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- Tem
meias? Masculinas?
Seu
Cícero, do
alto dos
seus cinqüenta e
cinco
anos e
absolutamente convicto do
seu
charme latin lover, sorriu,
fez uma ligeira
vênia e cravou os
olhos
em Dalva.
- Mas
só
meias?
Um
par de
meias
não...
- Não
tenho ninguém
que mereça
mais.
- Não?
Dalva olhou Seu
Cícero
durante
alguns
instantes e sorriu.
- Ainda
não.
Seu
Cícero fez
questão de
atender Dalva
pessoalmente e caprichou no
embrulho de
presente.
- Por
conta da
casa.
- Presente?
Muito
obrigada. O
senhor é
muito
gentil.
- Ora,
ora,
que
gentileza...
- Gentileza
é sempre
gentileza.
Dalva coloca o embrulho
dentro da
bolsa, sorri e
olha
Seu
Cícero
bem
nos
olhos.
- E eu
adoro gentilezas.
Á tarde,
na saída do
salão,
não olhou a
vitrine
nem
Seu
Cícero, parado na
porta, esperando. Dalva
tinha vinte e
sete
anos e
desde os treze sabia o
que eram
homens.
Primeiro, o
pai,
ainda morando no
bairro
Gorduras e
depois
Seu
Melgaço, Dalva cospe
sempre no
chão
quando lembra,
um
desgraçado dum
português,
um
filho da puta
que
já
era
amante da
mãe e a meteu num
quarto de uma
cabeça-de-porco na
rua Paquequer, na Lagoinha.
Depois, foi
rolar de
cama
em
cama
até
fazer a
primeira
unha no Savassi’s
Cabeleireiro’s.
Por
isso,
só
quando soube
que o
Edifício Le Trianon, duas
quadras
abaixo do
salão,
tinha sido
entregue aos moradores é
que Dalva aceitou o
convite de
Seu
Cícero,
apesar dos
telefonemas e dos
presentes
diários,
sempre devolvidos. Jantaram
no Emporium, no alto
da av. Afonso Pena,
mas
ainda
não eram
dez
horas,
já Dalva estava
em
casa,
Seu
Cícero xingando
Deus e o
mundo e
quase batendo o
carro no
cruzamento da av. do
Contorno.
- Ela
pensa
que é o
quê?
Virgem de
primeira
comunhão, puta
que pariu?
Na manhã
seguinte,
calça de
jeans
branco,
justa,
blusa de
seda
vermelha,
bem produzida e maquiada,
Dalva entrou na Itabirana Modas.
Seu
Cícero correu
para atendê-la. Dalva
nem
sequer o olhou e chamou uma
vendedora da seção
de lingerie.
Seu
Cícero bateu a
porta e estraçalhou
dois
cigarros no
banheiro.
Filha da puta. Ô
grande
filha de uma puta.
Mas a
pagadoria
zoológica fincou
pé e deu
águia na
cabeça. Duas
semanas
depois Dalva assinava o
contrato de
compra e
venda,
Seu
Cícero
como
fiador e
principal
pagador, de
um
apartamento de
sala,
dois
quartos,
dependências completas e
vaga na
garagem, no
sétimo
andar do
Edifício Le Trianon. Na
semana
seguinte, o
apartamento
limpo, mobiliado e
decorado, Dalva fez a mudança,
Seu
Cícero desmilingüindo de
madrugada de
tanto
que Dalva o fez
gozar.
- Dalva. Ô, Dalva.
Dalva fecha
o chuveiro e
passa as
mãos
pelo
corpo, escorrendo as
gotas de
água.
- Tou indo.
Seu
Cícero
fecha a
porta, senta-se no
sofá e
olha a
sala. Puta merda, custou-me
os olhos da
cara,
mas
vale a
pena. Sorri. Ah,
vale. Levanta-se,
pega uma
garrafa de
uísque e serve uma
dose
caubói.
Olha o
rótulo, Glenlivet
Puro
Malte 12
Anos, Dalva é
gente
fina, tem
sempre o
que é do
bom e do
melhor, senta-se no
sofá, coloca a
garrafa no
chão, bebe
um
gole,
bota os
pés
em
cima da
mesa de
centro e acende
um
cigarro.
Puxa uma
tragada,
sopra o
fumo
com
força,
satisfeito, e
olha os
sapatos
em
cima do
tampo de
vidro.
Por
quê
que
eu
não posso
fazer
isto na
porra da
minha
casa, puta
que pariu?
Magnólia é uma merda.
Estes
móveis
são de
pau-marfim,
são
móveis
caros,
Cícero.
Seu
Cícero recosta-se no
sofá, bebe
outro
gole e
puxa
outra
tragada. Puta
que pariu o
pau, o
marfim, a careza e o
diabo
que a carregue. Bebe o
resto do
uísque, serve
outra
dose, afunda o
corpo no
sofá e
volta a
colocar os
pés
em
cima da
mesa.
Mulher da
gente é uma merda.
Cícero,
tira os
pés de
cima da
mesa,
olha
que estragas o
verniz.
Cícero,
não sujes o
tapete.
Cícero...
Cícero, a
porra,
Magnólia é uma merda, puta
que pariu.
