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REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências
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Ana Luísa Janeira
Foto de José M. Rodrigues |
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FRANCISCO PROENÇA GARCIA[1]
O Regresso do Nuclear
e a Aliança Atlântica |
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EDITOR | TRIPLOV |
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ISSN 2182-147X |
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DIREÇÃO |
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Maria Estela Guedes |
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Índice de Autores |
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Nova
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Índice
Introdução
1)
Proliferação de Armas de Destruição Massiva e o Zero Nuclear. O
dilema actual.
a)
Da não proliferação ao Zero Nuclear.
b) O
Tratado de Não-Proliferação.
2)
As visões da Política Nuclear na Aliança.
a)
A política dos EUA.
b) A
política Britânica.
c)
A política Francesa.
d)
Outras perspectivas. |
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3) A
NATO e a Política Nuclear.
a) As
capacidades nucleares disponíveis para a Aliança.
b) O
Tratado de Não-Proliferação e a NATO.
c) O
Nuclear no novo Conceito Estratégico.
4) A
Defesa antimíssil na Aliança.
a)
A possível ameaça.
b)
O Active Layered Theatre Ballistic
Missile Defence.
c)
Defesa antimíssil Territorial.
d)
Cooperação com a Rússia.
e) A
defesa antí-míssil e o novo Conceito Estratégico.
5) O
Regresso da Dissuasão nuclear
Algumas
Conclusões.
Bibliografia e outras Fontes. |
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Introdução |
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Este ensaio surge na sequência de um convite do
Instituto Português de Relações Internacionais, para participar numa
conferência sobre a NATO, organizada em Lisboa em conjunto com o
Instituto de Estudos Superiores Militares. Questionei se podia sugerir o
tema e optei por abordar o “regresso” da política Nuclear e a Aliança
Atlântica. Esta opção deve-se ao facto de acompanhar diariamente, com
interesse, estes temas e sobretudo porque é um tema premente num altura
em que se procede à revisão do novo Conceito Estratégico a aprovar na
Cimeira de Novembro deste ano (2010) em Lisboa.
Além do mais, este tema reapareceu este ano nas
Agendas internacionais e isso deveu-se muito ao Presidente
norte-americano e à sua nova narrativa política procurando o
rejuvenescer da não-proliferação por um lado, e por outro, com
investimentos em sistemas capazes de mitigar as consequências da
proliferação, nomeadamente com a defesa antimíssil.
O texto foi organizado em cinco partes, todas
interrelacionadas. Na primeira parte, em jeito de enquadramento,
abordamos o dilema entre a Proliferação de Armas de Destruição Massiva e
o chamado Zero nuclear, para numa segunda parte descrevermos as
diferentes visões políticas no seio da Aliança no que a esta temática
diz respeito, procurando descrever, na terceira parte, a política
nuclear em vigor e prospectivar quanto ao futuro Conceito Estratégico. A
quarta parte é dedicada à defesa antimíssil e ao seu futuro papel no
quadro da NATO, findando com uma breve análise da actualidade da
Estratégia da dissuasão, também ela regressada ao debate estratégico.
Estamos conscientes de que, no momento da publicação
deste ensaio, o seu conteúdo já terá sido, entretanto, ultrapassado pela
dinâmica das negociações do novo Conceito Estratégico. De referir que as
fontes utilizadas neste texto são exclusivamente fontes abertas. |
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1. Proliferação de Armas de Destruição Massiva e o Zero Nuclear. O
dilema actual |
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O ambiente estratégico
contemporâneo, caracterizado pela sua complexidade, não linearidade,
imprevisibilidade, heterogeneidade, mutabilidade e dinamismo, apresenta
uma ampla série de ameças, riscos e perigos. Neste ambiente, a Aliança
considera como principais ameaças que terá de enfrentar durante os
próximos 10 a 15 anos, a proliferação de Armas
de Destruição Massiva (ADM) e o Terrorismo
nuclear[1].
