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        | REVISTA TRIPLOVde Artes, Religiões e Ciências
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 A Joana Ruas:
 energia, constância e generosidade
                                   
		                                                 Se a poesia não nos 
		dá algo do que nos furtamfurta-nos algo do que nos dão.
 Cesáreo Gutiérrez Cortés
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        | DIREÇÃO |  |  
        | Maria Estela Guedes |  |  
        | Índice de Autores |  |  
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            | PEDRO SEVYLLA DE JUANA
   Dissidências | 
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            |                                                                                Pedro Sevylla de Juana |  |  
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        |  |  | Da igualdade entre os 
		homens |  
        |  | Nos remotos tempos, o Deus das Colheitas, quando ainda não existia a espécie humana,  de cada região desabitada da Terra  recolheu o grão do cereal que cultivava.   Somou arroz, trigo e aveia,  milho e sorgo uniu ao centeio,  sementes de todas procedências, levou ao moinho mais de um cento;  farinha tamisada em uniforme mescla, amassada e submetida a fogo lento,  até torrar bem a camada externa.   Do resultante pão recém-cozido, um pedaço retornou a cada comarca, do qual provém o homem primitivo: igual composição, distinta estampa.   Seja face o homem ou seja costas,  rígida crosta ou suave miga,  a cor é o único que troca, a substância humana não varia. |  
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        |  | O preço das coisas |  
        |  | Antigamente o homem era antes de tudo a sua 
		ascendência e a tribo representava a pátria do homem família, amparo e despensa; a propriedade era comum e eram comuns os filhos os projectos, o trabalho e a colheita; compartilhava-se também a íntima dor ou a profunda alegria e o individual não se manifestava quase apenas florescia.   A tribo foi-se diluindo nos costumes a bonança permitiu ao homem mostrar sua 
		personalidade o homem, separado dos outros, fez-se gente e a gente descobriu, inventou, modificou pôs preço às coisas.   Quando tirarem o preço das coisas a gente chorará como se lhe arrebatassem as coisas porque não sabe separar as coisas do preço das coisas.   Quando tirarem o preço das coisas a gente albergará no seu coração a dúvida e o 
		receio, pois aprende na primeira infância - saber sequestrador da inocência – que antes ou depois tudo lhe custa; e se, em etiqueta fixada ou colada, não se mostra bem visível o preço - escrito em caracteres claros perto do número redondo – costuma dever-se a ele ser alto.   Quando tirarem o preço das coisas e as coisas se mostrarem nuas à gente a gente não reconhecerá as coisas, porque sabe que o preço é para as coisas como a forma, a cor, o cheiro ou a textura que devem ter todas as coisas.   Quando tirarem o preço das coisas a gente ignorará a ordem que seguem as coisas equivocará a hierarquia e tudo será um caos para a gente que ordena as coisas pelo preço que têm as coisas.   Mas se queremos que a gente modifique sua maneira de ver as coisas e avalie atributos primordiais como a beleza de linhas a utilidade prática o som do vento ao abraçar sua superfície a suavidade do tacto a natureza da substância originária, devemos tirar o preço que um dia se pôs às coisas.   Quando consigamos tirar o preço das coisas - acontecimento histórico memorável - do indivíduo isolado, da gente, surgirá o homem coração animado de sístoles e diástoles. |  
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        |  | A morte da utopia |  
