Revista TriploV de Artes, Letras & Ciências .
ns . nº 53 . agosto-setembro 2015 . índice


MARÍLIA MIRANDA LOPES

Victorianas
 

Marília Miranda Lopes é autora de obra repartida pela poesia e pelo teatro. Escreveu, entre outros textos publicados em revistas e antologias portuguesas e estrangeiras, “Geometria” (Edição de autor, 1998), “Framboesas” (Teatro, 1996), “Templo” (Colecção Tellus, nº10, 2003), “Duendouro – Era uma vez um rio...” (Afrontamento, 2007), “Castas” (Q de Vien Cadernos, Galiza, 2012) e “Victorianas” (Labirinto de Letras, 2005). É professora de língua portuguesa do ensino secundário e formadora de Criação Poética (oficina de escrita).

 
Marília Miranda Lopes
“Victorianas”, Labirinto de Letras, 2015

Brilhos, brocados, copos de cristal

pirilampos nos cabelos

 

Desenterrais-me o olhar

das vossas cabeleiras com pérolas

 

Junto à porta ainda sinto o sufoco

a carruagem desenfreada, rua fora

o baile dos vaga-lumes

nas cabeças

 

A noite avança

 

Cofiam-se bigodes fartos, já sem políticas cartolas

Trincha-se

leitão luzidio, morto na travessa

 

Há toda uma armação

uma dobradiça que vos acompanha

para que vos senteis, elegantes, à mesa

 

O animal fumega

 

A violeta de Parma exala dos colos

!Ó femmes fatales!

 

(Comentais, entre risos, que George Sand prefere

ouvir Chopin com patchouli)

 

Não ouvis, lá fora, os acordes do povo sufocado

As execuções carecem de baunilha ou âmbar

Cheiram a carne assada. devoram

a liberdade absoluta.

 

 

Marília Miranda Lopes (in“Victorianas”)

 
 
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Maria Estela Guedes
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