Com o esboroar da URSS, emergiram as preocupações com
a possibilidade de que partes daquele imenso território pudessem
contribuir para a disseminação de ADM, dado que o controlo estratégico
rigoroso imposto até então estava esbatido. Neste período também
testemunhamos um incremento na proliferação nuclear em Estados
não-nucleares.
A ameaça colocada pela proliferação de ADM tem por
base fundamental a erosão e eventual colapso de todo o quadro normativo
do Tratado de Não-Proliferação de Armas Nucleares (NPT), surgindo
Estados que desenvolvem de forma ilegal, programas destas capacidades,
adquirem materiais e formam peritos, com a opção veiculada de
abandonarem o Tratado assim que estiverem em condições de criar uma arma[2],
como foi o caso típico da Coreia do Norte[3].
Esta situação cria uma alteração significativa na
segurança internacional. Aproximamo-nos, a passos largos, de uma
situação de não retorno, em que o desgaste do Tratado pode levar a um
efeito de cascata na proliferação, sendo os casos mais problemáticos
identificados no Médio-Oriente e no Golfo Pérsico, onde se prevê que se
o Irão adquirir esta capacidade, a Arábia Saudita e a Turquia lhe
seguirão as passadas.
A Comunidade Internacional deve preocupar-se com esta
situação, dado que na realidade há um incremento de actores estatais e
não-estatais que procuram construir/obter as suas próprias ADM. Estes
podem depois constituir-se em fontes de proliferação, ou seja, de venda
de material, de tecnologia e de conhecimentos, isto quer pela
incapacidade de controlo de fronteiras ou mesmo de algumas políticas
governamentais, assumindo particular relevo a ameaça que constitui a
possibilidade de grupos terroristas terem acesso a tecnologia nuclear e
poderem chantagear, destabilizar ou concretizar acções de terror.
Actualmente são cerca de 60 os países que desenvolvem
capacidades nucleares, e 40 possuem tecnologia industrial e
infra-estruturas científicas que lhes permitem, se essa for a opção, a
construção de armamento nuclear a breve prazo. Há um total de 27 países
que possuem diversos tipos de mísseis balísticos, tendo 14 deles
capacidade para produzir e exportar estes vectores de projecção. Hoje,
aos cinco Estados Nucleares (P5)[4]
podemos acrescentar mais quatro (não reconhecidos pelo NPT)[5]
perfazendo 9 os Estados identificados com arsenais nucleares[6],
de um total de 12 que têm programas de armamento nuclear.
Um outro perigo prende-se com a criação de stocks
elevados de material nuclear e radioactivo. Existem actualmente mais de
1370 toneladas de urânio enriquecido em reactores de investigação
espalhados por 27 países, mas o volume de urânio acumulado é muito
superior e o de plutónio totaliza em stocks militares 22 toneladas e em
stocks civis 248 toneladas[7],
estando algumas quantidades armazenadas em condições que oferecem pouca
segurança, tendo sido confirmados mais de 200 incidentes envolvendo
tráfico ilícito de material nuclear.
Para se ser um Poder nuclear credível, para além do
“saber fazer” e da capacidade de armazenagem, para Michael Ruhle[8]
são necessários vectores de lançamento apropriados, sendo os mísseis
considerados os melhores, e explica como é fáceis de ser obtidos. Deve
começar-se por designar o programa como space launch, podendo assim ser
apoiado legalmente por outros Estados, tal como a Rússia faz em relação
ao Irão. Para ter acesso aos desenhos de uma ogiva, pode adquirir-se no
mercado uma versão antiga aos chineses ou paquistaneses. Quanto aos
testes, ou se arrisca sozinho ou se partilham experiências com outros,
ou ainda, pede-se a um terceiro país para efectuar o teste, como a
África do Sul fez com Israel, e a China com o Paquistão.
