REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


Nova Série | 2010 | Número 07

 

Ah, se può lieto  rendervi, gioia è la vita a me
Rigoletto

 

     Falar de Armando de Almeida Fernandes é-me ainda penoso, embora não seja capaz de calar as minhas palavras sobre ele, a qualquer propósito, em família e com os meus amigos.

     Tendo meu pai falecido a 20 de Fevereiro de 2002, não houve, desde então, dia algum, em que o meu quotidiano o esquecesse, diria, em que eu não me sentisse parte do meu Pai, e ele de mim. Hoje vivo o meu Pai com muita saudade, feita de lágrimas, embora, mas também com uma outra saudade que me leva a sorrir. Tudo quanto me rodeia é uma representação física e emocional do meu Pai, desde um livro à música, até ao simples sabugueiro florido: as imagens mentais não são apenas visuais; passam pelos sons, pelos odores, pelos sabores, pela mudança das estações, pelo passar das horas do dia. Assim, a minha alma se deixa enlevar por essa figura de meu Pai, certamente única, porque o foi e é, sem sequer ter de ceder à chamada da voz do sangue.

 

 
DIREÇÃO  
Maria Estela Guedes  
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FLÁVIA DE ALMEIDA FERNANDES

Armando de Almeida Fernandes:

O Investigador em Família

 

Conferência proferida na Academia Portuguesa da História, em Lisboa, no Colóquio aí organizado, a 20 de Novembro de 2009, sob o tema «A. de Almeida Fernandes».

   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   

      É-me, por outro lado, natural falar do Pai. E é-o, porque não sendo ele uma pessoa vulgar, eu o conhecia melhor do que ninguém: pai e filha não têm dois corações. Gostávamos das mesmas coisas, interessávamo-nos pelos assuntos muito próximos - o que líamos, a música, a natureza: árvores do bosque, flores, melros chasqueando nos seus voos rasteiros, o primeiro rouxinol cantando nos salgueiros que pendiam sobre o lago. Coisas simples e ternas, alheias ao mal, que nos aproximavam do divino, e apaziguavam a agrura dos constrangimentos, que nos batem à porta e entram sem que sejam convidados, e assombram as vidas das pessoas dentro de si próprias. 

     Ouvia-lhe, deslumbrada, histórias sobre os meus avós, bisavós, meus tios e tias, e pressentia-lhe a saudade; sobre si próprio, ainda muito novo, deitado no chão de um dos salões da “casa de cima», lendo, em voz alta à “preguiçosa” irmã Helena, aqueles calhamaços que eram os romances do séc. XIX. Mas também o Antigo Testamento ou o Ano Cristão. Tenho em meu poder duas versões hagiográficas deste último, que o Pai relia, dia a dia, ao fim das tardes: e foram elas a base dos seus hábitos meditativos, durante toda a sua vida desde muito pequeno. Na convivência, meu Pai como que sempre prometia uma outra VIDA. Não que vivesse desligado deste mundo, mas os dias em família eram de bem-estar, mas também de paz e desconforto interior. Talvez por isso a família se transformou no centro do mundo para todos nós, mas, especialmente, para o Pai, que recusou outros caminhos, incluindo o da Sorbonne. 

     Verdade é que, desde menina, cirandava à sua volta. Fazia comentários, colocava questões:

     -“Que giestas tão altas!”

     -“Arbóreas, minha filha…” – e explicava o significado do desconhecido adjectivo que acabara de enriquecer o meu vocabulário de criança, durante um qualquer passeio pela vereda, lá, no Senhor dos Vales. 

     Foi por esses lados que me foram apontados os Paços de Lalim, para além do rio Barosela, onde se isolara esse D. Pedro, filho de D. Dinis. Recordo as palavras de meu pai, contando que lá morara também uma sua tia e tivera ele oportunidade de ver ainda o “alpendre” referido no testamento de D. Teresa Anes, em 1354. 

     Era muito frequente que o afastamento de algumas horas me levasse a interromper-lhe o seu trabalho. Ouvia-me e, se fosse o caso, dizia: -“E se agora fosses à tua vidinha, se não ainda se me varre esta ideia da cabeça…”. Ou perguntava eu o que era o senso comum. O seu sorriso balouçava entre o doce e o maroto: -“Olha, é uma coisa que tu não tens!”. Não pressentia eu, dali, grande elogio, afastava-me resmungando e, a meio caminho da porta, ouvia chamar-me, e lá vinha a explicação. O sorriso doce e maroto acompanhava o seu abraço. 

