Pelas redes sociais - esse
epifenómeno [essa Realidade, virtual? Toda a
Realidade concreta é virtual, e o virtual é
concreto, definido - a
definição
é consumada de
indefinições,
ilimites
-, real, tudo é real aos olhos do que observa o
objecto delimitado - a
delimitação
é feita de ilimites e o
ilimite
é definido com recurso aos
limites,
necessidade da cognição, ai as palavras, estar
entre o rigor e o
belo
-
exigência de uma certa normalidade, minha ainda
assim, dos meus fantasmas e experiências, do
Superego - tu me obrigas e eu respondo-te, quero
saciar-te, prestar-me no orgulho, ouviste mamã,
ouviram homens desapiedados?, caminho, corro a
contentar-vos, acabarei questionando-vos,
exorcizando-vos, vós iniciais vossa própria
destruição, reflicto, perco o juízo quiçá,
desesperando o desespero, ponho-me em causa,
auto-conhecimento?, vós quereis que seja
tudo
simplesmente, perder-me ou ser de tal modo que
tudo e
Nada
serei?, porque
se perco o Princípio, perco aqui a carruagem da
vida, como o texto que se redunda certinho e sem
risco, com as regras bem geridas e a beleza
deste mundo, perder-me é tudo olvidar, o texto
cessaria, mas como viver na Identidade e com
justiça riscar todas as outras?, e cá estás tu
de novo
Superego, a querer
Justiça, repreendendo a coisa precisa, e pensar que vituperas porque
queres a adaptação, a concatenação do
preciso ao
Colectivo, mas
o
Todo
é sobre-humano e vossa exigência deixa-me sem
jeito, quero
ser
mas não devo
ser e,
no entanto, saber que se não deve ser não é
ordem de deixar de ser, porque
explicar não é
obrigar, e
se queremos o certinho direitinho é porque
tu/vós - Superego - mandas e vociferas, e cá
dentro fica paradoxo, aqui no texto até já
deitei algo a perder - mas, veja-se, a sintaxe
cá continua -, e verás que voltarei a isto mesmo
sem querer, até que o
explicar
se esgote e tu fiques contente, explicar é
andar e andar armando a rota, buscando
descondicionar, mas o caminho para trás não
cessa nunca, a Origem não se alcança, estaremos
sempre no engano, na ilusão de um Princípio, que
é Princípio mesmo assim, vamos rebobinando
intentando a Causa pura (e é a Causa, a
Condição, que se quer a si mesma, como muitas
outras na tangência das possibilidades - mas se
outra
tivesse, este texto não existiria, porque esta
Condição de agora é a da Condição da inCondição,
a preocupação seria outra e as palavras não
seriam tecidas, mas também aqui nos limitamos à
probabilidade -, e, escrevendo este texto, bem
que verifico ir parar sempre ao ponto de partida
- talvez porque, não sendo Algoritmo,
computador, a coisa não dá para mais, a máquina
poderia fazer bem melhor, ah, mas eu quero
assim, porque o "ir parar ao ponto de partida"
é, mesmo assim, qualquer coisa parecida com uma
realidade esgotada, resolvida (a mesmo obsessão
humana de sempre) -, a viagem, o ser
tudo,
tudo isto está viciado pelo "Eu", o "Eu" que
quer
des-ser, e o
des-ser
é ser, onde esgotar a viagem, no Princípio dos Princípios, haverá
"Princípio" temporal?, haverá, porventura, o que
sempre houve, e, assim, difícil é definir a
Origem,
porque a definição vai sempre buscar outras
palavras e estas outras ainda
ad
aeternum, como decidir onde parar, como
forçar a satisfação? Desliga meu anjo, desliga
ou ousarás loucura obsessão, e porque não tal
inadaptação?, será só por ficar mal à vida lá de
fora?), mas o
puro é
coisa vaga, todos se pretendem puros e
originais, é vê-los no engano da Condição,
grito-lhes convencido de estar principiando e
