REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


nova série | número 51 | abril-maio | 2015

 
 
TOMAS TRANSTRÖMER

Prisão

Nove haikus sobre a prisão para

jovens de Hällby

Tradução de Francisco Craveiro

Tomas Tranströmer (Suécia, 1931). Prémio Nobel da Literatura em 2011.

 

EDITOR | TRIPLOV

 
ISSN 2182-147X  
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Dir. Maria Estela Guedes  
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(Durante vários anos, Tomas Tranströmer trabalhou, como psicólogo, com delinquentes juvenis. Em 1959, visitou o colega Äke Nordin, poeta também, na prisão para jovens de Hällby, no sul da Suécia. Mais tarde, nesse mesmo ano, mandou a Nordin uma sequência de 9 haikus, que relatavam as suas impressões sobre o  ambiente prisional. Estes poemas foram redescobertos em 2001 e são apresentados aqui em versões feitas a partir de traduções para inglês de Robert Bly e, sobretudo,  de Robin Fulton.

Tomas Tranströmer, Suécia, 1931, recebeu o Prémio Nobel da Literatura em 2011.)

 
 

Onze para cada lado

consternação de repente – a bola

galga o muro.

 
 

Mais barulho do que  o necessário

apenas para  pôr o tempo

a  mexer-se.

 
 

Vidas amaldiçoadas, aquelas –

a beleza permanece, como

as marcas das tatuagens.

 
 

Quando o fugitivo

foi apanhado tinha colhido

bolsadas de cantarelos.

 
 

O barulho das oficinas

e os pesados passos vigilantes

perturbaram a floresta.

 
 

As portas enormes fecham-se.

Estamos no pátio da prisão

para uma nova temporada.

 
 

Os candeeiros de parede estão acesos –

o insecto vê uma mancha

de brilho irreal. 

 
 

De noite – um camião

passa e faz os sonhos

dos reclusos estremecerem.

 
 

O rapaz bebe o leite

e dorme em segurança na cela,

uma mãe de pedra.

 

 

 

 

 

Francisco José Craveiro de Carvalho

 

 

© Maria Estela Guedes
estela@triplov.com
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