Nesta delicada situação o factor humano, porque
extremamente vulnerável, desempenha um importante papel. Segundo um
artigo de Deborah Ball e Theodore Gerber[9],
publicado na conhecida International Security, dos 602 cientistas russos
que trabalham no sector, 20% expressou a sua disponibilidade em
trabalhar para Estados considerados proliferadores, como o Irão que,
lembramos, tem ligações estreitas com o Hizbullah, o que pode ser
tentador para que elementos da al-Qaeda procurem por esta via um acesso
clandestino à tecnologia nuclear.
Um outro exemplo surge com o Professor Abdul Qadeer
Khan, “pai” do programa nuclear Paquistanês, que criou o “(...) Walmart
of private sector proliferation (...)”[10].
Ao que tudo indica, Khan foi o grande responsável pela proliferação
Sul-Sul, tendo criado uma rede internacional clandestina relacionada com
a proliferação de tecnologia de armamento nuclear, do Paquistão para a
Líbia, Irão e Coreia do Norte. Este cientista teria pouco controlo sobre
os elementos da sua rede fora do Paquistão; além do mais, quer ele quer
os seus companheiros, ao terem acesso a esta sensível tecnologia, terão
ficado eminentemente motivados pelo lucro fácil.
Nestas circunstâncias, o risco de acesso por
elementos terroristas a tecnologia nuclear, quer através do furto ou
através de transferências ilícita, aumenta significativamente e, não
podemos deixar de ter em conta que a liderança da al-Qaeda tem tentado,
de forma sustentada, adquirir, furtar ou conceber uma ADM, tendo o
próprio Osama bin Ladem declarado ser um dever religioso para a defesa
dos muçulmanos, a aquisição da arma nuclear[11]. |
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a) Da não proliferação ao Zero Nuclear |
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O actual interesse no
desarmamento nuclear remonta ao ano de 2007. No mês de Janeiro, quatro
antigas personalidades políticas norte-americanas (Henry Kissinger,
William Perry, Sam Nunn and George Schultz), publicaram no Wall Street
Journal, um artigo intitulado A World free of Nuclear Weapons, artigo
que, vindo destas personalidades, rapidamente provocou uma ampla
discussão pública. Um ano depois, no mesmo mês de Janeiro, os autores
voltaram a publicar outro artigo no mesmo Jornal, desta vez com o título
Toward a Nuclear free World. Barack Obama, em Abril de 2009, em Praga,
retoma o tema com o seu discurso sobre a abolição global de armas
nucleares[12].
Mas é o ano de 2010 que se pode considerar como o ano
que marca o regresso do Nuclear às agendas internacionais. Neste ano,
durante o mês de Abril, os Estados Unidos da América apresentaram o seu
novo Nuclear Posture Review[13],
assinaram com a Rússia, em Praga, a 8 de Abril de 2010, o novo Strategic
Arms Reduction Treaty (START) e promoveram entre 12 e 13 em Washington a
Nuclear Security Summit
[14]. Neste mesmo mês, o Irão realizou no dia 18, em Teerão, uma
conferência internacional sobre desarmamento e não-proliferação[15].
Em Maio, durante três semanas, decorreu em Nova Iorque a revisão do
Tratado de Não-Proliferação de armas nucleares[16]
e, decorre actualmente a revisão do novo Conceito Estratégico da Aliança
Atlântica (a aprovar na Cimeira de Lisboa a 19 e 20 de Novembro), onde
um dos assuntos a abordar vai ser o nuclear.
Este regresso do tema deve-se a três factores
fundamentais. O primeiro prende-se com as actuais e crescentes
necessidades energéticas, relacionadas também com a preocupação das
alterações climáticas. Situação que encerra em si o potencial do emergir
de virtual nuclear powers e que se relaciona com o segundo factor, a
proliferação e toda a sua envolvente política e de segurança
internacional. Por fim, consideramos que, para os EUA, também se tornou
prioritário na sua Agenda a eliminação de armas nucleares, uma vez que
consideram que esta é uma forma racional de prevenir o terrorismo
nuclear (Comparative Strategy, 2010). |
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b) O Tratado de Não-Proliferação |
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O facto de 189 Estados
(possuidores de armas não nucleares) terem renunciado voluntariamente à
procura de adquirir a arma mais potente alguma vez produzida é em si uma
demonstração da importância do NPT.