eles não, mas eles pensam o mesmo sobre mim, que
faremos quando começarmos a duvidar do Princípio
nosso, para além dos outros?, começaremos a
duvidar de tudo, dos sentidos, mesmo Razão - e a
Razão
é sentidos, emoção -, por vezes nem sei que
diga, já me não tenho, já me perdi, não sei qual
a minha opinião, queria não ter alguma, só o
Silêncio é justo sem mais não, todavia penso
isto e isso é ter opinião (e lá estou eu
explicando, querendo o Princípio, mas este vale
tanto como outro qualquer, o que quer que
sejamos é sempre temporário, determinado e
fortuito, está aqui - nunca chega a estar, o
"estar" é mecanismo proximal da Consciência, de
uma Escala de compreensão, deixa de se ver do
mesmo modo noutra Escala - e logo deixa de
estar, o que poderei
ser
verdadeiramente, a que me agarrar se todos os
Princípios são válidos?, já estou preso aqui a
qualquer coisa, mas quero matar essa coisa,
matar a Consciência?, é po/a/ssível da
Identidade a abstinência?, amar-me direis, é
possível amar o que é limitado?, ah e o
corpo-mente a massacrar-me, a reclamar o Ego, e
o Ego a proferir que se não quer, na medida
oculta de se querer, Que achas tu desta coisa?,
tanto faz que ache ou desache, é indiferente e
sem valor, e escreves assim tão difícil!, também
isso me é indiferente, poderia ser de qualquer
modo, e a
indiferença é teatro, disfarce do Eu, e vou
esgrimindo meus saberes, minhas referências,
outro disfarce, deveria renunciar ao
explicar,
ao
modelo,
mas o apego, ai o apego e a programação), e está
tudo bonitinho - e sigo um estilo, poderia ser
qualquer outro, todos são irmãmente relevantes,
todos estão justificados, este é resultado da
Condição, agrada, mas outro agradaria também se
se prestasse a seguir o pedido de dentro, e
poderia pôr tudo de outro modo, seria
"anárquico", diriam vocês, a desordem daqui é
uma ordem, e ser sem
Princípio,
vazio, ai isso sim seria "estilo"!, mas cá me
vergo pegado à mente, e ela vai rejubilando com
umas coisas e não com outras, no dia a dia até
vou refilando com isto ou aquilo que vejo e
leio, digo não terem qualidade, mas teriam se o
Princípio e os Critérios fossem outros, pensando
bem têm qualidade ainda assim, porque uma vida
permite todos os Princípios, é só abrir a mente,
fingir a liberdade que não nos é acessível, essa
liberdade seria condicionada ainda assim, tudo o
que
existe
é Condição, coisa específica e relativa, ah e cá
estou eu expondo minha filosofia, mas posso
estar errado, pode ser outra a
verdade,
verdade?, não que há várias verdades, e estar
aqui sofrendo é desusado, porque uma vale o que
valem todas as outras, e logo sofro sabendo que
só posso ser
uma,
e, mesmo dançando, continuarei a ser
uma,
bem que me torço e estico e continua a ser a
verdade relativa, tomo disso consciência e sofro
por não ser mais, e, voltando à vida, pareço
deslocado, nem sei que dizer, todos pedem coisa
precisa, e eu terei de fingir ser de qualquer
coisa, desejo esquecer e prosseguir - isto
quando o Ego não se põe com demonstrações, aí já
pareço
humano, animal inseguro fingindo segurança
-, voltar a ser
humano,
animal da coisa única, mas se eu nunca o deixei
de ser!..., mas é como se tivesse, mentira, é
subjectividade falando, e que mal em ser coisa
única, há que existir orgulho, o
psyché
ficará contente, antes ser algo determinado do
que ser algo não sendo e tendo dúvida (mas se
até minha Razão, todo o meu Sistema, é qualquer
coisa dada!, ah admito! tenho cá minhas
referências (mas também sou outras), pensadas é
