Seu sabor
Sua voz doce, seu sabor, como
uma uva –
afável – em um lindo tom
carinhoso
como o voo livre de uma
borboleta
sua pele – uma bela e jovem
videira
com os frutos a brotar de
seus galhos
cada dia mais fortes e
vigorosos
mas sem perderem a delicadeza
–
uma inacreditável sinfonia
de carícias: com toques e
desejos
e toda beleza que de si emana
os seus olhos são duas
grandes potências
a bombardear minha paisagem
trêmula
e inaudível à música dos
trovões
suas mãos são como o toque do
Sagrado
vindo à luz para libertar os
homens
que, como eu, estão
acorrentados à dor
Todo o mel, que já jorrou de
sua língua
eu quis beber e nele cair
ébrio e único –
como no redemoinho de seus
beijos
prestes a afogar a fauna
silvestre –
de minha alma adormecida – ao
horizonte –
sua boca, suas mãos, seus
olhos, sua voz
tudo é tão doce em ti... tudo
é tão meigo...
tudo é tão simples... tal
qual uma floresta
sem lugar para entrar ou para
sair
onde eu te aguardo em um
total silêncio
como um verso livre e rubro
esperando
eternamente o incêndio na
poesia
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