        |  | Nos tempos presentes  quando a esperança é tão efémera e vive em desencanto diluída, quem oferecerá um futuro cobiçado se morre a Utopia?   Quem descobrirá a poesia flor entre as sarças veleiro de papel à deriva. Quem porá imaginação nos grafitos - engenho das frases - que derrube barreiras e recintos.   Por que razão edificante a polícia fustigará os jovens, que façanhas relatarão os avôs aos netos quem defenderá o povo da acção dos políticos quem restabelecerá o equilíbrio descomposto quem falará da pessoa que será da palavra companheiro quem ousará traçar caminho próprio quem se oporá aos interesses dos mais interessados que será da pluralidade de vias, quem estará de nosso lado se morre a Utopia?   Quem reduzirá as insuperáveis diferenças que separam falcões de pombas, quem amará do homem a sua essência quebradiça quem semeará a paz o perdão, a valentia o amor, a liberdade, a convivência se morre a Utopia.   Quem impedirá que dêem forma à nossa argila em moldes inumanos os que fazem ferramentas das vidas. Quem acolherá as excepções quem será do diverso garantia.   Quem nos livrará da ortodoxia quem nos tirará da estatística, quem sobreviverá ao sistema se morre a Utopia? |  
        |  | 
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        |  | O homem e a fome |  
        |  | Fome,  fome,  fome; duas sílabas apenas  e rompem o fluir do homem.    Agente ou paciente  aprofundam a cisão do homem  apagam os caminhos do homem dessangram o coração do homem.   Tão só duas sílabas e desdizem  invalidam desautorizam, rejeitam revogam anulam negam o homem. |  
        |  | 
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        |  | Os operários mortos 
		no trabalho |  
        |  | Um, dois, sete, trinta e cinco seis mil oitocentos e quatro, duzentos e trinta mil 
		e treze; é a contagem incessante de uma realidade trágica a estatística incompleta dos operários mortos no 
		trabalho o sumário da necessidade humana a prova dos noves da submissão.   As funções lineares, os índices e os intervalos nascem de um pacto entre o poder e os números;  e os operários mortos no trabalho povoam a realidade bastarda das análises 
		quantitativas, dos diagramas de fluxo, das folhas de cálculo e da probabilidade elementar.   Mas onde estão os órfãos,  onde as viúvas dos operários mortos no trabalho. Que ocorre com os pais e irmãos, que há dos familiares, dos amigos e companheiros;
		 e de todos quantos amamos aqui, ali e acolá  os operários mortos no trabalho.   Multidão dispersa,  ficamos fora do cômputo de mutilados, dos gráficos aritméticos, das folhas de cálculo e das previsões excedidas.   Membro activo desta sociedade desnivelada, trabalhador da pluma e da difusão de ideias eu, Pedro Sevylla, solidário com o segmento de população mais 
		desprotegido exijo minha inclusão na recontagem de prejudicados nas curvas de frequências, nas oscilações e no inventário de cifras: um, dois, sete, trinta e 
		cinco seis mil oitocentos e quatro duzentos e trinta mil e treze;  ao lado dos operários mortos no trabalho. |  
        |  | 
		 |  
        |  | As mães famintas e o 
		infinito |  
        |  | Resistência arraigada no cansaço as mães famintas trabalham a terra, trabalham a 
		casa e os filhos; e sobem a seus machos ao arrogante infinito.   Mostrando seu perfil mais agressivo ocupam-se os machos no infinito de assuntos de 
		machos: delírios de machos pendências de machos feridas de machos mortes de machos. E as mães famintas voltam do infinito, com suas crianças, sem pai, nos braços.   Reprimidas pelo calado estoicismo impelidas pela obstinada intransigência as mães famintas trabalham o sustento, trabalham a 
