|  | Falar-se sobre o trabalho do editor, 
		particularmente do editor de livros impressos, é tarefa que exige 
		cuidados. De fato, desde o recebimento do texto original, potencialmente bom para 
		publicação, até o produto final, o livro impresso e acabado, há um longo 
		percurso a ser vencido. Destaque-se, logo de início, que esse caminho 
		assume contrastes sutis a cada nova obra publicada - que a 
		particulariza, o que significa dizer que cada edição é única.      QUEM É O EDITOR? As variáveis, para ser um editor,  são muitas. Contudo, como estamos 
		tratando especificamente da edição de livros impressos, devemos 
		ressaltar, embora pareça óbvio, que o editor deve gostar de livros. Esse 
		é o ponto fundamental. Isso significa dizer, ainda, que deve gostar de 
		ler, de aprender coisas novas - sempre. Cada original que lhe é 
		apresentado é um universo novo de conhecimento, mesmo que o assunto não 
		seja novo, sempre a forma como é tratado é, no mínimo, particular. Cada 
		autor-escritor tem sua forma, sua maneira de se expressar através das 
		palavras e também através de cada ilustração que venha a inserir em seu 
		trabalho. Isso se constitui sempre um “algo novo”, um novo olhar, uma 
		nova forma de dizer. Assim, o editor deve estar preparado para entrar em 
		contato com esse universo, pois é a partir desse primeiro contato que um 
		original começará seu longo trajeto, até a sua transformação em livro.
		 Torna-se dispensável dizer que é importante para o editor conhecer todo 
		processo de produção de um  livro. Desde o projeto de capa, a 
		diagramação, o papel que será utilizado no corpo e na capa etc. Contudo, 
		todo o projeto editorial exige uma participação ativa de vários 
		profissionais. O capista, o diagramador, o selecionador de imagens, o 
		revisor, enfim, uma equipe que contribuirá com o editor responsável 
		nesse trabalho de transformação de um original em um livro acabado. 
		Mesmo porque a simples escolha de um determinado tipo de letra, quando 
		realizada de maneira descuidada, pode “deformar” o livro, subtrair o 
		equilíbrio necessário a toda e qualquer publicação.
		   A SELEÇÃO DO ORIGINAL Tenho convicção formada de que a grande 
		angústia para um editor é responder, para si mesmo, às seguintes 
		questões: 1. Este texto é bom? 2.  Merece ser publicado?  A questão se apresenta friamente. É uma 
		decisão que deve ser tomada. Contudo, nesse contexto decisório orbitam e 
		antecedem outras questões. O que é um bom texto? Qual ou quais os 
		critérios que norteiam uma tomada de decisão sobre o que é um bom 
		ou um mau texto? E, mais que isso; não podemos afastar de nós 
		que, em termos editoriais, um bom texto, além de bom, tem que atingir um 
		grupo (maior ou menor) de interessados naquele assunto. Afinal, o livro 
		é feito para ser lido e é nesse momento que acontece a simbiose entre 
		autor e leitor. É aí que encontramos a “certidão de nascimento” do 
		livro.  Consideremos, também, diferentemente do que 
		muitos pensam - e dizem - que não basta o bom senso, que tanto louvamos, 
		sempre ligado à ideia de sensatez, para selecionar este ou aquele texto. 