certo, mas sem a influência da Condição?, sem o
toque do
subjectivo?, sou
justo,
bem o sei, e, com justiça, digo que não sou
justo, mas sou mais justo que os outros, mas ser
"mais" é coisa que não existe!, e esta afirmação
é
justa?,
não é Condição?, é "mais" objectiva que as
outras?), ah mas a Culpa, que fazer desta
Ética,
desta Justiça que nos colocaram cá no córtex pré-frontal?,
ser
ou
não ser, a questão intemporal,
ser é melhor pela
vida,
não ser
é melhor pela morte, e o que é ser
melhor?,
já dissemos que é tudo igualmente inútil, o
Algoritmo mostraria qualquer diferença, mas ela
perder-se-ia no Plano seguinte, face a um
Absoluto maior, seria indiferente,
não,
direis vós, que
ser e
a vida são melhores, isso diz teu corpo, tua condição, socialização,
não diz a Essência, ai "Essência"..., e isto não
é criação também, Consciência Colectiva, Valor
projectado?, a "Essência" é ficção necessária,
mesmo não existindo existe aqui onde faz falta,
tem de existir!, dizes tu que não podes viver
sem o
Universal, e eu mordo-te, é meu Ego
agredindo, que a "Essência" é projecção, minha
Razão vociferando, e a Razão é Ego corpo também,
o corpo faz lá Valores, receitas, modos de
viver, e são poucos os que isso vêem, felizes
sejais!, mas eu cá estou no topo da montanha,
ai!, não estou não, sou identicamente pequeno e
aquela sensação é Ego reclamando, e reclama
porque aqui a nossa Sociedade premeia quem
pensa, se fosse "dionisíaca" seria diferente, o
orgulho seria menor, e o orgulho traz sempre a
ilusão, mas a ilusão daqui é a desilusão de
outro Universo qualquer -, agradando ao
outro
mesmo assim -, do que me exijo e prazenteia, e o
que prazenteia depende do "normal", do
"Princípio", da experiência, do que se pretende
oferecer (des)obrigado -, o conceito e o
preceito, como medir o
quantum
de cada um, como precisar, comensurar, o que
se agrega, o
todo,
far-se-á uso do Algoritmo?, para quê
preocupar-me com tal, como medir a intrínseca
apreensão?, e lá vem a apreensão com a
apreensão, com a mensuração de tal aljube, ela é
também prisão)] da mediocridade (menos medíocre
a quem é útil?, útil ao quê?, como medir a
utilidade?,
a
utilidade a que Plano de Consciência?, a que
objecto?, existe o
útil?,
quando tudo é vão e obtuso...), esse vício de
matar a solidão estendendo-a (a solidão é um
estar acompanhado de inúmeros
outros
Eus e
o Eu denuncia um oceano de alteridades) -, por meio da Imprensa - o
que quer que isto seja -, circuita uma foto de
um menino morto na empresa de se salvar (o nosso
intuito mais fundo, pessoal, colectivo, o
pessoal é o colectivo e este é o pessoal), as
pessoas vão chorando - ou fingindo (tudo o que é
real é fingido) que choram - a sua morte,
gotejam a sua própria morte prevista - aliás,
imprevista, porque impreparada, qual reduto de
uma sobrevida (e o
viver
suplica igualmente a forja simbólica da morte)
-, choram porque o mundo as manda chorar (senão
o que o Contexto lhes inoculou/instruiu
primitivamente), actuam com o sentimento
hipócrita, se o mundo fosse outro, se a moral se
consumasse diversa, destilaríamos por outra
coisa qualquer, fabularíamos outro choro
amordaçado (porventura histriónico), em tempos
um menino morto não significaria coisa alguma
(lembro também que, noutro tempo, o incesto, o
adultério e a pedofilia contiveram significados
bem menos "saturninos" do que os agora vigentes,
de tal modo a Culpa, a consciência de um
pretenso "crime", não se ultimaria da mesma
forma, e o nível de "trauma" para a(s) vítima(s)