		roupa e o abrigo; e dirigem os olhos abertos ao alto do ameaçador infinito.   A visão inquisidora, profunda, selectiva procura no infinito as terríveis respostas: indagando os enigmáticos porquês da vida esquadrinhando as dobras ocultas da dura existência averiguando o que segue a morte e a culmina.   E as mães famintas de pupilas opacas retornam do perpétuo infinito, - olhos vãos - sem mirada.   Atraiçoadas pelo enganoso destino as mães famintas trabalham a manhã, trabalham a 
		tarde e os sonhos; e levam a seus filhos famintos até ao infinito ignoto.   No infinito agonizam os imaturos frutos de seu 
		fértil seio e as mães famintas de olhar ausente recolhem nas suas bocas os suspiros postreiros abrem tumbas nos próprios ventres enventram os filhos mortos e no infinito ficam para sempre. |  
        |  | 
		 |  
        |  | A profunda ferida da 
		fome |  
        |  | Não venho a pedir favor ao poderoso não pretendo encher a tigela do esfaimado não busco alongar o sofrimento dilatando agonia e agravo.   Venho a dizer o que devem calar os desnutridos os que reúnem uns cêntimos por dia os que disputam com os cães a comida e bebem nos charcos peçonhentos do caminho.   Pasto de moscas e olhos tristes de olhar 
		desorientado, os filhos das mães famintas nascem franzinos, hospedam no ventre um viveiro de gusanos e aferrados à pele dos peitos como a odres vazios à razão de seis milhões cada ano morrem de fome e desabrigo.   Porque as carências dos necessitados partem da má distribuição da abundância, rejeito a iníqua repartição da riqueza originada.   Porque germinam as funestas diferenças  na cobiça da propriedade privada rejeito a propriedade insatisfeita que entesoura e açambarca.    Porque intelectuais desalmados se servem da filosofia, da literatura e da arte para ajudar ao dinheiro sem reparos dando as costas a quem sofre fome, rejeito o pensamento mercenário.   Exijo leis que impeçam o acúmulo de domínio magistrados que anteponham a equidade ao ideário tribunais que condenem esbanjamento e desperdício uma justiça que nivele os escassos deveres dos 
		saciados com os mínimos direitos dos mendigos.  |  
        |  | 
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        |  | O grito |  
        |  | Meu grito é o grito do homem 
		decidido macho erguido ou fêmea valorosa cidade e campo aberto ruas, praças e hortas; vale, ladeira ou cume, mãos em círculo sobre a boca.   Meu grito é o grito dos 
		habitantes todos do globo terráqueo seis biliões de vozes fundidas em sonoro abraço.   Meu grito é o grito do tigre e 
		da baleia dos sismos e vulcões do vento que impulsa o pano das 
		velas o grito do poderoso oceano do turbilhão e da procela.   Meu grito é o grito da massa 
		vegetal o grito da araucária e do 
		eucalipto do cacto no deserto, do 
		pinheiro no pinhal;  um enorme coro que alcança o 
		infinito.   Meu grito é o grito da terra e 
		o grito do mar o grito das nuvens e do azul a queixa próxima e o bramido 
		estelar.   Meu grito é o grito animal o grito das árvores e dos 
		arbustos o grito das pedras sem lavrar.   Meu grito emerge do desespero 
		universal e exige ao demiurgo hipotético sem pretexto nem perífrase vã que esclareça se a marcha 
		imparável do aparente e do certo obedece a um projeto ou é obra 
		do azar.    Esse grito é meu grito e minha garganta não deixa de 
		gritar.   PSdeJ (Tradução feita pelo 
		Autor e emendada por Nicolau Saião.) |  
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        |  | Disidencias |  
        |  | A Joana Ruas: energía, constancia y generosidad
   
		
		Si la poesía 
		no nos da algo de lo que nos hurtan,nos hurta algo de lo que nos dan.
