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REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências
nova série | número 39 | junho-julho | 2013
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REGINALDO BARCELOS
Arqueometalurgia do Ouro no Brasil e
Portugal: as Casas de Fundição e da Moeda (sécs. XVIII e XIX)
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EDITOR |
TRIPLOV |
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ISSN 2182-147X |
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Contacto: revista@triplov.com |
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Dir. Maria Estela Guedes |
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A história das técnicas metalúrgicas para purificar o ouro
nos séculos XVII, XVIII e XIX, em alguns dos atuais estados do
território brasileiro penetrados pelos
intrépidos sertanistas, constitui um dos mais interessantes ciclos do
bandeirantismo(1), que ainda escapa ao estudo acurado da nossa
Arqueologia.
A partir de achados arqueológicos de sítios próximos e nas antigas fundições
régias implantadas
em Vila Real do Sabará, atual Sabará, estado de Minas Gerais e Vila Boa
de Goiás, atual Goiás Velho no estado de Goiás e no local onde funcionou
a Casa da Moeda do Rio de Janeiro, será possível conhecer as milenares e
misteriosas
técnicas empregadas para se depurar e transformar o ouro
in natura nas
barras que
circularam por quase um século como dinheiro para as trocas comerciais
no Brasil.
A confecção destas barras era operada nas, e pelas, Casas de Fundição (2),
legais e também nas ilegais que, por sua vez, não faziam a retirada do
imposto do quinto devido ao
Reino e se difundiram
pelos confins
das serranias mineiras.
A execução da “Novíssima Lei das Casas de Fundição” de 1750, criada para
otimizar as rendas da Fazenda Real de Portugal pombalino, via cobrança
do imposto do quinto,
propiciou uma farta
produção, pela burocracia portuguesa, de conjuntos de fontes documentais
históricas relacionadas com o funcionamento destas verdadeiras oficinas
de fundição do ouro.(3)
As Casas de Fundição foram reimplantadas - visto
que já haviam funcionado em períodos anteriores sendo fechadas em
decorrência da substituição do método de cobrança do Quinto - em 1751, em de Vila Rica,
em São João Del Rei, e na Vila do
Príncipe (atual cidade do Serro), na
Capitania de Minas Gerais. Além destas, houve pelo menos outras quatorze
Casas que funcionaram em São Paulo, Goiás, Mato Grosso e Bahia,
em períodos distintos. Entretanto,
a de Sabará foi a última delas a encerrar seu lavor em 1833.
A obstinação da Coroa Portuguesa em realizar uma arrecadação sempre maior e
mais rigorosa manifesta-se através de múltiplas providências e
experiências, algumas delas gerando revoluções e motins, mas nem sempre
capazes de evitar os descaminhos do ouro em pó, ora escapando pela porta
larga do contrabando, ora esquivando-se ao
quinto - também
conhecido como “quinto dos infernos” tal era a repugnância dos povos
das minas àquele imposto pago à Fazenda Real –, ora através da
falsificação de barras e moedas em fundições clandestinas.(4)
A documentação histórica relacionada com o tema das Casas de Fundição,
pertencente a arquivos portugueses e brasileiros, faz ampla referência à
falta de insumos, - ingredientes - para os serviços da fundição,
principalmente o “Solimão”, “Sulimão” [cloreto de mercúrio II] (5).
Trata-se de um poderoso sublimado corrosivo, venenoso, que se vertia no
ouro fundido para aglutinar as impurezas e retirá-las em forma de
escórias. A falta deste “ingrediente” por vezes terá até paralisado as
atividades das Casas e, por conseguinte, o envio dos rendimentos do
imposto do quinto à Real
Fazenda. A escassez desse gênero era também
temida pelos vassalos da colônia, pois a diminuição nos
quintos do respectivo ano poderia ocasionar a
derrama que era o imposto cobrado compulsoriamente em todas as
comarcas igualmente até atingir as 100 arrobas de ouro empenhadas com os
cofres reais.
