MARION, O GÉNIO DAS MARIONETAS
Einmal möchte ich wandeln können über das Wasser
Nachtrag zu Marion
In: Die Tagebücher, Max Frisch
ONTEM, encontrei-o de novo. Marion, o génio das
marionetas.
há já muito tempo que não o via. cheguei mesmo a
pensar
que se tivesse suicidado, ou que, nas suas
errâncias, tivesse abandonado
a cidade. pois estes seres desaparecem e aparecem
constantemente
como se não tivessem idade nem identidade.
como se fossem o produto de sonhos e possessões
muito antigas
que nos devoram durante anos e anos a fio para
depois se afundarem
nos labirintos do inconsciente.
estava sentado à antiga esquina como se sempre ali
tivesse estado
e exibia a maravilhosa Kunst das suas marionetas.
à sua volta os passantes paravam.
paravam e encantavam-se com a genialidade de
Marion.
alguns ficavam de boca aberta como se o mundo
acabasse de ser
reinventado por aquelas mãos .
e as crianças riam-se e flutuavam. riam-se e
flutuavam.
e os suicidas desciam das forcas para o verem por
uma última vez.
ah as mãos de Marion, finas e femininas,
trespassadas pela LICHT,
e as marionetas, carnais, shwarz und weiß, mas tão
reais e vivas.
sim, Marion tinha regressado depois de ter
caminhado
(ich bin über das Wasser gegangen, ganz wirklich,
disse-me)
durante um ano por cima da água dos mares ocultos,
tal como Jesus.
agora, disse alguém, esta rua é de novo
habitável.
In: Poemas eslavos, Luís Costa
Lublin, outono 2010
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