Revista TriploV de Artes, Religiões & Ciências .
ns . nº 55 . dezembro 2015 . índice


 
Gustavo Dourado . Escritor, poeta cordelista, pesquisador, professor, autor de 15  livros  publicados. Poeta selecionado e recomendado pela Unesco. Membro da União Brasileira de Escritores. Presidente da Academia Taguatinguense de Letras. Presidente da Academia Brasileira de Letras de Cordel.
 

Luiz Vaz de Camões:

A Epopeia da Língua Portuguesa

 

Luiz Vaz de Camões

Em Lisboa o nascimento

Era Século XVI

O menino em advento

Veio ao mundo o poeta

Com o seu encantamento

 

1524

Provavelmente nasceu
Filho de Simão e Ana
Ambos a arte  lhe deu
Conhecia astronomia
E o mito de Prometeu

Vasco Pires de Camões
Avô – Poeta – Trovador 
Foi sacerdote letrado
Da arte, conhecedor
Repassou  para Camões
Os sonhos de navegador

 

Foi morar em Coimbra

Contato com a poesia

A leitura de Petrarca

História e Geografia

Arte antiga e moderna

Clássicos e mitologia

 

Estudou humanidades

Poesia culta e popular

Literatura latina

A arte de navegar

Ciência da astronomia

Conhecimento do mar

 

Por D. Bento, tio materno

Camões foi bem educado

No Mosteiro de Santa Cruz

Menino, foi  iniciado

Latim, Filosofia e Letras

Com ensino destacado

 

Isabel Tavares, "Belisa Ingrata"

Foi  o seu primeiro amor

Era  prima do poeta

Só desilusão e dor

Amor não correspondido

Deixou triste o trovador

 

Até 1542

Em Coimbra residiu

Depois foi para Lisboa

O amor lhe inquiriu

Aventuras amorosas

O seu coração partiu

 

Camões deixou os estudos

Para Lisboa seguiu

Na Corte foi inflamado

O amor lhe seduziu

Extravagância da idade

Que o sonho permitiu

 

Encantava as mulheres

Era galante e sedutor

Bem-visto e bem ouvido

Agia com destemor

"Cisne do Tejo" apelidado

Foi além do Bojador

 

1542

Durante o ofício sagrado

Numa sexta-feira santa

O amor é despertado

Por Violante de Ataíde

Camões foi enfeitiçado

 

Violante, filha prendada

Do Conde de Castanheira

Camões,  pobre, irrequieto

Vida sem eira nem beira

Não era  um bom partido

Pra querê-la companheira

 

Um poeta irreverente

Com ares de boemia

"Anfitriões", "El-Rei Seleuco"

Peças de dramaturgia

Desterro no Ribatejo

Em uma outra freguesia

 

Viveu a paixão platônica

Aguçou a fantasia

O amor pela infanta

Princesa Dona Maria

Filha de Dom Manuel

No auge da monarquia

 

Renascimento europeu

Ascenção da burguesia

Avanços da medicina

Física e enegenharia

Pesquisa da matemática

Química e astronomia

 

Serviço militar na África

O poeta foi convocado

Perde um olho na batalha

Convívio dificultado

Problemática no olhar

Deixa o vate amargurado

Pelas conquistas dos mares

Em batalha foi ferido

Em conflito com os mouros

O  poeta foi atingido

Perdeu  o olho direito

O guerreiro destemido

 

1549

Em Lisboa novamente

Ostenta uma cicatriz

Torna-se deficiente

Com apenas um olho

Na poesia, mais ardente

 

Ida e retorno de Ceuta
Do olho direito, o vazamento
A briga com Gonçalo Borges
Completo aprisionamento
Golpe de espada desferido
Ganhou multa e tormento

 

Se envolve em desordem

Gente de baixa moral

Na atmosfera de salão

Relação conflitual

Agride a Gonçalo Borges

Um encarregado real

 

Conflito com Gonçalo Borges

Na Rua de Santo Antão

Em dia de Corpus Christie

Distúrbio e confusão

Camões é trancafiado

Um bom tempo na prisão

 

Prisão no Tronco de Lisboa

Quase um ano na cadeia

Conquistou a liberdade

Jorrou sangue em sua veia

Com a carta de perdão

Ouviu o canto da sereia

 

1553

A 28 de fevereiro

Camões foi  liberado

Liberdade por  inteiro

Pagou quatro mil-réis

Deixou de ser prisioneiro

 

Por bom tempo na cadeia

O poeta foi libertado

Viajou para bem longe

A serviço do Reinado

Partiu para a peleja

Sob as ordens do Estado

 

