REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


NS | número 59 | julho-agosto | 2016

 
Raimundo Gadelha é formado em Publicidade e em Jornalismo pela Universidade Federal do Pará, com especialização na Universidade de Sophia, em Tóquio, Japão, onde viveu durante três anos, depois de ter estudado em Nova York. Poeta e fotógrafo, sua obra percorre o romance e a poesia, geralmente associada à Fotografia. Trabalhou durante três anos como editor da Aliança Cultural Brasil-Japão e, em 1994, fundou a Escrituras Editora. É autor de diversos livros, entre eles: Tereza, perdida, Tereza (contos, 1978), Colagem Trágica (poemas, 1980), Este circo tem futuro (Teatro, 1982) e Cristal (CD de Música Popular Brasileira, gravado em parceria com Cláudio Vespar, 1984), Um estreito chamado horizonte (1992), que o transformou no primeiro brasileiro a escrever em Tanka, a forma poética mais tradicional do Japão, Em algum lugar dentro de você mesmo (poesia, 1994, português-japonês), Brasil Retratos Poéticos 1 (fotografia/poesia, 1996, 7a edição), Para não esqueceres dos seres que somos (poesia, 1998, CD com participações especiais de Chico César, Marisa Orth, Celso Viáfora e Ná Ozzetti), Brasil Retratos Poéticos 2 (fotografia/poesia, 2001, 3a edição), Histórias do olhar (contos, 2003, com outros autores), Brasil Retratos Poéticos 3 (fotografia/poesia, 2003, 2a edição), Brasil Natureza e Poesia (fotografia/poesia, 2004), Vida útil do tempo (poesia, 2004), Brasil - Livro e Postais (fotografia, 2005) e Em algum lugar do horizonte (romance, 2000), publicado em 2007 na Grécia e no México. Em 2007, Raimundo Gadelha assumiu o controle acionário e administrativo da Arte Paubrasil (www.artepaubrasil.com.br), uma das mais reconhecidas livrarias virtuais do País.

RAIMUNDO GADELHA

Tankas

 

Além da alma,

existem, dentro de mim,

ruas vazias...

Na cidade inteira,

o CEP é solidão. 

Mesa não posta

Olhar no denso vazio...

O som da tevê

transpassa o meu corpo

Nada é preenchido.

Guardo palavras

em gavetas que eu sei

nunca abrirei...     

No estridente mundo,

mastigo silêncios.

Ovo é nave

em misterioso voo...

Vou, envolvo-me

Volta não há se tudo

é um eterno seguir. 

Mundo moderno

Hoje, velhos discos são

gaiolas pretas...

Tantos pássaros presos,

cantos silenciados.

Pressa ou medo?

No escuro da noite

um homem corre...

A cidade é susto,

é custo que não se paga. 

Num simples adeus

começa o desviver...

O sentimento

é casa que vai perdendo

paredes e telhado.

Na borda do sol

tão belas borboletas

bordam a tarde...

O canto dos pássaros

completa o encanto.

O sonho maior,

acorde, não existe!

Vida é vento,

mutante movimento

Encanto e espanto.

Café da manhã,

casa de campo sob sol...

Brilho, encanto

Pássaros fazem festa

com os farelos de pão.

Desejo tanto

mergulhar no mar que sou,

mas que não conheço

Algas, cores, corais...

A coragem de me ver.

Não decidia

o que fazer desse dia...

Já noutro tempo,

a alma se contorce

ao recordar o ontem.

 
 
 

EDITOR | TRIPLOV

 
ISSN 2182-147X  
Contacto: revista@triplov.com  
Dir. Maria Estela Guedes  
Página Principal  
Índice de Autores  
Série Anterior  
SÍTIOS ALIADOS  
TriploV Blog  
Apenas Livros Editora  
Canal TriploV no YouTube  
Agulha  
Revista InComunidade  
www.triplov.com  
António Telmo-Vida e Obra  
A viagem dos argonautas
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
   
 

 

© Maria Estela Guedes
estela@triplov.com
PORTUGAL