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O título deste artigo deriva do latim religio que
significará voltar a ligar ou religar; reeleger e religião. Segundo a
“ciência” dos positivistas (1) parece não haver transcendência no que
toca ao género humano e ao cosmos (2); enquanto na época pós-moderna os
cientistas admitem que quanto mais portas se abrem na investigação,
outras mais se apresentam para abrir, quer isto dizer que, foi perdida a
arrogância “científica” dos finais do século XIX e inícios do XXº.
Se interpretarmos a vida como uma sequência de
fases entre nascimento, evolução e morte, teremos uma explicação
simplista da existência e da evolução; porém, a maioria dos seres
humanos parece não se satisfazer com a hipótese da vida poder ser apenas
uma sequência de três estádios evolutivos. De uma forma geral, quanto
mais evoluímos mais questões colocamos. Não nos contentamos com
explicações redutoras e, por isso, continuamos à procura de
significados; o bem, o mal, a religião, o sacrifício em favor de causas
nobres, o abandono de pessoas e bens e a poluição que levam à entropia
(3) e ao empobrecimento de pessoas, solos e mares. À medida que o mal
evolui as sociedades procuram o equilíbrio no bem, condenando aquele,
corrigindo comportamentos iníquos e ilegítimos, recorrendo à religião e
à Lei. Não é por acaso que às antigas Escrituras correspondentes ao
Antigo Testamento e à Tora se chama Lei; e o Corão contém um conjunto de
Normas e Leis.
Na vida civil existem conjuntos de Leis, a começar
pelas Constituições. Contudo percebemos que a Constituição ou Carta
Magna não é suficiente para a ordem pública e a eliminação das
desigualdades. Segundo a “Lei do pêndulo” (4) o comportamento humano
oscila entre uma situação de religiosidade ou teísmo e a oposta de
ateísmo. Numa situação intermédia há um período de abrandamento de
crenças. Por vezes chama-se a esse posicionamento uma atitude agnóstica.
A teoria, também dita lei do pêndulo induz-nos a
pensar que, a uma situação de religiosidade, sucede o enfraquecimento, o
descrédito até voltar para o lado da incredulidade e ateísmo. Depois
deste curso, um outro se inicia, repetindo-se as mesmas fases. Acontece
que, no mundo atual, o ser humano ainda não conseguiu uma forma de
vivência baseada na justiça social; daí a procura de consolos na
religião, uma forma de voltar a ligar o que outrora se desligou pela
ânsia do ter, desrespeito pelo semelhante e violação da “Lei divina”.
(5)
Não será por acaso que após as crises mundiais dos
mundos, capitalista e socialista, há quem interprete que estamos
atualmente no dealbar da “Terceira Igreja” de que fala Frei Bento
Domingos (6). A educação é a esfera social/cultural que mais tempo leva
a ser interiorizada, daí que não é de estranhar o tempo de crises
religiosas e económicas/financeiras, motivo que nos leva a crer que,
pela mesma teoria do pêndulo, este se encontra próximo da posição
superior/negativa, não podendo aí fixar-se; logo o pêndulo regressará a
um reassumir dos valores religiosos.
O advento da “III Igreja” e de um Papa que está a
revelar-se próximo dos cidadãos (Leigos, na expressão tradicional da
Igreja) irá provocar mudanças no seio do papado e das estruturas
eclesiais, como também a nível social. Esperamos que também ocorram boas
notícias na economia e na finança.
«Esta economia mata» (7). A expressão podemo-la
encontrar na “Alegria do Evangelho” (Evangeli Gaudium), 53 do Papa
Francisco, uma das expressões que mais tem sido divulgada, após a
eleição do Papa e a publicação da exortação apostólica: «Por
conseguinte, ninguém pode exigir-nos que releguemos a religião para a
intimidade secreta das pessoas, sem qualquer influência na vida social e
nacional, sem nos preocuparmos com a saúde das instituições da sociedade
civil, sem nos preocuparmos com os acontecimentos que interessam aos
cidadãos […]». (8).
Se estivermos atentos às novas publicações
biblioteconómicas e jornalísticas encontramos uma grande procura pela
divulgação do pensamento de Francisco I que, para lá da sua própria
mensagem, se baseia em precursores. Digamos que Francisco veio expor a
mensagem com frescura, coragem, resiliência, inovação, frontalidade e
doçura de carácter. Se interpretarmos o tempo ou a História como um
tempo estrutural de longa duração, verificamos que o “Advento da
Terceira Igreja” não é um fenómeno exclusivo deste novo Papa, embora ele
tenha imprimido uma novidade e aceleração do processo, incluído um
retomar da Rerum Novarum (9). Este marco da DSI - Doutrina Social da
Igreja, levado à letra teria evitado crises e revoluções nos países.
Logo, a posição, a insistência e a inovação por parte do Papa Francisco
corresponde no fenómeno religioso a um reforço e readaptação da mensagem
para voltar a ligar o equilíbrio que se perdeu. Será o tempo de retoma
do diálogo, consciencialização e luta, esperemos que justa e pacífica.
Poderemos, porventura, provar que a entropia também é reversível.
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(1) Sistema
filosófico de que Augusto Comte foi o principal impulsionador, baseado
em factos e experiências. Exclui a metafísica e o sobrenatural.
(2) «A partir da renascença scientifica do
seculo XV, o espirito humano recebeu um alimento abundante e
fortificante. A educação do espirito humano, começada anteriormente
pelos gregos, tinha sido interrompida por um tempo de estacionamento, um
longo sommno intelectual de quatorze seculos. Onde se origina esse tempo
de estacionamento? Não procurarei aqui sabel-o, ainda que a causa d`ele
seja evidente para quem conhece a historia real e não essa outra
historia fabricada intencionalmente pelos theologos e philosophos». (cf.
O Homem segundo a Sciencia / Luiz Büchner. Porto: Livraria Chardron de
Lelo & Irmão, Ldª, 1912, p.2.- o texto original data de Darmstadt, maio,
1869).
(3) Sobre o conceito de entropia cf.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Entropia,
http://www.brasilescola.com/fisica/entropia-segunda-lei.htm, acedidos em
26.12.2013
(4) Cf. “Lei do Pêndulo” pelo Prof. Maurício da
Silva in http://www.agsaw.com.br/2012cp20.html, ,
http://forum.gnosisonline.org/viewtopic.php?f=7&t=698,
http://www.agsaw.com.br/apostiladocursomedio.pdf,acedido, acedidos em
25.12.2013)
(5) Cf. “Lei Divina e Leis Morais”.
In:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Leis_morais, http://forum.gnosisonline.org/viewtopic.php?f=7&t=698, http://forum.gnosisonline.org/viewtopic.php?f=7&t=698,
acedidos em 25.12.2013.
(6) Sobre a “Terceira Igreja” Por cf. Jornal “O
Público” de 15.12.2013, disponível também em
http://www.publico.pt/sociedade/noticia/o-advento-da-terceira-igreja-1616280,
acedido em 25.12.2013.
(7) Cf. Jornal Económico 26.11.2013, disponível
também em
http://economico.sapo.pt/noticias/esta-economia-mata_182478.html,
acedido em 25.12.2013.
(8) Papa Francisco - A Alegria do Evangelho:
Exortação Apostólica Evangeli Gaudium. Prior Velho: Paulinas Editora,
183.
(9) "Das Coisas Novas", encíclica do Papa Leão
XIII, 1891), sobre as condições das classes trabalhadoras (cf.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Rerum_Novarum, acedido em 25.12.2013.
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