Só
limpeza,
arrumação e ai, ai,
tudo
menos o
que deve
ser. Dalva entra na
sala, sorrindo,
envolta num
lençol de
banho e pára na
frente de
Seu
Cícero.
- Pronto.
Cansado?
Seu
Cícero
não tem
nem
tempo de
responder. O
lençol de
banho
escorrega e Dalva fica nua
na frente dele.
Seu
Cícero
respira
fundo,
com
força,
puxa Dalva e afunda a
cara
entre as
coxas dela, sentindo a
mornez da pele e o
perfume
que sai dos pentelhos
perfumados e ainda
umedecidos. Dalva passa
as mãos na
cabeça de
Seu
Cícero, os
dedos amaciando os
cabelos
já
ralos.
- Tá cansado?
Dalva baixa-se e beija
a testa de
Seu
Cícero.
-Hem?
Seu
Cícero recosta-se no
sofá, Dalva tira-lhe o
copo de
uísque da
mão e senta-se no
colo dele.
- Hoje
tenho que
dormir
em
casa. A
mais
velha faz
anos e...
Seu
Cícero cala-se, a
língua de Dalva deslizando
e arrepiando a pele
do pescoço. Dalva
mete uma mão
entre as
coxas,
aperta o
pau
duro e sorri.
Amanhã
boto
um
carro na
garagem. Ah,
boto.
Puxa a
cabeça de
Seu
Cícero
contra os
seios, mete-lhe a
ponta da
língua na
orelha e
começa abrindo o
zíper das
calças.
O relógio
de pêndulo da
sala acaba de
bater
dez badaladas.
Televisão
desligada,
luzes apagadas,
tudo é
silêncio e
penumbra e no
apartamento de Dalva.
Apenas,
vinda do
quarto, se
escuta a
respiração
ofegante de
Seu
Cícero,
deitado de
pernas e
braços
abertos, a
língua de Dalva escorrendo
pelo
corpo.
Porque é
que
Magnólia
nunca fez
isto, hã?
Mulher da
gente é uma merda
mesmo. Dalva chupa e
mordisca um
mamilo,
Seu
Cícero estremece e
quase
grita, ai. Dalva levanta a
cabeça.
- Doeu?
Seu
Cícero
não responde. Dalva sorri e
continua lambendo e mordiscando. Seu
Cícero contorce o
corpo. Puta merda,
ah, puta que pariu.
Dalva arranha de leve
a pele umedecida, a
língua fuçando no
umbigo. E vai
ser uma Parati
com
ar-condicionado, verde-água,
ah, vai. Seu
Cícero geme e retesa
todos os
músculos
quando a
língua de Dalva desce
pela
barriga e o
pau entra na
boca. Puta
que pariu.
Magnólia é uma merda
mesmo.
- Cícero,
isso
eu
não faço.
- Ah, Magnólia,
só
um pouquinho. Uma
lambidinha só, vai.
- Já
disse que
não,
Cícero.
- Depois
eu faço
em
você, vai.
- Não
quero. É porcaria.
- Então
deixa
que
eu faço
primeiro
em
você.
- Não
quero, já disse.
- Então
vira.
Vira.
- Que
é isso,
Cícero?
- Só
um pouquinho,
Magnólia.
Vira, vai.
- Você
ficou louco,
Cícero?
Eu sou a
sua
esposa.
- Só
a pontinha. Se doer
eu
tiro.
Juro.
- Cícero,
você devia
ter
vergonha.
Isso
são
porcarias
que
nenhum
marido faz
com a
esposa.
Seu
Cícero agarra a
cabeça de Dalva e aperta-a
contra as
coxas.
Mulher da
gente é uma merda
mesmo, puta
que pariu.
Isso. Faz. Faz. Vai. Vai.
Dalva levanta a cabeça.
- Amor.
Seu
Cícero
segura a
cabeça de Dalva e
tenta forçá-la a
continuar.
Porra,
logo
agora, puta merda? Dalva
acaricia-lhe o pau
duro,
devagar,
como se os
dedos fossem a
língua.
- Você
quer
mesmo
que
eu faça,
amor?
Seu
Cícero
tenta
forçar a
cabeça de Dalva. Puta
que o pariu.
- Hem,
amor?
- Faz. Faz. Faz, porra.
A voz
de Seu
Cícero parece
um
urro contido, de
tão
rouca e
profunda. Dalva
baixa a
cabeça e engole o
pau e
começa a
chupar e a
lamber.
Seu
Cícero retesa
todos os
músculos e geme.
Isso.
Assim. Faz.
Mais.
Mais.
Mais,
porra. Dalva pára de
chupar e
tira o
pau da
boca.
- Amor,
amanhã posso
ver uma Parati na
Savassicar?
Seu
Cícero está
quase gozando.
Não pára,
porra, faz.
- Hem,
amor?
Seu
Cícero crispa as
mãos na
cabeça de Dalva,
pronto
para
gozar.
- Pode, caralho. Pode.
Dalva engole o pau,
aperta o
saco
devagar,
Seu
Cícero retesa
todos os
músculos e a
primeira
golfada de
porra sai
junto
com o
grito, ah! |