar significativamente num futuro próximo. Notem que não estou apenas a falar por mim. Estou também a falar por um enorme número de colegas de elevadíssima qualidade que ou estão em situações muito complicadas ou que foram mesmo obrigados a abandonar a ciência. E confesso aqui neste forum (porque não é segredo nenhum) que eu próprio tenho considerado abandonar a academia. Talvez um dia o faça e me dedique à comunicação e divulgação de ciência que tanto me apaixona)”.



João Duarte
 

 

     
 
 
 
 
 
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