Livre, seguiu viagem

Para a banda oriental

Tomou o rumo da Índia

Deu adeus a Portugal

Chembé e Mar Vermelho

Foi pra China afinal

 

Para longe de sua terra
Ao Oriente fez viagem
Pequena ajuda de custo
Para não ficar à margem
Luta, dor e sofrimento
Poesia sem estiagem
 

 

Violante, filha do Conde

Casa com o Sr. de Cascais

O Conde de Monsanto

Ao  poeta, dor e ais

Amargura, desalento

Os desenganos fatais

 

Desembarca em Goa

Segue a vida militar

Em seguida novo rumo

Viaja para Malabar

Navegação permanente

Pelos caminhos do mar

 

1555

Participa de um cruzeiro

Combate navios turcos

O mar é o mundo inteiro

No cabo de Guardefui

Verso amargo marinheiro

 

1556

Assiste à representação

De seu auto Filodemo

Um momento de emoção

Antes de ir para a China

Em grande conturbação

 

Navega por várias ilhas

Sumatra, Java e Timor

Ternate, Tidore, Bornéu

Segue o navegador

Ilhas de Banda e Sonda

Com cenário encantador

 

Luta no Golfo de Aden

Na África Oriental

O regresso para Goa

Saudade de Portugal

Navega para a China

Pelo mar descomunal

 

1561

Para a Índia retornou

Reside por vários anos

Um bom tempo lá morou

Muitos dias no Oriente

Para a África embarcou

 

Quatorze anos no Oriente

Foi soldado e provedor

Acusado de delito

Em busca de defensor

Naufragou no rio Mecong

Foi grande a sua dor

 

Viagem para a China

A bordo de nau mercante

Perto do Rio Mecong

Naufrágio agonizante

Os Lusíadas, no original

Salva em modo triunfante

 

 

Sua musa Dinamene

Morreu por afogamento

Cantos de Os Lusíadas

Conseguiu o salvamento

A perda foi muito grande

Gigantesco o sofrimento

 

Conseguiu salvar a vida

Os cantos do manuscrito

A epopeia dos Lusíadas

Um elevado escrito

Com a benção dos deuses

E a graça de Jesus Cristo

 

No naufrágio do Mecong

Dinamene se afogou

O coração do poeta

Bem machucado ficou

Ti-na-men, a sua amada

Foi a água quem levou

 

Recolhe-se por um período

Pelo Extremo Oriente

Aventura-se na Malásia

Busca algo diferente

Tempo de dificuldade

Precisa seguir em frente

 

1568

“Sôbolos Rios”, redondilha

Ao Capitão de Sofala

Não segue a mesma trilha

Navegante mar adentro

Para além da camarilha

 

1568

Eis na África novamente

Aportou em Moçambique

Pobre, triste, descontente

Ganhou boa experiência

Nas bandas do Oriente

 

Camões segue viagem

Pra Moçambique navegou

Sem dinheiro, na dureza

Com os amigos contou

Depois de longo tempo

Para Portugal rumou

 

1569

Novamente em viagem

Lisboa é seu destino

Busca nova abordagem

A bordo da Santa Clara

Vai levar sua mensagem

 

Invoca as  ninfas do Tejo

A quem pede inspiração

Canta os feitos  portugueses

Dedica a Dom Sebastião

No mesmo padrão de Homero

Ideias, alma e  coração

 

Lírico, épico e teatral

Fez elegias e canções

Lapidou as redondilhas

Com  boas concepções

Mestre na arte da glosa

O  inigualável  Camões

 

Camões fez a fusão

Do clássico e  do nacional

Foi soldado, navegador

Um talento descomunal

A angústia do exílio

Na  poesia estrutural

 

Escrita de Os Lusíadas
Sete cantos no Oriente
Revisão em Moçambique

Retornou ao Ocidente
Epílogo a Dom Sebastião
Em  Portugal, novamente

 

1570

Em Lisboa, Portugal

Sua mãe, velha e pobre

Padece de tanto mal

Tempo de dificuldade

De um poeta essencial

 

Após a longa viagem

Camões chega a Portugal

Desembarca em Lisboa

Epopeia cultural

Luta  para  publicar

A grande obra, afinal

 

Ficou triste ao saber

Da morte de Violante

Conclusão de Os Lusíadas

A vida segue adiante

El-rei e o Santo Ofício

Dão o aval importante

 

Parnaso, seu manuscrito

Por maldade foi roubado

Duro golpe ao poeta

Que ecoa o seu brado

Mas a luta continua

Mesmo com o desagrado

 

