REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


nova série | número 42-43 | dezº 2013-janº 2014

 
 

 

 

NICOLAU SAIÃO

Catálogos de exposições, com jeito artesanal

 

Nicolau Saião (Portugal). Poeta, publicista, actor-declamador e artista plástico. Efectuou palestras e participou em mostras de Mail Art e exposições em diversos países. Livros: “Os objectos inquietantes”, “Flauta de Pan”, “Os olhares perdidos”, “Passagem de nível”, “O armário de Midas”, “Escrita e o seu contrário”.  

 

EDITOR | TRIPLOV

 
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Através dos anos, pelos anos fora, as exposições que fui fazendo geralmente tinham uma escassa comparticipação monetária das entidades que mas propunham, sugeriam, consentiam ou artilhavam.

Nada de mais – é o natural que sucede a quem, como eu, geralmente não punha os quadros em venda. Aqui vos confesso e contra mim falo: não me convencia de que um pintor, para o ser a sério (económico-socialmente falando), tinha de ter uma estratégia, uma sistemática, passando pelo honrado fazer-e-vender que não fica mal a quem, se para aí estiver virado, trabalhe nas pinturações e a seguir as venda – se houver gentes que com desvelo ou interesse lhas queira comprar…

Eu custava-me separar-me dos meus quadritos. Ganhava-lhes afecto, tanto mais que, como não sou totalmente destituído de argúcia, também pensava que na altura não iria por eles receber grandes réditos…

(Estão hoje, em razoável quantidade, pespegados nas paredes inocentes  da Casa da Muralha, de Arronches, estancia dos ancestros que, com recurso proverbial à amabilidade comercial da CGD, reconstruí e beneficiei pensando nos vindouros familiares. E noutros que um dia por lá vão calhando de passar).

Só na idade madura, madurinha, comecei de vender, quando o rei fazia anos, cartões para tapeçarias, painéis de azulejo e cerâmica…Tanto mais que – marotamente o digo – não era preciso ficar sem os originais, pois a maravilhosa tecnologia de agora (que depois desses tempos iria aparecer e honra nos seja) permite cópias fiéis ou quase fiéis do que se congeminou e criou.

Ou seja: geralmente era eu que fazia o original dos catálogos, depois bondosamente copiados pelas tais entidades em soma suficiente para os embalos dos visitantes.

Foi assim e não me queixo, tal desiderato deu-me entre outras coisas o ensejo de agora vos apresentar, com a estima que sabem, estes alguns exemplares que aqui deixo à vista.

Ou seja: ganhei o prazer de os fazer e agora ganho o prazer de os apresentar aos confrades. Como dizia Renoir ao seu filho cineasta “o pintor, meu querido Jean, nem sempre sai a perder”.

Faço minhas as suas palavras.

   ns

   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
 

 

© Maria Estela Guedes
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