Miltos
Sachtouris
or Miltos Sahtouris (Greek:
Μίλτος Σαχτούρης; July 19, 1919,
Athens – March 29, 2005, Athens) was a
Greek poet. He was a descendant of
Georgios Sachtouris which had origins
from Ydra island. When he was young he
aborted his law studies to follow his
real passion poetry and adopted the pen
name Miltos Chrysanthis (Μίλτος
Χρυσάνθης). Sachtouris then wrote his
first poem, The Music Of My Islands,
under his pen name, in 1941. |
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MILTOS SACHTOURIS (Μίλτος Σαχτούρης)
Seis poemas
Versões de Luís Costa |
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O poeta soldado
Não tenho poemas escritos
entre vozes ruidosas
entre vozes ruidosas
a minha vida passou
Um dia tremo
outro arrepio-me
no medo
no medo
a minha vida avança
Não tenho poemas escritos
não tenho poemas escritos
só cravo
cruzes
nas sepulturas
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O coelho louco
Vagueava pelas ruas, o coelho louco
vagueva pelas ruas
fugiu do redil, o coelho louco
e caiu na lama
a alvorada brilhou, o coelho louco
a noite abriu-se
os corações sangraram, o coelho louco
e o mundo brilhou
seus olhos encheram-se de lágrimas, o coelho
louco
sua língua inchou
gemeu como um insecto negro, o coelho louco
a morte na boca.
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O café
Sentei-me no café e olhei pela janela
uma mulher sem mãos tentava
esconder um telefone na boca
o pássaro vermelho e gordo ,
que me persegue constantemante,
voou três vezes à minha volta;
depois, poisou em frente à porta do café
e disse-me :
“ és um ingénuo, não sabes nada,
vou matar - te! “
então, tentei cantar a cantiga
da doce mulher branca, que morreu com as
freiras.
era tudo tão macabro e assustador
que desatei às gargalhadas
e ri
ri
ri
por fim, vi-me a mim próprio,
passando do outro lado da janela
infinitamente triste e pensativo.
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A tarde verde
Naquela tarde verde
a morte escolheu o meu pátio como alvo
da minha janela morta
com o meu olho de veludo
vi como ela vagueava
vagueva e imitava o vendedor de rosquilhas
vagueava e imitava o cauteleiro
e as crianças não suspeitavam de nada
brincavam com as suas pistolas e davam gritos
a morte porém regressou e aproximou-se
e de novo se afastou e desapareceu
para de novo se aproximar
depois teve medo
começou aos gritos
maquilhou os olhos pintou as unhas
respirou fundo
começou a falar muito alto
comportava - se como uma mulher...
por fim foi-se mesmo embora
e murmurou:
– hoje não tive sorte
volto amanhã.
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Menelao
Não tenham medo da lua com a barra de ferro,
disse a laranja, que explodiu dentro de mim,
não tenham medo do sol, que escurece
as urnas devastadas,
da mãe da chuva com os olhos arrancados, não
tenham medo
das asas negras do pássaro na vossa cabeça
durante o sono
de repente, ele começa a esvoaçar, irado,
e vocês acordam
vede como Isidoro brilha lá no alto
como desce das estrelas por uma corda
chamam-no Menelau, o enfermo.
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A visita
Naquele tarde acordei com um desejo intenso de
ir a Pireu visitar a família K. com esta família
mantivemos durante muitos anos uma forte relação
de amizade. Mas como em muitos destes casos
acontece, os nossos encontros tornaram-se cada
vez mais esporádicos, ao ponto de não nos
encontrarmos mais.
Desde o nosso último encontro, devem ter passado
cerca de cinco ou seis anos.
Pensava precisamente nisso, quando, naquela
tarde, acordei com aquele desejo tormentoso,
aflitivo e persistente de imediatamente me pôr a
caminho de Pireu para ir visitar a família k.
Enquanto descia a rua, compreendi que se passava
algo de estranho comigo: uma calma inexplicável
e uma alegria estranha inundavam-me. Neste
estado de alma, sentei-me no primeiro táxi que
encontrei e disse:
– Para Pireu!
Era uma tarde de março. O céu estava encoberto.
Através do pára-brisas, ia observando as nuvens
que tinham alguma coisa da alegria e leveza que
havia dentro de mim.
Chegados a Pireu, o táxi tomou a direcção do
cais. Ali, desci diante de um enorme barco
branco, cheio de passageiros, que já apitava
para a partida.
Subi e perguntei ao capitão.
– Está bem, disse-me ele, rindo, partimos já.
Tem a viagem paga até à eternidade e todos os
lugares onde estiver.
– Partimos já, repetiu.
E, de facto, quando lancei um olhar através da
janela do camarote, já tínhamos deixado o porto
de Pireu.
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