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MAURÍCIO SILVA &
MÁRCIA FUSARO
Organizadores
MIA COUTO
Uma literatura entre palavras
e encantamentos
São Paulo, 2011
ÍNDICE
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Mia Couto:
Tempo-Memória-Rio
ANA MARIA HADDAD BAPTISTA*
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Introdução
Mia Couto é um
escritor africano que tem se destacado no Brasil e em outros
países do mundo por ter um estilo de escrever, assim como uma
sensibilidade que se particularizam na literatura. Notadamente,
sua literatura possui um trabalho com a linguagem que se revela
a cada romance, a cada conto e a cada ensaio publicados.
Neste texto
buscaremos, especialmente, em quatro obras do autor, as
categorias de tempo-memória apresentadas por ele. As obras são:
E se Obama fosse Africano? (obra de
ensaios), Vozes anoitecidas (livro de contos),
O fio das missangas (livro de contos) e Antes de nascer o
mundo (romance).
Sob nossa
perspectiva, as obras de Mia Couto elencadas apresentam
dimensões singulares de tempo-memória e a maioria delas, ou
seja, o passado, o presente e o futuro são constantemente
representados pelos rios.
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Dos Rios
O que é um rio?
Um rio é uma espécie de cauda de água que flui. À noite flui com
as estrelas refletidas. Um rio pode ser uma fonte de alimento.
Um rio, muitas vezes, é fonte suprema de energia elétrica. O rio
pode ser, conforme o mundo é mundo, perene... e como tal suas
águas jamais param de fluir. Mas o rio pode secar, em
determinados locais, por tempo limitado. Nessa medida é
denominado de rio intermitente. Isso ocorre quando eles estão
localizados em zonas áridas e semi-áridas. Todos os rios correm
para os mares. Desembocam via mares... mas mantêm suas águas
doces. Os rios primam por suas águas densas e doces. Muitas
vezes espessas de lama.
Os rios
carregam seus mistérios. Como meios de transportes levam e
trazem. Um grande pensador grego, Heráclito, afirmou que nunca
nos banhamos duas vezes no mesmo rio. Com tal imagem veio a
famosa ideia do movimento. Do fluir. O conceito de que tudo
muda. Mudamos nós. Mudam-se os rios a cada milésimo de segundo.
Existem rios
compridos, muito compridos. Mas existem rios que são volumosos e
profundos. Guimarães Rosa, certa vez, afirmou numa entrevista:
“O crocodilo vem ao mundo como um magister da metafísica, pois
para ele cada rio é um oceano, um mar de sabedoria, mesmo que
chegue a ter cem anos de idade” (ROSA, 1994, p. 37). Prossegue o
autor brasileiro: "Gostaria de ser um crocodilo, porque amo os
grandes rios, pois são profundos como a alma do homem. Na
superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são
tranquilos e escuros como os sofrimentos dos homens” (ROSA,
1994, p. 37). E, inclusive, diria o grande escritor mineiro:
“Amo ainda mais uma coisa de nossos grandes rios: sua
eternidade. Sim, rio é uma palavra mágica para conjugar
eternidade” (ROSA, 1994, p. 37).
Rio e tempo. Tempo e
rio. “Chu-áa! Chu-áa... – ruge o rio como chuva deitada no chão”
(ROSA, 1994, p. 240). E também:
"...o rio – que não tem pressa e não tem margens, porque
cresce num dia mas leva mais de um mês para minguar –
desengordou devagarinho, deixando poços redondos num brejo de
ciscos: troncos, ramos, gravetos, coivara; cardumes de mandis
apodrecendo; tabaranas vestidas de ouro, encalhadas, curimatãs
pastando barro na invernada; jacarés, de mudança, apressados;
canoinhas ao seco, no cerrado; e bois sarapintados, nadando como
búfalos, comendo ao murerê-de-flor-roxa flutuante, por entre as
ilhas do melosal (ROSA, 1994, p. 281).