		O bom senso, alguém já disse, não é senão uma rotina da inteligência...      UMA PEQUENA PAUSA PARA ESCLARECIMENTOS
 Aproveito aqui 
		para antecipar-me a qualquer crítica que venha no sentido de dizer que o 
		editor só quer publicar aquilo que dá dinheiro, caso contrário, 
		não publica. Não pretendo aqui desenvolver uma defesa frente a esse tipo 
		de comentário. Contudo, talvez valha a pena lembrarmos alguns aspectos 
		importantes na produção de um livro. Vejamos: O livro, em termos 
		editoriais, não pode ser pensado como um texto em si. Lógico que sem o 
		texto não existiria o livro; contudo, o texto enquanto parte integrante 
		e essencial de um livro é um texto que está impresso e impressão custa – 
		desculpe-me a má palavra – dinheiro. Além disso, a impressão é feita em 
		papel, que também custa dinheiro. A folha de papel passa por um processo 
		de produção para transformar-se em livro, ou seja, é cortada, costurada, 
		colada etc., etc., etc. e tudo isso, custa dinheiro. Tem, ainda, o 
		trabalho do capista, do diagramador, do revisor etc., etc., etc., que 
		também custa dinheiro. Consideremos, ainda, que muitos livros ficam em 
		estoque por anos – o que não significa serem textos de baixa qualidade 
		acadêmica. Não. É o contrário. Via de regra são textos complexos, 
		especializados e voltados para uma camada pequena de leitores também 
		especializados. Contudo, isso não muda o fato de o livro ficar a espera 
		de leitores e, consequentemente, potenciais compradores. Desta forma, 
		não podemos apenas dizer que o editor quer ganhar dinheiro. O editor 
		também quer – ou pelo menos gostaria - de ganhar, o que me parece 
		legítimo. Parece-me também dispensável dizer que não estamos tratando de 
		edições pagas. Essas merecem uma discussão à parte. Portanto, “Dai a 
		César, o que é de César”.           VOLTANDO AOS ORIGINAIS Digamos que, numa situação ideal, todas as 
		objeções sobre um bom ou mal texto sejam superadas e, em 
		vista disso, a publicação é certa. Inicia-se, então, o trabalho que dará 
		vida, na forma de livro, ao texto.  A primeira tarefa que se impõe é a releitura 
		do texto para as devidas, se necessárias, correções. É trabalho que 
		exige bons dicionários de língua, por vezes dicionários etimológicos, de 
		sinônimos, de verbos, também, em muitos casos, conhecimento de outras 
		línguas etc. É um misto entre trabalho braçal e intelectual. É um 
		trabalho de cumplicidade entre editor e autor. Todo esse trabalho 
		resume-se em apresentar o conteúdo enviado pelo autor em algo agradável, 
		sob o ponto de vista editorial, ao leitor.     ADAPTANDO UM TEXTO Uma das maiores queixas por parte dos autores 
		está focada na relação entre o texto original e a proposta final para 
		publicação. Há, em muitos casos, por parte do autor um - não 
		reconheço o meu texto.  Um grito desesperado...  O que vocês 
		fizeram com o meu texto?... Uma possível e insana resposta: Nada, 
		apenas fizemos algumas pequenas adaptações para melhor adequar o 
		material à publicação.  De fato, algumas vezes é possível e, em 
		muitas, necessárias, algumas adaptações. Parte delas relacionadas a 
		imagens que não estavam, originalmente, adaptadas à reprodução em papel. 
		Isto, entre outras coisas significa dizer que a qualidade estética pode 
		ficar comprometida caso não haja algum tipo de adaptação ou até mesmo 
		substituição e, em alguns casos, de exclusão dessa imagem.  Contudo, 
		tais substituições, quando necessárias, não podem e não devem ser uma 
		decisão solitária do editor. Toda e qualquer alteração, seja em imagens, 
		tipos etc. deve ser discutida com o autor, sob a pena, caso isso não 
		ocorra, do editor transformar o texto original em um grande simulacro. A 
		questão não é nova.  Paulo de Assunção em seu trabalho, 
		Percepção da natureza e do espaço habitado brasílicos na literatura de 
		viagem, recupera a trajetória dos registros de viagem da Antiguidade 
		até a segunda metade do século XVIII. Assim faz referência às adaptações 
		que esses registros, quando ilustrados, sofriam ao constituírem-se em 
		uma publicação. Vejamos: Os livros ilustrados de viagem, 
		principalmente com paisagens, conquistaram também um público cada vez 
		mais amplo. A representação de paisagens exóticas acabava por atrair 
		leitores. Deve-se observar que muitos desenhos sofreram alterações 
		quando as imagens passavam a constituir parte de uma publicação. Os 
		gravadores de madeira ou metal faziam adaptações da imagem para o livro 
		de viagem, interferindo na representação original. Nestes casos, a 
		questão estética se sobrepunha ao registro técnico. Intervenções nem 
		sempre possíveis de serem identificadas e que acabaram por serem tomadas 
		como realidade, de fato eram verdadeiros simulacros. 