(incluindo o suposto "vitimizador", também ele
comummente vítima, tanto da Destinação
epigenética/emocional/cognitiva/moral/contextual,
quanto do julgamento do seu tempo - e os que
julgam também são obviamente destinados, e,
portanto, irmãmente justificados (e a sua
justificação é mais lícita do que a do
vitimizador, mas também esta suposição é vítima
da Fortuna, do tempo, do Critério, o que faz com
que não haja deveras algo mais legítimo que
outro algo), como tudo o que "existe", tudo o
que é "material", incluindo o "presentemente
oculto", "futuramente desocultado", o adstrito a
uma Escala de Consciência mais dilatada) - o
recalcado - seria honestamente inferior) (não,
fantasma meu - aliás, alheio, que o meu já o
matei (?) -, não existe o intrínseca,
reminiscente e Universalmente errado, o "errado"
é projecção de cada tempo e/ou Cultura, os
"Universais" provêm da "colectivização" de um
Contrato e este Contrato provém da cabeça de uns
poucos "influentes", "carismáticos", "cultos",
projecção dominante dos fantasmas e caracteres
corpóreos, como do ensejo soteriológico de
preservação da sua expressão sobrevivente;
pretendes fraquejar perante esta Realidade? - e
é por isso que a negas contundentemente? -, os
Valores não deixam de existir, as normas
prevalecem, mas, claro, dentro de um qualquer
Arquétipo convivem inúmeras normas,
possibilidades, raízes, Condições, sublimações,
e o conjunto todo é o da multiplicidade a querer
adiar indefinidamente o (in)tempo do Uno, se
isto te retrai ou desatrai é porque mexe com o
teu próprio Arquétipo, oxalá fosses mais seguro,
não te sentirias defender tão francamente),
esses períodos retinham outros arquétipos,
ninguém dá por isso, o sentimento - consequente
à moral - deve camuflar, calar, a Razão, e eu,
que o digo, sou autista psicopata imperturbável,
deveria ser preso punido, sou o risco
personificado, o Super-Homem a querer ser(-se)
para além do outro, ah pois!, eu não sou pelo
"outro", sou por mim, pela Razão, pela Verdade,
não me trago no sentir fácil e "secular", sou
objecto e Essência humanizada, estou para além
da vossa Lei, das vossas cadeias, do
constrangimento, mentira que eu também tenho cá
meus desafios, minhas grelhas, sou distinto,
inadaptado, feriram-me e por isso quero ferir,
filo assim a Lei desprovida de leis, acrisolo
nessa Ética que vos fende e crio a minha, ah, o
que eu queria mesmo era estar para lá de
qualquer Ética, estou aqui a pensar quando
pretendia era não pensar, se fosse mais homem
não pensaria decerto, mãezinha, castraste-me e
criaste minha obsessão, e, assim, ensaiando
ser
procuro
não ser, aqui estou tratando o meu paciente,
vislumbro nele a Globalidade, mas poderia
(con)ter outro modelo, poderia ser outro o
paradigma, sou este porque o contexto me fez ser
este (mas sou também de tantos outros), mas os
outros têm razão também, eles são os seus
contextos, como eu, e aqui a julgar-me melhor e
maior, seria, decerto, se fosse além do modelo,
mas o próprio pensamento prenuncia que quero
segurar algo, que auguro ser qualquer coisa, e
já me repito, não é? Concebo a postura no meu
paciente e penso que também isto pode magoar,
não tem esta pessoa de melhorar necessariamente,
parte do corpo não quer a postura, mas o meu
paradigma aleita tal demanda, e ainda lá para
trás ia dizendo que não devemos ser
paradigmáticos, deveríamos ser por tudo um
pouco, flexíveis, mas o corpo requer a solução
precisa, o modelo securizante (quando não pede o
todo
que é, ainda assim, a demanda da
parte).