     Também meu Pai cirandava à minha volta, sobretudo quando queria partilhar comigo algo que lhe agradava ou quando precisava de desabafar:   –“Anda cá ver uma coisa!” ou –“boa piada esta!” – ouvia eu dele. A “coisa” ou a “boa piada esta” tanto podia referir-se à forma intermédia da evolução de um topónimo, que quase desistira de encontrar, como à descoberta de um ninho de melros nas glicínias que cultivara, ou na enorme hera, que também havia plantado, esse ninho, mesmo por cima do lugar onde apanhava Sol e dormia uma soneca. Ou podia, igualmente, referir-se às toutinegras que se inclinavam do beiral, aguardando, pacientemente, que se lhes permitisse o aconchego da pernoita.

     Depois do almoço, ou do lanche, a casa inundava-se de música: chegava à minha saleta de trabalho, derramando acordes, tomando posse do meu sentir. Hoje, embora num apartamento, a música também se derrama e se apodera de mim: -“Onde está Pai?” Um dia quero ir ter com ele, seja qual for a forma de vida, mas certamente que será calma, doce e leal. Afinal, gosto muito de ser ainda parte do meu Pai. E quem dera que hoje pudesse, como acontecia, acalmar o seu íntimo nas situações de angústia, que a sentia; nas suas desilusões, porque as teve; na sua dualidade, que também existia. 

     Entrar na essência do ser humano é pretensão arriscada. No entanto, tudo quanto vivemos e partilhámos dá-me justificação para a ousadia de pretender traçar um esboço de personalidade de meu Pai, partindo, desde logo, do princípio de que quanto possa dizer se interliga e condiciona entre si.

     Primeiro, e antes do mais, a sua disciplina de vida, marcada por tempos que cumpria sem uma palavra de contrariedade ou de esforço: a família, a investigação, o lazer, a meditação e a oração. No entanto, em nada esta disciplina se tornava pesada ou desagradável. Não havia medo ou imposição em família e a presença era bem vinda. Sempre admirei este equilíbrio.

     Em segundo lugar, a sua formação moral, um acervo de princípios, convicções e dúvidas: a sua fidelidade aos princípios da moral católica; a procura da verdade versus a compulsão das dúvidas; o reconhecimento da existência do bem e do mal dentro de si próprio; os princípios e os dogmas da religião versus espírito científico.

     Por último, os seus princípios como investigador, que se revelam como objectivação e prática dos valores morais: a recusa à fuga das dificuldades; a procura rigorosa e minuciosa de soluções para os problemas vários da construção histórica; a fidelidade às fontes documentais como base das suas deduções e propostas; o recurso às ciências auxiliares da história e, nestas, à Filologia; a liberdade na investigação, sem obediência e constrangimentos externos, de qualquer natureza; a honestidade intelectual. 

       Creio que nada de essencial me terá escapado, nestas três vertentes, digamos, da descrição do Pai, e não tenho qualquer dúvida de que a sua formação moral católica o influenciou na forma como viveu e como investigou.  

     É a sua obra poética que melhor reflecte quanto lhe é penoso conciliar a sua condição humana e a Fé. Diz-se: “Qual fruto deste mundo verminoso /na fé um fraco dúbio”. Teme: “arder no mal, ou nele ser operoso”.

     Suplica “Ensina-me a viver dos desenganos, / ajuda-me a morrer livre de enganos, / resguarda, pois […] a minha alma / tem de mim cuidado na ingente luta, / contra males e danos!”. 

     A acalmia e a esperança ocorrem raramente: “eu sei, porém, que vela o meu repouso. / Senti aceite o que a minha alma pensa!”.

     É o cientista que embate nas barreiras do inexplicável e do desconhecido: faltam-lhe os documentos, a Onomástica, a Filologia, a Linguística, a Fonética, a Semântica, a Semiologia, a Geografia, a Matemática…

     Contudo, não enjeita prosseguir: reconhece-se, teme, suplica, aproveita os poucos sinais de esperança e segue: não deixa de amar a sua família, não renega a investigação, quer continuar a viver: tem a família que ama e o ama, o acompanha… 

     Como historiador, tem os seus adjuvantes, e as barreiras vão sendo destruídas, através de um trabalho árduo e rigoroso, abrindo caminhos: “Não é onde as sombras se adensam que tem de ser-se ousado, para se procurar o que escondem?” – pergunta. Mesmo que se engane! Então, denuncia o erro. São muitas as referências à problemática da construção histórica: “Trata-se de uma substituição, que, sem dever ser definitiva, coisa que, em História, não pode existir, é também emenda, e ainda solução até um novo fazer-se luz. Parta esta de mim ou de outro”. “A verdade histórica é uma verdade moral: o historiador não presenciou os factos e tem de fazer fé nos documentos”; “Atento o envelhecimento da construção histórica, não surpreende que algum dos meus pareceres haja sofrido alteração”. “O que faço são propostas”. 

