Brilhos, brocados, copos de cristal
pirilampos nos cabelos
Desenterrais-me o olhar
das vossas cabeleiras com pérolas
Junto à porta ainda sinto o sufoco
a carruagem desenfreada, rua fora
o baile dos vaga-lumes
nas cabeças
A noite avança
Cofiam-se bigodes fartos, já sem políticas
cartolas
Trincha-se
leitão luzidio, morto na travessa
Há toda uma armação
uma dobradiça que vos acompanha
para que vos senteis, elegantes, à mesa
O animal fumega
A violeta de Parma exala dos colos
!Ó femmes fatales!
(Comentais, entre risos, que George Sand prefere
ouvir Chopin com patchouli)
Não ouvis, lá fora, os acordes do povo sufocado
As execuções carecem de baunilha ou âmbar
Cheiram a carne assada. devoram
a liberdade absoluta.
Marília Miranda Lopes (in“Victorianas”)
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