Antes da edição

O livro foi censurado

Depois de dois anos

O texto foi publicado

Epopeia magistral

De um poeta iluminado

 

1572
Os Lusíadas, editado
É obra monumental
Seu valor é registrado
Recebeu pouco incentivo
Dos poderes do Reinado

 

Edição de Os Lusíadas

Dedica a Dom Sebastião

Jovem rei de Portugal

Que lhe dá premiação

Quinze mil réis anuais

Por sua publicação

 

1572

Os Lusíadas em edição

15000 reis anuais

Do rei Dom Sebastião

Quantia insuficiente

Veio fama e projeção

 

Quinze mil-réis bem pouco

Apoio sem consistência

Mal dá para o alimento

Manutenção da existência

Pago irregularmente

Foi dura a sobrevivência

 

Os Lusíadas, livro-marco

Epopeia portuguesa

Viagem de Vasco da Gama

Via mar, a grande empresa

Altos feitos lusitanos

Incidentes e surpresa

 

Saga dos portugueses

Das ninfas, invocação

Para dar luz à poesia

Ao poeta inspiração

Ofertório ao menino

El-rei Dom Sebastião

 

Invoca as  ninfas do Tejo

A quem pede inspiração

Canta os feitos  portugueses

Dedica a Dom Sebastião

No  padrão clássico de Homero

Com ideia, alma e coração

 

Canto às belas ninfas

As deusas da natureza

São as guardiãs do Tejo

Com toda sua nobreza

Verso universo reverso

Que germina a beleza

 

Dez cantos que encantam

Narrativas de viagem

Histórias de Portugal

Mitológica a mensagem

Em Melinde e Calicute

Floresceu boa linguagem

 

Epopeia de Os Lusíadas

A pátria e seu destino

Na glória e na desgraça

Na  luz e  no desatino

Poema que ilumina

Da noite faz sol a pino

 

Os Lusíadas se enumeram
Em 1102 estâncias
8816 decassílabos
Dez cantos, de relevâncias
78504 palavras escritas
Em infinitas fragrâncias

Grande epopeia portuguesa
Os Lusíadas é obra-prima
Camões, poeta maior 
Tem excelência na rima
Santarém, Quinta do Judeu
Para a poesia é luz e ímã

 

Registra expansão monárquica

Aristocracia social

Os guerreiros da nobreza

O grandioso real

A estética do lirismo

No verso exponencial

 

Paixões humanas em voga

Ciúme, inveja e amor

Uma trama mitológica

Erotismo, vida e dor

Vênus, Baco e Netuno

E o gigante Adamastor

 

Os heróis são como deuses

Tem em Vênus proteção

Glorificação do corpo

O real em construção

Beleza e amor unidos

Atos do mundo pagão

 

Desafio ao reformismo

Auge do Renascimento

A épica camoniana pôs

O amor em movimento

À frente de sua época

Iluminou o sentimento

 

Modelo greco-romano

O épico na poesia

Júpiter defende os lusos

No Olimpo da magia

Para além da Taprobana

Nos versos de primazia

 

Moçambique e Mombaça

Os conflitos pelo mar

Ultrapassagem da morte

Vida a se glorificar

Luta pela cristandade

Luso a se consolidar

 

Fala das Tágides, de Febo

Navega em odisseia

Camões via oceano

Fez a sua panaceia

Como Pégaso avoa

Pelas flores da ideia

 

Varões, homens fortes, valorosos

De qualidade, força e coragem

Conquistaram novas terras

Tapobrana, é o Ceilão na viagem

Novo  império, a Índia Portuguesa

Em Goa, brotou a nova linguagem

 

Retratou Ulisses em Homero

Sábio Grego, grandioso personagem

Os épicos da Odisseia e da Ilíada

Que ao mundo deixou boa imagem

O Troiano bravo Enéias na Eneida

Que Virgílio narrou boa mensagem

 

Alexandre Magno, Rei da Macedônia

Além do bravo imperador Trajano

São recordados por Camões

Que exalta o reinado lusitano

A epopeia dos nautas portugueses

As  façanhas dos  lusos no oceano

 

Referências a Marte, deus da guerra

Sem esquecer Netuno, deus do mar

A poesia épica das antigas musas

Hipocrene, com Pégaso ao luar

As Tágides, as ninfas do rio Tejo

Na fantasia eterna do navegar

 

Hipocrene  inspira os  poetas

Desde a remota antiguidade

Consagrada às musas e a Apolo

Pulsa a arte da flor da liberdade

Entusiasmo à  luz da inspiração

Floresceu grande amor - fraternidade

 

