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REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências
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À cidade de Tarouca, presa às suas raízes.
1.
Numa reunião de amigos, em resposta a um
insistente pedido de um deles, foi servido bazulaque. Estranha
palavra esta, cuja origem se desconhecia. José Pedro Machado nada diz no
que respeita à sua proveniência e escreve que o seu “étimo [é] ainda
obscuro” (1). Acrescenta que tem o sentido de cabidela, remete para o
Elucidário de Viterbo, tenta o significado de “cosmético”, “talvez”
de “origem castelhana”, surgindo pelo século XVII e cita: “No rosto não
se põe cor, nem badulaque”, cf. Academia de Singulares Vol.
II, p. 422. Ainda o de “homem gordo”, apontando para o ano de 1871 e,
citando Dr. Frei Domingos Vieira, Grande Dicionário Português ou
Tesouro da Língua Portuguesa, Porto, 1871-1874. O significado de
“cabidela” teria, provavelmente, nascido, algures pelo século XV. Mesmo
assim, apontando o ano, não apresenta certezas. |
EDITOR |
TRIPLOV |
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ISSN 2182-147X |
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Dir. Maria Estela Guedes |
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JOÃO SILVA DE
SOUSA
O Bazulaque |
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Numa linha, a tentar certa coerência na
explanação do autor, obteria algo muito possível: bazulaque ou
badulaque era um prato cozinhado, a cabidela (séc. XV), um
cosmético, com o mesmo nome, possivelmente um rouge, o tom mais
parecida com o sangue que dava cor às faces das senhoras, palavra
originária do Castelhano, citada, pela primeira vez, em Seiscentos e,
por fim, remata o autor, que o nome evoluíra para homem gordo
(presumimos que mulher gorda também) porque a cabidela comida com
frequência, nutria quem dela fazia seu prato, fosse ao almoço, ou ao
jantar (séc. XIX).
Tenho, desta feita que:
1.º Bazulaque ou Badulaque
seriam sinónimos;
2.º Surgiram com o significado de alimento
cozinhado em Quatrocentos;
3.º Poderiam querer dizer algo como
rouge, no séc. XVII;
4.º Apontavam, no final do terceiro
quartel do século XIX, para Homem Gordo.
O Dicionário da Língua Portuguesa,
na ed. da Academia das Ciências nada acrescenta ao que José Pedro
Machado nos deixara informados, na obra referida (2), excepto,
peremptoriamente, que é palavra originária do Castelhano (badulaque)
e bazulaque, “talvez” de badulaque. Depreendemos que o
primeiro por via erudita e o segundo por via popular, pois sofre
alteração do d substituído por z.
O Grande Dicionário Enciclopédico,
com prólogo de Maria de Lourdes Belchior e direcção editorial de Maria
Fernanda Martins Soares e Vítor Wladimiro Ferreira, também nada
acrescenta ao que já expus (3)
Acima, refiro que estranhei o substantivo.
A sua origem desconhecia-a por completo, embora me questionasse se teria
algo a ver com os Muçulmanos e a sua forte influência cultural na
Península e, mais concretamente, em Portugal e no Norte (de Viseu aos
limites demarcados pelo Rio Minho). Nortenho? Apenas Beirão, talvez
mesmo tão-só da Beira Alta…
Foram, na verdade, várias as questões que
me assaltaram. A mim pelos amigos, tão intrigados que estavam com a
existência do substantivo e a confecção do manjar.
Corri “os becos de Santarém”, li autores
portugueses e castelhanos e destes uma imensidade de livros. Camilo foi
um deles… Fui aos legados de Maximiano de Aragão, que, por imperativo,
me foram mais acessíveis… vasculhei nas obras de Armando de Almeida
Fernandes que tratou especialmente textos da alta Idade média e, com
assumida insistência, pela Beira (Tarouca, Britiande, Viseu, Lalim,
Lamego…), com inúmeros artigos soltos e condensados sobre toponímia e
antroponímia… pesquisei tudo quanto era de Lucena e Vale, Vergílio
Ferreira, Alexandre Alves, Alberto Correia, José Leite de Vasconcelos,
entre outros dos nossos melhores, na Literatura antropóloga e em geral.
Nada vinha ao de cima.
Nos tempos em que dirigia o primeiro
número das saudosas Letras Aquilinianas (4) e depois de ter
publicado um curto estudo acerca de Aquilino Ribeiro, através das
Lápides Partidas (5) … propus-me ir lendo e, em alguns casos,
relendo, as mais de 60 obras do grande mestre. Deixei um enorme grupo
para o fim e não terminei as demais. Comecei pela crítica, polémica,
romances, estudos, opiniões e fantasias, novelas (tão em voga, nos dias
de hoje, como o romance histórico ou a crónica romanceada, em detrimento
do ensaio), paisagem, folclore, o quotidiano dos serranos, caçadores e a
descrição dos cheiros e das cores, da fauna vária, aventuras e viagens…
Li passagens onde Aquilino trata da cultura greco-latina…, tudo em vão.