Embora disponível para
ser ratificado em 1968, o NPT levou mais de 20 anos para atingir um grau
razoável de universalidade (130 Estados Partes, em 1990, 178 em 1995).
Porém, mesmo assim, conseguiu construir uma história de sucesso sem
precedentes no campo dos tratados de controlo de armamentos. O NPT
desempenhou também um papel inestimável no estabelecimento de uma
importante norma de não-proliferação nuclear, conseguindo assegurar que
a proliferação está neste momento contida a um número limitado de
países. Esta norma, que agora se encontra sob forte tensão, contribui
ainda para a não utilização de armas nucleares e para a preservação do
tabu do nuclear.
O Tratado está fundado
sobre o que são tradicionalmente descritos como "os três pilares". O
primeiro pilar relativo à não-proliferação está consagrado nos artigos I
e II; um segundo pilar estimula a cooperação nuclear para fins pacíficos
(artigo IV); e, no terceiro pilar aborda-se o desarmamento através do
artigo VI.
Na Conferência de revisão de Maio de 2010, os
Estados-Membro concordaram com um Plano de Acção que se tornou no
caminho mais global e consensual com vista ao desarmamento nuclear,
acordado por todos os Estados signatários. Foram aprovadas 64 acções
para os três pilares do Tratado. Estas essencialmente reflectem e
aprofundam, de modo equilibrado, o deal em que o próprio NPT radica: os
P5 comprometem-se a desarmar, assim como a não atacar os Estados que não
têm armas nucleares; e estes, comprometem-se a não as obter, nem
participar em actividades proliferadoras. Por outro lado, são dadas
garantias para o desenvolvimento da energia nuclear para fins
exclusivamente civis.
Os P5 comprometeram-se ainda a envidar esforços
adicionais no sentido de reduzirem os seus arsenais nucleares, com vista
à eliminação dos mesmos, mas sem terem estabelecido datas específicas
para o “zero nuclear”; e, os Não Alinhados aceitaram o reforço do papel
da Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA) e acordos de
salvaguardas, enquanto mecanismo de verificação do cumprimento do
Tratado, assim como um apelo à celebração de Protocolos Adicionais com a
Agência (que reforçam os acordos de salvaguardas), mas sem que o
Conselho de Segurança das Nações Unidas passe a ter uma intervenção
automática nos casos de desrespeito das salvaguardas, ou de
incumprimento do Tratado.
O Egipto, que investiu um capital político
considerável para trazer os Estados árabes para o NPT e que foi
responsável em 1995 pela “criação” de uma importante resolução pedindo
uma zona livre de armas nucleares para o Médio-Oriente, conduziu também,
após longas negociações entre os P5 e os New Agenda Coalition (incluindo
o Brasil, Egipto, Irlanda, México, Nova Zelândia, África do Sul e a
Suécia), as negociações sobre os 13 passos práticos do Plano de Acção
para o desarmamento, aprovados na revisão de 2000.
Na revisão deste ano, foram porém os P5 os que se
mostraram mais empenhados em reafirmar aquele compromisso. É ainda o
Egipto que, procurando eliminar a memória da desastrosa Conferência de
Revisão do NPT de 2005, surge a liderar o Movimento dos Não-alinhados (MNA)[17],
sendo, entre os Estados que não possuem armas nucleares, o jogador mais
influente na construção do resultado de 2010[18].
Durante a Conferência grande parte dos participantes
contestou as armas nucleares geralmente classificados como tácticas ou
sub-estratégicas (TNW), especialmente as armas nucleares
norte-americanas estacionadas na Europa através da NATO e o arsenal
muito superior da Rússia. A Suíça mencionou mesmo que tais armas "(...)
já não têm um lugar na Europa de hoje (...)", enquanto o MNA criticou a
partilha nuclear da Aliança[19].
