|  | 
							
								|  | 
							
								| 
								Ko Un, 1933, é 
								um poeta sul-coreano, já várias vezes mencionado 
								como favorito ao Prémio Nobel. 
								Os poemas aqui publicados foram extraídos do 
								livro What, 
								108 Zen poems, 
								com traduções para inglês de Young-Moo Kim & 
								Brother Anthony of Taizé. | 
							
								|  | 
							
								| KO UN
 
 «Eco» 
								e outros poemas
 
 Trad. de Francisco 
								Craveiro de Carvalho
 | 
							
								|  | 
							
								| Eco   Às montanhas ao 
								crepúsculo: Que sois vós?   Que sois vós sois vós... | 
							
								|  | 
							
								| Bebé   Antes de nasceres antes de o teu pai 
								antes de a  tua mãe   o teu balbuciar estava lá. | 
							
								|  | 
							
								| Um amigo   Ei! Com o barro que 
								cavaste Modelei um buda. Choveu. O buda voltou a ser 
								barro.   Tão sem sentido como os 
								céus limpos após a chuva. | 
							
								|  | 
							
								| Colheita   Os ditos de um patriarca 
								são apenas espigas num campo e este ano de colheita 
								fraca com elas... | 
							
								|  | 
							
								| Lua   O arco tenso. Tuang! A seta acerta                               
								no teu olho.   A lua nasceu junto à dor 
								da tua escuridão. | 
							
								|  | 
							
								| Um sorriso   Shakyamuni segurou um 
								lótus para que Kashyapa 
								sorrisse. De maneira nenhuma. O lótus sorriu e Kashyapa sorriu.   Shakyamuni não estava em 
								lugar algum.   | 
							
								|  | 
							
								| O vento   Nunca implorem 
								misericórdia ao vento.  Lírios altos selvagens 
								lírios brancos perfumados lírios de um só dia e 
								outras flores parecidas quebrados os vossos 
								caules dai novos botões. Não é 
								tarde de mais. 
								 | 
							
								|  | 
							
								| Estrela cadente   Uau! Tu reconheces-me. | 
							
								|  | 
							
								| Verão   O girassol cego segue o 
								sol. A dama-da-noite cega 
								floresce ao luar.                         
								Tolice. É tudo o que sabem. As libelinhas voam de dia                                  
								os besouros de noite. | 
							
								|  | 
							
								| Uma noite sem lua    A lua 
								não nasceu contudo as duzentas milhas entre nós brilham toda a noite. Aquele cão que morrerá 
								amanhã                          
								não sabe que vai morrer. Está a ladrar ferozmente. | 
							
								|  | 
							
								| Mosquito   Fui mordido por um 
								mosquito. Mil obrigados. Porquê, estou mesmo vivo.                
								Coçar coçar. | 
							
								|  | 
							
								| Descendo uma montanha   Olhando para trás 
								           
								Ei! Não há vestígio da montanha 
								que acabo de descer. Onde estou eu? A brisa de outono agita-se 
								e fica sem vida           
								como a pele largada por uma serpente. | 
							
								|  | 
							
								|  | 
							
								|  | 
							
								|  | 
							
								|  |