Confesso, entretanto, que o substantivo
bazulaque ou, talvez melhor dizendo – como querem alguns -,
badulaque não me era de todo estranho. E por quê?
1.º Porque já o havia visto
escrito, em tempos, e ouvido qualquer coisa soar-me assim. O quê? Não
sabia. Não conseguía recordar nada em concreto. Talvez a minha Avó, mãe
do meu Pai ou da minha Mãe. Provavelmente, desta última cuja Família
andava por Linhares (da Beira), Gouveia, Seia, Nespereira… Ou de um
grupo de Tias que ainda conheci e com as quais havía privado diária e
longamente até aos meus 15, 16 anos e de que me posso lembrar das ceias
da Páscoa e do Natal. Ou mesmo de certos dias santos. De um só. Mas
qual?
2.º Porque, feito de que modo
fosse, uma vez que levava vísceras (fígado, principalmente), não era
cozinhado que me atraísse. Havia algo que se comia por tradição, só uma
vez por ano, e dava graças a Deus por isso. Como, quando e o quê não
recordo de todo. Talvez por Agosto ou Setembro. Muito provavelmente, por
este último, quando o tempo começava a esfriar e vinham as primeiras
chuvas depois do Verão - de Julho e Agosto - e as trovoadas, muitas
vezes secas e medonhas. O que quer que fosse, em criança, não apreciava
e até me admirava de todos os graúdos aplaudirem em uníssono tal
mistela.
3.º Do que era e não conseguia
recordar sei tão-só que se tratava de carne. Carne com um molho muito
especial e aprovado por todos. Mas o quê? E o que me parecia ter uma
ténue ideia corresponderia ao que minha mulher havia mandado servir, a
pedido de numerosos amigos? Já antes, ainda a travessa não tinha chegado
à mesa, se falava do bazulaque que veio mesmo a ser feito,
servido e muito apreciado. Embora com fígado e não sabendo mais o quê,
não desgostei. Passada a idade em que só queremos bifes e salsichas, o
bazulaque não era desagradável. Mas estava na sua composição o
sabor acre do fígado e creio que do vinagre também. Uns amaram! Eu,
assim – assim. Fui comendo. Não repeti. |
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2. Ao reler uma das obras
obras-primas de Aquilino Ribeiro, natural da Beira Alta (Carregal,
Sernancelhe, Viseu), Arcas Encoiradas, um livro de estudos,
opiniões e com algumas fantasias, aliás, belíssimas, fez-se luz na
imagem até então muito ténue que ainda tinha do “prato” que minha mulher
nos dera a comer, na larga sala de jantar, num convívio muito agradável,
regado com um vinho tinto que um dos casais nos tinha oferecido. A
fotografia era clara: uma terrina com um desenho sóbrio, umas finas
flores esverdeadas, um prato de carne com um molho bem escuro, vitelinha
tenra cortada às lâminas ou partida em pedacinhos minúsculos, regada com
vinagre, com muitos outros condimentos que não vêm ao caso, spicy
q.b., muito leve, aliás, quase sem sal, mas bem aromatizado, fumegante,
com o dito fígado e outras miudezas… Vinha acompanhado de batata
cozida.
Houve que ler o livro. Foi aqui que havia
visto referido o badulaque. Onde, em que parte e em que página ou
páginas? A maior parte das investigações são muito mais trabalhosas de
fazer. No caso vertente, era só ler livros que tinha por perto. E não
estava enganado quanto ao autor e ao título, pois, se não me tivesse
antecipado na “descoberta”, pelo menos, quanto ao local onde o vira pela
primeira vez, há anos atrás, um colaborador do primeiro número da
Revista Aquiliniana, o Dr. Paulo Brázia, no seu artigo “Jardim das
Tormentas”, refere a palavra no seu contexto.
Escreve Aquilino:
“A memória poética do beirão, que era vasta
como a de Xerazade, vai-se tornando chão sagrado […] Do mesmo vai-se
abastardando a culinária. Quem sabe hoje em dia o que seja um
badulaque? Desapareceram as freiras e com elas os récipes dos
manjares divinos. Aqui e além subsistem vagas amostras duma
gastronomia cultivada por mãos pacientes e entendimentos claros,
requisitos indispensáveis em arte tão substancial quanto à
conservação do indivíduo e seu regalo: os fálgaros da Tabosa, as
cavacas de Freixinho, os doces da Teixeira, etc. etc.”
Defendeu-se o nosso Aquilino com os
eteceteras, pois, se os não aplicasse de pronto, acrescentava já aqui
umas poucas de iguarias que, cozinhadas ao sabor de receitas e processos
muito antigos, são ainda hoje ex-libris da Beira Alta; e, mesmo
eu que apenas tenho uma costela de beirão da parte da Mãe, conheço bem
grande parte dos manjares de Viseu à raia com Trás-os-Montes.
