|  |   Inicio hoje a publicação de uma série de análises 
		sobre questões da actualidade guineense relacionadas com o envio de uma 
		Força/Missão Militar ou técnico-militar; de Estabilização; Multinacional 
		ou Angolana, para a Guiné-Bissau.
 Tratando-se de um assunto complexo, por questões lógicas que têm a ver 
		com o conceito de soberania na óptica do cidadão, mas também, 
		melindroso, por evidências cada vez mais acentuadas de que a abordagem 
		feita inicialmente tem outros contornos que não propriamente ajudar a 
		estabilizar a Guiné-Bissau, mas sim, garantir a salvaguarda das cadeiras 
		do poder e dos interesses proporcionados pelo poder, importa fomentar o 
		debate nacional sobre a matéria, até pelas frequentes contradições no 
		posicionamento das autoridades nacionais em relação ao que foi anunciado 
		em primeira mão, após a reunião do Conselho de Defesa Nacional de 01 de 
		Agosto.
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        |  |  | Sim, a Comunidade Internacional e particularmente os 
		organismos como as Nações Unidas, a União Africana, a CEDEAO e a CPLP 
		sensibilizaram as autoridades guineenses, na pessoa do Presidente da 
		República, Malam Bacai Sanhá, para a aceitação de uma Força 
		Internacional de Intervenção/Estabilização na Guiné-Bissau, 
		sensibilização essa que seria partilhada pelo Presidente da República 
		com os membros do Conselho de Defesa Nacional, na reunião realizada a 01 
		de Agosto de 2010, em Bissau e tornada pública pelo Conselheiro 
		Presidencial para os Assuntos políticos e Diplomáticos, Eng.º Soares 
		Sambu. 
 Tinha sido anunciada a concordância entre autoridades políticas e 
		militares presentes na reunião do Conselho de Defesa Nacional com o 
		princípio da ida de uma Força Internacional de Estabilização para a 
		Guiné-Bissau, sem no entanto, dar-se a conhecer qualquer detalhe 
		específico sobre essa Força.
 
 Obviamente que, tratando-se de um assunto abordado em períodos 
		conturbados, de crise político-militar na Guiné-Bissau, mas sempre com 
		um NÃO das autoridades do país e da maioria dos partidos políticos, 
		estava-se perante uma nova realidade, porém, suspeita, na forma como foi 
		anunciada.
 
 Reunir o Conselho de Defesa Nacional e depois da reunião anunciar de 
		imediato a concordância de um assunto que sempre foi delicado abordar 
		entre os guineenses, foi um erro!
 
 O Presidente da República poderia reunir o Conselho de Defesa Nacional, 
		transmitir as preocupações e sugestões da Comunidade Internacional, 
		auscultar opiniões dos presentes na reunião que, por terem 
		necessariamente que levar o assunto da reunião para discussão e 
		avaliação nos órgãos institucionais que representam, agendar uma nova 
		reunião de consulta e avaliação.
 
 De igual modo, o Presidente da República deveria receber os partidos 
		políticos com ou sem assento parlamentar, assim como a Sociedade Civil e 
		dar-lhes a conhecer o teor da abordagem tida na reunião do Conselho de 
		Defesa Nacional, auscultar opiniões e agendar nova audiência para 
		conhecer as sensibilidades político-sociais sobre a ida de uma Força 
		Internacional de Estabilização para a Guiné-Bissau.
 
 A Comunicação Social não deveria ficar de fora de um conjunto de 
		imperativos legais necessários para o suporte de qualquer decisão que 
		viesse ou que vier a ser tomada em definitivo sobre a ida ou não de uma 
		Força Internacional de Estabilização para a Guiné-Bissau.
 
 Na minha opinião, o Presidente da República falhou por não ter abordado 
		a questão com os partidos políticos e com a Sociedade Civil, mas 
		principalmente, por ter "legitimado" através do seu Conselheiro Soares 
		Sambu, a concordância das autoridades políticas e militares da 
		Guiné-Bissau com o princípio da ida de uma força de estabilização para a 
		Guiné-Bissau.
 
 O Conselho de Defesa Nacional, na comunicação à imprensa, feita pelo 
		Conselheiro Presidencial Soares Sambu, deveria ser claro (não foi), na 
		distinção entre:
 
 1 - A concordância que se impunha para a receptividade/disponibilidade 
		da análise e avaliação à solicitação/sugestão da Comunidade 
		Internacional, o que equivaleria dizer que, estaria tudo em aberto e 
		teriam que ser seguidos todos os procedimentos legais e constitucionais 
		para a tomada de qualquer decisão sobre o assunto;
 
 2 - A concordância imediata (sem suportes legais e constitucionais) do 
		princípio da ida de uma Força Multinacional para a Guiné-Bissau, como se 
		de um dado adquirido se tratasse, quando na verdade, não compete ao 
		Conselho de Defesa Nacional decidir sobre a matéria.
 
 De pronto e reagindo ao que tomaram conhecimento (apenas) através da 
		Comunicação Social, alguns partidos políticos reagiram negativamente a 
		uma eventual ida de uma Força Multinacional à Guiné-Bissau, reacção que 
		considero normal, pois não foram tidos em consideração pelo Presidente 
		da República que deveria, primeiro, reunir todas as entidades com peso 
		político, militar e social do país, ouvir todas as sensibilidades e só 
		depois dar a conhecer publicamente a questão, não se perdendo nada se 
		fosse através de um discurso à Nação, para que o povo soubesse também e 
		pela boca do Presidente da República, pormenores de uma abordagem tão 
		complexa e delicada.
 
 Por via de inúmeras insinuações que se começaram a fazer no país sobre a 
		questão da Força Multinacional, a 06 de Agosto, o Presidente da 
		República delegou no seu Porta-Voz oficial, Agnelo Regalla, a missão de 
		esclarecer que: "o que está em causa é uma missão de estabilização e não 
		uma força militar."
 
 Esclarecimento demonstrativo da falha do Presidente da República quando 
		delegou o Conselheiro Presidencial Soares Sambu a comunicação da reunião 
		do Conselho de Defesa Nacional, sem antes auscultar partidos políticos e 
		Sociedade Civil, por exemplo.
 
 Desde então, tem havido uma série de contradições sobre a Força ou 
		Missão em si e sobre quem está realmente a coordenar o processo da ida 
		ou não dessa Força/Missão para a Guiné-Bissau, sendo que começa a ser 
		notório 2 campos de interesses distintos na matéria: A Presidência da 
		República, que inicialmente avançou com a questão e, o Governo, que 
		depois de um primeiro posicionamento na linha do posicionamento do 
		Presidente da República, tem hoje outra visão, posicionamento e 
		estratégia sobre o assunto, mas por interesses óbvios, que nada têm a 
		ver com interesses da Guiné-Bissau!
   Portugal, 26 de Setembro de 2010
 Brevemente o 2º capítulo
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