|  | Desde os 
		tempos do antigo IEP-SP - Instituto de Estudos Psicobiofísicos de São 
		Paulo tenho denunciado o uso indevido que se faz da parapsicologia. Há 
		quase três décadas oponho-me à chamada e inexistente parapsicologia 
		clínica.  Nunca pude 
		encontrar algo que justificasse tal prática nos pioneiros das 
		investigações, à época, chamadas pesquisas psíquicas. A razão: não há 
		nada que prove serem os médiuns portadores de qualquer patologia. 
		Simples assim.  Nessa linha cito dois grandes 
		pesquisadores: Charles Richet, primeiro tratadista sobre a matéria e 
		J.B.Rhine que elevou a parapsicologia à categoria de ciência 
		universitária. Mas esta questão, da cientificidade, reconheço, é uma 
		questão polêmica. O estatuto de ciência não se dá pelo desejo de uma 
		universidade ou de pesquisadores universitários e, muito menos, por uma 
		filiação a esta ou aquela entidade. Frágil ilusão. Diga-se, a bem da verdade, que 
		as pesquisas atuais nada avançaram em relação ao que foi dito pelos 
		pioneiros: evidências de telepatia! Já as tínhamos. Constatações que os 
		médiuns estudados nada têm de patológico! Já o sabíamos. Que os estigmas 
		são produzidos pelo psiquismo humano, sem interferência de espíritos 
		bons ou maus, demônios ou deuses! Já o sabíamos.  Poderíamos enumerar uma 
		infinidade de fenômenos que, modernamente estudados, comprovam o que já 
		foi dito há mais de um século.  Não se deve 
		responder mais aos críticos que acusam a parapsicologia atual, como já o 
		fizeram outros, no passado, em relação às pesquisas psíquicas, que as 
		experiências não podem ser replicadas. Nada mais incoerente. Basta 
		pensarmos em Eusápia, Home e tantos, mas não tantos como querem alguns,
		 outros médiuns que foram 
		estudados por vários pesquisadores, de diferentes nacionalidades, em 
		diferentes condições investigativas e submetidos a todo tipo de 
		controle. Afinal, que língua estamos falando?  Continuam 
		os atuais investigadores a não reconhecerem o
		novo em ciência e insistirem em não perceber apenas o que é 
		contraditório na ciência, como já bem o disse Charles Richet. Mas, já se 
		passou mais de um século dessa afirmação.  A parapsicologia foi colocada na 
		"prateleira" por negar que os fenômenos não eram devidos a almas 
		desencarnadas, ação do demônio, etc. etc. etc. que contradizia o que 
		estava na moda e, até hoje, continua a contradizer a infundada crença na 
		existência de seres inteligentes, independentes e sobrenaturais. 
		 A 
		parapsicologia de Richet a Rhine constatou, sem negá-los, que os 
		fenômenos nada tinham a ver com espíritos ou demônios. Foi isso que 
		incomodou mentes brilhantes, poderosas e contaminadas.
		  Contudo, no 
		meu particular modo de ver, a parapsicologia não precisa do estatuto de 
		ciência. Basta a ela mostrar e, se possível, demonstrar, como já o fez 
		no passado, e continua a fazê-lo no presente, independentemente de 
		reconhecimento ou não pelo 
		establishment científico, que tais e tais ocorrências são devidas, 
		unicamente, ao psiquismo humano, portanto, sem interferências 
		sobrenaturais. Eu mesmo, após tantos anos de acompanhamento e 
		constatação, na prática, à época como sacerdote de umbanda, não posso 
		negá-las.  Por outro 
		lado, o aumento das igrejas que prometem vidas pomposas e cheias de 
		recursos materiais, mesmo contrárias aos evangelhos que dizem seguir, 
		devemos, pelo menos em parte,  aos 
		críticos da parapsicologia. 
		  "Um 
		levantamento realizado pelo Instituto Brasileiro de Planejamento 
		Tributário (IBPT), entidade que monitora a abertura de empresas de todos 
		os tipos no Brasil, revelou o grande volume de abertura de igrejas no 
		país. De acordo com os números revelados pelo instituto, são abertas 
		doze novas igrejas por dia no país. É uma nova igreja a cada duas 
		horas." (1)  Esta é a 
		realidade, pouco comentada, diga-se, no dia a dia dos brasileiros. 
		 Afinal,
		as religiões existem para que homens e 
		mulheres religiosos sustentem homens e mulheres não religiosos, que 
		apenas os enganam; religiosamente.  
		
		De nada adianta líderes religiosos das mais variadas e conflitantes 
		denominações citarem a bíblia de cabeça para demonstrarem erudição. Tais 
		"erudições" apenas servem para impressionar seus iguais. Nada mais. 
		Assemelham-se àqueles que decoram o manual de um Boeing 737, vestem um 
		pomposo uniforme, estampam no rosto um ar altivo de um experiente 
		piloto, mas quando colocados na cabine de comando, para levantar voo, 
		não conseguem, sequer,  
		encontrar a chave de partida da aeronave.  
		
		Estes são os senhores das "verdades teológicas". Termo insistentemente 
		vago, equivalente a acreditar pela fé.  Inspirado 
		ou não pelo Espírito Santo, continua vago.  
		Quanto mais os 
		escuto mais me convenço da inutilidade de suas palavras, norteadas por 
		pretensas revelações, ilusões e imposturas. São pregadores do medo e 
		cultivadores de incertezas, efeito último da insanidade. 
		E a 
		parapsicologia? 
		Continua a mercê 
		de críticos que, "infiéis" há mais de um século de investigações 
		controladas, e com o rigor exigido por cada época, afirmam que tudo é 
		falso. Muitos, parece-me, acreditam em anjos e demônios, céu e inferno 
		e, acima de tudo, que viverão eternamente no céu, ao lado das mais 
		bondosas e sublimes almas, mesmo admitindo que seus filhos possam viver 
		eternamente no inferno. Afinal, a cada um segundo suas obras. 
		 
		O fato: as novas 
		investigações corroboram, nada além disso, tudo o que foi dito pelos 
		pioneiros. 
		Os fenômenos de 
		natureza parapsicológica, bem descritos ou não, continuam a resistir ao 
		tempo. Não se limitam a crenças. Apenas existem. Frágeis, repetitivos, 
		monótonos como os raps, repulsivos como a maioria das ectoplasmias, 
		intigrantes como algumas casas mal assombradas. Enfim... 
		O tempo é 
		engenhoso. Já o disse Guimarães Rosa.  |