As  lembranças do profeta Maomé

Que descende do grande Abraão

De Agar que era mãe de Ismael

Que gerou uma vasta multidão

A Arábia onde os mouros plantaram

As sementes sagradas do Islão

 

Os Gentios não adotam a cristandade

Seguem deuses de outra elevação

Tantas crenças e  uma fé diversa

Mas que  pulsam amor no coração

Que bebem o  licor do rio santo

O rio Ganges da  purificação

 

O poeta descreve a maura lança

E os desafios da nova cristandade

Homenageia El-rei Dom Sebastião

E a sua luta pela liberdade

Versa os guerreiros da Mauritânia

Os lusos diante da adversidade

 

Façanhas reais, não  inventadas

Que superam os estrangeiros

De Homero, Virgílio e Ariosto

Os heróis  lusos são verdadeiros

Lutaram contra os vis desatinos

São valentes e bravos marinheiros

 

 

A Terra era o Centro do Universo

Na época camoniana

Era imóvel e  obtusa

Vivia-se  uma chicana

Inquisição e desengano

Era um tempo de hosana

 

Deus do fogo e  do inferno

Dava os ares o velho Vulcano

Posseidon comandava os mares

Era o rei do vastíssimo oceano

Mercúrio, o Hermes mensageiro

Pelos céus navegava soberano

 

No Olimpo os deuses residiam

Júpiter, a  poderosa divindade

O Senhor da Terra e dos céus

Refulgia em  luminosidade

Seduzia as deusas e as  musas

Com os  poderes da multiplicidade

 

Santarém, Coimbra, Lisboa
Flui a verve camoniana
Dinamene, Violante, Natércia
Do Oriente à terra lusitana

Isabel, Grácia, Marias, Catarinas
São amores  de uma vida cigana

 

Poesia de arte pura

Ritmo, graça e leveza

Em uma métrica diversa

Engrandeceu a realeza

A mística do transcendente

Do mito e da natureza

 

Camões, cavaleiro das letras

Poeta monumental

Um gênio da poesia

Do verso primordial

Poética de rara beleza

E de concisão verbal

 

Lírica, dramática, épica

A obra camoniana

Uma teoria do amor

Na essência lusitana

Os versos decassilábicos

De uma verve soberana

 

Poeta ímpar, inventivo

Fez poesia original

Da antiguidade clássica

A cosmogonia divinal

Trouxe os deuses do Olimpo

Às plagas de Portugal

 

Redescoberta do antigo

A luz do Renascimento

O grito da humanidade

O destino em movimento

Floresce a alma lusitana

Frutifica-se o sentimento

 

Camões expressa em verso

Renascente humanismo

Arte e imaginação

Com magia e lirismo

A expansão portuguesa

Luz do Sebastianismo

 

Poesia épica e lírica

O real transfigurado

Canta a coletividade

Herói personificado

Os feitos de sua gente

Um povo mitificado

 

Poeta de estilo clássico

Contexto renascentista

Mitologia greco-romana

Cosmovisão humanista

Preceitos da cristandade

E o mar sempre à vista

 

Portugal...Terra de Luso
Portugueses - Lusitanos
Condado Portucalense
Destino nos oceanos
Iberos e celtiberos
Nos tempos greco-romanos

 

Lusítano, Lusíada

O homem navegador

A glória de uma raça

Instinto descobridor

No ideal renascentista

A verve do desbravador

 

Pilar da história lusitana  
Gen da Língua Portuguesa
Os  Lusíadas  é  epopéia
Traduzida em língua inglesa
Esteve em vários  países
E em Macau, terra chinesa

Lusidíaca prima-obra
Celebração de Portugal
As grandes navegações
Aventuras sem igual
Poeta Luís de Camões
Fez  obra descomunal

Camos,  Camones, Camões
Não  tem  poesia sem amor
Amor corta, dói e arde
Amor fere e cura-a-dor
Desatino dói e faz sofrer
Incendeia a alma de calor

 

Camões conclama à  luta

Combateu  o conformismo

Criticou a  corrupção

Celebrou o humanismo

Louvou a mãe natureza

Brotou o lusitanismo

 

Estrofes de oito decassílabos

Dez cantos que encantam

Pelejas e aventuras

Nos corações se imantam

8816 versos na epopeia

Os deuses  que nos encantam

 

Vasco da Gama navegou

Pelos mares ancestrais

Viajou com heroísmo

Às Índias Orientais

Percorreu os vastos mundos

Realizou feitos imortais

 

Ovídio, Homero, Virgílio

Fontes de  inspiração

A Odisseia, A Ilíada

Na essência da canção

A Eneida e as Geórgias

Versos de transmutação

 