Um rio pode guardar
grandes mistérios. Por isso, entre outras coisas,
Guimarães Rosa declara: “O rio, lá adiante, vê-se agora a
três dimensões; porque o rolo de névoa, alagartado, vai, volta a
volta, pela várzea, como fumaça cansada que só quer descer e
adormecer” (ROSA, 1994, p. 281). E mais: “E deu com um rio,
verde e guardado, um rio que a gente encontra sempre assim de
repente, rio vivo, correndo por entre os matos, como um bicho”
(ROSA, 1994, p. 311).
O rio pode ser tempo:
“Passam águas. Passa o tempo” (ROSA, 1994, p. 335). O rio possui
vários movimentos. Os rios viajam:
"Porque todos os córregos aqui são
misteriosos – somem-se solo adentro, de repente, em fendas de
calcário, viajando, ora léguas, nos leitos subterrâneos, e
apontando, muito adiante, num arroto ou numa cascata de rasgão.
Mas o mais enigmático de todos é este ribeirão, que às vezes
sobe de nível, sem chuvas, sem motivo anunciado, para minguar,
de pronto, menos de uma hora depois. Há, contínuo, aqui ou
acolá, um gluglu, um chupão líquido, água rolando n’água; lá
embaixo, nas pedras, a corredeira se apressa ou amaina; mas o
som nunca é o mesmo de dois instantes atrás" (ROSA, 1994, p.
337).
Os córregos são
fundamentais e vitais para a formação dos rios. Anunciam,
seguramente, o nascimento de novos rios. Córregos são
apontamentos fluidos da formação de rios e, inclusive, de seus
afluentes. Afluentes que correm para rios maiores, compridos,
profundos e, gradativamente, os engordam, rumo a correntes
maiores e maiores. Rumando, ruminando, talvez, ao infinito e à
eternidade dos rios perenes.
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Tempo-memória-rio
Mia Couto, acima de
qualquer coisa, é um grande narrador. Em todas as suas obras,
quer conceituais, quer ficcionais (contos e romances) predomina
a narração. O autor africano via de regra conta histórias. O
diferencial, sob nosso ponto de vista, é que suas histórias não
são meros casos! As suas histórias, fundamentalmente, possuem
profundidade, tanto quanto os rios evocados pelo autor. Remetem
os leitores a desdobramentos subjetivos inescapáveis. Não há
como ler Mia Couto sem se voltar para nossas próprias
existências. Não há como ler Mia Couto sem pensarmos em nossas
vidas! Teimosamente nossa memória acompanha a memória de suas
personagens.
Tempo-memória-rio é a
dimensão de temporalidade que predomina nas obras analisadas e
citadas, anteriormente, de Mia Couto. A maioria das imagens
invocadas por seus personagens que se ligam a uma dimensão de
tempo-memória faz alusões a rios. Nessa medida, nas palavras do
autor africano:
"Depois da Independência, um programa
de controlo dos caudais dos rios foi instalado em Moçambique.
Formulários foram distribuídos pelas estações hidrológicas
espalhadas pelo país e um programa de registo foi iniciado para
os mais importantes cursos fluviais. A guerra de
desestabilização eclodiu e esse projecto, como tantos outros,
foi interrompido por mais de uma dúzia de anos. Quando a Paz se
reinstalou, em 1992, as autoridades relançaram o projecto
acreditando que, em todo o lado, era preciso recomeçar do zero.
Contudo, uma surpresa esperava a brigada que visitou uma isolada
estação hidrométrica no interior da Zambézia. O velho guarda
tinha-se mantido activo e cumprira, com zelo diário, a sua
missão durante todos aqueles anos. Esgotados os formulários, ele
passou a usar as paredes da estação para grafar, a carvão, os
dados hidrológicos que era necessário registar. No interior e
exterior, as paredes estavam cobertas de anotações e a velha
casa parecia um imenso livro de pedra. Orgulhoso, o guarda
recebeu os visitantes à entrada e apontou para a madeira da
porta:
- Começa-se a ler por aqui, para ir
habituando os olhos ao escuro.
[...] O episódio da estação
hidrométrica passou a ser um dos alimentos do meu sentimento de
esperança. Como se me lembrasse que devo dialogar com invisíveis
rios e tudo em meu redor podem ser paredes onde eu nego a
tentação do desalento.