E continua o nosso autor:
“O beirão põe
orgulho em ser bom garfo; jantar que dignifique o anfitrião e
convidados tem de acabar na dispepsia. O cabrito assado no forno é a
peça de honra no Norte da província; nos arredores de Viseu o
leitão. Morcelas, farinheiras, moiros, moiras, marrã frescal,
torresmos são, à parte, a receita comum, modos particulares, locais;
de temperar o porco com beneplácito do bispo” (6).
Também, mais recentemente, Mário Cláudio
empresta àquele a característica de comida forte, a ponto de Teresa
reclamar, da cama, que ia gingando, sob o peso do bazulaque (7), que
João apagasse a luz da vela, não lhe fosse arder a casa.
Concluo, pois, que há que utilizar,
indiferentemente, os nossos badulaque e bazulaque, pois
assim, inclusive, lhe chama Aquilino. Vejamos. Ao caracterizar
Doroteia, diz:
“ainda que velha e com muita lida, era mulher
para pôr tudo direito numa volta de mão. Num ápice vasculhava
caçoilas e tachos, arranjando um bazulaque com que atestava uma
almofia (8) em que os pequenos se atufavam (9) até às
orelhas” (10).
O manjar remonta, com esta designação à
Idade Média tardia. Não se acha designação nas Inquirições,
embora haja desde 1220, registos escritos de impostos em géneros, muito
frequentes, como marrãs, cabritos, espáduas de gado grado, lombos de
porco, costelas, azeite, gorduras para cozinhar e iluminar… deixando ao
peão apenas a fressura e partes mais gordas dos animais. Os impostos
eram liquidados periodicamente, e sobressaem os dias festivos de Santa
Maria, o Natal, a Páscoa, pelo S. Martinho, S. João, pelo S. Miguel, na
Beira, sobretudo por Setembro.
Assim, poder-se-á explicar melhor que o
manjar era confeccionado pelo povo com os restos dos animais que
sobravam porque o senhor feudal e seus cobradores dos impostos não os
queriam. Faziam, então uma espécie “de caldeirada de carneiro que
existia ao menos já desde os séculos XV e XVI”, diz-nos Oliveira Marques
(11), baseando-se em Teófilo Braga (12). Salvador Dias Arnaut contesta
(13), apontando para o facto de as notícias datarem de séculos
posteriores, pondo em dúvida a medievalidade do prato e apontando ainda
para o caso vertente de bazulaque significar o utensílio de
cozinha com o qual poderia ser feito um guisado, por exemplo.
Porventura, achámos, ainda, muito redutora
a afirmação de Oliveira Marques, ao datar este alimento de centúrias
tardias. E isto porque os animais domésticos em causa – o carneiro, a
cabra, o cabrito e o porco – são citados, nas Chancelarias Régias e
nas Inquirições, e não são mais do que palavras oriundas do latim
(capram, ovis aries, porcum…), e figurarem na
Bíblia e na História Antiga, em geral.
No Livro da Chanc. de D. Afonso IV,
fl. 2, lê-se que o rei outorga, a título hereditário, com a
contrapartida do pagamento de rendas em dinheiro e em géneros, a Martim
Esteves e a Maria Martins os seus herdamentos das quebradas da freguesia
de Lordelo no julgado de Bouças, com a obrigação, entre outros, da
solvência de um carneiro pela lutuosa (14). Relativamente a
cabritos, damos, como exemplo, o que manda o soberano que, do seu
reguengo que tem em Santa Cristina, lhe paguem “por sam Miguel. de
Setenbro dous capões e por natal hua spadoa de noue costas do melhor
porco que ouuer e hua galinha. E por Entruido huu cabrito” (15).
Compulsados que foram outros textos, o
bazulaque não é referido nem por Domingos Rodrigues (16), nem por
Lucas Rigaub (17).
José Pedro Machado, no Grande
Dicionário (como o apelida) e a que já fizemos referência acima
(18), indica-nos o seu significado de um modo que bem justificaria a
minha repulsa, quando miúdo, pela iguaria: “Guisado de fígado e bofes”,
consistindo o bazulaque num estrugido de miudezas, tornadas
depois numa espécie de caldeirada, com o sangue e o vinagre que se lhe
adicionam. No Etimológico (19), o mesmo autor, identifica os
nomes badulaque e bazulaque, como sendo o mesmo e diz que
o étimo é ainda obscuro, interrogando-se também se, acaso, no século XV,
significariam “cabidela”?! Manda conferir o Elucidário de Frei
Joaquim de Santa Roda de Viterbo (20).
Com efeito, Viterbo quase nos dá a receita
do badulaque. Assim: “Guisado de carne, cortada em miúdos, ou
fressuras de carneiro com cebola, toucinho, azeite, etc.” (palavra sua),
e bem conhecido e praticado nas comunidades religiosas portuguesas.
Entre outras coisas, D. Nuno Álvares
Pereira “donavit [ao Mosteiro de Alcobaça] etiam grandem Caldeiram, in
qua Castellani de famulatu Regis faciebant suos badulaques” (21).