Em concílio no Olimpo

Inicia a narração

Dez cantos  luminares

Propõe, faz  invocação

Fez sua dedicatória

Ao rei Dom Sebastião

 

Parada em Moçambique

Mouros em oposição

Unidos ao deus Baco

Pra fazer  contubação

Vênus com os lusitanos

Na rota de salvação

 

Cilada do rei de Mombaça

Escapou  o  navegante

Com Vênus e as Nereidas

Vasco seguiu adiante

Conta ao rei de Melinde

A sua história radiante

 

Os feitos de Afonso Henriques

Faz da Europa descrição

Invocação a Calíope

Pede a boa inspiração

Da batalha de Salado

Destaca na narração

 

Fala de Afonso IV

Maria de Portugal

Exalta Inês de Castro

Do período ancestral

Da grandeza lusitana

Na  peleja contra o mal

 

Batalha de Aljubarrota

Nuno Álvares em ação

Do velho do Restelo

A cética meditação

A conquista de Ceuta

O império em expansão

 

 

D. Afonso V; Dom Manuel

As grandes navegações

Sonhos, projetos, conquistas

Poder, glórias, ilusões

O  pulsar da Lusitânia

Incendeia os corações

 

Os adeuses de Belém

Lisboa, Zaire, o Equador

O Fogo de Santelmo

O gigante Adamastor

Assombrosa tromba-dágua

Nas Tormentas, pulsa a dor

 

A  indiferença pela poesia

Por Camões  é criticada

A tremenda tempestade

Aspereza na jornada

Ética, amor e sacrifício

Presentes na empreitada

 

Os "Doze da Inglaterra"

Luta, êxito e aspereza

As tramas do deus Baco

Rumores da natureza

A Índia e Calicute

Com toda a sua grandeza

 

Ninfas do Tejo e do Mondego

Em suas  invocações

Visitas, cruzada lusa

Tantas manifestações

A Índia e sua magia

As célebres navegações

 

Histórias de Afonso Henriques

Poeta em reflexão

A vida e seus valores

O  ouro, a corrupção

A revolta contra Gama

Nuno Álvares na canção

 

O regresso à pátria

As terras de Portugal

A recompensa de Vênus

Aventuras sem igual

Pela Ilha dos Amores

O prazer fundamental

 

As  ninfas, palácio de Tétis

Eros e a ecologia

Maravilhas do amor

O gozo com  poesia

O êxtase dos navegantes

Iluminou a fantasia

 

Ilha dos Amores, plenitude

Além da carnalidade

O  humano e o divino

Prazeros na atividade

O ser e a consciência

Desejos de  liberdade

 

 

Vênus seduz Júpiter

Com  o amor essencial

E na  Ilha dos Amores

Floresce o amor carnal

Atmosfera erótica

O desejar sexual

 

Caça às  ninfas na floresta

O  prazer  libertador

Lábios de vulva na poiesis

"Os roxos  lírios" do amor

A evocação do desejo

O gozo desbravador

 

O  culto ao feminino

Puro amor em  louvação

As  mulheres do Restelo

Renúncia e devoção

A perfeição da  mulher

Modelo de elevação

 

O banquete com Tétis

A  propulsão do futuro

Miniatura do  universo

A vida em bom auguro

A chegada a Portugal

Em  um  porto bem seguro

 

Portugal, a boa terra

Lamentos, exortação

As batalhas e as glórias

Vaticínios da paixão

O mito, a epopeia

El-rei Dom Sebastião

 

Na Renascença o homem

Buscava a consciência

Desafiava a natureza

Os mitos em sua essência

O  mundo sobrenatural

Os mares em evidência

 

Poesia de raiz metafísica

Expressa o neoplatonismo

Sensorial e sublime

Entre o épico e o lirismo

Mares, Corte e tavernas

Do clássico ao maneirismo

 

Contradições do homem

No centro do  universo

Desafios e  limites

Na construção de seu verso

Camões, navegante da poesia

Transmutou-se  em  multiverso

 

O  épico em  Os Lusíadas

Rimas de Luís de Camões

O Auto de Filodemo

"Cartas" e Anfitriões

El-rei Seleuco escreveu

Textos de cosmovisões

 

 

Sonetos e redondilhas

Odes, quadras e canções

Oitavas de alto nível

Em ritmadas criações

Éclogas e sextinas

Nos escritos de Camões

 

Versos em oitava rima

Ao estilo  decassílabo

Usou rimas variáveis

Criou até hexassílabo

Com estrofes variadas

Do simples ao polissilabo

 

