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“Temos uma mentira institucionalizada no país… que não deixa que as
coisas tenham a pureza que deviam ter" ”, diz o general Pires Veloso. Quando,
os bem alimentados da nação, se atrevem já a falar assim é mesmo grave o
estado da nação e justificada a insatisfação. O actual regime democrático, mais
que fruto do desejo de liberdade e de bem comum, foi cinicamente construído
amoralmente e baseado na manipulação ideológica que permitiu muitos
“iluminados” arrogantes apoderarem-se do Estado, e manter o povo na
submissão, já não sombria mas risonha. Pessoas corruptas, com o apoio
militar, instauram um estado corrupto, sem razão crítica, sob o pretexto
dos abrilistas serem os libertadores de Portugal. Sanearam Portugal à sua
imagem e semelhança! O povo, atraiçoado pelas elites conservadoras e pelos
oportunistas engravatados da ocasião, deixou-se enganar e agora acorda
molhado. O maior roubo que se pode fazer a um país é tirar-lhe a
esperança, a autoconfiança e a dignidade. Construímos uma democracia duvidosa em
que políticos não são responsabilizados pelo seu mau comportamento mas o
cidadão sim. As ideologias e os interesses pessoais e de coutos sobrepuseram-se
aos de povo e nação.
Urge sanear o País desde o Estado à Constituição
A atitude do ministro Nuno Crato, mandando reavaliar todas as
licenciaturas que foram atribuídas com recurso à creditação profissional, deveria ser
um primeiro passo no saneamento do Estado no sentido de
desinstitucionalizar a corrupção; deveria passar-se a rever também as medidas que possibilitam
tal creditação. O trabalho seria colossal porque teria de chegar também aos
diferentes órgãos de Estado e a uma revisão da constituição portuguesa,
nascida sob auspícios ideológicos e partidários! O resto é só
maculatura.
O saneamento da nação implicaria coragem e vontade para o abandono de
regalias adquiridas na base de legislações nepóticas (favoritismo!) e de
acções como as de forças de pressão orientadas apenas pela ganância à
custa da destruição da economia nacional, tal como acontece com a greve dos
maquinistas e outras. Um país que orienta a sua acção na base de
aquisição de regalias mata de início a solidariedade e destrói-se a si mesmo
impossibilitando a governação.
Há muitos portugueses que anseiam pela revolução, esperando que a
rebelião comece em Espanha. Os alemães, os franceses e os Ingleses temem a
instabilidade do Euro; mais que a desgraça da Grécia ou de Portugal,
preocupa-os sobremaneira a insatisfação popular incontida duma Espanha
ou duma Itália. As consequências para o projecto EU (Euro) seriam
catastróficas. Por enquanto entretemo-nos com a periferia; com o tempo
também a França passará a entrar na dança.
Uma Alemanha que exige contenção económica aos países menos fortes como
Grécia, Portugal, Espanha e Itália, continua a endividar-se apesar duma
economia florescente. Endividando-se aposta já na inflação que aos
outros não é permitida devido a um Euro de várias velocidades! (A RFA, no seu
orçamento federal para 2013 prevê, nos seus gastos totais, 33,3 bilhões
com a dívida federal que ocupa o terceiro lugar, depois da defesa também com
33,3 bilhões e dos gastos no âmbito laboral e social com 118,7 bilhões).
No que respeita a endividamento para empréstimo, o Estado alemão não tem
dificuldade com isso, porque ganha com a diferença do crédito (pede
dinheiro emprestado a 2% e empresta-o a 6% ou mais). Por outro lado o banco
central europeu empresta dinheiro aos bancos a 1% em vez de o emprestar
directamente aos Estados deficitários, favorecendo assim a usura dos bancos que
depois concedem créditos a terceiros a preço especulativos. Não será que no
caso duma reforma monetária quem mais sofrerá será quem mais poupou? O Japão
e os USA não se encontram em melhor situação que a EU. Só que o dólar é
suportado mundialmente, podendo os USA produzir bilhões de notas por mês sem que o
mundo berre, ao contrário do que faz com a Europa. É que a Europa apesar
das diferenças gritantes ainda reserva um bom óbolo para os desfavorecidos
do sistema e da natureza e isso desagrada aos tubarões do mercado.
Povo vítima de Instituições corruptas e da própria Apatia
Os responsáveis pelo colapso económico não são chamados à
responsabilidade pelo Estado português que, ao contrário do que acontece na Islândia,
assalta a carteira do povo, poupando a dos que se encheram. Facto é que o povo
português foi vítima dos governos de Portugal e da especulação
financeira internacional. O apoio da EU (União Europeia) e a concessão de créditos
aos países pobres parece ter sido para estes poderem fazer compras aos
países ricos e ao mesmo tempo terem a oportunidade de beneficiarem as grandes
empresas para a competição internacional da nova realidade global
(turbo-capitalismo). “Confiaram” na capacidade política e financeira dos
políticos estatais e agora vem a Troika, controlar a nação sem se
interessar pelo Estado nem para onde foi o dinheiro. Como precisam dos seus
mercenários governamentais para executarem as suas exigências não lhes tocam.
