Serve para quase tudo: para honrar, desonrarar
os planetas, as putas, os homens.
Como uma alma disforme, já foi visto
esmagado sob o cu de uma duquesa
sentada num canapé, distante
e distraída. Como a luz, também pode
ser uma figura de retórica.
Levou tiros, rolou
no pó dos pátios, entrou
brutal nas sinagogas; e é sempre um elemento
combinado, composto
de círculos e recordações. Às vezes
tira-se o chapéu se a carteira não presta.
Nunca se concluiu
se verdadeiramente foge às responsabilidades:
contudo
é animal capaz para o deserto
de baixo ou de cima
livre na velha terra dos dicionários
ou dos cactos. Raramente é tão-só uma ilusão
ou miragem.
Se nos cai da cabeça
por mera distracção
ou golpe de vento
há sempre alguém que o pise ou o apanhe
- o chapéu
é que já
não é o mesmo
porque entretanto aprendeu muito
sobre como se comportar em sociedade
ou na rua.
É muito raro ficar
na cabeça dos mortos
ao contrário da camisa
que é de uso obrigatório. Rola sempre
para o lado da aurora
aos arrancos ou com grande doçura
como uma estrela
pendurada
num cabide. |