REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


nova série | número 47 | agosto-setembro | 2014

 
 

 

 

PEDRO SEVYLLA DE JUNA

La eterna fugacidad femenina

 

 

EDITOR | TRIPLOV

 
ISSN 2182-147X  
Contacto: revista@triplov.com  
Dir. Maria Estela Guedes  
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Oigo el relincho de este cálido soplo

que viene del Sur y en el Olimpo de los dioses

el disperso Eolo llamó Noto.

 

Eres tú,

inicial

preliminar,

quien llega diáfana y rosada,

niña estremeciendo

la inexperiencia humana,

alazán el viento,

cabalgando rauda.

 

Ya estás ahí:

en tu día recién amanecido,

primavera de las ansias

con la esperanza sin límites,

empujando la puerta

que desde el jardín abre la casa.

 

Tu destino es ser

herramienta esencial

de la naturaleza:

fuente, arroyo, río de la vida;

hilo firme

en la costura de la espera.

 

Entre confiada y tímida,

sonríes al espejo del pasillo y el espejo

te sonríe adolescente

doncella de sonrisa límpida

de mirada trasparente

cristalina.

 

Me hablan los ojos reflejados

preguntando

si me atraen:

la frente altiva de tu rostro núbil,

la boca fresca,

el néctar de la lengua y esos labios

traviesos

sabrosos

frutales

entregados.

 

Sí, respondo:

me atraen tanto

tanto

como las estrellas que en el cielo centellean,

como la calistenia de las inquietas mariposas,

como el discontinuo rumor

de las incansables olas;

y mi mente busca mil razones

para sosegar el corazón bruscamente sacudido,

que intenta salir por la garganta angosta.

 

Ríes y el espejo ríe,

ríen tus ojos

a mis ojos la luz del Sol radiante;

me deslumbran,

los cierro y al instante

vuelvo a abrirlos

temeroso de no hallarte.

 

El espejo ríe aún

con tu risa, cuando abres

la puerta entornada del jardín,

despliegas tus alas de mujer madura

subes a los etéreos lomos de ese viento cálido

soplas en la mano extendida

un beso abierto

húmedo,

profundo

largo;

 

y te vas.

 

 

A eterna fugacidade feminina

(Tradução feita pelo autor)

Ouço o relincho desse cálido sopro

que vem do Sul e no Olimpo dos deuses

o disperso Eolo chamou Noto.

 

És tu,

inicial

preliminar,

quem chega diáfana e rosada,

menina estremecendo

a inexperiência humana,

alazão o vento,

cavalgando rápida.

 

Já estás aí:

em teu dia recém amanhecido,

primavera das ânsias

com a esperança sem limites,

empurrando a porta

que desde o jardim abre a casa.

 

Teu destino é ser

ferramenta essencial

da natureza:

fonte, arroio, rio da vida;

fio firme

na costura da espera.

 

Entre confiada e tímida,

sorris ao espelho do corredor e o espelho

sorri-te adolescente

donzela de sorriso límpido

de olhar transparente

cristalino.

 

Falam-me os olhos refletidos

perguntando

se atraem-me:

a frente altiva de teu rosto núbil

a boca fresca,

o néctar da língua e esses lábios

travessos

saborosos

suculentos

entregados.

 

Sim, respondo:

atraem-me tanto

tanto

como as estrelas que no céu cintilam,

como a calistenia das inquietas borboletas,

como o descontínuo rumor

das ondas que morrem na praia;

e minha mente procura mil razões

para sossegar o coração bruscamente sacudido,

que tenta sair pela garganta angusta.

 

Ris e o espelho ri,

riem teus olhos

a meus olhos a luz do Sol radiante;

deslumbram me,

fecho-os e ao instante

volto a abri-los

temeroso de não te vir mais.

 

O espelho ri ainda

com teu riso, quando abres

a porta encostada do jardim,

despregas tuas asas de mulher madura

sobes aos etéreos lombos desse vento cálido

sopras na mão estendida

um beijo aberto

úmido,

profundo

longo;

 

e te vais.

 

PSdeJ

 
 

Pedro Sevylla de Juana nasceu em plena agricultura, lá onde se juntam La Tierra de Campos e El Cerrato, Valdepero, província de Palencia, em Espanha; e a economia dos recursos à espera de tempos piores ajustou o seu comportamento. Com a intenção de entender os mistérios da existência, aprendeu a ler aos três anos. Aos nove iniciou seus estudos no internado do Colégio La Salle de Palencia; cursando em Madrid os superiores. Para explicar as suas razões, aos doze se iniciou na escrita. Cumpriu já os sessenta e oito, e transita a etapa de maior liberdade e ousadia; obrigam-lhe muito poucas responsabilidades e sujeita temores e esperanças. Viveu em Palencia, Valladolid, Barcelona e Madrid; passando temporadas em Genebra, Estoril, Tânger, Paris e Amsterdã. Publicitário, conferencista, tradutor, articulista, poeta, ensaísta, crítico e narrador; publicou vinte e trés livros e colabora com diversas revistas da Europa e América, tanto em língua espanhola como portuguesa. Trabalhos seus integram seis antologias internacionais. Reside em El Escorial, dedicado por inteiro às suas paixões mais arraigadas: viver, ler e escrever. www.sevylla.com

 

 

© Maria Estela Guedes
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