		(1)
 Mas, não devemos ser pessimistas e achar que 
		o editor sempre comete atrocidades em relação aos originais. Não. Muitas 
		vezes, para não dizer na grande maioria dos casos, o trabalho do editor 
		e sua equipe dá uma luz especial ao trabalho apresentado pelo autor. 
		Mesmo porque, a quase totalidade dos originais são apresentados de forma 
		bruta, ou seja, um texto disforme, via de regra com uma quantidade 
		enorme de diferentes espaços e tipos de letras etc. Isso sem considerar 
		que, não é incomum virem acompanhando o texto verdadeiros compêndios de 
		normas a serem adotadas pelo editor: na linha x use tipo tal, sublinhe 
		com duplo traço a palavra y e, em seguida, transforme-a em caixa alta... 
		É uma aventura. A situação agrava-se com os livros de poemas. 
		   UMA PAUSA Talvez devamos, com toda a humildade, 
		fazer um parêntese neste momento. Muitos poetas de final de tarde 
		acreditam que fazer versinhos, diga-se, pouco originais, é o mesmo que 
		construir um poema. Os versistas se acham grandes poetas. Daí, pronto. A 
		coisa começa a andar de lado.  Já começam com aquelas rimas de cartão de 
		aniversário de 15 anos que são... bem deixemos para lá. Mas, antes das 
		rimas, ainda aparecem os famigerados agradecimentos que beiram a 
		insanidade. São um convite a saltar da Ponte Águas Espraiadas. 
		Agradeço ao meu (e aí vem a família toda), e quando pensamos que 
		acabou... Agradeço também à minha madrinha (e vai) ... é infindável, 
		parafrênico e, considere-se, nada a ver. O editor, então, diante disso, 
		e prestes a um AVC – Acidente Vascular Cerebral - tem um desejo quase 
		incontrolável de torturar o astro do tsunami poético no mastro dos três 
		santos católicos. Ora, muitos desses originais, se publicados, nem a mãe 
		do herético autor leria. O avô rico o deserdaria e os cunhados virariam 
		a cara para todo o sempre. Aí... o inevitável:  Agradecemos pelo envio dos originais. 
		Contudo, seu trabalho não foi selecionado para publicação. 
		Atenciosamente – o editor. Pronto. Sobrou para o desalmado editor. E, 
		muitas vezes, esse doloroso caminho, deveu-se a um professor. Nem pensem 
		que estou falando mal dos professores. Não. Eu também sou professor. 
		Acontece que muitos colegas, quando lhes é apresentada uma “poesia” em 
		vez de dizerem a verdade “doa a quem doer”, em respeito a um apostolado 
		do saber, ficam como em estado de choque. Vagando pelas “Brumas de 
		Avalon” e, nesse estado, o que mais poderia se esperar:  - Nossa, você escreve bem. É sensível. Olha 
		só, até de Nossa Senhora você fala. Lindo. Amei.  Fico imaginando quando o autor é um colega. 
		Acredito que o “desventurado parecerista” deva sofrer de espasmos 
		noturnos consecutivos e, apesar de todo sofrimento, não vai conseguir 
		dizer a verdade. Imagine dizer a um colega que o que ele escreveu está 
		péssimo. Então... a saída é mentir. Pronto, além de cometer um “pecado”, 
		ainda coloca, num futuro próximo, um editor em maus lençóis.       LEITURA DOS ORIGINAIS Este é o primeiro contato que o editor tem 
		com o texto e, certamente, um primeiro olhar que ajudará na decisão 
		futura de publicá-lo ou não. É uma fase de curiosidade, de atração, que 
		poderá ou não ser confirmada. Por vezes, é também um calvário. Isso se 
		deve primeiro pelo que já foi dito anteriormente. É um bom texto, 
		ou é um texto ruim? Depois, por que alguns autores utilizam-se de 
		certa formalidade ao escrever, que fica quase impossível continuar a 
		leitura. É o tipo de texto que nos deixa aquela sensação de nossa! – 
		“como não sei nada”. Contudo, muitas vezes essa sensação surge em 
		virtude de um uso inadequado, ou pelos menos, pouco comum das palavras. 