 Cesáreo Gutiérrez Cortés |  
        |  | De la 
		igualdad entre los hombres |  
        |  | En los remotos tiempos, el Dios de 
		las Cosechas, cuando no existía aún la especie 
		humana,  de cada región deshabitada de la 
		Tierra recogió el grano cereal que 
		cultivaba.   Sumó arroz, trigo y avena 
		 maíz y sorgo unió al centeno 
		 simientes de todas procedencias llevó al molino más de ciento;
		 harina tamizada en uniforme mezcla amasada y sometida a fuego lento hasta tostar por completo la 
		corteza.   Del resultante pan recién cocido un pedazo retornó a cada comarca del cual proviene el hombre 
		primitivo: igual composición, distinta 
		estampa.   Sea faz el hombre o sea espalda
		 rígido cuscurro o blanda miga  el color es lo único que cambia la sustancia humana no varía. |  
        |  | 
		 |  
        |  | El precio 
		de las cosas |  
        |  | En la antigüedad el hombre era ante 
		todo su ascendencia y la tribu representaba la patria 
		del hombre la familia, el amparo y la 
		despensa; la propiedad era común y eran 
		comunes los hijos los proyectos, el trabajo y la 
		cosecha; el íntimo dolor o el profundo 
		contento también se compartían y lo individual no se manifestaba 
		apenas apenas florecía.   La tribu se fue diluyendo en las 
		costumbres la bonanza permitió diferenciarse 
		al hombre el hombre, separado de los otros, 
		se hizo gente y la gente descubrió, inventó, 
		modificó puso precio a las cosas.   Cuando quiten el precio a las cosas la gente llorará como si le 
		arrebataran las cosas porque no sabe separar las cosas del precio de las cosas.   Cuando quiten el precio a las cosas la gente albergará la duda y el 
		recelo pues aprende en la primera infancia - saber secuestrador de la 
		inocencia – que antes o después todo le cuesta; y si, en etiqueta colgada o 
		adherida, no se muestra bien visible el 
		precio - escrito en caracteres claros cercano al número redondo – suele deberse a que es muy alto.   Cuando quiten el precio a las cosas y las cosas se muestren desnudas a 
		la gente la gente no reconocerá las cosas porque sabe que el precio es para 
		las cosas como la forma, el color, el olor o 
		la textura que deben tener todas las cosas.   Cuando quiten el precio a las cosas la gente ignorará el orden que 
		siguen las cosas equivocará la jerarquía y todo será un caos para la gente que ordena las cosas por el precio que tienen las cosas.   Pero si queremos que la gente modifique su manera de ver las 
		cosas y valore atributos primordiales como la belleza de líneas la utilidad practica el sonido del viento al abrazar su 
		superficie la suavidad del tacto la naturaleza de la substancia 
		originaria, debemos quitar el precio que un día se puso a las cosas.   Cuando consigamos quitar el precio 
		a las cosas - acontecimento histórico memorable - del individuo aislado, de la gente, 
		surgirá el hombre corazón animado de sístoles e 
		diástoles. |  
        |  | 
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        |  | La muerte 
		de la utopía |  
        |  | En los tiempos presentes cuando la esperanza es tan efímera y vive en desencanto diluida, quien ofrecerá un futuro codiciado si muere la Utopia?   
		Quién descubrirá la poesía 
		vedija entre las zarzas 
		velero de papel a la deriva. 
		Quién pondrá imaginación en las pintadas 
		-ingenio de las frases- 
		que derribe barreras y murallas.   
		Por qué razón edificante la 
		policía hostigará a los jóvenes, 
		qué relato heroico 
		reservará la madurez a los hijos y a los nietos, 
		quién defenderá al pueblo de la acción de los políticos 
		quién restablecerá el equilibrio descompuesto 
		quién hablará de la persona 
		qué será de la palabra compañero 
		quién osará trazar camino propio 
		quién se opondrá a los intereses de los más interesados 
		qué será de la pluralidad de vías, 
		¿quién estará de nuestro lado si 
		muere la Utopía?   
		Quién reducirá las insalvables diferencias 
		que separan halcones de palomas, 
		quién amará al hombre por su esencia quebradiza 
		quién sembrará la paz el 
		perdón, la valentía el 
		amor, la libertad, la convivencia si 
		muere la Utopía.   
		Quién impedirá que a nuestra arcilla 
		vacíen en moldes inhumanos 
		los que hacen herramientas de las vidas. 
		Quién acogerá las excepciones 
		quién será de lo diverso garantía.   
		Quién nos librará de la ortodoxia 
		quién nos sacará de la estadística, 
		¿quién sobrevivirá al sistema si 
		muere la Utopía? |  
        |  | 
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        |  | El hombre 
		y el hambre |  
        |  | Hambre,  hambre,  hambre; dos sílabas apenas  y rompen el fluir del hombre.