Eça de Queirós também o refere. Ao
inspirar-se no concelho de Baião – fala de Tormes (entre Mesão Frio e
Marco de Canaveses) -, situado numa região de transição de paisagem do
Entre-Douro-e-Minho com a transmontana, sendo o concelho mais interior
do distrito do Porto, para o seu belíssimo texto A Cidade e as Serras,
em que as personagens saboreiam bem a cozinha portuguesa nortenha. Aqui,
a par do elogio ao vinho verde, por ele tido como “fresco, esperto,
seivoso, e tendo mais alma, entrando mais na alma, que muito poema ou
livro santo” (22), não deixa de salientar o bazulaque, a
“cabidela”, entre o cabrito assado num espeto de cerejeira, as trutas e
o vinho do Melchior…
Actualmente, da costa
atlântica até à
Serra
da Cabreira, pelas margens frescas e exuberantes do rio Ave,
o itinerário do Vinho Verde desenrola-se entre a
cidade da
Maia e Guimarães,
cidade -
berço da nação. O
Itinerário do Tâmega é assim realizado:
O Mosteiro
de Alpendurada é o ponto de partida deste percurso. Segue-se em direcção
ao Marco de Canavezes, para visitar as imponentes ruínas do «Fidalgo» e
a igreja de Santa Maria, obra de Siza Vieira, e passa-se pelo parque
arqueológico do Freixo – Tongobriga. Segue-se pelo Vale do Douro,
desfrutando da sua magnífica paisagem. Terminamos em Baião, com uma
visita à Casa de Tormes, onde viveu Eça de Queirós e que foi cenário da
obra A Cidade e as Serras. Quando nos sentarmos à mesa, não
podemos deixar de provar o bazulaque, como os especialistas nos
aconselham.
Com a
diminuição do uso da carne de carneiro (cabrito e borrego), como no-lo
atesta Isabel M. R. Mendes Drumond Braga (23), passa a dar-se maior
atenção à carne de vaca (chamada sempre de vitela, como ainda hoje) e
daí que o bazulaque tenha quase desaparecido, no dizer de
Aquilino: Quem sabe hoje em dia o que seja um badulaque?”, insistimos.
Assim, ou desaparece ou abastarda-se (palavra do próprio!). Quer dizer,
ou deixa de fazer-se exactamente nos moldes mais tradicionais, ou a
carne de carneiro é substituída. E quanto às miudezas, será que entram
todas na confecção?
A história
da alimentação, baseada nos livros de receitas da Idade Média até ao
século XVI, não permite a confusão do bazulaque com o que chamam
de “desfeito”, com ou sem cheiros, com ou sem grandes temperos. Este
será uma espécie de picado, enquanto o primeiro, na sua tradicional
forma de apresentação e entre as pessoas que ainda hoje o confeccionam,
tem um aspecto de pequenas farripas de carne, misturadas com fígado
cortado muito miudinho, tudo banhado num molho agradabilíssimo.
Borrego,
cabrito, cordeiro ou carneiro eram as preferidas anteriormente ao século
XIX. Não é de estranhar que haja referências abundantes à carne de vaca,
dado que o animal era utilizado na tracção e na lavoura,
substancialmente, embora não faltem referências a impostos dominiais
pagos em carne deste animal, ou nele por inteiro, como, por exemplo, se
verifica, no governo do Bolonhês, aquando da doação a Domingos de Vouga
e a Antoninha Domingues, sua mulher, os seus “Casaaes do carualhal que
som na ffreguesia da egreia do uallongo […]” sob a condição de lhe
pagarem, entre outras imposições, “hua uaca de sasseenta ssoldos” (24).
Não sendo, no entanto, muito vulgarizados,
excepto a partir de 1433, é o carneiro que, juntamente com o frango,
servia na alimentação do homem da Idade Média. Cozinhava-se com toucinho
e “podiam [frango e carneiro] ser regados com um molho (25). Entravam,
na preparação, vegetais e adubos que ainda hoje se utilizam: o alho e a
cebola; o azeite e o vinagre. Sal, muito pouco. O vinagre dava-lhe o
tempero suficiente e especiarias não constam, como dissemos, o que nos
leva a crer que o manjar não teria origem tipicamente oriental. Mas, se,
acaso, tivesse sido introduzido pelos Muçulmanos ou pelos Judeus que a
estes se juntaram aquando da invasão da Península e do seu
estabelecimento (século VIII-Século XVI), o facto é que na verdade, não
tomariam parte no cozinhado nem a carne de porco (leitão, marrã), nem
qualquer tipo de gordura animal. O azeite faria as vezes e as carnes de
outros animais também. Assim, poderíamos ver a sua continuidade entre os
moçárabes, passando assim para os cristãos.
Nihil impedit quid,
se, acaso, o foi, que tenha vindo dos Romanos e transitasse para
estes através de outros povos que eles e os Godos haviam combatido
entretanto, como veremos no nosso último ponto.