O
material arqueológico, nomeadamente as escórias e fragmentos de cadinhos
(6) fornecidos por escavações arqueológicas ocorridas no terreno anexo
ao atual Museu do Ouro em Sabará, Minas Gerais
- antiga Casa de Fundição e Intendência do ouro – como também
aqueles encontrados em escavações no local da Casa de Fundição e
Intendência de Vila Boa de Goiás e os cadinhos exumados na antiga Casa
da Moeda do Rio de Janeiro no atual Paço Imperial demonstraram que
esses sítios haviam produzido materiais interpretados como de natureza
industrial. Além deste material, nos sítios de Sabará e Goiás, também
foram parcialmente escavadas estruturas circulares de adobe e rochas que
poderiam ter servido como fornos. Todo o material merece exame e
consideração cuidadosa, já que oferecem
informações relevantes
quanto à natureza de processos industriais da metalurgia do ouro
empregados no Brasil, assim como de inovações tecnológicas regionais e
étnicas.
Esse
contexto da precária intermediação pela Metrópole de materiais, como os
cadinhos e insumos, ambos fundamentais ao lavor daquelas oficinas régias
responsáveis pela arrecadação do imposto do Quinto do ouro, levou-nos a
supor a utilização de outros “ingredientes”, ou técnicas, no processo da
fundição do ouro que não sejam os oficialmente ordenados pelo Reino às
fundições do Brasil para que elas atendessem aos mineradores que queriam
e deviam quintar o seu ouro em pó .
A hipótese de trabalho do estudo em curso aponta que a carência de materiais
para purificar o ouro em pó, pepitas ou folhetas (7) e transformá-lo em
barras possa ter fomentado a prática de novas experiências químicas e
metalúrgicas dos fundidores e ensaiadores das Fundições no Brasil, no
sentido de reduzir o gasto destes insumos e também no fabrico local de
outros que os substituíssem. Um exemplo desta busca de novas práticas
poderá ser a fabricação de cadinhos
com o pó dos cadinhos importados,
feito a partir daqueles já desgastados ou quebrados e obtido pela
mistura destes com o barro retirado na própria região das minas e
transformando-os em novos cadinhos ainda mais resistentes que os
importados.
O
estudo das composições químicas das escórias e dos fragmentos de
cadinhos já encontrados permitirá avaliar essa
hipótese de adaptação técnica no Brasil ainda no Brasil Colônia,
não obstante que as
análises
laboratoriais mais aprofundadas estejam em curso. Experimentos estes que
estão sendo feitos numa amostragem do material recolhido nas escavações
arqueológicas na Casa de Fundição de Sabará, Goiás Velho (fragmentos de
cadinhos e escórias) e na Casa da Moeda do Rio de Janeiro (fragmentos de
cadinhos) numa parceria entre a Universidade do Porto e Escola de Minas
da Universidade Federal de Ouro Preto, com o apoio da FCT - Fundação
para Ciência e Tecnologia de Portugal.
Cabe aqui mencionar que outros fatores
foram evidenciados na documentação histórica consultada, tais como a
falta de conhecimentos práticos e técnicos dos fundidores, ou ainda,
situações de desperdício ou a
má qualidade dos materiais enviados às fundições e inclusive a mistura
maliciosa
de substâncias ao ouro em pó a ser quintado. Uma referência a este tipo
de mistura foi feita, em 1818, pelo viajante, botânico e naturalista
francês Auguste Saint Hilaire (1779-1853) no livro “Viagem
pelas províncias de Rio de Janeiro e Minas Gerais”(8),
onde menciona este tipo de mistura no trecho:“Afim
de aumentar o peso do metal misturava-se terra ou areia, e se utilizava,
principalmente, nessa falsificação, uma espécie de areia brilhante
denominada ogó que se encontra
para os lados de Sabará.”.
Em carta de
1767, pertencente
ao Arquivo Histórico Ultramarino, o Governador da Capitania de Minas
Gerais, Luis Diogo da Silva,
informa a Francisco Xavier de Mendonça Furtado, Secretário de Estado da
Marinha e Ultramar, sobre a necessidade do envio de solimão para
Capitania e do “…vício de
antimonios, ferros e outros diversos mineraes e mixtas, que das lavras e
faisqueiras trasem contraditos consigo os ouros sem que seja possível
separar-se-lhe por outro meyo, além da fundição, faz inevitável o mayor
consumo de solimão para se depurar...” ao que tudo somava para a
diminuição dos rendimentos do quinto.(9).