E por que me ponho aqui a reflectir (n)esta
postura, no acto terapêutico, por que me
atravanco de escrúpulos? Pensar que ela pode
magoar é desassossegar-me com a coisa, a pessoa,
seria a Culpa a marejar se não fosse o Contexto
finalista a (re)criar a contenda (racional) da
solução. Queremos quase sempre esgotar a
Realidade, estamos condenados a encontrar um
Caminho, quando seria mil vezes mais atilado não
procurar finalizar, solucionar, fosse o que
fosse, porque nada é exaurível, o que aqui
resolve ali desequilibra, o que hoje serve
amanhã é inútil, e querer arrumar esta
(re)solução não é mais do que satisfazer o Ego,
a sua altercação, sua ordem de prosseguimento,
mas se é tudo inútil, se marchar ou não marchar
são exactamente a mesma coisa, se hoje dissolvo
amanhã terei tudo perdido, se evoluo hoje
tardamente encontro involução, tanto faz que a
coisa vá ou não vá, isto é tudo só para agradar
o outro, é para iludir o Eu, mais valia morrer
ou matar, interromper o caminho, sua
inutilidade, mas, se matasse, seria tão inútil
quanto viver, assim mais vale viver, ou morrer,
tanto faz onde fina o ciclo, o pior mesmo é
querer findar a ordem da inquirição, da
resposta, contudo, se vou pensando, se vou
escrevendo, é porque quero esgotar alguma coisa,
cavar o fim de qualquer coisa, mas se o fim não
existe, sabendo que tudo é inútil, gostaria que
a Razão fendesse a ordem do Corpo, da outra
Razão, a Razão existe para fazer o corpo
sobreviver, mas a minha Razão foi mais longe e
diz que esse perdurar é frustre, estapafúrdio,
ponderado seria des-racionalizar, andamos anos
na escola a atulhar a cabeça de receitas (e sem
elas não teríamos Estrutura, cognição edificada,
elas escravizam-nos, como o que escrevo, sempre
na clausura de um Princípio pessoal,
inelutável), mais valia o selvagem (então e a
Civitas,
a sua candura?), o despojo do Princípio, mas
mesmo esse não é vazio totalmente, ele já lá
contém rendas, regras, termos, é impuro bem
pensando,... que se mexo, se curo, estou a
interferir, queria não toldar, e, meneando aqui
meu paciente, vou cuidando que toco, auxilio, e
que isto é mor desordem, terei o direito de me
interpor, de acometer a normal evolução
(evolução não, transformação, ou nem isso, na
visão dúplice, nada muda ou parece mudar)?, e,
no entanto, isso aconteceria com ou sem meu
receptáculo, a ingerência é natural, a Razão é
nata, mas isto é tudo sem Sentido, porque mexa o
que mexer haverá sempre mais a mexer, melhore o
que melhorar haverá sempre algo melhor (Oh
tolo!, não há "Absolutos", não me ouviste ainda?
Absoluto é não havê-lo! Absoluta é essa coisa de
tudo se dividir indefinidamente, parar é achar
satisfação, mas essa é também sensação de
limites indefiníveis - focando, a sensação
desmembra-se em sensações insatisfeitas,
múltiplas gerações de impulsos, e os impulsos
também se desmembram -, a ansiedade, a dúvida, é
esgotada pela compulsão, mas o que esgota ou
fina a obsessão?, pôr-lhe um termo, como?,
quando?, barreiras, quiçá possamos decidi-las
como deus, demiurgo, de grafias psico-logóicas,
e o que/quem decide as barreiras do deus?), no
futuro este paciente será tingido pelo milagre
do "comprimido" perfeito (temporalmente
imperfeito, e perfeito até que este passe pelo
imperfeito de um perfeito mais vasto;
perfeito
para quem?, a
perfeição
pode ser a maior das
imperfeições, o humano
imperfeito
é sempre apetecível, na medida em que ele
configura um
porvir,
qualquer coisa inacabada - mas feita de
múltiplos tempos acabados - e relativa - uma
pluralidade de
absolutos
- a augurar ser prezada, por outro lado, o
imperfeito
é sempre singular e irrepetivelmente
perfeito,
atesta a sua unicidade), ele extinguirá sua
carência (temporalmente, a um nível
presumivelmente parcial), sublimará novel
