A 29 de outubro, irrompeu a vida no seio de um oceano
primevo. A 21 de dezembro, surgiram os peixes.
A 28 de dezembro às 8.00 horas, vieram os mamíferos.
A 28 de dezembro às 18,00 horas, voaram os pássaros. A
31 de dezembro às 17.00 horas nasceram nossos antepassados pre-humanos,
os antropóides.
A 31 de dezembro às 22.00 horas entra em cena o ser
humano primitivo, o australo-piteco. A 31 de dezembro
às 23 horas, 58 minutos e 10 segundos surgiu o ser humano de hoje
chamado de sapiens sapiens, portador de consciência reflexa.
A 31 de dezembro às 23.00 horas, 59 minutos e 6 segundos nasceu Jesus
Cristo, figura central do cristianismo e para os cristãos o salvador do
mundo. A 31 de dezembro às 23.00 horas 59 minutos e
59,02 segundos Pedro Alvares Cabral chegou ao Brasil.
A 31 de dezembro às 23.00 hors e 59 minutos e 59,03 segundos a Europa
começou a ser uma sociedade industrial e a expandir seu poder,
explorando o mundo e criando o atual fosso entre ricos e pobres.
A 31 de dezembro às 23 horas, 59 minutos e 59,54 segundos, se fez a
Independência do Brasil. A 31 de dezembro às 23 horas,
59 minutos e 59,56 segundos (a partir de 1950) o ritmo da exploração e
devastação ecológica se acelerou dramaticamente. A 31
de dezembro, às 23 horas, 59 minutos e 59,58 segundos Lula foi eleito
Presidente, um operário no poder. Pouco depois se constatou o perigoso
aquecimento global que pode ameaçar o futuro da civilização.
A 31 de dezembro às 23 horas, 59 minutos e 59,59 segundos viemos nós ao
mundo.
O sentido desta leitura é desbancar o antropocentrismo, quer dizer,
aquela visão que empresta valor intrínseco somente ao ser humano e tudo
o mais é colocado a seu serviço. A história do universo mostra que não é
bem assim. Ele é um dos últimos seres a surgir e se insere no movimento
geral do cosmos. Mas possui uma singularidade: só ele sabe
conscientemente desta história e seu lugar no tempo. E se sente
responsável pelo curso bom ou desastroso da Terra.
O tempo humano é mais curto que um leve suspiro de criança. Mesmo assim
surge em nós um sentimento de gratidão para com o universo que organizou
todas as coisas de tal forma que nós pudéssemos agora estar aqui para
pensar e se admirar estas maravilhas, cheios de respeito e de
reverência.
E não estamos sozinhos. O universo nos deu tantos companheiros e
companheiras que são as estrelas, os animais, as plantas, os pássaros e
os seres humanos, todos formados pelos mesmos elementos cósmicos. Somos
um grande Todo.
Esse Todo terrestre não pode acabar miseravelmente pela nossa
irresponsabilidade. Vamos superar a crise e continuar a viver e a
brilhar, pois nosso berço está nas estrelas. |