Naquele ano fui para o sul de França. Durante
vários
meses, antes de abalar, pensara sem cessar
na velha cozinha da infância e com esses
pensamentos
vinha muita coisa sufocada - a ideia de que as
manhãs
eram como um relato vago visto na televisão e que
nada
nos pertencia a não ser a recordação de quando
pensava em ser aviador nos anos distantes de
oitenta.
A menina
entrou na escola numa segunda-feira ou seria
terça feira? Era num livro de contos que isso
era dito e o telefone tocava intermitentemente e
então
resolvi partir. Lá fora os pássaros estavam parados
como se posassem numa fotografia desfocada e eu
pensava: esta parede ficará sempre
sob o tempo
noutro espaço
noutro pensamento.
E passou
o dia inteiro
e as pessoas diziam: ontem, meu amigo, onde
deixaste
a tua imagem além ou noutro
tempo qualquer, apenas para que soubéssemos
ser fiéis ao que foi
o reverso? |