Hoje é assim. A 29 de Setembro, pelo São
Miguel, a Beira Alta ainda recordada, sobretudo a actual cidade de
Tarouca e as suas freguesias, principalmente, preparam o bazulaque,
com carne vitela, da parte do cachaço que é mais ensanguentada, uma
mistura fina de mioleira (para engrossar), fígado, coração, pulmões,
baço, rins, ou seja aquilo que Viterbo chama de fressura de carneiro…
neste caso, poderia ser de vaca pequena e tenra. É o lume continuado que
lhe dá o aspecto aproximado do desfeito da cozinha medieval.
É de reter
que as parcas alusões ao pitéu, todas juntas, fornecem-nos o modo de
confecção, embora com a variante do tipo de carne. A saber:
Preparação*:
Desfazem-se os miolos de porco
(carneiro, vitela ou cabrito) em vinagre e levam-se a cozer. Faz-se um
refogado com cebola e azeite e depois de alourar juntam-se as carnes
temperadas no dia anterior com alho e sal. De seguida, tempera-se tudo
com cominhos, colorau, noz-moscada, pimenta em grão, um ramo de salsa,
louro, alho e um pouco de vinho branco. Serve-se com batatas cozidas
(antes do aparecimento da batata em Portugal, usavam-se outros tipos de
acompanhamento). Também os temperos que não eram acessíveis ao povo,
eram substituídos por variados “adubos” da época).
Ingredientes:
Batatas
Cebola
Carnes de porco variadas
Vitela
Miúdos
Cabeça
Pescoço
Azeite e vinagre
Cominhos, colorau, noz-moscada, pimenta
Salsa, louro, alho, vinho branco e sal
*(Receita cisterciense, tradicional das Festas de S. Miguel em Tarouca,
28 e 29 de Setembro de cada ano)
Para tal
aponta a tradição.
O
Dicionário da Academia das Ciências, muito brevemente, define-o e
não vai além do que outros explicam: Bazulaque “guisado de
fígado” e “talvez o mesmo que Badulaque”. Para o primeiro, não há
notícia da origem do substantivo. Para o outro, diz que a palavra é
proveniente do Castelhano e aponta o seguinte significado: “Guisado de
fígado e bofes em pequenos pedaços”, levando-nos a concluir que a
organização do significado das palavras, no que respeita à entrada
“Culinária”, não fora feita com o cuidado requerido. |
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3. Tivemos ocasião de reparar que há uma
certa tendência nos autores que compulsámos em utilizar ambas as
palavras com dois sentidos, sem que um corresponda a uma, e outro à
outra. Quer dizer, bazulaque e badulaque,
indiferentemente, podem significar a alfaia de cozinha, o bazulaque,
onde se confeccionava o borrego do modo que assinalámos, muito parecido
com o que ainda hoje se faz em Tarouca. O bazulaque, assim
designado também. E creio não lavrar em erro se pensar que a evolução
semântica, ideológica e onomástica que a palavra sofreu, trilhou as
etapas numa perfeita normalidade. Badulaque e Bazulaque [Ba.
Zu. Lach > c >q > que] teria podido começar por uma alfaia de cozinha,
passando o nome a incluir, numa outra fase, o género de cozinhado ao
qual começou o utensílio a destinar-se. Esta curta e rápida evolução
encontramo-la em variadíssimas palavras. Vejamos outro caso, só para
cimentar a minha ideia:
Prato (utensílio doméstico onde se come)
Prato (a comida que se coloca dentro do
referido utensílio)
Hoje, lemos, com frequência, em letreiros
e nas ementas de restaurantes: “Prato do dia”: Feijoada à transmontana.
Ninguém toma este “prato” como o utensílio. Digamos que vem o prato (a
feijoada) dentro do prato (utensílio de porcelana de ir à mesa).
Recuaríamos, inclusivamente, a épocas
muito anteriores à medievalidade, sendo bazulaque o nome dado ao
camponês, ao homem rústico. Fazedor da alfaia, seu utilizador, o
bazulaque, concebeu um objecto que lhe tomou o nome e, destro deste,
ao lume, cozinhava-se um guisado que tomou o nome do recipiente e do seu
fabricante, o bazulaque, ainda hoje presente nos hábitos
alimentares (de ocasião ou não) em famílias, especialmente de Viseu ao
Norte.
De facto, os Gaels - nome dado aos
Celtas, aos Celtas irlandeses ou escoceses, donde advêm o adjectivo e o
substantivo Gaelic, “gaélico” -, já o conheciam. A propósito,
importa referir que é nosso objectivo fazer aproximar a presença dos
Gaels, uma das tribos celtas mais numerosas e conhecidas, da
Galicia, Gallaecia ou Galiza e, só depois, da Irlanda
e da Escócia e, mais modernamente, dada a investigação que tenho levado
a termo na Dinamarca, da própria Escandinávia, ignorando, no
entanto, se toda ela fora habitada, nem que, só temporariamente, pelos
Celtas ou por algumas das suas tribos. Creio, nesta matéria, e sob o
ponto de vista geográfico, que devemos apontar para uma influência
celta, na Escandinávia, sem dúvida, a par de uma mais intensa a alargada
dos Vikings (ou Nors), mas a primeira, sobretudo, na zona Sul.
