O mundo inteiro é
pouco, verdadeiro oco
para nossa insaciável
sede de ser
Intensa, ressoa, em
fantasmas e pessoas,
a necessidade de
preencher e preenchido ser
Vazio e oco. Oco vazio
O mundo está, quase
sempre, inteiramente mouco
O tempo,
sempre,
simplesmente segue...
Segue e amplia o
vazio e o oco
Esse oco, que ora
preencho com silêncio,
quem, outrora
silenciosamente o preencheu?
Na vitrola o disco
com tangos do Gardel,
é negra e inerte
circunferência
Diante da nudez de
pálidas paredes,
ausência e
inquietante mudez
O querer, quando não
se pode ter,
é amplidão não
habitada,
cósmica e desolada
morada...
Lábios emitem um som
rouco
e no torto Universo,
o ser,
disperso, busca sua
oca, seu oco
Pés no chão, o louco
mira nas estrelas
e, desvairado,
atira pesadas
pedras...
Na esteira do tempo,
estrelas fingem fugidias ser
E todos, loucos ou
são, irreversivelmente,
são engolidos pelo
misterioso palco da vida!
São Paulo, 30 de junho
de 2015.
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