REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


nova série | número 31 | setembro | 2012

 
 

 

 

PAULO AZEVEDO CHAVES

A moral é fraqueza do cérebro

Texto introdutório no livro autobiográfico À Sombra da Casa Azul, a ser lançado digitalmente no site ISSUU em novembro próximo 

 

EDITOR | TRIPLOV

 
ISSN 2182-147X  
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Dir. Maria Estela Guedes  
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Satisfações, eu vos procuro. Sois belas como as auroras de verão”.      Les Nourritures Terrestres, André Gide

          A sexualidade nasce com o homem, nele está entranhada desde o berço. É uma força vital que, quando reprimida, pode gerar sérios danos à saúde mental, ao comportamento social  das pessoas. A moral, ao contrário, é algo imposto aos indivíduos pela família, educadores, pela religião e meio social em que vivem. Por isso, ela varia muito de país a país. E entre os povos latinos, mais sujeitos à influência repressora e castradora do cristianismo, ela serve para conter o livre desenvolvimento sexual dos indivíduos, cerceando-os em sua liberdade de escolha e manifestação. A frase famosa do genial Rimbaud ilustra perfeitamente isso: “A moral é a fraqueza do cérebro” – escreve ele em Uma Temporada no Inferno, sua obra mais famosa.

      “E se você não pode ser você mesmo, que importância tem ser qualquer outra coisa?” –pergunta Tennessee Williams, consagrado dramaturgo norte-americano em suas Memórias.Acrescentando noutro trecho:”Um homem deve viver por toda duração de sua vida com seu pequeno conjunto de medos e raivas, suspeitas e vaidades,e seus apetites espirituais e carnais”. Neste início de século, o ensinamento do catolicismo de que o sexo deve ser meramente reprodutivo e se manifestar unicamente no âmbito do casamento heterossexual parece piada e demonstra claramente  falência e caducidade  da Igreja em relação aos avanços morais, valores e necessidades do mundo contemporâneo. No livro Erotic Art of the Masters (A Arte Erótica dos Mestres), o autor Bradley Smith escreve no Prefácio: “Sexo -- por prazer ou dor, não reprodução – era fonte, o modelo de um modo ou outro, de grande número de pinturas geradas pelo artista e fruídas pelo espectador”. No mesmo livro, Henry Miller assinala na Introdução que “O artista sabe melhor que o padre onde reside o verdadeiro mal. Ele é um devoto adorador e expositor das glórias da criação.Ele não prega: ele nos convida a contemplar o que está escrito em nossos corações”.

      “Beleza é verdade, verdade beleza” – escreveu John Keats, um dos mais importantes poetas românticos ingleses do século XIX.Em nossas vidas nada mais verdadeiro e, portanto, mais belo que a sexualidade de cada um, com suas fantasias e expressões próprias, com seus medos e obsessões singulares, complementaria eu o verso do autor de Endymion e das Odes. E também nada mais avassalador e imperioso do que o instinto sexual, pois, como nos versos de Fernando Alegria, “Nada podem verdugos nem espadas/contra um povo de fogosos amantes”.

                                                  AINDA BEM!

 

 

Revista InComunidade (Porto)

 

 

 

 

PAULO AZEVEDO CHAVES. Advogado, jornalista e poeta, assinou no Diário de Pernambuco, nos anos 70/80, a coluna cultural Poliedro, e de meados dos anos 80 até 1993, a coluna Artes e Artistas, especializada em artes plásticas. Livros publicados: Versos Escolhidos,Ed. Pirata,1982, traduções);Trinta Poemas e Dez Desenhos de Amor Viril (Pool Editorial Ltda,1984, traduções); Nu Cotidiano (Grupo X,1988, poesias); Os Ritos da  Perversão (Ed. Comunicarte, poesias, 1991); Nus (Ed. Comunicarte, 1991, poesias). Em 2003, participou de uma coletânea de artigos publicados na seção Opinião do Jornal do Commercio, com o título de Escritas Atemporais (Ed. Bagaço). Em 2011, lançou um livro de prosa, poesias e traduções de poemas com o título de Réquiem para Rodrigo N (Ed.do Autor). Poemas Homoeróticos Escolhidos (em parceria com Raimundo de Moraes) e Os Ritos da Perversão e Outros Poemas foram lançados, em 2012, em edição digital, no site ISSUU.Todos os livros de Paulo Azevedo Chaves tiveram seus projetos gráficos assinados pelo designer pernambucano Roberto Portella.

 

 

© Maria Estela Guedes
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