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“Satisfações, eu
vos procuro. Sois belas como as auroras de verão”. Les Nourritures Terrestres,
André Gide
A
sexualidade nasce com o homem, nele está entranhada desde o berço. É uma
força vital que, quando reprimida, pode gerar sérios danos à saúde
mental, ao comportamento social das pessoas. A moral, ao contrário, é
algo imposto aos indivíduos pela família, educadores, pela religião e
meio social em que vivem. Por isso, ela varia muito de país a país. E
entre os povos latinos, mais sujeitos à influência repressora e
castradora do cristianismo, ela serve para conter o livre
desenvolvimento sexual dos indivíduos, cerceando-os em sua liberdade de
escolha e manifestação. A frase famosa do genial Rimbaud ilustra
perfeitamente isso: “A moral é a fraqueza do cérebro” – escreve ele em
Uma Temporada no Inferno, sua obra mais famosa.
“E
se você não pode ser você mesmo, que importância tem ser qualquer outra
coisa?” –pergunta Tennessee Williams, consagrado dramaturgo
norte-americano em suas Memórias.Acrescentando noutro trecho:”Um
homem deve viver por toda duração de sua vida com seu pequeno conjunto
de medos e raivas, suspeitas e vaidades,e seus apetites espirituais e
carnais”. Neste início de século, o ensinamento do catolicismo de
que o sexo deve ser meramente reprodutivo e se manifestar unicamente no
âmbito do casamento heterossexual parece piada e demonstra claramente
falência e caducidade da Igreja em relação aos avanços morais, valores
e necessidades do mundo contemporâneo. No livro Erotic Art of the
Masters (A Arte Erótica dos Mestres), o autor Bradley Smith escreve
no Prefácio: “Sexo -- por prazer ou dor, não reprodução – era fonte,
o modelo de um modo ou outro, de grande número de pinturas geradas pelo
artista e fruídas pelo espectador”. No mesmo livro, Henry Miller
assinala na Introdução que “O artista sabe melhor que o padre onde
reside o verdadeiro mal. Ele é um devoto adorador e expositor das
glórias da criação.Ele não prega: ele nos convida a contemplar o que
está escrito em nossos corações”.
“Beleza é
verdade, verdade beleza” –
escreveu John Keats, um dos mais importantes poetas românticos
ingleses do século XIX.Em nossas vidas nada mais verdadeiro e, portanto,
mais belo que a sexualidade de cada um, com suas fantasias e expressões
próprias, com seus medos e obsessões singulares, complementaria eu o
verso do autor de Endymion e das Odes. E também nada mais
avassalador e imperioso do que o instinto sexual, pois, como nos versos
de Fernando Alegria, “Nada podem verdugos nem espadas/contra um povo
de fogosos amantes”.
AINDA BEM! |
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PAULO AZEVEDO CHAVES. Advogado, jornalista e poeta,
assinou no Diário de Pernambuco, nos anos 70/80, a coluna cultural
Poliedro, e de meados dos anos 80 até 1993, a coluna Artes e
Artistas, especializada em artes plásticas. Livros publicados:
Versos Escolhidos,Ed. Pirata,1982, traduções);Trinta Poemas e Dez
Desenhos de Amor Viril (Pool Editorial Ltda,1984, traduções); Nu
Cotidiano (Grupo X,1988, poesias); Os Ritos da Perversão (Ed.
Comunicarte, poesias, 1991); Nus (Ed. Comunicarte, 1991,
poesias). Em 2003, participou de uma coletânea de artigos publicados na
seção Opinião do Jornal do Commercio, com o título de Escritas
Atemporais (Ed. Bagaço). Em 2011, lançou um livro de prosa, poesias
e traduções de poemas com o título de Réquiem para Rodrigo N (Ed.do
Autor). Poemas Homoeróticos Escolhidos (em parceria com Raimundo
de Moraes) e Os Ritos da Perversão e Outros Poemas foram
lançados, em 2012, em edição digital, no site ISSUU.Todos os livros de
Paulo Azevedo Chaves tiveram seus projetos gráficos assinados pelo
designer pernambucano Roberto Portella. |