Os povos da periferia, com uma elite política não habituada a deitar
contas à vida, deixaram-se iludir com promessas e histórias de paraísos
turísticos, etc. Esta elite, “comprada”, com postos e ordenados especulativos
internacionais, permitiu a destruição das pescas, agriculturas, têxteis
e das pequenas e médias empresas da nação; pior ainda, concretizam, ainda
hoje com zelo, medidas europeias tendentes a destruir as regiões e os seus
produtos específicos em benefício das grandes multinacionais
estrangeiras e de latifundiários. Agora que a periferia (Grécia, Espanha, Portugal,
Itália, etc.) se encontra na dependura especula-se no centro da Europa, se não
seria melhor estes Estados optarem pela antiga moeda para melhor regularem o
próprio mercado, ou se não será melhor um euro “duro” e um euro “macio”!
Tudo desculpa para manter o terreno conquistado!
As multinacionais receberam parte dos apoios da EU, destruíram as
pequenas e médias empresas e foram-se embora deixando os consumidores dependentes
da importação que essas mesmas firmas agora servem, a partir do
estrangeiro. Um enredamento bem perpetrado! O chanceler Helmut Kohl preparou as grandes
empresas para a concorrência internacional e o chanceler Schroeder
açaimou o operariado para a concorrência com o operariado exterior...
As nações ricas, cada vez mais ricas ainda, criaram nelas também uma
pobreza cada vez mais à medida da pobreza da periferia. A introdução do Euro
correspondeu ao abandono da economia social tradicional em favor dum
liberalismo económico americano (anglo-saxónico), tendente a criar os
Estados Unidos da Europa à medida dos USA.
Porque há-de pagar a crise quem não tem dinheiro? Porque não se põem os
mais ricos a contribuir para se resolver a crise? Estes já não trazem
benefício para o Estado, numa fase em que o capitalismo comunista de Estado
(China) tem poder económico e político para aniquilar o capitalismo de cunho
privado (de multinacionais internacionais). Os magnates do dinheiro e as nações
mais fortes têm-se permitido humilhar os povos da periferia porque ainda
notam que estes se mantêm ordeiros. A situação está a tornar-se tão séria que
só uma revolta popular séria poderá levar muitos representantes do povo
(políticos mercenários) a arredar de caminho, porque a credibilidade
internacional destes só vale na medida em que conseguem manter o próprio
povo sem a revolta. A não ser que se aceite o surgir de grupos radicais
no Ocidente à imagem dos grupos Al Qaida (sistema de guerrilha!).
Os que se assenhorearam do Estado português (revolução de Abril no seu
aspecto de assalto às instituições) começaram por, da sua janela,
anunciar o poder e a liberdade para o povo e por roubar-lho pela porta traseira! A
fusão de interesses mafiosos entre políticos, instituições,
administradores de empresas públicas e conluio com a justiça inviabiliza um Portugal
honrado.
Chegou a hora da mudança (conversão) ou da revolução! Como podem ricos e
políticos dormir, quando há já gente com fome! Será que a globalização,
a EU terá de acontecer à custa da fome. A Europa conseguiu a paz acabando com
a fome; agora, que a fome vem, prepara-se a guerra. O povo começa a
perceber que os seus governos têm os seus interesses salvaguardados sob a capa
dum Estado “padrasto”.
O problema não está tanto na escolha de alternativas mas na mudança de
mentalidade das elites governamentais (partidárias) que nos têm
governado e administrado e dum povo habituado a dançar ao ritmo duma música tocada
por outros. Não tempos tido governos nem partidos com capacidade para
administrar um Estado e menos ainda uma nação. Os mesmos parlamentos que
levaram o país à ruina perderam a autoridade para governar Portugal e a
Troika que o governa agora não está interessada nem no povo nem na
nação.
Resta ao povo a metanoia, não comprar produtos estrangeiros e chamar o
Estado e os gestores financeiros ao rego da nação. Estes porém sabem que
o povo, como a criança, só berra e não actua. Daqui a falta de esperança
com a agravante de que a reconciliação do povo com o seu Estado significaria
mais uma vez abnegação. As pessoas sérias do Estado deveriam proceder a um
saneamento do Estado e das leis que protegem os que vivem encostados a
ele. Só assim poderiam os administradores da miséria readquirir a honra
perdida para Portugal poder voltar a cantar “Heróis do mar” e da terra também!
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