Sob luz plangente
viu rosas de
sanguíneas pétalas
cobrirem o rosto de
Nossa Senhora de guerra cansada.
Chorou por todos
com a Imperatriz
detentora do poder de ser Mãe
de Gentes e de
Reinos! —
Suas lágrimas foram
nascente de rios
de límpidas águas
correntes
entre serras e
outeiros.
Sentiu Deus
presente. Assumiu d´Ele todos os passos de futuro!
Sem Deus tudo seria
incerto: ponderação
só almas amparadas
ditam.
Qual Galaaz,
tomou de Nossa
Senhora, como escudo,
o seu branco e
infinito manto de justiça e paz!
Com suas
refulgências
armou de luz todos
os justos soldados-guerreiros
que pelo Reino em
quadrado se ergueram comungando
o mesmo pensar e
querer:
— Impedir Castela de
fazer Portugal tombar
e, como país
independente, morrer!
Para cumprir sua
vontade primeira
— ajudar D. João,
Mestre de Avis,
a ser Rei de
Portugal e Algarve —,
à Virgem Santíssima
pediu visão certeira.
Em terrena epopeia
congregou
Cavaleiros, Fidalgos
e Povo descontentes!
As batalhas travadas
foram duras. Mas gloriosas!
Não se importando de
onde as Gentes vinham
— se de além ou de
aquém —,
enalteceu-lhes a
vontade que tinham de resistir
e o engenho!
Mesmo se lhes
faltava armas ou cota,
orientava-lhes as
forças nas direcções a convir!
E produziu vitórias:
Valverde, Atoleiros, Aljubarrota!
— Vitórias contra
muitos mais invasores castelhanos
do que quantos todos
eles combatentes
portugueses eram!;
— Vitórias em
combates valorosos
onde pazadas com pás
de enfornar pão
tiveram mesmo
préstimo
que golpes
produzidos por afiadas
e exercitadas
espadas!
Empurrou para
Castela os derrotados
—
paisanos-cavaleiros-soldados —
saqueadores das
terras
dos mais ocidentais
mosteiros!
Ofereceu alimentos
aos vivos vencidos
e curou-lhes os
feridos.
Chorou os mortos de
ambas as fileiras.
Deu-lhes sepultura.
Por todos rezou.
Com grande sabedoria
constituiu-se, sem
alarde,
esteio verdadeiro
da independência do
Reino de Portugal e Algarve.
Quis que fosse Rei
D. João I.
Assumindo ter sido
em pretérito tempo
o
próximo-mais-do-que-imperfeito de Deus,
rezou à Virgem Maria
com fervor.
Suplicou-Lhe perdão.
Declarou-Lhe
seu eterno e
infinito amor.
Prometeu-Lhe só
demandar justiça e paz
em futuros feitos.
E por convicção
depôs a espada!
Aos seguidores de
sua dextra mão deu guia.
Cobriu-os na devoção
e na fé
com o mesmo véu sob
o qual Deus o ungira.
Em apoteóticas
orações ao Céu
armou-os com o
imperioso sonho
de praticarem o bem
com aqueles que nada
ou pouco tinham.
Conquistando
caminhos de muitos e longos
passos rezando,
foi como D. Nuno
Álvares Pereira!
de Deus mais se
abeirou.
Antes de ter assento
em altar foi crido Santo!
Hoje, Portugal e
Mundo rejubilam de alegria!
Há mais um Santo
para venerar nos altares.
Santo Condestável!
Para sempre, São
Nuno de Santa Maria! |