Versos de lamentações

Ternura e melancolia

Exaltação dos  heróis

Os reinos da mitologia

Entre a moral e o prazer

E os temas da filosofia

 

Transitoriedade das coisas

O senso do fatalismo

As armadilhas do destino

Desengano e pessimismo

Dificuldades da vida

Cruezas do realismo

 

Os sofrimentos do amor

Tormento existencial

A matéria e  o espírito

Perene e  universal

O mundo em desconcerto

Na sua  luta contra o mal

 

Ansiedade e  busca

O sonho da infinitude

Amor  platônico e carnal

Desejo e beatitude

O ideal da esperança

A força da atitude

 

Os Lusíadas,  poema épico

Arte e engenhosidade

Que prima pela grandeza

Ampla  universalidade

O grito da Renascença

Que fala à modernidade

 

Viagem de Vasco da Gama

Às bandas do Oriente

De Portugal para a Índia

Plantou a boa semente

Glorificação dos  lusos

Deu asas  pra sua gente

 

Conflitos entre os deuses

Histórias em profusão

Lendas, ninfas e gigantes

A arte da imaginação

A experiência  mundana

Que vem da navegação

 

 

Estilística engenhosa

Em sua munividência

Linguagem concepcista

Desconcertos da vivência

Memória, passado, glória

Tempos em reminiscência

 

Linguagem arrevesada

Dúvidas, congeminações

Fé, desejo, experiências

Constantes inquirições

Do Latim  para o vernáculo

Sonhos e transformações

 

Período de descobertas

E tempo de  invenções

Bússola e armas de fogo

De  novas formulações

Sistema heliocêntrico

De grandes navegações

 

A Reforma Protestante

Cisão do Catolicismo

Censura eclesiástica

Um crescente pessimismo

Ansiedade e dispersão

Apego ao preciosismo

 

Decadência italiana

Uma nova Inquisição

Guerras, disputas políticas

Contra-Reforma, reação

Surge o maquiavelismo

A ética na contramão

 

A pequenez do homem

Reflete a insegurança

O poeta com bom estro

Demonstra sua pujança

Os deuses nos  iluminam

Com arte, poesia e dança

 

A  industrialização do ferro

A  invenção da gravura

O surgimento da prensa

O renovar da cultura

Reforma da cronologia

Mudanças de estrutura

 

Descobrimentos marítimos

Avanços da astronomia

Evolução da ciência

E da trigonometria

A busca da natureza

De  nova cosmologia

 

O  mundo  inteligível

Saudade e  esperança

Busca de contentamento

Os efeitos da  mudança

Os sentimentos do ser

Os arquivos da lembrança

 

 

Reflexões sobre o amor

As questões da existência

Real condição  humana

O tempo de convivência

Amor-carne; amor-espírito

Saberes com experiência

 

João de Barros, Antônio Ferreira

A construção literal

Abriram  o caminho

Para  o  poeta original

Novas rotas e fronteiras

Conquistas de Portugal

 

A retomada do clássico

Após  o medieval

Neoplatonismo presente

Em busca do ideal

Um clima de euforia

Em tempo primordial

 

Mitologia greco-romana

Um amplo conhecimento

Xenofante e Lucano

O clássico em movimento

Petrarca e Torquato Tasso

Homero no pensamento

 

Poesia clássica e trovadoresca

A  poética provençal

Garcilaso de la Vega

Influência literal

Boscán, Montemor, Silvestre

Confluência cultural

 

Horácio, Plauto, Gil Vicente

Em suas adaptações

Filodemo; El-Rei Seleuco

Dramas e cosmovisões

A  onipotência do amor

Presente em Anfitriões

 

Navegadores lusitanos

Na epopeia de Camões

Novas raças e costumes

Além das lamentações

Novas terras, novos céus

E novas religiões

 

Nuno Álvares Pereira

Beato de Santa Maria

O Santo condestável

Destemor e valentia

Combate contra Castela

Lutou pela utopia

 

Erotismo e beleza

No ritmar da aventura

Pelejas e descobertas

No  limiar da loucura

Homens, mitos e deuses

Com toda a sua bravura

 

 

Junção de eros e charitas

Neoplatonismo pagão

Magia e  ocultismo

Mitilogia em ação

Comércio nas cidades

Constante navegação

 

Luso...Lusídico...Lusíadas
Lysia...Lysiadas...Lusitânia
Odisséia...Ilíada...Eneida
Sapientia camoniânia
Musas...deuses e viagens 
Portugal...Sagres...Hispânia


Ibéria...Lusa...Grécia-Roma
Indo-China - Maroceano
Feitos, glórias e figuras
Adamastor e Vulcano
Homero, Virgílio, Dante
Camões no primeiro plano