Pretendo aproximá-los do verdadeiro
contexto histórico do período de formação, não apenas da Galiza, mas das
demais áreas do Nordeste da Península Ibérica e dos seus respectivos
povos que foram expostos à antiga e forte influência dos Calaicos,
durante centenas de anos e, sem dúvida alguma, também dos povos das
Ilhas Britânicas.
Os Gaels surgiram vindos da Scythia, área que corresponde,
mais ou menos, ao Sul da Ucrânia, centro da Roménia ou da Galitzia
polaca dos nossos dias. Daqui, passaram ao Egipto e há que fazer alusão
à Gaetulia, ou seja à Getúlia, antiga região da África. Passaram
ao Leste e Sul da actual Alemanha, a países como a Bósnia Herzegovina,
Hungria, Croácia e Eslovénia, migrando em direcção à Península
Hispânica, onde conquistaram, pela força das armas, territórios, a
começar na Galiza, passando às Astúrias e ao Golfo da Biscaia. Daqui
partiram para o Norte, chegado à Irlanda. Neste trajecto, aportaram à
Hispânia pelo século VI a.C.. |
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Como nenhuma outra tribo céltica, os
Gaels podiam ser vistos e sentida a sua fúria, em tempos muito
recuados, no centro da Europa – Alemanha, Áustria e Suíça -, quando,
sanguinariamente, se deslocaram de Oriente para Ocidente. A sua língua
pertence ao grupo dialectológico conhecido por q-celt. Os
“Q-celts” seriam, como cremos, também Celtiberos e, por outro lado, o
tipo q-celt do falar daqueles correspondia ao das tribos Gaulesas
e dos Brythonics, incluindo os Galeses, os da Cornualha e os Bretões.
Gasel evoluiu para Gaelicus e daqui para Calaico, o
habitante da Galiza peninsular.
Após um ainda pouco claro – não há
historiador, linguista nem arqueólogo) que nos ofereça detalhes e nos
permita conclusões fiáveis – processo de diferenciação dos demais grupos
celtas, os Gaels desceram pelo Danúbio (26) e atingiram o Mar
Negro. |
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Quando isto
aconteceu? Não se sabe ao certo, mas calculamos que deva ter-se
situado entre os séculos VIII e VII a.C.; e, entre os séculos
VII e VI a.C., no palco peninsular ibérico, podendo situá-los,
então, já na Galiza e no Norte de Portugal.
Aguerridos,
causaram lutas continuadas e devastações nos Montes Catábricos,
junto ao Ebro e entre os rios Minho e Douro. |
Os Celtas na Península – representação grosseira |
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Avançaram, de seguida, para o Sul, Celtas
puros, Gaels, e outras tribos celtas e Célticos a quem ficámos a
dever um vasto conhecimento da sua cultura. Indícios ainda hoje visíveis
são os castros murados, a toponímia em –briga (Cetóbriga, Miróbriga,
Avóbriga, Conímbriga, Lacóbriga…), o desenvolvimento da domesticação e
criação do cavalo e o fabrico de armamento metálico muito resistente,
além da utilização de servos nos trabalhos mais pesados (27). É, pelo
menos, a propósito dos Celtas, que os historiadores e geógrafos gregos,
bem conhecedores do Mediterrâneo, da Península e dos Argários, citam os
oprimidos e vencidos, em termos de servos e de servidão.
Falando da sua Cultura em alguns aspectos,
como se traduziu ela, em termos de legado peninsular por parte dos
Gaels? Mais nitidamente na lexicografia, no uso de substantivos
soltos, cuja composição é explicável na maior parte dos casos. Com
efeito, são bastantes as palavras que se introduziram no nosso falar.
Não podemos nem nos interessa para já referir um abundante número delas.
Ficará esta matéria relativa à linguística e a outros campos de visível
exploração peninsular, sobretudo na diagonal Coimbra/Barcelona, para
trabalhos de fundo que virão a lume a seu tempo. Mas, interessante, a
propósito do Bazulaque ou do Badulaque referidos por
Aquilino Ribeiro, sobre um certo prato provinciano, típico, já quase em
desuso (porque adulterado ou modificado, com o tempo, de região para
região), ainda de composição e lavoura mais puras, em Tarouca, nos nosso
dias, cuja feitura, por tradição, é respeitada no dia de S. Miguel e a
cuja cidade acorrem muitos forasteiros para o procurarem pela hora do
almoço, aquando da realização da sua feira (29 de Setembro).
