IV
I
watched with glee
While your kings and queens
Fought for ten decades
For the gods they made
Rolling Stones
Com a justeza
dos grandes apaixonados
E dos frutos negros, confesso:
Ébrio de lucidez vejo a
pobreza
Das rosas depostas à
porta da fraternidade
E sinto uma ira profunda
Percorrendo-me o palato.
Nunca me conformei,
Nunca fui capaz de me
adaptar,
Pois sempre vi no
conformismo uma forma
De traição e fraqueza.
Sim, desconfio dos
adaptados.
Nasci no seio de uma
raça que cultivava o fogo,
Uma raça barbárica,
De nobres esfoladores,
Com sentimentos áridos e
húmidos.
Nunca tive um ofício.
Deambulo pelo mundo,
Filho do não-lugar,
deambulo
E desprezo a humanidade
Com uma fúria secreta,
mas ígnea.
Desprezo as suas
pequenas vaidades,
Virtudes e jubilosas
alianças
Onde a pureza do animal
de facto não existe.
Nunca acreditei no beijo
dos irmãos com seis sentidos,
Sempre considerei mais
sincero o beijo de judas.
Sou de facto um animal
desesperado,
Rancoroso, mas forte,
sujo como a pureza,
Cepticamente intacto e
noturno,
Pleno de sede vingativa,
Incapaz de acreditar nos
homens
E no seu doce amor
social
Nas suas altivas palavras.
Por vezes metem-me pena,
os homens
E uma compaixão
esbranquiçada inunda-me a alma.
Mas a ira e toda a sua
desconciliação
Continuam a crescer em
mim;
Como a água doentia e
medicinal
Que morde as raízes das
flores maléficas
Crescem em mim.
Sim, cultivo
metodicamente a desconfiança
E o desprezo por tudo
quanto é humano
Sou uma erva venenosa
Nos campos das áureas virtudes.
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