REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


nova série | número 50 | fevereiro-março | 2015

 
 

 

RICHARD WRIGHT

Doze haikus

 

Traduzidos por Francisco Craveiro

Richard Wright, 1908-1960, foi um autor afro-americano cuja aobra terá contribuído para alterar as relações inter-raciais nos Estados Unidos da América. Estes poemas surgem no seu livro Haiku, The last poems of an american icon.

 

EDITOR | TRIPLOV

 
ISSN 2182-147X  
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Dir. Maria Estela Guedes  
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Mãos atrás das costas,

Na praia um velho padre

Ao sol de outono.

 
 

Primeiro dia da primavera:

A empregada penteou o cabelo loiro

De forma diferente.

 
 

Comendo  uma maçã vermelha,

Uma miúda fita sonhadora

O mar de outono.

 
 

Nua uma mulher gorda

De pé sobre um fogão de cozinha

Prova molho de maçã.

 
 

Uma praia vazia:

Levando um verão longo consigo,

Um comboio a partir.

 
 

Gostava de saber há quanto tempo

Estava aquela violeta a dançar

Antes de eu a ver?

 
 

As nuvens estão a sorrir

Para um  papagaio amarelo

Que vagueia  por baixo delas.

 
 

À neve que cai

Um garoto a rir-se estende as palmas das mão

Até ficarem brancas.

 
 

Não sou ninguém:

Um sol vermelho de outono a pôr-se

Levou o meu nome.

 
 

Antes de florir,

Um rebento de cerejeira parece ansioso,

Como se estivesse prestes a falar.

 
 

Numa noite de primavera

Nuvens sem graça arreliam uma lua

Sonolenta de mais para se ralar.

 
 

Vi a cara dela pela última vez

Sob um salgueiro a pingar

À chuva e ao vento.

 
   
 

 

 

© Maria Estela Guedes
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