REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


nova série | número 31 | setembro | 2012

 
 

 

 

 

CARLOS M. LUÍS

 

Sobre Floriano Martins

 

O texto se refere a uma série fotográfica de Floriano Martins intitulada A margem imperturbável do silêncio. Floriano Martins (Brasil, 1957). Poeta, ensaísta, tradutor e editor. Dirige a Agulha Revista de Cultura: www.revista.agulha.nom.br.
Seu trabalho fotográfico pode ser encontrado em
http://www.revista.agulha.nom.br/ARC01florianomartins01esp.htm
e
http://agulhafloriano.wix.com/florianomartins.
     

 

EDITOR | TRIPLOV

 
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Muito mais do que ser um simples instrumento para reproduzir a realidade, a câmara fotográfica se converteu em um valioso meio pictórico. Nas mãos de um poeta – pois de poesia sempre se trata – as lentes se convertem no que André Breton chamou de “observatórios do céu interior”. Disto já sabiam bem os primeiros astrônomos imbuídos de hermetismo, que manipularam telescópios e microscópios, percebendo na imensidão a harmonia das esferas. O Romantismo descobriu as possibilidades poéticas que a fotografia acrescentava ao nosso conhecimento da realidade. Explico: emprego o verbo conhecer em seu sentido bíblico, que é o ponto de partida de Floriano Martins para reproduzir as composições que surgem magicamente do interior de seus aparados fotográficos.

Digamos então que os fluidos vitais de suas imagens correspondem a outras evidências, surpreendidas pelos surrealistas a partir da invenção do collage por Max Ernst. Como resultado daquela descoberta, a alquimia que também emprega a linguagem erótica se instaurou como um meio de intuir o que o véu da chamada realidade escondia. Para Floriano Martins as leis do funcionamento da fotografia, aparentemente inalteráveis, ficaram transgredidas da mesma maneira que sucedeu com a justaposição de realidades opostas nos collages do pintor nascido nas margens do Reno. Floriano Martins começa então sua longa e vigorosa exploração do mundo exterior correspondente com o interior, como sempre quiseram os discípulos de Hermes.

As fotos eróticas de Floriano Martins constituem, neste sentido, a expressão de uma arte que os alquimistas praticaram mediante suas permutações. Em seu caso a carnalidade das imagens nos brindam a chave de uma ars combinatória em vias de se transformar em ars amatoria, onde as zonas erógenas se mantêm em contato voluptuoso, ao mesmo tempo em que parecem sussurrar versos retirados da grande tradição da poesia amorosa de todos os tempos.

 

 

Mucho más que ser un simple instrumento para reproducir la realidad, la cámara fotográfica se ha convertido en un valioso medio pictórico. En manos de un poeta –pues de poesía siempre se trata- los lentes se convierten en lo que André Breton llamó “observatorios del cielo interior”. Eso lo sabían bien los primeros astrónomos imbuidos de hermetismo, que manipularon telescopios y microscopios, percibiendo en la inmensidad la armonía de las esferas. El Romanticismo descubrió las posibilidades poéticas que la fotografía le añadía a nuestro conocimiento de la realidad. Me explico: empleo el verbo conocer en su sentido bíblico, que es el punto de partida de Floriano Martins para reproducir las composiciones que surgen mágicamente del interior de sus aparatos fotográficos.

Digamos entonces que los fluidos vitales de sus imágenes corresponden a otras evidencias, sorprendidas por los surrealistas a partir de la invención del collage por Max Ernst. Como resultado de aquel descubrimiento, la alquimia que también emplea el lenguaje erótico, se instauró como un medio de intuir lo que el velo de la llamada realidad escondía. Para Floriano Martins las leyes del funcionamiento de la fotografía al parecer inalterables, quedaron transgredidas de la misma manera que sucediera con la yuxtaposición de realidades opuestas en los collages del pintor renano. Floriano Martins comienza entonces su larga y enjundiosa exploración del mundo exterior correspondiente con el interior, como siempre lo han querido los discípulos de Hermes.

Las fotos eróticas de Floriano Martins constituyen en ese sentido, la expresión de un arte que los alquimistas practicaron mediante sus permutaciones. En su caso la carnalidad de las imágenes nos brindan la clave de un “ars combinatoria” en vías de transformarse en “ars amatoria”, donde las zonas erógenas se mantienen en contacto voluptuoso, al mismo tiempo que parecen susurrar versos entresacados de la gran tradición de la poesía amorosa de todos los tiempos.

 

Carlos M. Luis

 

  Objetos fotográficos de Floriano Martins
   
 
   
 
   
 
   
 
   
 
   
 

 

Revista InComunidade (Porto)

 

 

 

 

Carlos M. Luis (Cuba, 1932). Poeta e artista plástico. Dirigiu em seu país o Museo Cubano. Como ensaísta, publicou Tránsito de la mirada (1991) e El oficio de la mirada (1998), além dos seguintes livros de poesia: Simulacro de lo Absoluto (1954), Entrada en la Semejanza (1965), e Nomadic and Archeological Texts (2009).

 

 

© Maria Estela Guedes
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