ARQUEOLOGIA OÁSICA
Todos os venenos se encriptam nas
artérias das éguas.
As crinas dos cavalos foram cortadas em honra do belo crime.
O trigo arde nos olhos do homem.
As tendas foram erguidas à volta do cedro magnífico.
Além, a fonte.
Uma mulher lava o sexo de sua filha.
O sangue novo solda-se na claridade da água.
“Estás pronta para o teu noivo, minha filha.”
Ó oásis ejacular!
Conchas onde no vinho se espelham os
Bem modelados gestos desta rapariga.
A admirável altivez do porte com que traz
os candelabros dos antigos oceanos na boca.
O incêndio dos taludes.
As harpas em fogo, pregadas no vento.
Dignidade justa nestas gárgulas que
assopram o ébano.
Aqui acendemos a morte com o suor brônzeo de nossas danças.
Exilados, talvez, mas ainda senhores da prosperidade dos venenos.
Ah! Deles retiramos o grande brida iluminada de cristais,
Nas entranhas – já livres de culpa. |