		É um comportamento conhecido por eruditismo.  Muitas vezes é um 
		texto que, junto aos meus botões, costumo classificar como 
		“esquizotexto”. Neles o autor quer mostrar-se como um grande erudito. 
		Usa e abusa de palavras que vão de solilóquio a nosocômio 
		e acepipe.  Diante de um texto com essas e outras pérolas as 
		reações são as mais surpreendentes. As mais comuns: cerrar os dentes, 
		franzir a testa e abrir exageradamente os olhos. Pronto. É um momento 
		solitário, próprio para perguntar-se, como já o fez Castro Alves, 
		Dizei-me vós, Senhor Deus, se eu deliro ou se é verdade tanto horror 
		perante os céus?...   É, de fato, alguns originais nos apresentam 
		sérias dificuldades. Não sabemos se podemos classificá-los como texto ou 
		como crime contra a língua. Bom, no mínimo, deveria ser classificado 
		como uma contravenção penal.   Por outro lado, há textos que impressionam 
		pela abordagem profunda sem, contudo, perderem a fluidez e leveza. 
		Outros, ainda, são textos simpáticos, elegantes, mas depois da décima 
		quinta leitura, você continua sem saber, sequer superficialmente, do que 
		se trata. Enfim, as variáveis são muitas. O editor deve estar atento e 
		recorrer, sempre que necessário, a especialistas no assunto. Por essa 
		razão existe o conselho editorial.    O CONSELHO EDITORIAL O Conselho Editorial é a esfera de 
		participação mais importante de uma editora. Ele, o Conselho Editorial, 
		é quem vai garantir a qualidade do trabalho que irá ser transformado em 
		livro. É a segurança do editor e, consequentemente, da editora, uma vez 
		que só ele pode chancelar a qualidade do material que foi, em primeira 
		análise, selecionado. Essa primeira análise consiste na leitura dos 
		originais e, em seguida, uma reunião com a diretoria em que é decidido o 
		encaminhamento, ou não, ao Conselho Editorial que deve sempre ser 
		constituído por pessoas de sólida vivência em suas áreas específicas de 
		conhecimento. Desta forma, são cuidados, por vezes exagerados, mas que 
		mesmo assim, não impedem injustiças.  Afinal, já disseram não 
		a Gabriel Garcia Marquez, a Marcel Proust, Ezra Pound, James Joyce ... e 
		a lista não é tão pequena.    INICIANDO O TRABALHO OU, DITO DE OUTRA FORMA, 
		O CALVÁRIO Vencidos todos os obstáculos, o original começa, então, a 
		metamorfosear-se em livro.  O trabalho tem início pela revisão gramatical ampla. Aqui, destaque-se, 
		não existe uma ordem rígida. Dou alguns passos que são os mais comuns 
		entre as editoras.  Depois da revisão, o livro vai para as mãos do diagramador enquanto o 
		capista começa a esboçar algumas propostas que serão, num futuro 
		próximo, discutidas com o autor. Algumas editoras, contratualmente, 
		eximem-se dessa obrigação. As razões são muitas. Desde o autor rejeitar 
		toda e qualquer proposta, até a exigência de que seu papagaio de 
		estimação, que tem nome e tudo, apareça na capa. O título do livro, muitas vezes, é objeto de 
		atenção e, muitas vezes, de discussão, digamos, acalorada. Afinal, 
		nenhum editor quer ver sua editora associada a títulos com nomes 
		estranhos. O Cotovelo do Galo, por exemplo, admitamos, não é 
		simpático.  Mas, adiante. O trabalho já está sendo 
		pensado em termos de gramatura do miolo, de capa, cor ou cores, e começa 
		a materializar-se.  Uma vez concluído, é tirada a primeira prova 
		que irá para o autor fazer uma revisão detalhada. Aí, é onde Jesus deixa 
		cair a cruz. Sublinhe a palavra tal, ponha em negrito ou 
		em itálico o verbo recomeçar, da página tal. 