Absoluto (ah!, entre o de agora e o outro não há
fronteira, distância, há dízima, Infinito, e não
há "novo", tudo lá está - sempre lá esteve -,
trata-te tão-só de ver ou não ver, o preâmbulo
iniciático de uma viagem sem tempo, escalar,
perspectivística, no
Eterno
Agora), e eu far-me-ei desnecessário e
excrescente (serei sempre requerido ao tempo, ao
pretérito), mesmo este discorrer, pretendendo-se
arte supergóica, fá-lo-á o computador (se bem
que parte de mim não quer aceitá-lo, ai o
romantismo, a vicissitude do Espírito, nele me
desnudo, nele vogo com toda a docilidade, sou eu
mais este que qualquer outro, é ele minha
Certeza, a Certeza do mundo, da representação,
da salvação, que faríamos sem Ele?), e sabê-lo
não é em mim e para mim seriação de desistência,
há algo que vai gritando do Ego a flatulência
(busco-me
Eterno, já o Sou, não o entendo, patetice!,
a morte e o nada são necessidade, garantia de
cronicidade, quero-me lembrado e esse
querer
é buscar a paz de agora, o Princípio, o Passado
e nele o futuro, e, assim, o Presente, o
Eterno
Presente, o aqui e agora sensitivo, granjear
o
Espírito
é procurar deixar de o ser, é buscar a orgia
dos sentidos, é querer o instante desmedidamente
impensado, o espontâneo multiplicado,
ininterrupto, tomisticamente perfilhado), a
discrepância, a sua consciência, é insuficiente,
dizes tu, o outro Eu (e o Eu-tu
é um conjunto de
outros),
que o computador nunca fará disto, ele é máquina
não é Espírito, ah aselha!, o Espírito é carne,
complica o circuito e terás Espírito na máquina
um dia, não será para já mas será lá para a
frente, não queres ouvir-me, concordar?, fica lá
com tua asnice, que eu sei bem que estou
correcto!, sou Ego petulante?, pudera todos
serem Egos assim errantes, há mais Espírito no
meu
nihil
que nesse romantismo trôpego que te comanda
(é o sentimento o corpo a fé esses teus
comandantes, dir-me-ás, fantasma, que existe
Espírito sobrenatural, meu espelho natural
resplandecente, és-me, está aí pessoa minha,
minha parte amolecida e dura objectiva,
surgis-me aqui na nostalgia, da vida, do Sopro,
e eu a querer mandar-te embora, és espectro de
outro mundo, de outra vida), ah, mas eu também
tenho desse espírito, esse romantismo, gozo
desses livros, dessas capas amarelecidas, mas a
Culpa, esta Consciência superpotente, não me
deixa aí estacionar, impede minha felicidade,
minha ilusão de coisas belas, é saber o porquê
das coisas e elas tornarem-se subitamente
menores, sem interesse - porque racionalizadas
pelo
Corpo
travestido de
Razão,
uma Razão de carne amordaçando a do Ideal, uma
Superconsciência
feita da Verdade, mais que a moral, mas a
Verdade
é sempre um pressuposto da moral, não, que a
Verdade pode matar a moral -,
lembra o
imoral,
para quê ser bom, para quê carpir a criança
morta, por que agradar, se sei que é tudo corpo,
que os Valores são projecções, podiam ser outros
e a coisa seria por inteiro diferente, sabendo
que a carcaça, a emoção, manda em tudo isto,
deixo-me cair sem forças, diluindo-me sem
sentido no sem Sentido, poderia até ser mau, ou
bom, tanto faz, mas isto do "mau" e do "bom" são
julgamentos, subjecções, não existe nada disto,
e estar para além disto é também inexistência, o
que quer que exista para além deste mundo não me
chega, não posso sabê-lo e isso range-me por
dentro e por fora, vou pensando tudo isto
enquanto desloco o membro do meu paciente, e
fico quase sem forças - a vontade periclita -,
para quê ajudar a armação, de que serve a
terapia, até o sofrimento é útil, "útil" ou
"inútil"?, ah mas isso é também tudo subjectivo,
útil ao quê?, ao crescimento?, para onde?, e
para quê?, se o crescimento gera decrescimento,
se o andar é um desandar (e o "desandar" andar