[...] Acredito, porém, que os rios
que percorrem o imaginário de meu país cruzam territórios
universais e desembocam na alma do mundo. E nas margens de todos
esses rios há gente teimosamente inscrevendo na pedra os
minúsculos sinais de esperança" (COUTO, 2011, p. 07-08-09).
O texto em questão da
obra E se Obama fosse africano? de certa forma anuncia as
imagens de rios que o autor insiste em suas histórias. O
tempo-memória-rio inunda sua literatura cheia de imagens cujos
limites entre o real e o ficcional não possuem demarcações
nítidas.
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1. Tempo-memória-rio:
presente
Para Mia Couto (2011,
p. 123), “estamos tão entretidos em sobreviver que nos
consumimos no presente imediato”. O autor destaca que o povo
africano vive uma espécie de presente verticalizado, enraizado,
o que tira a capacidade de sonhar um futuro. “Apenas o presente
é credenciado” (COUTO, 2011, p. 123).
Nessa medida, em que
apenas o imediato é considerado, há um tempo-memória que busca a
fixação. Presente enraizado. Petrificado. Um presente que retira
das pessoas o poder de agir. Presente homogêneo. Indivisível. Em
síntese: uma concepção de presente contínuo verticalizado.
E esse presente
imediato é materializado em outras passagens de sua obra, como
no conto “Os pássaros de Deus” (COUTO, 2013, p. 51):
"Desculpa: mais peregrino que o rio
não conheço. As ondas vão, vão nessa ida sem fim. Há quanto
tempo a água tem esse serviço? Sozinho sobre a velha canoa,
Ernesto Timba media a sua vida. Aos doze anos começava a escola
de tirar peixe da água. Sempre no comboio da corrente, a sua
sombra havia mostrado, durante trinta anos, a lei do homem sobre
o rio. E tudo era para quê? A seca esgotara a terra, as
sementeiras não cumpriam promessa. Quando regressava da
pescaria, não tinha defesa para os olhos da mulher e dos filhos
que se espetavam nele. Pareciam olhos de cachorro, custava
admitir, mas a verdade é que a fome iguala os homens aos
animais.
Enquanto pensava suas
dores, Timba fez a canoa escorrer devagarinho. Por baixo da
mafurreira da margem, ali onde o rio estreitava, parou o barco
para enxotar o pensamento triste. Deixou o remo a trincar a água
e a canoa agarrou-se à imobilidade. Mas o pensamento insistia:
- Vivi o quê? Água, água, só mais
nada".
Neste conto o rio é a
marcação de uma vida que nunca conheceu a novidade. Uma vida
marcada pela apatia e mesmice da miséria que jamais aponta para
um futuro melhor. O personagem Timba enlouquece quando cisma em
alimentar uma ave, que segundo ele, seria um sinal de Deus de
que a vida, de alguma maneira, iria melhorar. O fato é que o
pássaro morre. Com ele morrem os sonhos de Timba. A leitura do
conto sugere a morte dos sonhos de um povo regido pela miséria:
"No dia seguinte, encontraram Ernesto, abraçado à corrente do
rio, arrefecido pelo cacimbo da madrugada. Quando o tentaram
erguer, verificaram que estava pesado e que era impossível
separá-lo da água. Juntaram-se os homens mais fortes mas foi
esforço vão. O corpo estava colado à superfície do rio. [...]
Plácido, o rio foi ficando longe, a rir-se da ignorância dos
homens. E num embalo terno foi levando Ernesto Timba, corrente
abaixo, a mostrar-lhe os caminhos que ele apenas tinha aflorado
em sonhos" (COUTO, 2013, p. 56).
Água, rios e
humanidade são inseparáveis. O rio age como um refúgio
existencial. Como consolo único para vidas que desconhecem um
agir. O rio reforça a imobilidade temporal, visceral das
personagens.
No conto “A
despedideira”, o cansaço que o tempo traz. O tempo da estagnação
e que nada promete às pessoas. A rotina que entedia por sua
inelutável repetição. Tudo é cansaço. Tudo é regido por uma
espécie de mormaço que reforça o marasmo das personagens:
"O único intruso era o tempo, que
nossa rotina deixara crescer e pesar. Ele se chegou e me beijou
a testa. Como se faz a um filho, um beijo longe da boca. Meu
peito era um rio lavado, escoado no estatuário do choro.