A Alemanha e mais nove outros países (Áustria,
Bélgica, Finlândia, Irlanda, Luxemburgo, Países Baixos, Noruega,
Eslovénia e Suécia), posteriormente apoiada pela Polónia e outros países
membros da NATO originários do antigo bloco do Leste, solicitaram o
aumento de transparência e a inclusão de armas nucleares
sub-estratégicas, numa abordagem global, bem como outras negociações
bilaterais russo-americanas que dêem seguimento ao novo acordo START[20].
Custa-nos, no entanto, notar o pouco peso político da
UE em toda a revisão do Tratado. Annalisa Giannella, representante
especial da Alta Representante para os assuntos de não-proliferação, não
foi tida em conta para a negociação entre americanos e árabes sobre o
Médio-Oriente, nem sequer delas foi regularmente informada.
Na Conferência há ainda menção a dois Tratados que
fazem parte do regime jurídico da não-proliferação e que são de
fundamental importância para se conseguir progredir em direcção ao Zero
Nuclear: o Fissile Material Cut-off Treaty (FMCT) e o Comprehensive
Nuclear Test Ban Teaty (CTBT)[21].
Assim, o Plano de Acção dá prioridade à "urgente necessidade" de
negociação de um Tratado que proíba a produção de material físsil para
armas nucleares e outros engenhos explosivos nucleares. Através do FMCT
os Estados nucleares serão chamados ao grande sacrifício de não só
renunciarem à produção daquele material, mas, de ao mesmo tempo,
submeterem as suas instalações mais secretas à inspecção internacional.
Esta seria
“(...) a confidence building
measure which could facilitate the acceptance of a voluntary code of
conduct disciplining the nuclear fuel cycle in order to ensure that
legitimate nuclear activities for peaceful purposes have less chances of
being diverted towards weapons purposes (...)”[22].
Em Nova Iorque foi ainda reafirmado o papel essencial
do CTBT para o desarmamento nuclear e para o regime de não-proliferação.
Com a cessação de todas as explosões nucleares, será restringido o
desenvolvimento e a melhoria qualitativa das armas nucleares, sendo
assim combatida a proliferação quer vertical quer horizontal. Neste
sentido, a Conferência convida todos os Estados a absterem-se de
qualquer acção que possa destruir o objectivo e a finalidade do CTBT,
nomeadamente no que diz respeito ao desenvolvimento de novos tipos de
armas nucleares.
Apesar do sucesso do Tratado e desta sua última
revisão, a norma não tem conseguido ser imposta universalmente, sendo a
questão central que os Estados signatários do Tratado não só não
respeitaram os seus compromissos mas, deliberada e secretamente, em
alguns casos, conduziram com sucesso actividades nucleares proibidas sem
nunca serem molestados, pelo menos nas primeiras fases do seu programa
nuclear[23].
Além do mais, o Tratado não evitou que a Índia, o Paquistão e Israel
obtivessem o seu armamento nuclear e, corre sérios riscos de perder o
sentido quando o Irão e a Coreia do Norte se tiverem estabelecido
definitivamente como potências nucleares.
Mas quais as consequências para o NPT se se podem
violar as regras do regime com impunidade, desafiando e o Direito
Internacional, e aqueles que ficaram de o impor?[24].
Aqui não podemos deixar de lembrar as palavras
avisadas de Franco Nogueira[25],
para quem o Direito Internacional Público se confinava a uma bela
disciplina para deleite académico, fornecedora de fórmulas decorativas
para convenções e tratados, propositor de sanções que nenhum governo
acata, doutrinador de teorias que nenhum governo subscreve. Assim, em
nosso entender, para que o Tratado não seja descredibilizado e entre em
eventual colapso, é necessário colmatar as suas lacunas e ser dotado dos
mecanismos para monitorizar a sua implementação.
