Poema às cerejas
(à minha querida amiga Teresa Rebordão
pelas excelentes cerejas que me
ofertou da sua quinta)
Divinos frutos matizados de luzidios vermelhos,
as cerejas,
fazem despertar em quem é tocado pela sorte de as
ter,
voluptuosas vontades —
as mesmas que Adão e Eva experimentaram no paraíso
e que os levou a ganharem, na Terra, humana
natureza.
Porque as tive, surgiram bonitas de ver e
suculentas para comer!
— eu e os tordos!, os melros e os pardais!,
que, avaliando bem, foram os que comeram mais!:
— mais alto,
sim!; mais maduras, também!,
pois,
por não conhecerem cativeiro,
dispuseram do
tempo todo para as escolherem bem!
Mas não faz mal!
O que a natureza propicia,
de um modo ou de outro, todos beneficia.
— Pode não ser por igual,
mas Deus — que é quem tudo cria e detém —,
não faz mal a uns para a outros fazer bem!
E, se a mão do homem semeia sem jeito,
logo aparece Deus,
a equilibrar a colheita,
com amor que dEle brota do peito!
— O que com amor é criado
e dado,
aos olhos de quem recebe
tal preito,
sempre se apresenta perfeito!
Joaquim Carvalho,
Paço de Arcos, 3 de Julho de 2013
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