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REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências
nova série | número 32 | outubro | 2012
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BRIAN
MCCABE
Três poemas
Tradução de
Francisco José Craveiro de Carvalho
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Poemas retirados do livro
Zero
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EDITOR |
TRIPLOV |
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ISSN 2182-147X |
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Contacto: revista@triplov.com |
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Dir. Maria Estela Guedes |
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DOIS INFINITOS |
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1. A hiperesfera |
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Georg Friedrich Bernhard Riemann 1826-1886 |
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O ano é 1854. No seu escritório
desarrumado ou não, dependendo
do significado matemático de ”desarrumação" –
Georg Friedrich Bernhard Riemann
reexamina o conceito
de hiperesfera.
Não vê razão para
que não haja um biverso,
um triverso, um quadriverso, um pentaverso...
Razão nenhuma para o tempo não dar a volta
numa recorrência eterna.
A esposa entra, trazendo-lhe chá.
Observa-a a caminhar da porta
para a mesa. Chegará lá alguma vez?
Mas chega sempre, pousa
o tabuleiro e pergunta-lhe se ele está bem.
Ele acena com a cabeça. Os olhos encontram-se.
Falam brevemente.
Tudo isto já ocorreu anteriormente.
Quando sai, fecha
a porta. E ele pensa em Zenão
apanhado no seu quarto,
aquele quarto que nunca conseguiu deixar. |
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2. Infinito + 1 |
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August Ferdinand Möbius 1790-1880
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Em 1858 em Paris,
August Ferdinand Möbius
anda para trás e para a frente, tentando pensar
num tema para o concurso.
Talvez conseguisse descobrir
um padrão para os primos gémeos?
Não: deve ter sido feito.
Precisa de algo melhor.
August Ferdinand Möbius
passa os seus elegantes cinco dedos
pelas fórmulas complexas
do seu cabelo castanho exuberante.
Precisa de fumar cachimbo
mas está sem pavios.
Rasga uma tira de papel
para obter lume do fogo.
Em vez disso torce-a, une as pontas.
Tem um lado e um bordo
e parece nunca acabar.
As implicações não têm fim.
Se ao menos o prazo não acabasse
não acabasse no dia a seguir ao dia anterior
a amanhã.
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Rapaz cego com ábaco
Entre os seus dedos de aranha
cada conta é uma pedra fria.
Na confusão do mercado
onde vendem calculadoras baratas
a cegueira é a sua benção:
deixam-no só com as suas contas.
Ocasionalmente o dono da tenda
pede-lhe que faça uma soma.
Sem hesitação fá-la
na sua cabeça - ocupando-se
com o ábaco para compreender
como o enunciado incorrecto de Riemann
do princípio de Dirichilet, corrigido,
conduz ao cálculo das variações -
e grita: ”Vinte e nove rupias!"
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Revista InComunidade (Porto) |
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© Maria Estela Guedes
estela@triplov.com
PORTUGAL |
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