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Galeria dos Prazeres e Suporte Social Urbano da Praia
da Calheta, Madeira - Uma Operação de Arte Pública. Agosto de 2011.
"QUEM NÃO" • [OBGESTOS] Segmento 2.3
"QUEM NÃO", obra poética e visualista de António Barros, parte
integrante da colecção [OBGESTOS], antes apresentada em 'Line Up Action'
- Festival Internacional de Arte Performance, na Casa das Caldeiras,
Universidade de Coimbra, em 2010, é arte presente na iniciativa 'Lonarte
11', na Comunidade da Calheta, Sociedade Oeste do Arquipélago da
Madeira.
'Lonarte 11' é a segunda edição desta iniciativa (lançada em 2010 com
'Lonarte 10') e faz-se enunciar como uma operação de Arte Social onde a
Arte Pública se manifesta com a afirmação já de oitenta obras de
conceituados artistas nacionais como Rui Sanches, Pedro Calapez, António
Barros, Rigo, Ana Vidigal, João Moniz, Isabel Santa Clara, João Fonte
Santa, mas também a presença de significativos contributos
internacionais como Robert Brandy, Araci Tanan, Felipe Dulzaides, Kimiko
Yoshida, Lisbeth Nilsen e Marc Molk entre muitos outros.
PARA DEFINIR [OBGESTOS]
[OBGESTOS] : Referentes compulsivos das Artes de Situação e
Comportamento. Sinais de Presença de António Barros nas Artes
Performativas.
[OBGESTOS] a colecção (onde um segmento aqui se
apresenta), enuncia-se como uma constelação de 'objectos-de-memória' -
parte integrante de diferentes 'artitudes'; 'formulações cénicas' para
residência performativa; referentes das 'artes do comportamento' e
'gestos operáticos'.
Foram os presentes atributos formais (e semânticos)
gerados num arco temporal de cerca de trinta anos, entre 1979 e 2010.
Numa 'arte de situação', foram estes 'gestos'
afirmados individualmente ou em programas com 'dinâmica grupal'
direccionados sobre um 'colégio' de intervenientes.
Assumem assim as peças, aqui em mostra, o zêlo pela condição mnésica.
Museológica. O 'póstumo' adquirido pelos adereçantes 'objectos
transitivos' que habitaram diferentes performatividades.
São testemunhos colhidos no tempo real de acções
vivenciadas - e outras a pautizar projectos de propósito operático -,
formulando assim os 'referentes', uma análise dirigida aos elementos
aqui eleitos: os 'objectos'. Estes, revelam-se então como elementos
simbólicos dos múltiplos 'gestos' experienciados nos 'cerimoniais'.
Aqueles que na equação das 'performing arts' se emanciparam em 'objectos/gestos',
ganhando uma condição identitária de obra.
Resulta assim [OBGESTOS] numa constelação de
elementos contributivos para o estudo de um percurso de afirmação
comunicacional de razão e condição autoral - "artoral".
EXEMPLO SINGULAR DE ARTE SOCIAL
'Lonarte 11' é um projecto de arte pública, lançado pela Câmara
Municipal da Calheta em parceria com a Galeria dos Prazeres, e que visa
dinamizar durante o período de verão a zona balnear deste município, o
mais a oeste da ilha da Madeira.
Presentemente a Arte Pública contemporânea é
apresentada através de múltiplas formas de expressão, cada vez menos
convencionais e muito distantes do tradicional monumento comemorativo.
Nesse sentido, o público é cada vez mais solicitado a
participar na obra de arte, sendo por vezes, o elemento central da sua
construção estética, como revelam alguns trabalhos que apelam à fruição
sensorial do cidadão.
Assim, falar de arte pública, implica desde logo uma
exigência de abertura por parte do público, isto porque o seu conceito
tem vindo a se alterar fruto das diferentes mutações que a própria
sociedade foi gradualmente impondo e que não necessariamente passe, tão
e somente, pelo facto das obras estarem instaladas em espaços
considerados públicos.
Pretende-se com este projecto, onde participam cerca
de 40 artistas [em cada edição anual] oriundos dos quatro cantos do
mundo, demonstrar e divulgar a expressão artística como um instrumento
privilegiado de intervenção social. Descentralizar a criação artística
contemporânea através de um suporte e de um formato pouco habitual por
forma a dinamizar com esta iniciativa cultural a 'promenade' da Calheta.
A autarquia, ao desenvolver o projecto Lonarte, pretende que este se
torne num instrumento preponderante na revitalização e humanização da
Praia da Calheta, lugar este de utilidade pública, contribuindo para uma
maior sociabilização e satisfação de todos. Possibilita-se, deste modo,
a criação de sinergias entre áreas consideradas como pólos de interesse
distintos, dando origem à criação de novos públicos e impulsionando um
maior número de visitantes e de turistas, essenciais para o pleno
desenvolvimento sócio-cultural e económico do Concelho da Calheta.
http://www.lonarte11.blogspot.com |
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António Barros • Nasceu em 1953 -
Funchal, Ilha da Madeira.
Estudos: Facultat de Belles Arts, Universitat
de Barcelona; Universidade de Coimbra. Vive e trabalha em Coimbra.
Em "Artistas Portugueses na Colecção da Fundação de Serralves", é o
director do Museu, João Fernandes, quem enuncia: "António Barros é dos
nomes relevantes do contexto da poesia experimental e das artes
performativas em Portugal. A obra de António Barros objectualiza e
espacializa o texto, explorando novas polissemias originadas pelo
cruzamento da textualidade com uma visualidade iconoclasta e
irreverente".
De sensibilidade fluxista, a sua obra convoca não só uma arte de
situação debordeana, como ainda a Escultura Social de Joseph Beuys,
tendo também trabalhado com Wolf Vostell no Vostell Fluxus Zug, Das
Mobile Museum Kunst Akademie em Leverkusen.
Se as suas artitudes convocam o situacionismo de Guy Debord ao visitar a
poésie directe francesa, Lawrence Ferlinghetti, pioneiro do Movimento da
Beat Generation para a poesia - quando destaca a obra performativa
"Revolução" em Cogolin, 1986 -, e Julien Blaine - ao publicar "Tradição"
e "Escravos" na revista Doc(k)s -, são quem primeiro internacionaliza a
arte de António Barros.
Esta última atitude em objecto-texto, é a que em 1984 um júri -
integrando Sophia de Mello Breyner Andresen, David Mourão Ferreira,
Urbano Tavares Rodrigues, José Carlos de Vasconcelos, Maria Velho da
Costa e Manuel Alegre -, destacou no Concurso Nacional de Poesia 10 Anos
do 25 de Abril, resultando este texto num elemento identitário do seu
percurso "visualista" - onde o objecto e a palavra sinergicamente se
insinuam.
A resiliência com que sinaliza os seus gestos de escrita [progestos],
leva-o ainda à territorialidade do objecto escultural, vindo a criar, e
para além dos seus múltiplos environments como "Algias, NostAlgias" e "Amant
Alterna Camenae", o Prémio de Estudos Fílmicos Universidade de Coimbra,
com que foram laureados Alain Resnais, Manoel Oliveira e João Bénard da
Costa.
http://barrosantonio.wordpress.com
http://whatiswatt.org/
http://www.youtube.com/watch?v=5Cu1MK.yM70 |