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        | REVISTA TRIPLOVde Artes, Religiões e Ciências
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        |  | AO CENTRO DA LUZ 
 Debruçam-se.
 
 Lavam as mãos, sujas de barro, no tanque grande.
 Morosamente penteiam os longos cabelos negros.
 O grande mistério escorre das torneiras arcaicas.
 
 A nora chia. Claridade!
 Os sexos emprenham-se de luz.
 Nos lábios rebenta o flash do sangue nómada.
 
 E evocam o mundo através dos vasos da árvore magnífica,
 dos olhos que as olham por dentro.
 
 E de olhos fechados, escrevem na água.
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        | DIREÇÃO |  | 
      
        | Maria Estela Guedes |  | 
      
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            | LUÍS COSTA   Da topografia abissal 
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        |  |  | INTROITUS   Encosto a testa à geometria da mão
 
 Escrevo
 
 Lá fora o tempo apodrece
 dentro dos frutos
 barcos de papel ardem
 nos charcos
 
 Ferraduras de silêncio
 
 O grito dos cereais
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        |  | DO AMOR Elle est debout sur mes paupières
 Et ses cheveux sont dans les miens
 Paul Éluard
 Escrevo no vento o teu nome como quem cinzela a pedra
 O teu nome, único,
 na minha boca, marítima, única
 onde se ouvem os rugidos das profundas selvas
 animais que, de súbito, aparecem
 e destelham o céu
 e o martelar do amor violento, mas doce
 
 - como frutos que caem
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        |  | HOMOGRAFIA Rente aos alicerces do tempo
 abro meus punhos
 e pela noite que deles emana
 ouço o martelar das fontes secretas
 no peito do homem
 
 onde a sede dos demónios se apruma
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        |  | ASSIMETRIA 
 Onde o dedo toca a ferida
 cresce a devastação da casa abandonada
 Dali vêem-se as sombras ardendo
 Lá dentro o homem mora
 pregado na tábua oceânica
 
 E na luz que se faz
 por intermédio da esperança
 o corpo mais não é do que uma corda bamba
 sob o assobio de aves metálicas
 delirantes
 
 Assim tudo se ilumina, por um momento,
 para logo se apagar
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        |  | ARS 
 As labaredas dos cereais.
 
 Os carneiros da montanha descem à fonte.
 [Cascos ressoam nos tambores do bosque ]
 
 De súbito, a turbina do silêncio explode.
 A luz quebra-se contra os celeiros nocturnos.
 
 Do outro lado, vivem os mortos.
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        |  | ARS EROTICA 
 Um Homem afia a navalha.
 
 Depois, lava os pés de sua mulher
 com a noite que lhe escorre da testa.
 [ Beija-os morosamente.]
 
 Silêncio. Uma flama
 erguida na noite dos corpos.
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        |  | ARIADNE 
 Fecho os olhos.
 
 A flor do fogo cresce-me pelos ventrículos.
 Sigo a cintura do teu rio,
 o grande interior que me inquina.
 
 Escuto a alegria dos cavalos
 os microfones das clareiras
 no fundo dos lagos
 onde teus olhos habitam a dor nocturna.
 
 Inscrevo o teu nome na pedra da água
 
 És um chão de sombras iluminadas
 - um abismo que relincha.
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        |  | ELEGIA 
 Os livros abertos, espalhados sob
 a escuridão da luz. Uma sombra,
 onde me encosto ao sol do tédio.
 Olho-me na água gasta de dias.
 
 Por dentro , a biela exterior
 da memória, uma porta que bate contra
 o relincho dos bosques mudos.
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        |  | DO ANJO NEGRO 
 Ouço a memória
 dentro dos tanques
 no perímetro da luz
 onde as mulheres cantam pelas furnas
 que rompem dos abismos
 
 flashes negros
 inquinam o pensamento
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        |  | HERACLITIANO 
 As fontes rumorejam pelos bosques.
 Debaixo das pedras mora o celeiro do tempo .
 Na direcção da bússola
 o atalho cega os campos com a sua foice cintilante.
 
 O metal arde nas mãos das mulheres
 que trabalham a argila morosamente.
 Os homens regressam dos dias arcaicos.
 A água corre, clara. Seus pés incendeiam-na .
 
 E os dias seguem os cascos do Grande Animal,
 dia após dia, inalteráveis
 
 para trás , fica o pó.
 
 
 Nota: este poemas fazem parte do livro “ Topografia Abissal “
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        |  | Luís Costa (17 de Abril de 1964, Carregal do Sal. 
		Portugal).Tem vindo a editar trabalhos em revistas e sites 
		digitais como: revista Conexão Maringá, revista Zunái, jornal Triplov, 
		site Triplog e revista Agulha.
 Blogue pessoal: 
		http://oarcoealira.blogspot.com/
 Contacto: l.Costa@web.de
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        |  | © Maria Estela Guedesestela@triplov.com
 Rua Direita, 131
 5100-344 Britiande
 PORTUGAL
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