Entre as
principais crises da falta do solimão, parece ter sido a de 1755-57 a
mais grave de todas as que seguiram, quando na frota do Rio de Janeiro
não veio o solimão. Para ilustrar o temor dos procuradores e povos das
minas dessa ausência, na Súplica
da Vila de Sabará (1757) dirigida ao rei e hoje depositada no
Arquivo Histórico Ultramarino, está escrito:“…suplicamos
humildemente a V. Magestade que nelles ponha os olhos de sua
Paternal benignidade dando a providencia para que não experimente daqui
em diante outra similhante falta...”. O que parece não ter surtido o
efeito desejado, pois o solimão estará faltante em quase todo o período
em que laboraram as Fundições e Casas da Moeda do Brasil aurífero.
Para decidir quais seriam as medidas adotadas pelas Câmaras das vilas,
para sanar esta carência, reuniram-se os procuradores, intendentes e
governador em Vila Rica, a 1º de julho de 1757. Muitos procuradores
inicialmente votaram “…para que se
fundisse o ouro sem solimão, com as barras sem serem adosadas com o dito
material girasse o comercio” [e foi difícil, conforme informou o
Governador ao Secretário de Estado da Marinha e Ultramar, convencer os
ministros] “que as barras ficavão
falsas e impuras, por não levarem o material que as purifica, nem
daquela forma se poderem cunhar e menos ensayar...”o que denota o
quão mal informados estavam estes agentes da Coroa sobre às técnicas
metalúrgicas para se afinar o ouro naquela época.
Nessa mesma Junta, Vila Rica,
a 1º de julho de 1757, foi lido um
ofício do intendente do ouro da Vila Serro Frio (hoje cidade do Serro)
que deixa evidente a busca por novas técnicas adaptadas aos meios
materiais e disponibilidade de “ingredientes” locais para os processos
de purificação aurífera. Num trecho deste está grafado que:
“...o modo de reduzir o ouro a
barra por meio do sal da terra, misturado com uma oitava de solimão, do
que enviava provas em uma barra, que, vista e o methodo examinado pelos
peritos, acharam estes serem impraticável...”.
Este
e outros casos tornam crível o uso e a invenção de novos métodos e
técnicas, criados e experimentados no Brasil para sanar a carência do
sublimado corrosivo.
Com esta
investigação científica tem-se como primeiro objetivo analisar as
estratégias alternativas desenvolvidas localmente para a fundição de
ouro na ex-colônia, os materiais utilizados e as adaptações técnicas que
se fizeram necessárias na circunstância da falta dos materiais e
insumos. Para que isso torne-se factível recorre-se a técnicas
científicas da Arqueometalurgia recente o que tem vindo a permitir que
essa investigação examine as evidências em dois grupos de amostras:
amostras de fragmentos de cadinhos exumados em escavações na Casa da
Moeda do Rio de Janeiro, fragmentos de cadinhos e escórias da Casa de
Fundição de Vila Boa de Goiás e Casa
de Fundição de Sabará.
Com a análise deste tipo de estratégia de busca por
alternativas técnicas para os métodos da metalurgia do ouro empregados
no Brasil colônia pretende-se fundamentar uma arqueologia e
historiografia que promova um território
próprio para as ciências íbero-americanas em diálogo com os
conhecimentos levados até ao Brasil pelos europeus e africanos, de tal
modo que, mesmo sem que tenham sido originados na ciência dita moderna,
estes conhecimentos possam ser estudados
e avaliados com a justa consideração ao seu sentido histórico
evidenciando a capacidade das práticas e das técnicas em constante
adaptação.
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Notas |
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(1) No Brasil
dos séculos XVII e XVIII
ocorreram expedições particulares organizadas por Paulistas que
percorreram o interior no intuito do aprisionamento de indígenas e
tornaram-se a esperança da Coroa Portuguesa para encontrar as reservas
de metais e pedras preciosas. O nome Bandeirantes vem da tradição de
carregarem uma bandeira à frente da expedição.
(2) Tais casas/oficinas funcionaram no Brasil
colonial e de inícios do império em dois períodos distintos consoante o
método de cobrança dos direitos reais sobre a extração do mineral. As
primeiras casas de fundição, ou Oficinas dos Reais Quintos, foram
implantadas em meados do século XVII, após os primeiros descobrimentos
do metal precioso na Capitania de São Vicente, que compreende o atual
território do Estado de São Paulo. Desativadas algumas, funcionando
outras até o alvorecer do século XVIII, momento em que se assiste ao
rush das “Minas Gerais”.