Era essa tarde, já
decaída em escuro. Ressalvo. Diz-se que a tarde cai. Diz-se que
a noite também cai. Mas eu encontro o contrário: a manhã é que
cai. Por um cansaço de luz, um suicídio de sombra. Lhe explico.
São três o bichos que o tempo tem: manhã, tarde e noite. A noite
é que tem asas. Mas são asas de avestruz.
Porque a noite
as usa fechadas, ao
serviço de nada. A tarde é a felina criatura. Espreguiçando,
mandriosa, inventadora de sombras. A manhã, essa, é um caracol,
em adolescente espiral. Sobe pelos muros, desenrodilha-se
vagarosa. E tomba, no desamparo do meio-dia.
Deixem-me agora evocar, aos goles de
lembrança. Enquanto espero que ele volte, de novo, a este pátio.
Recordar tudo, de uma só vez, me dá sofrimento. Por isso, vou
lembrando aos poucos. Me debruço na varanda e a altura me
tonteia. Quase vou na vertigem. Sabem o que descobri? Que minha
alma é feita de água. Não posso me debruçar tanto. Senão me
entorno e ainda morro vazia, sem gota" (COUTO, 2009, p. 52-53).
No romance Antes
de nascer o mundo um pai e seus dois filhos, além de mais
três personagens, moram em lugar chamado Jerusalém. Isolam-se na
busca de anular o tempo. Praticamente em toda a trama a
tentativa é de anular memórias passadas. Novamente a marca
fundamental que marca presente, passado e futuro é o rio:
"Meu velho, Silvestre Vitalício, nos explicara que o mundo
terminara e nós éramos os últimos sobreviventes. Depois do
horizonte, figuravam apenas territórios sem vida que ele
vagamente designava por “Lado-de-Lá”. Em poucas palavras, o
inteiro planeta se resumia assim: despido de gente, sem estradas
e sem pegada de bicho. Nessas longínquas paragens, até as almas
penadas já se haviam extinto. [...] À nossa volta, apenas o
bichos e as plantas morriam. E, nas estiagens, desfalecia de
mentira o nosso rio sem nome, um riacho que corria nas traseiras
do acampamento". (COUTO, 2009, p. 12-13).
O isolamento espacial
e geográfico age como um verdadeiro espelho. O isolamento das
almas. A busca desesperada de isolar e de se exilar do passado.
De toda e qualquer memória. O velho Silvestre procura apagar
suas memórias de qualquer maneira. Viver em um presente sem
relações. Sem projeções.
"Somos criaturas diurnas, mas são as
noites que medem o nosso lugar. E as noites só cabem bem na
nossa casa de infância. Eu nascera na morada
que agora ocupávamos, mas não era esta a minha casa, não era
aqui que o sono me descia com doçura. Tudo nesta residência me
causava estranheza. Todavia, o meu sono parece ter reconhecido
algo familiar nesta quietude. Talvez por isso, uma certa noite
sonhei como se nunca o tivesse feito antes. Porque tombei num
abismo profundo e fui por águas e dilúvios. Sonhei que Jerusalém
ficava submersa. Primeiro, choveu sobre a areia. Depois sobre as
árvores. Depois, choveu sobre a própria chuva. O acampamento se
converteu em leito de rio e nem os continentes chegavam para se
deitar tanta água.
Meus papéis soltaram-se do
esconderijo e ascenderam à superfície para, depois, flutuarem
nas revoltas águas do rio". (COUTO, 2009, p. 227-228).
Não existem relógios
nos universos do escritor africano. Cronologias explodem numa
busca cautelosa e, ao mesmo tempo, caudal, caudalosa ao encalço
da apreensão de um outro tempo. O tempo existencial do ser. O
verdadeiro tempo, na verdade, visto que o tempo em si, conforme
se sabe, escapa ao homem.