Até agora esta tarefa tem competido aos Estados, que
actuam através das periódicas conferências de revisão[26].
Porém, o Conselho de Segurança das Nações Unidas, através da Resolução
707, de 15 de Agosto de 1992, ao considerar que o Iraque actuou em
violação do NPT e que essa violação constituía uma ameaça à paz e à
segurança internacional, tornou-se numa espécie de “guardião” do Tratado[27].
No caso específico e
mais recente do Irão, a 9 de Junho de 2010, o Conselho de Segurança
aprovou a Resolução 1929, com 12 votos a favor, 2 contra (Brasil e
Turquia)[28]
e uma abstenção (Líbano) – impondo novas sanções, que suspenderá, se o
Irão suspender o seu programa de enriquecimento de urânio. Esta
Resolução também proíbe o Irão de desenvolver e lançar mísseis
balísticos capazes de transportar ogivas nucleares[29]
Esta persistência na proliferação, para além dos
motivos de prestígio internacional e mesmo de economia, acontece
sobretudo pela percepção de segurança que a posse de uma arma nuclear
confere, nomeadamente quanto a uma eventual intervenção militar
norte-americana. Lawrence Freedman sumarizou magistralmente ao mencionar
“(…) The only apparently credible way to deter the armed force of the US
is to own your nuclear arsenal (…)”[30],
ideia que se aplica plenamente às situações da Coreia do Norte e do
Irão.
Mas a proliferação também se prende com a crença
existente entre os Estados nucleares (NWS), do actual e contínuo valor
daquele tipo de armamento, o que nos conduz ao círculo da dissuasão,
incentivando aqueles que o não possuem a adquiri-lo. Dada a falta de
empenho no desarmamento nuclear, consideramos que esta tensão entre
“have’s” e “have-not’s” tem tendência a incrementar nas próximas décadas[31].
Pelo exposto, o caminho para o “zero” nuclear será um
caminho longo, sendo necessário estabelecer uma estratégia de longo
prazo, que transmita transparência e fiabilidade aos signatários do
Tratado e que, para além dos fundamentais mecanismos de verificação,
inspecção e de garantias pela eliminação, imponha custos a quem
prevarica. Mas devemos ser pragmáticos e perceber que o “zero” não é
atingível no mundo onde vivemos nem onde se preveja venhamos a viver nos
próximos tempos, sendo precisas alterações profundas e sem precedentes
no actual Sistema Internacional[32]. |
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2. AS VISÕES DA POLÍTICA NUCLEAR NA ALIANÇA
a) Política norte-americana |
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A Nova abordagem dos EUA sobre o Nuclear iniciou-se,
como já referimos, em Abril de 2009 com o já conhecido discurso do
Presidente norte-americano onde, referindo-se às actuais ameaças
declarou: “(…) So today, I state clearly and with
conviction America’s commitment to seek the peace and security of a
world without nuclear weapons (…)”, acrescentando ainda, “(…) The basic
bargain is sound: Countries with nuclear weapons will move toward
disarmament, countries without nuclear weapons will not acquire them,
and all countries can access peaceful nuclear energy (…)”. No
discurso, Obama reconhece também que esta tarefa hercúlea não será
alcançada com facilidade, talvez mesmo dificilmente no seu tempo de
vida. Assim, partindo do pressuposto de que os Estados com armas
nucleares devem liderar o processo para atingir o objectivo do “zero”,
Obama teve de demonstrar que o seu compromisso para desarmar era
credível e encetou um conjunto de iniciativas que iremos passar a
abordar.