Poeta Luiz Vaz de Camões
De  "Os Lusíadas", criador
Estudou grego e latim
Foi um mestre em Amor
Histórico e Geográfico
Bem versou a sua dor

Camões, poeta  intuitivo
Verve temperamental
Cultura  prodigiosa
Dinamismo cerebral
Foi adolescente lírico
Antes do verso genial 

 

Estudou diversos clássicos
Versado em cosmologia
Foi fidalgo navegante
Iluminado da poesia
Vítima de inveja-intriga
Sua poética tem magia 

Camões... poeta magnífico
Vate do povo  português
Bardo das navegações
Leitura pra mais de mês
Traduzido em todo o mundo
Em Alemão e Francês

 

Camões – gênio destemido
Herói e aventureiro
Ceuta, Índia, Portugal
Fez-se  poeta  inteiro

Loa à  lusa universal
Aqui  e  no estrangeiro

 

Em Camões habita o sonho

A esperança, a paixão

Gênio e mártir português

De grande  imaginação

Foi penalizado na vida

Sofreu com a ingratidão

 

 

Camões sempre moderno

É voz da pluralidade

Na dimensão normativa

A  língua da diversidade

Amplitude na  linguagem

Versou a  multiplicidade

 

Diversificou  os conteúdos

Elaborou com excelência

Descortinou  o futuro

O  logus da experiência

Desvelou com maestria

A  práxis da consciência

 

Camões estudou Plínio

Laércio e Ptolomeu

Diógenes e Pompônio

O mito de Prometeu

Ariosto e Boccaccio

Sannazaro também leu

 

Influência de Petrarca

Nos sonetos e canções

Odes, glosas e cantigas

Éclogas e as variações

Pietro Bambo e  italianos

Em suas  transcriações

 

Cervantes chamou a Camões

"Cantor da civilização ocidental"

Torquato Tasso o elogiou

Com  um  soneto magistral

Lope de Vega e  Gracían

Deram o destaque  literal

 

Influenciou Goethe e Schlegel

John Milton e  outros mais

Reconhecido por Góngora

Por nomes fundamentais

Richard Burton admirava

Os seus versos geniais

 

"Admirável pintor da natureza"

Assim Humboldt o chamou

Comparado a Homero e Virgílio

Camões se evidenciou

"Príncipe dos Poetas de Espanha"

Felipe II decretou

 

Edgar Allan Poe e Lord Byron

Elogiaram o lusitano

Wordsworth e Longfellow

Elogiaram-no no altiplano

Pound, Dickinson e Melville

Deram-lhe o selo soberano

 

Elizabeth Browning

A sua obra divulgou

Estudou a sua vida

A Camões elogiou

Pelos Estados Unidos

Seu nome se projetou

 

 

Carlos Drummond de Andrade

Tem Camões em sua essência

Até Haroldo de Campos

Com sublime sapiência

Reconheceu em Camões

A glória da referência

 

Teve grande  influência

Na Literatura Brasileira

O épico Prsopopeia

De nosso Bento Teixeira

Gregório de Matos bebeu

Em sua fonte pioneira

 

O Uraguai, Basílio da Gama

Caramuru, Santa Rita Durão

Em forma e conteúdo

Em sua cosmovisão

Tem a verve de Camões

Presente na construção

 

Camões é voz marcante

Nos  poetas do Arcadismo

Cláudio Manuel da Costa

Ecoou com brilhantismo

Tomás Antônio Gonzaga

Na força e no dinamismo

 

Traduzido  mundo afora

Em italiano e alemão

Na França e na Holanda

Na Polônia é tradição

Na Suécia e na China

No Reino Unido e Japão

 

Crítica aos "infiéis"

A todos os traidores

Satirizou contundente

Os ardilosos detratores

Aos seres desprezíveis

Fulminou os desprezíveis

Padeceu as suas dores

 

Transmutador da  linguagem

Eleva-se com transparência

Revolucionou a  língua

Com a sua sapiência

Utilizou latinismos

Com saber e excelência

 

Camões amaldiçoou

A data de seu nascimento

Os  insucessos da vida

Ante o seu devotamento

Castigo e resignação

Pela dor sem acalento

 

A efeméride do mundo

O  homem e  seu desengano

Impotências e fraquezas

Na condição do ser  humano

A esperança corroída

Que na alma gera dano

 

A desilusão da morte

A vida que amargura

Os desencontros do amor

Entre a dor e a ternura

O desejo de ser feliz

As rotas da desventura

 