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2. Tempo-memória-rio:
passado
Segundo Mia Couto, para o povo
africano de um modo geral, o passado cheio de derrotas e
opressões dos mais variados níveis tem sido uma dimensão
fundamental para as pessoas. Entretanto, faz com que as pessoas
apenas o lamentem e congelem possíveis ações que promovam um
futuro para os africanos. Neste sentido, de acordo com o
escritor africano, o passado age de forma negativa para o povo.
Sabe-se que Moçambique foi um país colonizado pelos portugueses
e que sofreu muitos transtornos internos. O peso de tais
acontecimentos congela e desmotiva os africanos que se colocam
numa postura de despojados em sua própria história e identidade.
Sabemos, também, que em muitos países, como por exemplo,
a Grécia, o passado é cultuado enquanto uma dimensão rica e
exemplar, para o presente, porque cheio de lutas e glórias,
desta forma, há uma espécie de simultaneidade entre o presente e
o passado, mas que age, de maneira saudável.
As fronteiras movediças entre a vida e a morte é uma
outra proposta de Mia Couto na maioria de sua literatura e com a
imagem do rio:
"É uma verdade: os
mortos não devem aparecer, saltar a fronteira do mundo deles. Só
vêm desorganizar a nossa tristeza. Já sabemos com certeza: o tal
desapareceu. Consolamos as viúvas, as lágrimas já deitámos,
completas.
Ao contrário, há desses
mortos que morreram e teimam em aparecer. Foi o que aconteceu
naquela aldeia que as águas arrancaram da terra. Nem ficou a
cicatriz do lugar. Salvaram-se os muitos. Desapareceram Luís
Fernando e Aníbal Mucavel. Morreram por dentro da água, pescados
pelo rio furioso. A morte deles era uma certeza quando uma tarde
apareceram mais outra vez". (COUTO, 2013, p. 117).
Na verdade os dois personagens reapareceram. Uma outra
dimensão de tempo proposta por Mia Couto, na concepção de
passado, seria o tempo enquanto cíclico ou circular. Entende-se
por um tempo-memória circular fatos e acontecimentos que
retornam, como, de certa forma, entendiam os gregos antigos em
sua cosmologia. As coisas vão e voltam. Para Mia Couto a
dimensão de um tempo circular e que se repete ainda está
bastante presente na cultura africana. Nas palavras de Mia Couto
(2011, p. 124): “A ideia de que a felicidade se alcança não por
domínio mas por harmonias; a ideia de um tempo circular; o
sentimento de gerir o mundo em diálogo com os mortos”. Em
síntese: passado divisível, lacunar, com descontinuidades
preenchidas por uma dimensão de circularidade do tempo-memória.
No conto “Inundação”, o rio, literalmente, encarna o
tempo:
"Há um rio que atravessa
a casa. Esse rio, dizem, é o tempo. E as lembranças são peixes
nadando ao invés da corrente. Acredito, sim, por educação. Mas
não creio. Minhas lembranças são aves. A haver inundação é de
céu, repleção de nuvem. Vos guio por essa nuvem, minha
lembrança" (COUTO, 2009, p. 25).
O tempo é um fluir de lembranças passadas, como no
seguinte trecho:
"Todas as roupas
flutuando na corrente serão sempre de Marcelo. A própria
substância dos rios todos do mundo será feita de lembranças
contrariando o tempo. Mas os rios da portuguesa eram cada vez
mais os de África: mais de areia do que de água, mais de
telúricas fúrias do que dos suaves e educados caudais". (COUTO,
2009, p. 224).
O mesmo acontece em outras passagens: "Reencontramos os
nossos amores num próximo luar. Mesmo sem lagoa, mesmo sem
noite, mesmo sem Lua. Dentro da luz, eternos eles regressam,
roupa flutuando na corrente de um rio (COUTO, 2009, p. 250).