     Confessar erróneas as suas conclusões é acto que lhe não repugna: “É possível que Egas Moniz só tivesse sido tenente de Lamego após os acontecimentos de 1127-1128, ao contrário da nossa antiga opinião”.  E mais implacavelmente: “As aleivosias que proferi a esse respeito…” 

     O melhor exemplo a referir é o de um livro, ainda inédito, sobre Egas Moniz, em  cujas últimas páginas foi anotando, dia após dia, ano após ano, destinou a emendas, ponto por ponto, do que havia dito na obra D. Egas Moniz de Ribadouro, na sua juventude (27/28 anos). Igual crítica é feita num dos mais recentes: Portugal Primitivo Medievo. 

     Meu Pai teve a seu favor, além de profundo conhecimento das fontes, o domínio da língua portuguesa e a enorme facilidade de expressão. O profundo conhecimento do Latim facilitou o seu labor. Refira-se, por graça, que o não aprendeu num seminário, como já ouvi por aí. Num seminário esteve cinco dias, quando se zangou com a minha Mãe: regressou a casa, os pés enregelados pelo frio que lá rapara, e não lhe ficou vontade de repetir a dose – passe o vernáculo da palavra. 

     A alta Idade Média pré-nacional fascinava o investigador, pelo gosto da descoberta, por um espírito de missão, vindo do recôndito da sua alma de Cristão, que não fugia às dificuldades e sentia seu dever pôr a render talentos e semear em terreno propício. Estampam-se nos seus estudos e na sua vida a parábola dos talentos e a do semeador. 

     Fora iniciado pelo meu Avô, amigo de Leite de Vasconcelos e do Abade Moreira, amante do greco-romano, que lhe proporcionou aulas de Latim, Inglês e Música. O conhecimento do Latim veio a calhar para a interpretação dos documentos. Daqui à sua paixão pela Etimologia foi um passo. À Toponímia considerava-a o “documento dos documentos” e dela se socorreu, como aconteceu com o topónimo Santar que lhe permitiu datar o foral de Zurara (1109, cf. Viseu, Agosto de 1109 – Nasce D. Afonso Henriques). 

     O conhecimento do Alemão igualmente o ajudou na toponímia de origem germânica. A propósito do pré-romano, lembro um comentário meu sobre a lavandisca que debicava, alegremente inquieta, perto dos charcos deixados pela chuva. Meu pai inquiriu se eu sabia a origem do nome. E, com a sua natural propendência para informar no momento oportuno, esclareceu que o radical pré-romano lav- dizia respeito a água. 

     Fascinava-o também mergulhar nas famílias alti-mediévicas, com toda aquela confusão de nomes, o que já me exigiu especial esforço de concentração para não sentir a cérebro imobilizado e gasto. Confrontado com as minhas dúvidas sobre se a aproximação da escrita dos nomes não resultaria da habitual irregularidade característica da escrita na Idade Média, explicava que a cronologia tirava dúvidas bem como os casamentos e outros actos. E avisava textualmente: -“Não corrijas nada sem me avisares. Não faças como o tipógrafo de Braga que até já me corrige o Latim”. 

     De passagem, poderei também relembrar como, sempre que se fala em Egas Moniz, este nome é imediatamente identificado com o Aio de Afonso Henriques, quando, cronologicamente, existem outros, o que levou a grandes confusões e a más interpretações. Se historiadores houve, seus contemporâneos, que não tiveram a isenção de se corrigirem a si próprios, alguém houve que seguiu, deliberadamente, a experiência do Pai; refiro-me ao Prof. Paulo Merêa, que o refere nos seus próprios livros e a quem, apesar disso, meu Pai considerou seu Mestre. 

     O seu gosto e a sua ânsia de liberdade e independência, tudo exigindo de si próprio, constituem uma lição de vida, de imensurável dignidade e elevação. Seguramente, por esta razão, teve tudo de mim – e falo por mim como poderia falar pelo meu irmão ou pelo meu filho. Teve de mim proximidade, atenção e reverência; consolo, carinho e encorajamento. E mimo, porque bem o mereceu, em recompensa por vir tocar banjo para os pés da minha cama e exclamar: - “A minha filha! Sã como um pêro!”. 

     Soam agora algumas palavras de D. José Pedreira, bispo de Viana, no seu elogio fúnebre: - “Era um homem de silêncios cheios!”, explicando que, nesses silêncios, não havia vazios: através deles, os “silêncios cheios”, levava a cabo todo um processo de reedificação de que havia construído em si próprio, como homem e como investigador, num contínuo e árduo labor de avaliação moral e intelectual. 