Também aí funcionaram oficinas de fundições nas primeiras décadas do
século XVIII, o que garantiu o envio do
quinto do ouro para o
Reino de Portugal. Após o interregno de 16 anos, entre 1735 e 1751,
período em que esteve vigente a cobrança do imposto através da Capitação
pela Coroa de uma quantia em ouro em pó
por cada escravo empregado nos serviços da mineração aurífera,
por cada estabelecimento comercial, ofícios desempenhados e outros,
foram as Casas de Fundição restabelecidas no ano de 1751.
Era o local em que se fazia a fundição,
retirava-se do quinto (20%) inclusas as despesas com a
braçagem e
senhoriagem que eram, respectivamente, as despesas com fabricação de
moedas ou barras e cunhagem das mesmas.
Compõe-se de um escritório onde o ouro em pó é
recebido e guardado, sala para a fundição e cunhagem e laboratório para
os ensaios. É um tribunal privativo de assuntos ligados à fundição de
ouro e pagamento do quinto.
(3)
Considerado
o pai da siderurgia no Brasil, o alemão Barão de
ESCHWEGE, (1777-1885), estima na sua obra
Pluto Brasiliensis que a Coroa Portuguesa arrecadou, somente com o
imposto do quinto entre o ano de 1752 e 1820, a quantia de 63.825 quilos
de ouro.
(4) Ver
GUIMARÃES, André Rezende.
“Falsários e contrabandistas nas
Minas Setecentistas: Inácio de Souza e sua rede internacional de
negócios ilícitos”. Dissertação (Mestrado em História), Universidade
Federal de Minas Gerais, Faculdade de Filosofia e Ciências
Humanas, 2008.
(5)
Pela
tradução do termo farmacêutico em que figura o vocábulo árabe é
solução de Salomão, veneno.
Nada se sabe sobre a origem desse vocábulo. “É
preciso verificar se tem alguma relação, a não ser simples assonância ou
análoga fonética como nome do rei israelita, considerado pelos árabes
como o rei supremo dos magos “… rei cujo poderio era tão extraordinário
que nada lhe resistia e tudo chegava a fazer, mesmo transmutar os metais
em ouro. Portanto é preciso investigar se as propriedades do solimão que
os árabes reputavam maravilhosas, por ter mercúrio na sua base,
justificam a denominação, ou se estamos em presença da corruptela de
termo de origem latina, que define uma matéria volatilizada,
quimicamente sublimada que é alta, mas condensável como é o solimão…” É
também conhecido como veneno que se obtém do mercúrio. (…) um termo de
uso entre os alquimistas para alcançar a pedra filosoal…” In.:
NIMER, Miguel. Influências Orientais na Língua Portuguesa: Os Vocábulos Árabes,
Arabizados, Persas e Turcos. São Paulo: Editora Universidade de São
Paulo, 2005. p. 340.
Sua
descoberta é atribuída ao químico e alquimista islâmico
Abu Musa Jabir ibn Hayyan
(c.721–c.815), também conhecido pelo nome latino “Geber”. O
mercúrio, de onde se extrai o solimão, provém, por sua vez, de um dos
principais corantes usados na Antiguidade que era o cinabre (ou sulfato
de mercúrio, HgS), utilizado na época romana para pintar murais. Do
cinabre extraiam o mercúrio e conheciam sua capacidade para amalgamar os
metais preciosos. Na época romana as mais famosas minas de mercúrio eram
a do território de Sisapo,
identificada hoje como Ciudad Real, perto das minas de Almadén na
Espanha que, a partir do século XVI, tornou-se a maior mina de mercúrio
do mundo.
Torna-se
necessário esclarecer que o homônimo rio Solimão na Amazônia, segundo
Aires de Casal, considerado pai da Geografia brasileira, tem esse nome
“… pelo qual he ainda designado, alludindo, não aos venenos com os quais
os Índios d´estas paragens inficcionão as suas settas, pois também os do
Baixo-Amazonas, e alguns do rio Negro, usavão do mesmo artifício; mas da
nação denominada Soumani e por corrupção Solimão e Solimões…” In.: DE CASAL, Manuel Ayres.
