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		uma Utopia possível. 1ª parte 
		  deambulando pensamentos ou ,simplesmente ,cogitando 
		,chego sempre à mesma conclusão – a Humanidade divide.se em poetas e 
		não.poetas .no primeiro grupo há aqueles que nunca escreveram 
		um verso .no segundo ,há não só quem os tenha escrito ,como também 
		publicado .ser poeta ,porém ,não se circunscreve ao 
		escrevinhador/escritor ,citando Sartre ,mas antes à enorme capacidade de 
		reinventar a utopia ,em tornar viável o inexequível .é a ascese 
		 .a afirmação do indivíduo como ser uno ,inserido 
		,todavia ,no social a que pertence ,por nascimento ou adopção .“Ninguém 
		morre sozinho” ,escreveu ,um dia ,o Professor Daniel Sampaio 
		.parafraseando.o ,direi que ,em cidadania ,ninguém “vive” sozinho 
		,porque o UM não é mais do que a minúscula parte do TODO ,e ,o todo 
		somos nós ,poetas ,sonhadores ,“homens práticos” ,ascéticos 
		,agentes activos e passivos .em suma ,a Comunidade possível .mas as nossas esperanças como seres não ganharão 
		consistência se não forem alicerçadas na busca da simbiose entre o ser 
		pensante e o ser agente ,balizadas nos valores civilizacionais mais 
		profundos e na modernidade mais actualizada ,hoje ,falhos de verdadeiros 
		substractos sociais ,culturais e políticos .políticos ,porque a carência dos mesmos fez com 
		que todos nós tivéssemos mergulhado ,pouco a pouco ,nos vícios atávicos 
		do passivismo ,por um lado ,ou na intolerância e na pequenez cultural 
		,geradoras do diletantismo que subestima os cidadãos que não se 
		reconhecem na partidocracia ,por outro .a memória é curta ,diz o velho aforismo popular .e ,como a memória dos homens tem tendência a 
		repetir.se ,exige a moderna consciência que saibamos aprender ,todos 
		,mesmo os de fraca memória ,de modo a não permitir ,no presente e no 
		futuro ,que o autoritarismo ( camuflado ou não ) domine ,perversamente 
		,o nosso dia a dia ,enfraquecendo a capacidade criadora de todos nós .é fundamental que a cooperação e o diálogo 
		prevaleçam ,dignificando o HOMEM ,ser uno e social ,não o marginalizando 
		,porque fazê.lo é uma visão maniqueísta que acentua as já perturbadoras 
		assimetrias económicas ,culturais e educacionais .são as Pessoas ,os únicos protagonistas das 
		reformas e reestruturações ,e ,deverão ser elas ,numa perspectiva 
		humanista ,os principais agentes das mesmas .em cidadania não há filhos adoptados .acentuar a diferença entre “nascidos” e adoptados 
		é um conceito xenófobo que ,mais não faz ,do que preceituar a exclusão 
		,por ironia ,receio ou despeito  .a democracia exige que o Homem se torne no centro 
		das relações sociais crescentes em número ,amplidão e qualificação 
		.oferecer à liberdade humana novas possibilidades ,manifesta o devir e o 
		dever/ser dessa mesma liberdade ,o que equivale a dizer que só resulta 
		,através e com o homem ,ser uno e plural .a política faz-se pela positiva ,não por 
		contradição .muito menos com medo ,mentiras ou falsas verdades .tentar minimizar o Homem ,ou coarctar.lhe a 
		criatividade ,são conceitos mesquinhos que só se equiparam à mesquinhez 
		de quem assim age | 
      
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		uma Utopia possível – 2ª Parte    
		“a Política faz-se pela positiva ,não por 
		contradição”
		  foi com esta frase que terminei a 1ª parte da minha 
		anterior crónica .é com ela que inicio a segunda ,porque ,em meu 
		entender ,a política impõe uma séria reflexão introspectiva e actual 