     O seu apego à Família determinou a sua opção de vida. Soube amar a minha Mãe, Senhora de uma enorme elevação, que o amou desmedidamente. Educou dois filhos e um neto, nos parâmetros da honestidade e do respeito pela liberdade. A este propósito, relembro que, estando o meu filho, João, no seu escritório, brincando, entretidíssimo com os seus brinquedos, eu cheguei e interrompi as suas brincadeiras. Meu Pai, como quem não quer a coisa, aconselhou-me a não interromper quando o Neto estivesse entregue ao que lhe interessava: “Caso contrário, não aprenderá a ser um homem livre”. E, um outro dia, em que fui mais ríspida na admoestação pediu: -“Não humilhes o pequenino. Lembra-te que ele tem uma alminha!”. 

     Pergunto a mim própria como é possível recordar os tempos do fim da vida de meus Pais, em especial de meu Pai, porque a minha Mãe já havia partido, como dos tempos mais gratificantes para mim, embora o medo, embora o fim. Existe, dentro da dor, uma alegria, como tão bem resumiu António Lobo Antunes, em entrevista recente na televisão. 

     Nada de quanto se disse sobre o meu Pai define melhor a sua natureza do que as suas próprias palavras, a mim dedicadas, no seu livro Território e Política Portugalenses – sécs. VI-XII: “Minha Filha […] quantas não foram já as vezes que, um tanto scherzosamente, como é teu jeito, me disseste que, ao publicar um livro, nunca te lembrei? […] Eis o livro que te dedico […] Nele, enquanto ele durar, ficarás inscrita para este mundo, como o estás no meu coração para este e o de Além. De resto, pai e filha não temos dois corações, mas um […] Eu devo-te esta dedicatória porque sei mais do teu íntimo […] (e) dirás, no teu silêncio interior, como a amável heroína de Piave a seu pai: ‘Ah, se può lieto rendervi, / gioia è la può vita a me’. Mas o coração é único e eu sinto-te; e tu, pois, sentirás que teu pai, também no seu íntimo silêncio, te responde que … ‘a te d’ appresso / trova sol gioia il cor opresso’. Tenho responsabilidade em ti. Tem-na em mim. Com a graça de Deus, não nos atraiçoaremos”. 

     Estas palavras são a fatia mais querida da minha herança. Mas como me envolve e exige de mim! Não estou segura de a merecer. E como pô-la a render? Contudo, o Pai sabia o alcance destas palavras. Sabia que eu as sentiria como um testamento, uma última vontade que tenho o dever de cumprir e de passar ao meu Filho e à minha Neta. Ouvirei meu Pai, respondendo-me “a te d’appresso, trova sol gioia il core oppresso? ” 

     A Academia Portuguesa da História, na pessoa da sua Presidente, Senhora Prof. Doutora Manuela Mendonça, sabe quanto lhe estou grata pela iniciativa deste Colóquio, da forma tão agradável e amiga e, sobretudo, tão isenta, neste tempo em que paira a triste perversão de valores e até se aproveita, em benefício próprio e resultado de uma vida de trabalho dedicado a conhecimento da história pátria. Bem-haja uma vez mais. Peço à senhora Professora que transmita ao Senhor Professor Doutor Joaquim Veríssimo Serrão os meus votos de rápidas melhoras. Ele sabe o respeito que me merece, igual àquele que meu Pai por ele sentia. 

     Senhor Prof. Doutor Aires do Nascimento, muito obrigada pela sua amizade e pelos sacrifícios que faz como prestigiante elemento do júri do Prémio A. de Almeida Fernandes. 

     Senhora Prof.ª Doutora Maria Alegria Fernandes Marques, minha muito querida amiga, sempre tão sensível que até arranja modo de ocupar as férias com a análise dos trabalhos presentes ao Prémio A. de Almeida Fernandes. 

     Senhor Dr. Francisco Peixoto, Presidente do Conselho de Administração da Fundação Mariana Seixas, meu querido amigo. Preciso da sua ajuda e ofereço-lhe a minha. Obrigada por ter instituído o Prémio A. de Almeida Fernandes. 

     Senhor Secretário do Prémio A. de Almeida Fernandes, António José Coelho, obrigada por todo o trabalho que tem tido todos estes anos, em especial na época da preparação da entrega do Prémio.  

     A todos os Senhores Participantes neste Colóquio, os meus mais sinceros agradecimentos pela presença e colaboração, sem dúvida muito importantes como forma de perpetuar o nome e a obra de meu Pai. 

     João Luís, bem hajas pela tua dedicação a tudo quanto envolver o nome e a obra do teu Sogro. São muitas horas de trabalho diário. Peço-te que abrandes um pouco, e sigas o exemplo do teu Sogro: investiga e escreve, mas ouve música, lê, passeia e dorme umas sonecas antes de reiniciares o teu labor. 

     Senhoras e senhores Convidados, muito obrigada por estarem presentes.

 

 

A de Almeida Fernandes no TriploV

 

 

© Maria Estela Guedes
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