é), e esta verdade é uma entre tantas outras, na
décima e meia de segundo ao lado, no milésimo
centímetro (de Consciência) para cima, a verdade
é já outra - quiçá a fronteira entre o
irrazoável e o razoável, entre o inverosímil e o
verosímil, possa ser assim tão volátil, tão
inacreditável, tomisticamente, miúda, mas o
"pequeno" é grande na percepção do mais pequeno
-, e ela é tão útil quanto a "outra", inútil
assim ou assado, aqui ou ali é indiferente,
vamos todos vivendo, lutando, opinando, todos
temos ideias de desenvolver, mas haverá sempre
outro modo, uma luta que falta, e não falta
porque todas elas se perdem nesse caminho
infinitesimal da Consciência, vamos caminhando
sem Destino, e o Destino é o argueiro de um
Destino maior, as vias vão-se abrindo sem
conclusão, se houvesse uma morreríamos
colapsados na certeza de qualquer coisa, ah
não!, há Universos tangentes sem finalização,
Escalas de Consciência fluindo por dentro e por
fora, e a nossa voz não chega a Eco sequer, e,
no entanto, por causa dela pode tudo mudar, mas
esse efeito não muda nada, tudo é o mesmo, o
mesmo inútil de sempre, vai ali o taumaturgo
fazendo milagres, ele quer o milagre de si
mesmo, quem cura quer curar-se, quem ajuda quer
ajudar-se, quem procura quer encontrar-se, é Ego
e nada mais, vai ali o ministro, o presidente,
cortando fitas, é Ego e nada mais, ai, mas o
milagreiro é menos Ego que o ministro, existem
prioridades, uma Escala de Valores, existe o
quê, é tudo o mesmo, é tudo Ego em diferentes
condições, aspectos discrepantes, representações
e respeitabilidades dissemelhantes, mas, sendo
muito distintos, são iguais ainda assim, à lupa
parecem diversos, noutro Plano de Consciência
são exactamente a mesma coisa, o que corta a
fita tem lá outras raízes que o milagreiro, mas
lutam os dois pelo mesmo, é a sobrevivência, e o
resto é só aspecto, Escala de Valores?, isso é
tudo construção, noutro mundo o ministro seria
melhor que o milagreiro, e, no entanto, prefiro
ser terapeuta a inútil politiqueiro, ai a
defesa, sempre a defesa, sempre a Condição a
amamentar-me, sei que é tudo estúpido mas fugir
do que dá nas vistas, do que é ou não
respeitado?, nem pensar, que eu tenho de viver
em Sociedade, vou ali ajudar meu paciente, fica
bem a orfandade, ninguém quer Razão indolente,
coisa sem ética, ciência sem moral, mas isso é
querer o humano onde ele não deveria estar, mas
há ciência sem humano?, aselha!, nada existe sem
pensamento, um pouco de tudo tem lá o seu
tormento, isto é tudo um desatino, queremos
justiça, penso eu, queremos tudo arranjadinho,
isso é tudo aspeito, não há Justiça pura, sempre
haverá algo a ser melhor, mas se todos pensassem
assim onde iríamos parar?, ao Vazio decerto,
uiii!, nunca disse que estava preocupado com o
Homem, estou a ver origens, verdades, razões, e
não morais, que isso é tudo criação do tempo, a
pensar assim ficas só e sem amigos, mas se eu
não estou a falar disto aqui, eu estou bem além
dessa tua moralidade, no outro mundo não há sós
nem amigos, há qualquer coisa mais, bem, na
verdade, há o mesmo de sempre, um caminho e novo
Espírito projectado - será? Lá está meu
"Espírito" a litigar, querendo certezas,
projectando, imaginando, quando é tudo pouco
mais que nada e dúvida -, dizê-lo é que não
agrada a muitos, bem vendo nada disto vende ou
pode fecundar, mas ser popular é indiferente, e
lá vou explicando buscando eternizar-me, vou
pensando escrevendo gravando, ai a hilaridade,
mais uns anos e isto estará esquecido, no outro
dia pensava em Auschwitz, na Ideologia, pouco
depois da guerra muitos quiseram julgar os
"infractores", mas se esses "maus" de agora eram
os "bons" daquele tempo, eles fizeram o que era
natural para si e para os outros, julgar o que
muitos não entendem ser crime, e se