O passado das personagens de Mia Couto adquirem uma
materialidade densa e pesada: “E foram momentos espessos de um
rio escoando” (COUTO, 2009, p. 274). No entanto o passado “dura”
por usar um conceito de Bergson (2006, p. 47) .A duração para
Bergson é todo o passado acumulado que recai, sem piedade, sobre
o próprio passado. Força. Um passado que se conserva por si
mesmo. Não há como subtrair o passado da existência humana. Por
isso Mia Couto (2009, p. 277) afirma que “eternos eles
regressam, roupa flutuando na corrente de um rio”:
"Fiquei olhando o meu
irmão desvanecendo-se no escuro, enquanto me ressurgiam memórias
do tempo em que apagávamos caminhos para proteger o nosso
solitário reduto. E me veio à lembrança a penumbra onde decifrei
as primeiras letras. E recordei o estrelinhar das luzes por
sobre o rio. E o riscar dos dias no negro muro do tempo".
(COUTO, 2009, p. 277).
O tempo-memória jamais ressurge como alegria. Ressurge do
fundo de uma existência que conhece apenas as angústias de um
ser. Mas o passado teimosamente retorna.
Lembremos, mais uma vez, Bergson
(2006, p. 50): “Quanto mais refletirmos menos entenderemos como
a lembrança poderia alguma vez surgir que não fosse criando-se
conjuntamente com a própria percepção”. Para Bergson o presente
se desdobra a cada instante. Há uma espécie de jorro. Um jato
para o passado e um outro que se lança para o porvir (BERGSON,
2006).
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3. Tempo-memória-rio:
futuro
De acordo com Mia Couto (2011, p. 123), “para uma grande
maioria, o porvir tornou-se um luxo. Fazer planos a longo prazo
é uma ousadia a que a grande maioria foi perdendo o direito”.
Prossegue o autor: “Fomos exilados não de um lugar. Fomos
exilados da actualidade. E por inerência, fomos expulsos do
futuro” (COUTO, 2011, p. 123).
A dimensão do tempo presente subtrai o futuro. Na maioria
das vezes, enquanto um eterno mergulho na interioridade humana,
como no seguinte trecho do conto "Peixe para Eulália":
"A seca durava há anos.
Sem pingo, sem lágrima, sem gota. Estranhava-se a tanta agrura
daquela estiagem. [...] Sinhorito diz que a chuva estaria
do outro lado do céu.
- Senhores, eu vou ser
pescador! Digo, quem sabe...
E adiantou: não houvesse
mais aflição de peixe e não-peixe. As panelas iriam, muito
próximo, rever esse bicho escamoso, já preparado em postas,
mesmo antes de sair das águas.
- Das águas? Quais elas?
Mais risos. Pescasse ele
em seu próprio suor. Pois não havia nem rio nem lagoa que
restasse. Sinhorito apontou os céus, acima da cabeça.
- Vou lá, vou subir às
águas de lá.
Entrou no barco e
ajeitou-o em posição vertical, proa virada ao firmamento. Face
ao espanto geral, Sinhorito começou a remar. Os remos cruzavam o
ar, vincados no vazio. As bocas abertas, em multidão de
exclamações, se inexplicavam: o barco subia em invisível
afluente de nuvem. Os remos, mais e mais, semelhavam asas. E o
barco transparecia em ave. Então, alguém gritou:
- Venham ver: Vejam,
Sinhorito que sobe!
Mas já ele se extinguia,
gradualmente nulo. Depois, se apagou, ponto no infinito.
[...]
Mas quando ainda se
debruçava, o céu se abriu em relampejos. E choveu, chuva gorda,
farta, despenteada trança de água no colo do universo. E peixes,
aos cardumes, resvalaram dos céus (COUTO, 2009, p. 141-142-143).
Neste trecho Mia Couto revela um tempo-memória-rio-voador
(1).
Fantasticamente, o rio flui nos céus. Uma temporalidade que
segue para os céus, ou seja, que sugere a infinitude do tempo.
Infinitude e incerteza. O personagem Sinhorito some em meio aos
rios voadores.
Sugere o autor que pode haver um futuro. Que há a
possibilidade de sonhar com um futuro. E como tal sempre será
incerto, no entanto, ele existe.
O povo africano, de um modo geral, não consegue
vislumbrar um futuro, entre outras coisas, como observa o
escritor, porque está entretido com a sobrevivência do presente.