A publicação do novo Nuclear Posture Review (NPR) em
Abril de 2010. Deste documento destacamos os cinco objectivos em que se
foca:
· Evitar a
proliferação nuclear e o terrorismo nuclear;
· Reduzir o papel
das armas nucleares dos Estados Unidos na estratégia de segurança
nacional;
· Manter a
estabilidade e a dissuasão estratégica com níveis reduzidos de força
nuclear;
· Fortalecer a dissuasão regional e garantir
confiança a Aliados e Parceiros, ou seja, a reafirmação do compromisso
com os Aliados quanto à Extended Deterrence (dissuasão alargada) que os
EUA fornecem à NATO;
· Manter um arsenal nuclear efectivo e
seguro.
Na presente revisão da
Postura Nuclear é mencionado o não emprego de armas nucleares contra
Estados não nucleares que sejam parte do NPT, afirmando, no entanto, que
o armamento nuclear pode continuar a representar, em situações de
contingência, um papel importante contra países que desrespeitem o
Tratado e que servirá também para deter um qualquer ataque convencional,
químico ou biológico contra os EUA e seus Aliados, considerando, assim,
que ainda não estão preparados para adoptar uma política universal em
que a dissuasão nuclear seja a única finalidade das armas nucleares.
No documento é referida ainda a necessidade em manter
a posse de armas nucleares para a promoção da estabilidade estratégica
com os outros poderes nucleares, nomeadamente com a Rússia e com a
China.
Um outro passo importante da política norte-americana
foi o conseguir a assinatura conjunta com a Rússia do novo START que, em
linhas gerais, prevê uma redução de 74% do número de
ogivas nucleares que ambos países possuem até ao limite das 1550,
em termos quantitativos, há assim um abaixamento dos limites máximos do
número de ogivas e de vectores: o limite do número de ogivas fixado pelo
novo tratado é 30% mais baixo que o limite das 2200 do SORT (Strategic
Offensive Reduction Treaty )[33].
Em relação aos vectores de lançamento, deployed e não
deployed, caso dos submarinos em manutenção, por exemplo, o limite são
800, com um sublimite de 700 vectores deployed, ou seja, os novos
limites máximos representam um corte de 50% em relação ao limite dos
1600 vectores previstos no START I[34].
Este novo Tratado, que tem uma duração de 10 anos a
partir da data de sua entrada em vigor[35],
e que poderá ser renovado por uma duração máxima de cinco anos,
apresenta um avanço importante no que respeita a medidas de verificação,
retomando os elementos do START I mas combinando-os com novos elementos,
prevendo, por exemplo verificações in loco das instalações nucleares
(bases de ICBMs, bases de submarinos, bases aéreas e de armazéns)[36];
o intercâmbio de dados, assim como notificações recíprocas de armamentos
ofensivos e de instalações nucleares, bem como a utilização de
meios nacionais de verificação técnica, como as imagens de satélite.
Se por um lado o novo
texto apresenta avanços significativos neste campo, por outro lado, é
omisso em relação aos armamentos nucleares sub-estratégicos.
Há ainda uma cláusula onde se prevê que cada parte se
pode retirar do Tratado.
Mas os EUA apresentam ainda outras iniciativas para
alcançar os objectivos definidos pelo Presidente Obama[37]:
· Intenção dos EUA em submeter ao Senado a
ratificação dos Protocolos aos Tratados de Rarotonga e Pelindaba,
criando, respectivamente as zonas livres de armas nucleares do Pacífico
Sul e de África;
· O anúncio pela primeira vez dos números de
armas nucleares que os EUA têm armazenadas bem como as que foram
desmanteladas desde 1994. Esta atitude de Hillary Clinton no seu
discurso de abertura da Conferência de revisão do NPT, teve como
objectivo o aumento da transparência e a criação de medida de confiança,
bem como uma indicação para que outros países façam o mesmo.
