REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


ns | número 63 | março-abril 2017

 







Cecília Erismann
é uma poetisa e artista brasileira com raízes suíças. Vivendo entre o continente europeu e o latino americano - sua poesia é viva, sua arte é dinâmica, orgânica, sempre adereçada à você. Com dois livros próprios publicados e muitos trabalhos e parcerias concretizadas, ela continua construindo suas pontes entre as diferentes expressões artistas e os diversos eventos poéticos.  

 

CECÍLIA ERISMANN

 

Varia-ações.

Poesias dedicadas à alegria leve
que vive no meu eterno encontrar-se com o amigo Kadu Braga. 

1. Des-coberta

 

Ela insinua palavras

coberta de sonhos.

 

Ele sonha palavras,

num diálogo mudo.

 

Ninguém disse que seria fácil,

o encontro se faz às avessas,

 

Travessa,

ela muda as palavras,

 

Festivo,

ele des-cobre sua graça.  

2. Nos(otros)

 

Nosotros.

 

nós

entre

            outros,

Nós,

            Então,

Outros.

 

                 Vos

3. Saudades –

 

Saudades,

bicho esquisito...

 

Que é,

onde não és,

Que fica,

onde não ficas.

 

E se desfaz – logo se vai,    

Quando do toque,

Os nossos corpos  sendo,

Saudades.  

4. Por elas –

 

pela janela,

                 o verão é frio.

 

pela porta,

                   eles vem e vão...

 

pelas pernas,

                      o entrelaçar preguiçoso

-

 

pela gente,

              o inverno é quente.

 

pela vida,

               eles vem e vão...

 

pelos abraços,

                       as lembranças preguiçosas.

5. Avessas –

 

Ela

 

cria pseudônimos,

pinta novas realidades,

diz que vai morrer de amor

 

não morre.

 

--

 

Ele

 

vive diferentes heterônimos,

é puro carnaval, fantasias mil...

Acha que nunca vai morrer de amor

morre.

 

6. Bilhete.

 

Escrevo palavras

como quem devora sentidos,

sem nada ter tido –

sem nada ter dito,

 

Silêncio,

 

Numa lufada de vento,

meu lenço se indo...

pedindo –

na indiscrição do pouso,

 

Bilhete-destino.

7. Extraño.

 

Cai, feito objeto solto..

Se encosta.

 

Se abren,

Los ojos azules – ou verdes,

 

Fluindo – se indo,

Riendo,

 

Ruindo –

extraño amor. 

8. Ser-Céu

 

Ser-Céu, numa mansa tarde de domingo,

Daqueles domingos de frio, do eterno café e da preguiça,

Feitos por aqueles e daqueles dias-sem-dia-do-não-sei-o-que.

Donde uma voz baixinha, dir-se-á, rouca,

Fala de coisas que-não-sei-o-que.

 

Ser-Céu, num domingo de Ponto-e-vírgula;

Onde o espaço entre o final de uma semana,

E o começo de uma nova, não consegue se dar por completo.

Não é um ponto final, nem o espaço afoito de uma vírgula.

 

 

;

 

 

Ser-Céu, numa tarde de domingo,

Domingo de frio, de café e, dir-se-á baixinho,

... 

De trabalho, de preguiça e de saudades! 

 

Ser-céu de completo silêncio involuntário,

Ou talvez, deliciosamente silenciado pelas nuvens do céu azul e do pouco sol;

À deriva dos sentimentos mais mansos,

Sossegado por um incompleto ponto-e-vírgula:

A respiração profunda e curta do espaço entre o Sábado e a Segunda.

 

Mas espere, está tudo errado!

Pois o poema não é de Domingo;

Hoje, ainda é Sábado. 

Dir-se-á, então, ponto e virgula mais alongado...

 

;

 

9.  Fatos

 

Juntando os fatos,

somando os contos

dos pontos

do fio que nunca dá nó

 

No fino fio da minha (r)existência

nos fatos singulares

dos últimos tempos

as coisas se dão na seguinte ordem de acontecimentos:

 

...

            ...

                        ...

                                   ...

...e ponto final.

10.  Nada.

 

Indo e vindo,

Mansinho...

Som de esquina,

Seu Clarinete.

 

Fascina  -

Essa poesia de rua,

De gente,

De encontros

                        De vida

                                               Na via

                                                                       Na vila

 

Sem nada faltar.

 

 
 
 
 

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