REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


nova série | número 50 | fevereiro-março | 2015

 
 

 

 


PAULO BRITO E ABREU

Poema e alma de disfarce

Paulo Brito e Abreu (Portugal). Poeta, com vários livros publicados. Também pratica um ensaísmo de tendências místicas.

 

EDITOR | TRIPLOV

 
ISSN 2182-147X  
Contacto: revista@triplov.com  
Dir. Maria Estela Guedes  
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(convoco, para a Musa minha,
o Arcano e Arcaico da Força feraz)

O mistério sublunar daquelas noites ameríndias......

O Picasso não estava lá quando eu fui ao corredor.

Mesmo que estivesse do Daqui é que eu só queria

Porcelanas de chinesa e bancos de trazer por casa......

Porque as malas dos carecas se evolaram no exterior,

É clari-fiquei sozinho com minha grande cabeleira...

À mesa do café Luiz Pacheco e seus capangas

Encostavam as portas no abismo das vaginas;

Eu não pude fazer nada, mas daí até talvez

Branco-Porto no marítimo desse sempre boa cerveja...

Toda a gente a beber leite aos pés de Cristo crucificado,

Mil mulheres dançando «punk» na auto-estrada do Estoril,

Allen Ginsberg vomitando no prato da criada.

«Não me interessa mesmo nada a vida íntima das moléculas»,

Me disse cedo a garina que estava ali a fumar ópio......

«A mim também não, mas à esquina dos cafés,

Há sempre um Schopenhauer que espera por si.»


PAULO JORGE BRITO E ABREU

 

 

Nota do Autor: um manuscrito deste poema, que eu tinha perdido, encontrava-se na posse do meu discípulo João Belo. Para ele, portanto, as minhas saudações...... 

 

 

© Maria Estela Guedes
estela@triplov.com
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