		   Agente ou paciente  ahondan la escisión del hombre
		 borran los caminos del hombre desangran el corazón del hombre.   Tan sólo dos sílabas y desdicen invalidan desautorizan, rechazan revocan anulan niegan al hombre. |  
        |  | 
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        |  | Los 
		obreros muertos en el tajo |  
        |  | Uno, dos, siete, treinta y cinco seis mil ochocientos cuatro, 
		doscientos treinta mil trece; es el recuento incesante de una 
		realidad trágica la estadística incompleta de los 
		obreros muertos en el tajo el sumario de la necesidad humana la prueba del nueve de la sumisión.   Las funciones lineales, los índices 
		y los intervalos nacen de un pacto entre el poder y 
		los números;  y los obreros muertos en el tajo pueblan la realidad bastarda de los 
		análisis cuantitativos de los diagramas de flujo de las hojas de cálculo y de la 
		probabilidad elemental.   Pero dónde están los huérfanos dónde las viudas de los operarios 
		muertos en el tajo. Qué ocurre con los padres y 
		hermanos qué hay de los familiares, de los 
		amigos y compañeros y de todos cuantos amamos aquí, allá y acullá  a los obreros muertos en el tajo.   Multitud dispersa  quedamos fuera del cómputo de 
		mutilados de los gráficos aritméticos de las hojas de cálculo y de las 
		previsiones excedidas.   Miembro activo de esta sociedad 
		desnivelada trabajador de la pluma y de la 
		difusión de ideas yo, Pedro Sevylla, solidario con el segmento de 
		población más desprotegido exijo mi inclusión en el recuento 
		de perjudicados en las curvas de frecuencias, en 
		las oscilaciones y en el inventario de cifras: uno, 
		dos, siete, treinta y cinco seis mil ochocientos cuatro doscientos treinta mil trece 
		 junto a los obreros muertos en el 
		tajo. |  
        |  | 
		 |  
        |  | Las 
		madres famélicas y el infinito |  
        |  | Resistencia arraigada en el 
		cansancio las madres famélicas trabajan la 
		tierra, trabajan la casa y los hijos; y suben a sus machos al arrogante infinito.   Mostrando su perfil más agresivo los machos se ocupan en el infinito 
		de asuntos de machos:  delírios de machos pendencias de machos  heridas de machos muertes de machos.  Y las madres famélicas vuelven del 
		infinito  con sus niños sin padre en los 
		brazos.   Reprimidas por el mudo estoicismo urgidas por la obstinada 
		intransigencia las madres famélicas trabajan el 
		sustento, trabajan la ropa y el cobijo;  y dirigen la mirada abierta a lo alto del amenazante infinito.   La mirada inquisidora, profunda, 
		selectiva busca en el infinito las terribles 
		respuestas: indagando los enigmáticos porqués 
		de la vida escudriñando los pliegues ocultos 
		de la dura existencia averiguando lo que sigue a la 
		muerte y la culmina.   Y las madres famélicas de pupilas 
		opacas regresan del perpetuo infinito
		 -ojos hueros- sin mirada.   Traicionadas por el engañoso 
		destino las madres famélicas trabajan la 
		mañana, trabajan la tarde y los sueños;  y llevan hasta el ignoto infinito a sus hijos famélicos.    En el infinito agonizan los frutos 
		agraces de su fértil seno y las madres famélicas de mirada 
		ausente  recogen en sus bocas los suspiros 
		postreros,  abren tumbas en los propios 
		vientres envientran 
		a los hijos muertos, y en el infinito se quedan para 
		siempre. |  
        |  | 
		 |  
        |  | La profunda herida del hambre |  
        |  | 
		No vengo a pedir favor al poderoso 
		no pretendo llenar la escudilla del hambriento 
		no busco alargar su sufrimiento 
		estirando la agonía y el oprobio. 