Curiosa não deixa de ser, pela aproximação
ao nome do Santo, a existência de algo parecido na Ilha de S. Miguel,
nos Açores – ilha, a princípio, e orago, sempre, do Infante D. Pedro,
filho de D. João I -, e que se traduz no que chamam de “alcatra”,
apresentando-se esta e o bazulaque cozinhados de maneiras
diferentes,
Embora, a priori, nos pareça
necessário um aprofundamento na presença de especialistas, somos
levados, ante casos concretos e exemplares já estudados, a concluir que,
na sua diversidade, as línguas celtas e latinas – referindo-nos,
sobretudo, a dialectos -, pertenciam a um mesmo bloco linguístico
indo-europeu, o qual, hoje em dia, é, comummente designado por
Indo-Caéltico. Isto significa que se achavam ambos muito próximos
geograficamente falando, quer em termos da sintaxe e da fonética, fosse
no que respeita ao léxico correspondente ao vocabulário básico. Seria,
assim, como dizemos, conforme indicações de autores vários que,
anedoticamente, referem que os Romanos teriam necessidade de falar o
Grego entre eles, quando não queriam que os Celtas entendessem o que
estavam a dizer.
Nestas circunstâncias, surgem-nos vários
substantivos de origem celta que criam raízes na Galiza e passam para o
Português, depois de este, vindo do galaico-português, ter sido
oficializado, com D. Dinis, como língua do nosso Reino de então. É
precisamente o caso do Bazulaque e do Badulaque, para,
fazendo ius ao Beirão, ao nosso Aquilino Ribeiro que o trata com
toda a sua característica de ancestralidade e, de certo modo, lembrar
que o Norte da Península, em geral, se apresenta com raízes célticas, do
grupo dos Gaels (bazulaque, badulaque, badoco, badio, entre
outras palavras com estas relacionadas).
Deste modo e para concluirmos, assentemos
para já no facto de bazulaque e badulaque significarem
“homem rústico”, “homem do campo”, “homem distraído” (porque longe da
cultura urbana e interiorizado pela paisagem continuada, internado nas
matas e bosques que arroteia para cultivar, entre o nascimento e a
morte, que não recebe a atenção dos outros…), da família de palavras
como bad (em Inglês) e badoc (em Catalão); palavras como
doch, Dock, Solch, ach (de achselen),
por exemplo em Alemão…
Daqui, terá passado à Galiza e ao Norte de
Portugal, como um grande tacho de cozinha ou utensílio semelhante, por
aquele fabricado e/ou conhecido para cozinhar vísceras de carneiro, o
que para o homem do campo era mais barato e o que lhe sobrava depois de
pagar os seus impostos ao senhor feudal Passou a significar o prato a
que aquele género de alfaia caseira se destinava: no bazulaque ou
badulaque (escritos, a princípio, com ch, em vez de que
no final do nome), alfaia de cozinha, confeccionava-se o
bazulaque ou badulaque, o referido guisado de vísceras, que
proveio de Ba. Zu. Lach, substantivo celta de origem germanizada
terminando em ch, consoante aspirada como bd dh gh lh nb th,
entre outras.
Os linguistas explicam, como eu tentarei
fazê-lo aqui, resumidamente: as correspondentes ortográfica e fonética
não são, efectivamente, exactas ou rigorosas entre o Gaélico e o Calaico,
em alguns casos; mas a tendência fundamental pode considerar-se bastante
próxima. Excepto os casos típicos em que a vogal e a consoante surgem
aspiradas, por efeito do h, como nas línguas inglesa e alemã, o
Galaico-português de hoje sonoriza, na pronúncia, essa mesma aspiração,
numa situação intervocálica, ou no final da palavra para o primeiro
caso. Assim se explica que o som final do ch em Ba. Zu. Lach
tenha dado origem a Ba. Zu, Laque. Do homem do campo, à panela e
desta à iguaria foram passos largos no espaço, e rápidos no tempo. E,
como vimos, há quem os associe e bem (28). |
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Notas |
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(1) “Badulaque”,
in Dicionário Etimológico da Língua Portuguesa (com a mais antiga
documentação escrita e conhecida de muitos dos vocábulos estudados),
I. Vol., 3.ª edição, Lisboa, Livros Horizonte, p. 370.
(2)
I. Vol. A-F, Lisboa, Verbo, 2001, pp. 455 e
503.
(3)
Lisboa, Clube Internacional do Livro, pp.
713 e 816.
(4)
Viseu, 2007, pp. 135-145.
(5)
“Os Roteiros de Aquilino em Lápides
Partidas”, in Beira Alta, dir. por Alexandre Alves (e, então,
sob a responsabilidade de Alberto Correia), Vol. LXV, fasc. 1 e 2, ano
2006, 1.º e 2.º trimestres, Viseu, Assembleia Distrital, pp. 109-144.
(6)
Ver Arcas Encoiradas, 5.ª ed., Venda
Nova, Bertrand Editores, 1995, VIII. “O Culto da Forma…”, pp. 139-140.
(7)
Ver A Quinta das Virtudes, Lisboa,
Quetzal Editores, 1990, pp. 201-206.
(8)
Escudela de metal ou tijelão.
(9)
Ou enchiam [de comida, do bazulaque, que
Doroteia havia feito para a família]. O povo emprega também,
“atafulhavam” (enchiam até mais não).