Miséria da condição humana

Maldição e desalento

Os desenganos do amor

As dores do seu tormento

Os desconcertos do mundo

A mágoa e o sofrimento

 

Fez a crítica de costumes

Engenho e arte, apologia

Crítica ao comportamento

Dos nobres sem fidalguia

Revelou as injustiças

A ingratidão na poesia

 

O exercício das virtudes

Do ânimo e da coragem

As  proezas  lusitanas

Os relatos de viagem

Questionou a vaidade

Reflete em sua mensagem

 

Expressa o eu universal

Joga com a escritura

O sentimento frágil

As dores da aventura

Linguagem  insuficiente

O medo da desventura

 

Metáforas, antíteses, silogismos

Paradoxos e  oposições

A distância e a saudade

Desejos e contradições

Tradição do amor cortês

No plano das abstrações

 

Rupturas e adesões

A contínua ambiguidade

Novas fórmulas  poéticas

O ideal da liberdade

O uso de arcaísmos

Gen da complexidade

 

Natureza e bucolismo

A paisagem natural

Frustração e sofrimento

A tradição pastoral

O erótico e o hedonista

A busca do prazer carnal

 

Lenda – enigma – mistério
Cérebro – alma – intuição
Odisséia  lusitana
Obra de elaboração
Epopeia  por tu guesa
Grito da imaginação

 

 

Clássicos gregos e latinos

Na verve camoniana

A  ilusão da conquista

A expansão lusitana

Os  horrores da batalha

E a corrupção insana

 

Erotismo e beleza

No ritmo da aventura

Pelejas e descobertas

No limiar da loucura

Homens, mitos e deuses

Com toda a sua bravura

 

Apoteose da Pátria

Conquista da soberania

Espírito aventureiro

Poeta de rebeldia

Superou os inimigos

Floresceu a  poesia

 

Navegadores lusitanos

Na epopeia de Camões

Novas raças e costumes

Além das lamentações

Novas terras, novos céus

E novas religiões

 

Camões nasceu pobre

E na miséria  morreu

Foi rico em poesia

Boa história escreveu

O seu nome eternizou

E chegou ao apogeu

 

Perspectiva do declínio

Crítica e apologia

Arroubo emocional

O maneirismo anuncia

Uma escola anticlássica

O Barroco prenuncia

 

Reza a lenda que Camões

Tinha um escravo javanês

De porta em porta batia

Pra sobreviver ao mês

O grande poeta sofria

No reinado português

 

Enquanto vivo, pouco apoio
E muita força de vontade
A dura sobrevivência
A áspera realidade
Uma vida de tormento
De muita dificuldade

 

Nascido em dia incerto
Não se sabe mês e ano
Sabe-se o ano da morte
Do poeta soberano
1580
Foi-se o vate lusitano

 

1580

Morre o mestre da poesia

Dificuldade financeira

Momentos de agonia

Faleceu a 10 de junho

Deu adeus à fantasia

 

Camões, talentoso, culto
Morreu  pobre-abandonado
Seu nome se eternizou
Pelo  mundo é cultuado
Deu à Língua Portuguesa
Registro bem escriturado

 

Camões legou à posteridade
Sonetos, éclogas, canções
Odes, sextilhas, oitavas
Autos e variações
Dramas, elegias, cartas
Os Lusíadas em edições

Luiz Vaz de Camões

Grande poeta nacional

Com seu canto apregoou

Poder católico mundial

O auge dos lusitanos

A elevação de  Portugal

 

Camões deu vida à Língua

Em sua graça felina

A fortuna da linguagem

De lucidez cristalina

Aspereza e claridade

Na verve diamantina

 

Em Camões, amor ardente

Espírito arruaceiro

A vária metamorfose

O voo do aventureiro

O conto dilacerado

De  um  criador guerreiro

 

Camões bradou a esplêndida poesia

Não esquece dos ombros de Atlante

Ouviu do Fado clamores e desatinos

Em seu canto o fim de Faetonte

Percorreu a imensidão do Oriente

E bebeu nas águas de Aqueronte

 

O  poeta evocou as  belas  musas

Deu voz  à sacra divindade

Pelos sete mares da vida

Com  o  impulso da vivacidade

Fez sua  poesia bem ardente

Reacender  o fogo da saudade

 

Camões invocou a sapiência

Os  luminares da mitologia

Evocou as forças da natureza

Foi da arte à vã filosofia

Cantou em sonho o multiverso

Floresceu em seu verso a fantasia

 

EDITOR | TRIPLOV
Contacto: revista@triplov.com
ISSN 2182-147X
Dir.
Maria Estela Guedes
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