		sobre a comunidade em que estamos inseridos .reflexão que ,como um dia 
		escrevi ,deve ser acompanhada por um profundo exame de consciência ,sem 
		concessões para todos aqueles que ,quais Velhos do Restelo ,e ,com 
		várias metástases ,tentam deturpar a verdade dos factos ,lançando o 
		anátema sobre essa mesma comunidade .essa reflexão é tanto mais necessária quanto a 
		nossa comunidade continua adiada ,marginalizada e minimizada .é legítimo ,em democracia ,que as Pessoas tenham 
		ou façam as suas opções políticas .como é legítimo o contrário .todavia ,qualquer posição que seja tomada ,deverá 
		sê-lo ,em consciência ,e não como factor de poder ou contra-poder .isto 
		é: nos verdadeiros democratas ,as opções fundamentam.se em princípios 
		interiorizados ,em que o “servir a causa pública” é ,sempre ,um acto 
		político ,quer o queiramos ou não .não há isenção nos seres activos 
		,porque agir pressupõe “tomar posição em relação a” ,e , esta é 
		,igualmente ,uma forma de poder .sendo este um factor determinante do 
		estar em sociedade ,não pode ,nem deve sustentar-se em questões de 
		índole pessoal ,mesmo quando camufladas no “bem servir a comunidade” 
		,porque o “ser em comunidade” exige o respeito pelo outro ,ou seja ,o 
		respeito à diferença .outrossim ,este respeito pressupõe o estar sempre 
		ausente ,no não agente ,o estar sempre presente ,no agente .há que afastar os fantasmas ,consequências 
		inevitáveis do ser em comunidade ,porque não são as nossas empatias que 
		galvanizam as sociedades ,saturadas até à medula ,nas certezas dos 
		HOMENS SÓS .e neste capítulo ,a Comunicação Social – escrita e 
		falada – tem um papel preponderante .não para os que vivem os acontecimentos ou neles 
		se envolvem ,porque ,facilmente ,detectam a inveracidade dos factos ,a 
		subjectividade das crónicas ,a informação tendenciosa .todos nós temos consciência da falibilidade 
		informativa .mas ,se tomar posições é natural ,o mesmo não 
		acontece quando não assumidas com frontalidade e verticalidade ,mas 
		antes ,camufladas pelos imperativos de momento ,à volta de interesses 
		pessoais presentes ,passados ou futuros .urge assumir ,sem diletantismos ,uma perspectiva 
		racional ,porque os tempos das “paixões” são fugazes como a própria 
		paixão .urge assumir uma perspectiva englobante 
		,essencialmente construtiva ,em prol do Humanismo ,da Solidariedade ,da 
		Justiça e da Cultura ,porque só em diálogo ,transparência e tolerância 
		,é possível renovar as sociedades .somos Mulheres e Homens ,com os defeitos e as 
		qualidades do género ,mas também com a fragilidade humana de nos 
		sabermos emocionar .todavia ,confundir emoção com prepotência ,é não ser 
		capaz ou não querer ultrapassar a própria incapacidade .urge assumir as diferenças .é o princípio da não 
		contradição .assim ,deambulando pensamentos ou cogitando sobre 
		o nosso passado recente ,chego ,invariavelmente ,à mesma conclusão – as 
		nossas esperanças como poetas ou não –poetas ,sonhadores ou “homens 
		práticos” ,ascéticos ,agentes ou ausentes ,não ganharão consistência 
		,primo ,enquanto não racionalizadas e interiorizadas ,secundo ,quando 
		não colocadas ,sem dissimulados protagonismos ,ao serviço do bem comum .só assim nos afirmamos como seres individuais e 
		sociais .em suma ,numa comunidade falha de verdadeiros 
		substractos humanistas ,há que acreditar numa Utopia possível ,porque 
		mudar é renovar e renovar é construir o futuro.      Gabriela Rocha Martins  |