Desta forma, como sonhar um futuro? Como fazer planos? Tal
acontecimento seria um verdadeiro luxo. O autor ressalta,
especialmente, que o futuro se apresenta para as sociedades
africanas como um processo fluido e líquido. Não há
materialização efetiva. Nessa medida, o tempo presente escraviza
e esvazia o conceito de uma temporalidade
futura. Sintetizando: futuro esvaziado, fluido e inexistente.
Entretanto, ao mesmo tempo que o rio carrega memórias é a
única promessa de um futuro não determinado:
"No rio me demorava em
espraiados sonhos. Aguardava por meu irmão que, ao fim da tarde,
se vinha banhar. Ntunzi despia-se e ficava assim, desprotegido,
olhando a água exactamente com a mesma nostalgia com que o via
contemplar a mala de viagem que ele fazia e desfazia todos os
dias. Uma vez, me perguntou:
- Já esteve debaixo de
água, miúdo?
Neguei com a cabeça,
ciente de que não entendia a fundura da pergunta dele.
- Debaixo de água -
disse Ntunzi - enxergam-se coisas impossíveis de imaginar.
Não decifrei as palavras
de meu irmão. Mas, aos poucos, senti: a coisa mais viva e
verdadeira que acontecia em Jerusalém era aquele rio sem nome.
Afinal, a interdição de lágrima e oração tinha sentido. Meu pai
não estava tão alienado como pensávamos. Se houvesse que rezar
ou chorar seria apenas ali, na margem do rio, joelho dobrado
sobre a areia molhada (COUTO, 2009, p. 25).
O que poderia haver após a travessia de um rio?
"Ntunzi afundou os pés
na lama e entrou no rio. Caminhou até a água lhe dar no peito e
instigou-me a que me juntasse a ele. Senti a corrente
revolteando em redor do corpo. Ntunzi meu deu a mão, com receio
de que eu fosse puxado pelas águas.
- Vamos fugir, mano? -
perguntei, com contido entusiasmo.
Custou-me que nunca me
tivesse ocorrido: o rio era uma estrada bem aberta, um sulco
rasgado sem interdição. Estava ali a saída e nós não fôramos
capazes de a ver. Mais e mais acrescido de vontade fui
construindo planos em voz alta: quem sabe regressávamos à margem
e começássemos a escavar uma canoa? Sim, uma canoazinha seria o
suficiente para nos afastarmos daquela prisão e desaguarmos no
alto do mundo (COUTO, 2009, p. 27).
Do outro lado do rio existe uma promessa. "O rio me fazia
ver o outro lado do mundo" (COUTO, 2009, p. 42). O
tempo-memória-rio-futuro é, via de regra, apenas uma promessa.
Um fio, muito fino, de alguma projeção.
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Considerações finais
Predominam, como muitos estudiosos já afirmaram, na era
contemporânea, dimensões de
tempo-memória que escorrem, escoam em estado líquido, que
esvaziam o presente, visto que a velocidade das transformações
(entre outros fatores) nunca conheceu precedentes na história da
humanidade. O passado busca se sobrepor ao presente. As
temporalidades individuais soam como processos divergentes,
praticamente sem rumo. Tentáculos, desordenadamente, enroscados.
Mesclam-se, de maneira completamente confusa, às temporalidades
sociais e a outras memórias justapostas, mas desintegradoras. As
memórias que regem a era atual se dão de forma solitária. Como
pequenas ilhas perdidas e jogadas aos acasos dos mares. A Física
nunca buscou com tanta avidez os mecanismos que regem o tempo.
Teorias e mais teorias nunca brigaram tanto em busca de
conceitos mais universais que possam estruturar a realidade.
Porque o tempo em si mesmo escapa ao homem. Lembremos, uma vez
mais, os relógios e demais marcadores existentes não dão
materialidade ao tempo. Apenas medem o tempo. Mas... onde se
encontra o tempo? Onde estão as memórias? Como pegar o tempo?
Como isolá-lo? Mas sabe-se: o tempo passa. Paolo Rossi sempre
nos alerta: há na contemporaneidade a coexistência de diversos
tempos. O tempo cíclico que se manifesta: o dia e a noite. As
estrelas, nessa medida, tornam-se visíveis ou não, assim como o
luar. As estações do ano. As camadas geológicas mais profundas
da Terra. Os rios que ora podem ser transitórios, ora podem
retornar com mais profundidade.