		Elimine o terceiro parágrafo do segundo capítulo. Substitua o quarto 
		parágrafo por... e por aí vai. Todas essas informações vêm por e-mail, 
		via de regra. É um outro livro que está sendo, agora, apresentado. Mas, 
		o que fazer? Reencaminhamos novamente para o revisor, o diagramador e, 
		nova impressão, agora final, retorna ao autor. E acabou. Não! não acabou. O texto volta agora com mais 
		correções, infindáveis. É hora, então, de o editor dar um basta. Chega. 
		É a última revisão, depois vai para impressão.  Autoritário? - Não. Apenas humano. Mas, alguém pode estar, neste momento, se 
		perguntando: será sempre assim? - A resposta é não. Alguns escritores, 
		diga-se uma minoria, entregam seus textos convictos daquilo que fizeram. 
		Com estes não há o que corrigir. É o que é.  Nessas horas o editor tem plena certeza de 
		quem é quem.  Alguns escritores são inseguros. Outros 
		escrevem por obrigação profissional. Os vieses são muitos.    LICENÇA POÉTICA A chamada "licença poética", em linhas 
		gerais, é uma permissão para o escritor ter liberdade para dizer da 
		forma que mais se aproxime daquilo que ele quer expressar. Contudo, é um 
		equívoco pensar-se a "licença poética" como um caminho para se cometer 
		abusos. Não é isso. Dizer-se que termos de baixo-calão, 
		descontextualizados e, portanto, sem sentido, são permitidos pela 
		"licença poética", não passa de desconhecimento, inconveniência e mau 
		gosto, aliado a uma imensa incapacidade para fazer, etc. etc. etc. Estes
		pseudoqualquercoisa, com permissão do neologismo, "não sabem 
		sequer onde o galo canta". Por isso, são rejeitados. Simples assim. Não adianta sentirem-se perseguidos por 
		editores. A verdade é outra e, para muitos, difícil de ser encarada.   TRABALHOS ACADÊMICOS Um grande problema para as editoras, de um 
		modo geral, é a publicação de trabalhos acadêmicos.  Muitas não publicam dissertações nem teses, a 
		menos que estejam em formato de livro. Mesmo assim, "não é tão simples 
		como refritar almondegas". A questão é complexa. Via de regra, tais trabalhos são altamente 
		especializados e atendem a um número reduzido de interessados. Mas 
		reduzido mesmo. Então, por melhor que seja o trabalho, o editor não pode 
		ser suicida e levar sua editora à falência. Aqui não se trata de ganhar 
		dinheiro. É o contrário. Trata-se de não rasgar dinheiro. Esse 
		equilíbrio é importante. Já tocamos no assunto anteriormente. Temos que 
		tirar essa visão romântica e atabalhoada de se pensar que uma editora é 
		uma casa beneficente. As Editoras são empresas constituídas, portanto, 
		com obrigações.  Quem paga os funcionários, a água, a luz, os 
		impostos etc. etc. etc. Mesmo as universidades, que são as que mais se 
		beneficiam dos trabalhos produzidos pelos seus professores, na sua 
		grande maioria, pouco contribuem. Isso não significa dizer que ninguém 
		publique tais trabalhos. Há excelentes editoras acadêmicas. Mas, via de 
		regra, suas publicações são subsidiadas pelos órgãos de fomento à 
		pesquisa. É diferente, portanto, quando se trata de publicações não 
		subsidiadas. Aqui, vale um aparte. Quando o autor tem subsídio para publicação, 
		ele busca editoras acadêmicas que, pela sua trajetória, os destacam 
		dentro da comunidade. Quando não são subsidiados, aí procuram outras 
		editoras e, se recusados, sentem-se aviltados. Muitos, que perderam a 
		humildade nos caminhos do saber, acham que seu trabalho irá mudar o rumo 
		das ciências, das artes etc. Não sei, nem quero entrar no mérito da 
		questão. Mas estou convicto que alguns trabalhos podem mudar o rumo de 
		algumas editoras. Por exemplo, levá-las a bancarrota.  Já recebi trabalhos, por e-mail, sem 
		prévio aviso, em que o autor sequer teve a sensatez de juntar as partes. 