entendessem?, julgar no modo de vingar?, mas não
deveríamos, porventura, julgar a Civilização
inteira?, mas a Civilização são tempos, morais
diversas, e quem julga é limitado, tem lá sua
moral, a não ser que seja conjunto diverso de
Princípios, julgar a coisa diferente com o
aparelho indestinado, isto faz lá sentido alguma
vez, podes julgar mas haverá sempre algo a
julgar, podes ser herói mas serás olvidado bem
depressa, nada disto tem Sentido, mas querer o
Sentido é querer a finalização de qualquer
coisa, ora não há fim seja lá do que for, isto é
tudo a fluir sem terminação, haverá sempre
crime, mal, e outros tempos onde este crime,
este mal, já não o serão, haverá sempre carne e
julgamento transformante, projecção de
sanguinários que o não são em outra aldeia, ah,
dizes tu, como podes viver com a tua
consciência?, essa pergunta és tu a querer viver
com a tua, porque a minha é bem diferente, é um
pouco sem tempo e sem ordem, se a minha
consciência é diferente, se o meu Princípio é
outro, viverei de modo divergente, poderia ser
tranquilo e a matança mesmo ao lado, como os
animais, nós somos esses mesmos animais, houve
quem criasse Cultura, Educação, viesse fermentar
a violação, Ora nós somos animais, o resto é
artifício, e mesmo que ele não existisse haveria
sempre artifício, assim como existe o
"relativo", nenhum selvagem pode ser selvagem em
absoluto, verdade assim como o homem não podendo
ser racional em absoluto, não sei se é uma
verdade equivalente, será possível medir tal
coisa?, medir, obsessão de agora, talvez haja aí
o Algoritmo capaz de fenecer alguma dúvida, mas
haverá sempre outros níveis, outras Escalas,
outros Universos, outros Divinos, muito para
além de sons e matemáticas, bem além de
linguagens e esgares múltiplos, e eu aqui
agarrado à gramática, preso ao tempo, à forma, à
porcaria, outros dirão "a tua escrita, isso não
é arte", ai e eu sei lá o que isto é, arte
loucura putrefacção, pode ser arte ou mais não,
dispõe do critério e tudo será o que quiseres, e
eu a querer fazer qualquer coisa livre, livre?,
isso é coisa que não existe, escrever assim ou
sem regras, queria ir além, mas isso só cá
dentro na minha caixa, que dando à estampa
qualquer coisa livre não haveria modo de
perceber, de agarrar um Sentido, de agarrar
fosse o que fosse, vós não entendais, dais o
prémio, o reconhecer, ao que afirma o que
quereis ouvir, e eu não quero ser ouvido, quero
ser desprezado, quero ser ouvido, menosprezado,
quero gritar essa Injustiça, e vós diríeis que
eu tinha dito que é tudo relativo, não há
Justiça, ah!, mas para vocês as regras são
diferentes, falo-vos na vossa linguagem, a minha
é estranha ao habitual, falo com as peças, a
massa, do estrangeirismo. Sou anti-social, ai
pois sou, se quero estar além do
social...
Dizia ali a miúda, tu não tens princípios, não
assumes uma posição, não, eu assumo a posição de
não ter posição, que eu bem queria ser por tudo
e por todos, que todos têm razão, mas, tentando,
não ser, lá vou sendo ainda assim, e dizia a
miúda que mais cedo ou mais tarde teria de
escolher alguma coisa, fá-lo-ei como o vento?,
como a roleta?, mas a roleta possui seus
defeitos, está viciada, não querer escolher é
ter escolhido, mas ela tem razão, que nesta
tentativa de não ter Condição, fico muitas vezes
sem jeito, sem ter que fazer ou o que dizer, se
disser algo terei de afirmar alguma coisa, e eu
não quero afirmar, quero negar antes de tudo, e
nem isso eu quero, poderia ficar calado, mas aí
lá vem a outra chamar-me palhaço, Sê um homem,
assume uma posição, defende alguma coisa, Eu,
ter de crescer dessa maneira?, deixa-me lá ser
criança, ainda no ovo imaculado, antes de nascer
já defendia a melhor colocação.
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