		  
		Vengo a decir lo que deben callar los desnutridos 
		los que juntan unas pocas monedas cada día 
		los que disputan a los perros la comida 
		y beben en los charcos ponzoñosos del camino. 
		  
		Pasto de moscas y ojos enormes de mirar desorientado
		 
		los hijos de las madres famélicas nacen raquíticos 
		hospedan en el vientre un vivero de gusanos 
		y aferrados al pellejo de los pechos como a odres vacíos 
		a razón de seis millones cada año 
		mueren de hambre y desabrigo. 
		  
		Porque las carencias de los necesitados 
		arrancan de la mala distribución de la abundancia, 
		rechazo el inicuo reparto 
		de la riqueza generada. 
		  
		Porque germinan las funestas diferencias  
		en la codicia de la propiedad privada, 
		rechazo la propiedad insatisfecha 
		que atesora y acapara.  
		  
		Porque intelectuales desalmados 
		se sirven de la filosofía, de la literatura y del arte 
		para ayudar al dinero sin reparos 
		dando la espalda a quienes sufren hambre 
		rechazo el pensamiento mercenario. 
		  
		Exijo leyes que impidan el acopio de dominio 
		magistrados que antepongan la equidad al ideario 
		tribunales que condenen derroche y desperdicio 
		 
		una justicia que nivele los escasos 
		derechos de los pobres con los exiguos deberes de los 
		ricos. |  
        |  | 
		 |  
        |  | El grito |  
        |  | Mi grito es el grito del hombre 
		resuelto macho erguido o hembra valerosa ciudad y campo abierto calles, plazas y rondas valle, ladera o cerro las manos en altavoz sobre la boca.   Mi grito es el grito de los 
		habitantes todos del globo terráqueo seis mil millones de voces fundidas en sonoro abrazo.   Mi grito es el grito del tigre y la 
		ballena de los seísmos y volcanes el grito de la mar océana, del viento que inflama las velas de 
		las naves el alarido del huracán y la 
		galerna.   Mi grito es el grito de la masa 
		vegetal el grito de araucaria y eucalipto del cactus del desierto y la 
		majagua del manglar;  un enorme coro que abarca el 
		infinito.   Mi grito es el grito de la tierra y 
		el grito del mar el grito de las nubes y el azul la queja cercana y el bramido 
		estelar.   Mi grito es el grito animal 
		 el grito de los árboles y arbustos
		 el grito de las piedras sin labrar.   Mi grito brota de la desesperación 
		universal y exige al demiurgo hipotético sin nuevas perífrasis ni un 
		pretexto más que aclare si la marcha imparable 
		de lo aparente y lo cierto  tiene algún sentido y obedece a un 
		plan.   Ese grito es mi grito y mi garganta no deja de gritar.   PSdeJ |  
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        |  | Hijo y nieto de 
		agricultores, Pedro Sevylla de Juana nació en Valdepero (Palencia), 
		España, en marzo de 1946. Estudió el bachillerato, interno, en el 
		Colegio La Salle de Palencia; y se hizo publicitario en la Escuela 
		Oficial de Publicidad de Madrid. Diplomándose al tiempo en marketing, 
		psicología, fotografía y diseño gráfico. Ha vivido en Palencia, 
		Valladolid, Barcelona y Madrid; pasando temporadas en Ginebra, Estoril, 
		Tánger, París y Ámsterdam. Publicitario, conferenciante, articulista, 
		poeta, ensayista y narrador; ha publicado dieciocho libros y es 
		colaborador de diversas revistas de Europa y América, tanto en lengua 
		española como portuguesa. Reside en El Escorial, dedicado por entero a 
		sus aficiones más arraigadas: vivir, leer y escribir.Página personal: www.sevylla.com
 Dirección electrónica: 
		valdepero@hotmail.com
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        |  | © Maria Estela Guedesestela@triplov.com
 Rua Direita, 131
 5100-344 Britiande
 PORTUGAL
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