As memórias estão, mais do que nunca, por todas as
partes. Nessa medida, há memórias individuais. Há memórias
coletivas. Há memórias virtuais. Memórias impressas. Nunca houve
tanto armazenamento de memórias.
A literatura, assim como ocorre em outras áreas, de
alguma forma, concebe uma perspectiva de tempo-memória. Mia
Couto, escritor africano, bastante conhecido nos dias atuais,
especificamente em sua obra E se Obama fosse africano?,
livro de ensaios profundamente poéticos, propõe, dentre outras
coisas que poderiam ser apontadas, dimensões de tempo-memória
particulares, ligadas ao povo africano, que, muitas vezes,
mostram-se bastante singulares.
As categorias propostas por Mia Couto são: um presente
que se fixa, verticaliza-se, porque o povo africano, de um
modo geral, mostra-se sem perspectivas e sem vontade
de agir, de maneira efetiva. As pessoas possuem uma
atitude de imersão no presente. Presente contínuo e
verticalizado. Um presente marcado pelo marasmo.
O escritor concebe o passado como uma verdadeira sombra
para a sociedade africana, porque ele age de forma quase
destrutiva e a todo momento presentifica-se através, inclusive,
da comunicação com os mortos e outros rituais. Passado
divisível, descontínuo que possibilita um tempo-memória,
inclusive, regido pela circularidade.
O futuro, para o povo africano, de acordo com Mia Couto,
não existe. O povo não consegue se desprender
do presente e do passado. Nessa perspectiva, não consegue
imaginar um futuro. Logo, a categoria de futuro deve ser
concebida como um processo inexistente, fluido e regido pela
imaterialidade.
Mia Couto registra personagens regidos pelo movimento dos
rios. Contudo, ao mesmo tempo, seus personagens vivem em
cápsulas de temporalidades. Aprisionados
dentro de um tempo. Há uma tentativa, digamos, de se neutralizar
o tempo. Intemporalidades solitárias. Não há espaço para
intersubjetividades. Seres que trituram suas próprias
temporalidades e memórias.
Em diversos momentos, em muitas obras refletindo a
respeito de tempo-memória, Deleuze menciona que somos “tempos
pobres”. Quais são seus graus de comparação? As imagens das
aves. Em geral possuem, segundo ele, círculos e espirais
alcançando, desta maneira, um presente “desmesurado”. Ou seja,
temporalidades inalcançáveis pelos humanos,
visto que as aves, por exemplo, conseguem ampliar seus próprios
presentes em termos de qualidade. Possuem seus próprios
intervalos.
A temporalidade humana é pobre em representações. A
literatura de Mia Couto é uma possibilidade intensa de
enriquecermos nossas próprias temporalidades. Mia Couto
materializa, quando expõe, de certa maneira, a temporalidade
africana, que existem outras formas de se representar o tempo e
a memória. Contudo, os africanos são, via de regra, exilados, em
diversos graus, do planeta.
Pensando na esteira de Deleuze: somos seres, na verdade,
regidos e determinados por temporalidade e
memória. O que é um ser? Um intervalo de tempo. Um intervalo de
tempo que compartilha um presente total, talvez, um tempo total.
Com Mia Couto, como pudemos ver, o tempo total materializa-se
por meio de temporalidades e memórias isoladas. Exiladas.
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* Doutora e mestra em
Comunicação e Semiótica (PUC-SP). Pós-doutora em História das
Ciências (PUC-SP). Professora e pesquisadora dos Programas de
pós-graduação em Educação (PPGE e PROGEPE) e de graduação da
UNINOVE. Líder de pesquisa do grupo Tempo-memória: Educação,
Literatura e Linguagens (UNINOVE/CNPq). Membro do quadro de
pesquisadores do CICTSUL (Centro Interdisciplinar de Ciência,
Tecnologia e Sociedade) da Universidade de Lisboa.
(1)
Consideremos que a terminologia rio-voador existe
no contexto científico, devidamente argumentado.
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