		Enviou-me um link para acessar e juntar o seu fabuloso estudo. 
		Diga-se, ainda, que tal estudo já estava circulando pela Internet e, 
		consequentemente, pelo mundo. Ora, até para a insensatez temos que ter 
		limites.    À GUISA DE CONCLUSÃO Tentamos mostrar neste resumido texto que o 
		editor de livros vive angústias nem sempre declaradas.  Se entrarmos nos sites de busca, 
		veremos que são criticados por se assemelharem a multiplicadores 
		gráficos de preciosas edições e, sempre, se aproveitam dos autores, sem 
		os quais nada se faz. Desconhecem, tais autores, que não precisam 
		de um editor para publicar suas obras. É possível a qualquer um utilizar 
		um programa, como o Publisher, por exemplo, e diagramar seu 
		próprio livro. É possível, também,  a qualquer pessoa registrar-se 
		na Agência Brasileira de ISBN, e tirar o número necessário que torna sua 
		edição oficial. Também desconhecem tais autores, que basta pagar uma 
		bibliotecária para fazer sua ficha catalográfica, exigência legal, assim 
		como montar o processo para solicitação do ISBN e pagar as taxas 
		relativas à solicitação, para publicação de um livro. Desconhecem, 
		ainda, que poderão pagar um  diagramador, para formatarem seus 
		livros, um revisor, um capista, lógico, caso não queiram fazê-lo, e 
		ainda, desconhecem que podem pegar esse trabalho em um formato digital e 
		levar a uma gráfica e pagar pela impressão do número de cópias que assim 
		desejarem. Aí, ao percorrerem, e colocarem a mão no bolso, talvez mudem 
		de opinião em relação às editoras e, consequentemente, seus editores. A 
		recusa de um original, como já o dissemos anteriormente, passa por 
		vieses que nem sempre apontam para a conta corrente da editora. Ao 
		contrário, se isso fosse verdade, não teríamos novos títulos, de autores 
		completamente anônimos, todos os dias nas livrarias.  As editoras investem em novos talentos sim. O 
		que as editoras não podem fazer sempre é investir em novos talentos. Há 
		novos talentos reconhecidos pelos conselhos editoriais e é feito um 
		investimento neles. Mas, muitos que são recusados, são recusados por não 
		terem talento algum. Essa conversa que muitos não foram reconhecidos ao 
		longo da história, é verdadeira. Citei alguns exemplos anteriormente.. 
		Muitos, insisto, são recusados por não terem talento algum e, vou mais 
		longe, sem querer ofender a ninguém, são péssimos em qualquer estação do 
		ano. É o caso de poetas que acham, e declaram, que quebram regras. 
		Contudo, esquecem-se que para quebrar regras, antes é necessário 
		conhecê-las. Sentem-se ofendidos por que vão de porta em porta e ninguém 
		os aceita. Ora, considero que a maioria matou Cristo. É verdade. 
		Considero, com Nélson Rodrigues, que "toda unanimidade é burra". Mas, 
		também levo em conta que (nem sempre) de esperança também se vive.     NOTAS [1] Paulo Assunção. 
		Percepção da natureza e do espaço habitado brasílicos na literqtura de 
		viagem. p. 37. São Paulo, Arte-Livros Editora. |