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REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências
Nova Série | 2010 | Número 07
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Era um trajeto ao qual se acostumara nos
últimos anos. Podia ouvir nitidamente o canto dos pássaros, o som das
ondas de encontro às rochas, ao mesmo tempo que se inebriava com o aroma
das flores.
No entanto, naquela manhã, sentiu algo
diferente no ar. Passos a seguiam. Quem seria, em pleno amanhecer de
uma segunda-feira qualquer? Subitamente, ouviu uma voz masculina que, a
princípio, não conseguia identificar :
- Helena...
Ela seguiu, sem responder nada. Não queria
interrupções em sua rotina. A mão que firmemente segurou seu
braço causou-lhe arrepios.
- Por que não me olha, Helena? Há quantos anos
anos não nos vemos! Por que fugiu, sem nada dizer? Responda...
Havia ansiedade naquela voz. Helena percebeu que
era Marcelo, pois jamais esqueceria aquele perfume de fragrâncias amadeiradas. Ele
fora o grande amor de sua vida, mas temendo enfrentar a situação,
apressava os passos. Nunca lhe dissera o motivo pelo qual o
abandonara, preferindo que Marcelo ficasse com a sensação do
desamor. Não tinha a mínima ideia de como ele a encontrara, mas sabia
que, daquele momento em diante, buscaria outros rumos para que
continuasse a viver em paz consigo mesma. |
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DIREÇÃO |
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Maria Estela Guedes |
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BELVEDERE BRUNO
Pássaros, ondas e flores
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Belvedere Bruno |
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Como doera saber que nunca mais voltaria
a fitar seus olhos! E, mesmo agora, como queria de volta
possibilidades tão ricas que lhes foram subtraídas! Muitas vezes
sentira vontade de acabar com a vida, inconformada com a
sentença daquela eterna escuridão.
Refletindo sobre os acontecimentos dos últimos
anos, sabia que não poderia permanecer, mesmo que isso significasse a
volta daquele vazio com o qual convivia no seu dia a dia: um descomunal
e contínuo esforço mental para que não perdesse na memória os rostos
amados, as nuances do céu, do mar, das flores tão plenas de vida.
- Helena, sei de tudo o que lhe aconteceu. Nada
teria mudado para nós! A vida se transforma constantemente, e a nós cabe
a adaptação a essas mudanças. De agora em diante, não pense mais em
fugas ou separações. Vamos viver a vida tal qual ela se apresenta.
Ela balança a cabeça negativamente, faz menção
de prosseguir, mas a voz dele é amorosa e convincente. Helena começa
a afagar o rosto do amado e, com os dedos, busca capturar sua
expressão, como se tentasse resgatar aquele passado distante, cujo
roteiro mudara drasticamente. Abraçam-se e o amor parece
transbordar, excluindo quaisquer barreiras.
A partir de agora, ambos buscam um
só caminho. Helena visualiza mentalmente um céu azul, os raios de sol
e exclama, feliz:
- Que lindo dia! E, abraçados, sorriem,
confiantes nas cores infinitas que habitarão para sempre o universo
interior de Helena. |
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Belvedere Bruno
(Brasil, Niterói/RJ).
Cedo despertou para as letras,
graças ao incentivo do pai, que sempre presenteou os filhos com
livros. Atualmente, dedica-se às prosas, gênero onde mais se
identifica. Tem várias antologias publicadas, como diVersos -
Scortecci, @teneu.poesi@ - Scortecci, Com licença da palavra -
Scortecci, O Conto Brasileiro hoje - Volumes VIII, Volume X e Volume
XII - RG Editores. Tem publicações em diversos jornais da
cidade, assim como em outros estados, e mesmo no exterior. Vinho
Branco, safra especial de contos e crônicas, seu voo solo, será
lançado em maiode 2010.
http://www.belvederebruno.prosaeverso.net/
E-mail:
belbruno@predialnet.com.br |
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© Maria Estela Guedes
estela@triplov.com
Rua Direita, 131
5100-344 Britiande
PORTUGAL |
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