(10)
Cf. “Os Ladrões de Almas”, in Jardim
das Tormentas, Lisboa, Livraria Bertrand, 1961, p. 232.
(11)
Cf. A Sociedade Medieval Portuguesa.
Aspectos da Vida Quotidiana, 4.ª ed., Lisboa, Sá da Costa editores,
1981, p. 9.
(12)
Vide O Povo Portuguez,
Vol. I, Lisboa, 1885, p. 115.
(13)
Introdução ao Livro de Cozinha da
Infanta D. Maria de Portugal, Coimbra, 1967,
p. CXXIII, n. 2. Ver texto da ed. da Imprensa Nacional - Casa da Moeda,
1986, pp. 111-113.
(14)
Chancelarias Portuguesas. D. Afonso IV,
Volume I (1325-1336), org. de A. H. de Oliveira Marques, Lisboa,
Centro de Estudos Históricos da UNL, INIC, 1990, doc. 11, p. 34. Só com
este, encontrámos aqui mais quatro casos.
(15)
Ibidem, doc.
139, pp. 145-146. E a par deste, achámos mais doze casos.
(16)
Arte de Cozinha,
leitura, apresentação, notas e glossário por Maria da Graça Pericão e
Maria Isabel Faria, [Lisboa], Imprensa Nacional - Casa da Moeda, 1987
[texto que tem por base a edição de 1732]. A 1.ª ed. é de 1621.
(17)
Cozinheiro Moderno
ou nova Arte de Cozinha onde se Ensina pelo Methodo
mais facil, e mais breve o modo de se prepararem varios Manjares, tanto
de Carne, como de Peixe, Marisco, Legumes, Ovos…, 3.ª ed., correcta
e emendada, Lisboa, Oficina de Simão Tadeu Ferreira, 1798. A 1.ª ed. é
de 1780. Existe uma reedição actual com base na de 1785, com prefácio de
Alfredo Saramago, Sintra, Colares Editora, 1999.
(18)
Tomo II, p. 208 “Badulaque”.
(19)
1.º Vol. p. 370. Veja-se a referência
completa acima.
(20)
2.º Vol. p. 12, cf. referimos acima.
(21)
Frei Manoel dos Santos, Alcobaça
Ilustrada, Coimbra, 1710, penúltimo fólio.
(22)
Eça de Queirós, A Cidade e as Serras,
Lisboa, Planeta de Agostini, 2006, cap. VIII, p. 134.
(23)
Cf. Portugal à Mesa. Alimentação,
Etiqueta e Sociabilidade, 1800-1850, Lisboa, Hugin, 2000.
(24)
Chancelarias, cits.,
Vol. I, doc. 156, p. 163
(25)
Ver Iria Gonçalves, “Acerca da Alimentação
Medieval”, in Imagens do Mundo Medieval, Lisboa, Livros
Horizonte, 1988, p. 207.
(26)
Rio da deusa celta Danu.
(27)
Entre 1987 e 1988, tomaram lugar duas
exposições em Veneza, no Palácio Grassi-Stucky dos Doges, situado no
Grande-Canal, uma da cultura dos Povos Marítimos, especialmente,
dedicada aos Fenícios e a segunda dos Povos Continentais, referindo-se,
exclusivamente, aos Celtas e a suas numerosas tribos, com objectos de
vários museus e colecções particulares e com peças de joalharia pesadas
e ricamente lavradas.
(28)
Cf. Alberto José Lorrio, Los celtiberos,
Madrid, Universidad de Madrid, 1997; Diccionario Galego-Castélan,
dir. por X. L. Franco Grande, Editorial Galaxia, 1968-1980; Francisco
Calo Lourido, A cultura castrexa, edições “A Nossa Terra”, 1993;
K. Francisco Carballo, et al., Historia de Galicia, edições “A
Nossa Terra”, 1991; Filipe Árias Vilas, La romanización de Galicia,
edições “A Nossa Terra”, 1992; Gwenc’Hlan le Scouëzec, Le guide de la
Bretagne, Paris, Édition Beltan, 1989; Martín Almagro Gorbea, et
al., Los celtas: Hispânia y Europa, Actas, Madrid, Universidad de
Madrid, 1993;
http://www.ceantar.org/Dicts/MB2/index.html - este é um link a uma
versão do Dicionário de NcBain (referências: Alexander MacBain, Gairm
Publications, 1982, publ, por Gairm Publications, 29 Waterloo Street,
Glasgow G2 6BZ:
http://members.aol.com/lochlan2/lebor.htm (compilação da Leabhar
Gabhala Earrainn, em versão inglesa, por McLochlainn pi McLoughin,
site de John D. McLaughlin;
http://www.esatclear.ie/~porrakas/mil.htm;
http://www.ct.es/USERA/0calitro/. |
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João Silva de Sousa (Portugal).
Prof. da Faculdade de Ciências Sociais e
Humanas da Universidade Nova de Lisboa. Académico Correspondente da
Academia Portuguesa da História. |
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© Maria Estela Guedes
estela@triplov.com
PORTUGAL |
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