REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


nova série | número 31 | setembro | 2012

 
 

 

 

 

AMOSSE MUCAVELE

Poemas

 

 

                                                                  
 

EDITOR | TRIPLOV

 
ISSN 2182-147X  
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Dir. Maria Estela Guedes  
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ILUSÃO 

O espelho não reflecte os medos que encharcam o meu silêncio. Muito menos as alegrias que degolam o meu sorriso. 

Às Vezes

O espelho mente a dizer verdades na inocência das incertezas que se amotinam na vista alegre das minhas angústias. 

A tocar flautas. Ao som do triste olhar da lupa.  

A atirar pedras. Para os olhos que se olham a procura da verdade das certezas pintadas a vermelho dos semáforos. 

Paragem! Miragem? 

As 4 rodas roncam (a morte, a angústia, o silêncio, a memória) na abstracta estrada da ilusão, onde

 

F l o r e s

apodrecem no verão esburacado da objectiva da maquina fotográfica. Múltipla visão (ordem e caos, verdades e mentiras) de olhos bem abertos na fechadura da alma amedrontada pela doce aparição do labirinto. 

As flores atravessam a primavera (que a muito clama por elas) com sapatos de neve (cuidado o Verão e eterno) chutam o silêncio que habita a escuridão.  

E lá lá e lá.

E lá do outro lado da margem, em pleno suar do inverno uma flor (esta) sem árvores nega de dar a voz as pedras. 

Insiste. Persiste em aprender a ética da memória das flores que se escondem na estacão última do tempo (o sono) com amarguras de alegrias e angústias. Deitadas no prato hasteado nas lágrimas da bandeira do futuro.  

E no presente? Vejo a minha face multiplicada por 2 no quadro dos olhos deste Deus da Carnificina chamado espelho.

   
 

 

LEMBRANÇA                                                     

                               Ao Rui Knopfil

                                         ڻ

Havia uma pétala vermelha que crescia no fumo de um cigarro. onde um homem puxava incansavelmente na esperança de querer vencer o medo que se instalava na porta dos seus devaneios                                                   E                      

                                                                            Dentro da casa onde os sonhos eram    

                                                                                                                   Guardiões . 

 

Havia uma pedra encostada à janela onde sussurrava nos ouvidos de Inhambane (quando lembra-se de alguém de olhos abertos deve-se sonhar de boca fechada).             Mas

Ninguém deu ouvidos ao sussurro da pedra.    Encostado a inocência da pedra um sujeito levantou a mão no meio da multidão que pescava predicados e outros silêncios na sala da casa. ( Eu quero aprender a doutrina das cores que se manifestam nas pedras).                                                       

                                                          ڥڦ

A pincel a saudade relampeja  no arquipélago da insónia do meu poema (quando durmo sinto a sensação de acordar no terceiro dia ,e quando morro passa-me pela cabeça a ideia de acordar no anoitecer das manhãs)

                                                              ڥ 

Na corda da lembrança há um mar que desagua os  incensos das suas ilhas , há uma cegueira que se assiste o suicido do  arquipélago na insónia dos mangais.

Há uma     L

                    A

                         G        

                              R     

                                           I      

                                                    M          

                                                            A                                                                      que cai.

nos solavancos das ondas  que ondulam na sepultura onde jaz a flor  murcha de abandono.

 

 

Revista InComunidade (Porto)

 

 

 

 

Amosse Eugenio Mucavele nasceu aos 8 de julho de 1987 em Maputo- Moçambique, membro fundador do Movimento Literario Kuphaluxa, sonha em ser poeta, cronista, e contador de sonhos. faz parte da equipe editorial da Revista Literatas- Revista de literatura moçambicana e lusófona ,colabora no Pavilhão Literário Singrando Horizontes-Academia de Letras do Paraná, Ricardoriso.blogspot.com, Jornal Coruja (Cida Sepúlveda), organizou a antologia da nova poesia moçambicana publicada na Revista Zunai (Cláudio Daniel), tem poemas publicados na Revista Eutomia e Linguística da Universidade Federal de Pernambuco e em outros blogs. é membro Correspondente da Academia de letras Teófilo otoni-Minas Gerais

 

 

© Maria Estela Guedes
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