As aves rompem as axilas da melancolia. A rapariga
dança agreste e suave sobre a lâmina. A luz escorre-lhe da pele.
A praça é grande . Os velhos moram atravessados nos
antebraços da memória. As mães murmuram : sabem dos sinais das flores,
das coisas mudas, dos lábios acesos, das horas em que o corpo desvenda
os seus segredos.
E o sol poisa sobre o luar, nos cabelos do rapaz. O
azul corre das torneiras. A testa do cavalo mora ao cimo do portal .
Além, o fontanário. Junto a ele, os homens jogam à
malha . Ah! O rigor do lance nas mãos .
A pontaria. O hausto dos tendões. Os músculos. Ah!
Os relógios sentados ao alto, nas varandas.
E o mar extravasa para dentro. Os barcos vêm de
longe. Têm pernas. Entram pela terra adentro. Lentos, atravessam a
paisagem , o pulmão da circunferência circular.
E nos cântaros, o vinho novo fermenta. E a rapariga
dança, rodopia, dança, rodopia, dança...
- É agora um arbusto iluminado, na carne do rapaz. |