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REVISTA TRIPLOV
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I . palavra aérea (a Frei José Augusto Mourão) Vai esculpindo símbolos de terra e água no coração rubro da pedra
Dentro do pulmão dos livros,
em moinhos de silêncio e vento a alva página desliza para os lírios do poema |
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EDITOR | TRIPLOV |
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| ISSN 2182-147X | ||||||
| Dir. Maria Estela Guedes | ||||||
| Contacto: revista@triplov.com | ||||||
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II . da noite
A tarde move-se entre os ramos das minhas mãos. As minhas mãos seguram uma estrela de sangue. Uma mulher adormece na fulguração da noite. E dentre os primeiros véus recebe a iniciação do Sonho.
Minha boca estremece. Derrama a fragrância de um verso, Canta . |
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III . caiu cinza
Caiu cinza no rio branco do poema e choveu ouro sobre a vedação da página
A sombra lava as mãos inocentes dos versos no manicómio de Deus. |
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IV . Cidade
nasceu entre dois rios de lava leve é o vento leve grande a cidade em cuja luz se perdeu uma flor desbotada no deserto
só uma sombra na erva uma ilha de neve que nunca existiu e foi arrasada
as crianças brincam e choram sobre a triunfante sombra do Nada |
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V . idioma branco
Ninguém saberá no mundo o que não escrevi em livro e contudo escrevi para ti o único poema perfeito. E todos os dias do ano volto a ele com o lume nos dedos. E nunca mais seremos jovens.
Como os frutos suspensos dos ramos ocultando a rapidez do tempo só a luz entenderá esta forma de me tornar ausente. |
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Maria Azenha (Coimbra, Portugal) |
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