Relação histórico-geográfica do Reino do Brasil. São Paulo: Edusp, 1976.
p. 283.
Este
sólido
branco cristalino é um reagente laboratorial. Ele foi usado mais
largamente em muitas aplicações, incluindo as medicinais, entretanto, é
uma das mais tóxicas formas do elemento mercúrio, pela sua
solubilidade
em água, em relação a outros compostos de mercúrio. Foi usado como
purgante, anti-helmíntico e diurético, é empregado como desinfetante.
Foi o primeiro remédio eficaz contra a
sífilis.
(6)
Cadinhos e fragmentos deles vêm sendo recuperados em escavações
arqueológicas em algumas regiões do Brasil, já que foram amplamente
utilizados nos séculos XVIII e XIX, sobretudo em casas de fundição,
moeda e áreas de mineração, fazendo parte de acervos de museus
relacionados a história da mineração. No século XIX, os cadinhos usados
nas fundições do Brasil e do Reino vinham, provavelmente, em sua grande
maioria da região da Bohêmia. Contudo, os cadinhos utilizados no século
XVIII ainda não têm sua proveniência exata confirmada. Encontra-se nos
Livros de Registro Geral e maços de documentos avulsos, pertencente ao
Arquivo Histórico da Casa da Moeda de Lisboa, Avisos, Portarias,
Conhecimentos e Relações em que são mencionadas algumas localidades
fornecedoras dos cadinhos, tais como Sevilha e Hesse na Alemanha.
(7) Apenas
para se ter uma ideia do gasto anual de solimão na Casa de Fundição de
Sabará tomemos como fonte informativa, dentre outros documentos, a Carta
datada de 3 de Novembro de 1754, do desembargador e intendente da Casa
de Fundição de Sabará, Domingos Nunes Vieira , que se encontra no
Arquivo Histórico Ultramarino em Portugal que dá conta ao Secretário de
Estado Diogo Mendonça Corte Real das despesas relativas ao quinto ano do
exercício da fundição de Sabará iniciado em 01 de Agosto de 1753 e findo
em 31 de Julho de 1754. A arrecadação do
quinto na Casa de Sabará
naquele ano foi de 34 arrobas, 21 libras, 1 marco, 2 onças, 1 oitava e
42 grãos o que consumiu um total de 19 arrobas, 5 marcos e 4 oitavas de
solimão, ou seja, feitos os cálculos, gastava-se mais de ½ marco de
solimão para cada 1 marco de ouro fundido. Transformando em quilogramas
temos aproximadamente 509,041 kg de ouro fundido das partes naquele ano que, por sua vez, despendeu 281,164 kg de solimão na
sua purificação. Esse gasto era 15% acima do que era consumido para a
mesma quantidade de ouro proveniente de Minas Gerais e fundido na Casa
da Moeda de Lisboa, segundo dados apresentados por Domingos Vandelli.
(8) O ouro, tal como a mica, são algumas vezes
encontrados em veios, que podem ser desfolhados. Este tipo de ouro era
chamado “em folhetas”.
(9) SAINT HILAIRE, Auguste. Viagem pelas
províncias de Rio de Janeiro e Minas Gerais.
São Paulo: Col.Brasiliana, 1938. P. 290.
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Bibliografia |
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Reginaldo Barcelos (Brasil).
Possui graduação em História, especialização em História da Cultura e da
Arte pela Universidade Federal de Minas Gerais e mestrado em Arqueologia
pela Universidade do Porto, Portugal. Atualmente é doutorando em
Arqueologia na Universidade do Porto com bolsa de investigação
científica fornecida pela FCT – Fundação para Ciência e Tecnologia de
Portugal. Tem experiência na área de Arqueologia, com ênfase em
Arqueologia Histórica, atuando principalmente nos seguintes temas:
cultura, história da arte, desenvolvimento cultural, gestão do
patrimônio cultural, diagnóstico arqueológico, resgate arqueológico,
arqueometalurgia e educação patrimonial.
rbarcelos70@hotmail.com
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© Maria Estela Guedes
estela@triplov.com
PORTUGAL |
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