DE UMA LEITURA DE «O
HOMEM DA MINHA VIDA»
de Risoleta Pinto
Pedro
Extraordinário
Esse sem-abrigo
Que não podendo estar
Apenas num lugar
Ocupa todo o espaço
existente.
Ele é o eterno amigo
Que tantas vezes
julgamos mal
Como o semeador de
injustiças no mundo
Que deixa acontecer
desgraças
Não distribuindo a
sorte por igual…
E ceifa a vida de
alguns logo no início,
A outros deixando
morrer abandonados
Cheios de fome e de
traças.
Serve-se das roupas
de todos nós
Dos artigos de luxo
(Que considera coisas
de passagem
Caprichos da cegueira
do espírito).
O singular sem-abrigo
Tem sido tema
Das lucubrações dos
filósofos,
De actos piedosos de
santos.
As suas vestes são
inefáveis
Mas cada um o vê
ornado
De modo diferente.
Desde tempos
imemoriais
É motivo de
preocupação
(Muito além das
sociais)
E por estranho que
pareça
Até para o descrente
Que teima em negá-lo.
Quando menos se
espera
Na prova da sua
obiquidade
Descansamos o rosto
E vemo-lo então sob
uma forma
Que não ainda a
verdadeira.
Tocamos o véu de
entrada
Ou cortina sem cor
Da majestosa casa sem
espaço
Onde tudo é nítido e
preenchido
Onde não há descanso
nem cansaço.
23-10-2016
Eduardo Aroso
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