Na Conferência de revisão do NPT foram ainda
apresentados os objectivos de desarmamento norte-americanos[38]:
· Reafirmação inequívoca do objectivo de
eliminação total das armas nucleares, ao mesmo tempo que reconhecem
acções para desarmar encetadas por outros NWS;
· Ir além do actual STAR em Tratados futuros;
· Compromisso em implementar o CTBT;
· Apelo às negociações de um FMCT com sistema
de verificação;
· Apelo à aplicação dos princípios de
verificação e irreversibilidade no processo de desarmamento e controlo
de armamento;
· Reconhecimento do papel que os Tratados de
zonas livres de nuclear têm para fortalecer o NPT;
· Encorajar todos os NWS a encetarem o
processo de desarmamento, como apropriado;
· Reconhece que todos os Estados têm a
responsabilidade de promover a Paz e Segurança de um Mundo sem armas
nucleares.
No que à Aliança Atlântica diz respeito, tanto a
Secretária de Estado Hillary Clinton, como o Secretário da Defesa Robert
Gates, têm defendido nas suas intervenções no âmbito do Conselho que[39]:
· Enquanto existirem armas nucleares, a NATO
permanecerá uma Aliança nuclear;
· A questão nuclear deve ser debatida entre os
Aliados e decidida em conjunto;
· Desde o final da Guerra-Fria a NATO já
sofreu uma redução significativa no seu arsenal nuclear, mas deve-se
continuar essa redução;
· É fundamental partilhar responsabilidades e
riscos nucleares;
· Em qualquer futura redução deve ser tida em
linha de conta a opinião russa, de forma a ser incrementada a
transparência ao nível das TNW na Europa e o seu reposicionamento fora
do território dos membros da NATO. Estas armas, a par das armas
nucleares não projectáveis, devem ser incluídas nas próximas negociações
de controlo de armamentos. |
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b) Política do Reino Unido |
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O Reino Unido, à
semelhança dos EUA, encetou um processo de redefinição do seu
compromisso com o armamento nuclear, incluindo a possibilidade de
desarmamento. Por detrás desta política há uma lógica
“(…) driven by practical considerations rather than idealistic ones,
although the path that leads to nuclear zero is a different one for each
state (…)”[40].
Actualmente o Reino
Unido possui cerca de 160 armas nucleares, disponíveis numa só
plataforma, o sistema Trident instalado nos 4 submarinos da classe
Vanguard, com capacidade de transportar 16 mísseis D5. O submarino mais
antigo data de 1992 e têm um período de vida de 25 anos. O Reino Unido
tem com as suas Forças nucleares uma despesa de cerca de 3 mil milhões
de euros[41].
Através do seu White
Paper “The Future of the United Kingdom’s Nuclear Deterrent”, datado de
Dezembro de 2006, o Reino Unido anunciou a decisão de manter um sistema
de dissuasão nuclear “(…) beyond the life of the Vanguards with a new
generation of ballistic missile-carrying submarines (…)”. Nesta ordem de
ideias a substituição da sua força nuclear tem de ocorrer por volta dos
anos 20 do presente século. Ao mesmo tempo foi anunciada a intenção de
participar com os EUA no programa de extensão do ciclo de vida dos
Trident, o que lhe garantirá a manutenção em funcionamento do sistema
até por volta de 2040, mantendo ainda em aberto a opção de um sucessor
deste mesmo sistema nessa altura[42].
Foi ainda no White Paper
que foi explicado detalhadamente o porquê de ser necessário, no actual
ambiente estratégico, manter a sua capacidade de dissuasão nuclear. Em
Fevereiro de 2009, David Milliband, então Ministro dos Negócios
Estrangeiros britânico, no relatório “Lifting the Nuclear Shadow:
creating the conditions for Abolishing Nuclear Weapons”[43]
reafirma as intenções britânicas: “(…) Some suggest
that the UK should give a lead by destroying all our own nuclear
weapons. But our serious commitment to global nuclear disarmament should
not be confused with unilateral disarmament (…)”, acrescentando “(…) if
the UK were to dismantle all our nuclear weapons, it is highly unlikely
that others would do the same. Nor do we believe it would have any
positive effect on current proliferators (…)”.
Para o seu Governo, a abolição das armas nucleares
está dependente de um acordo global, enfatizando que o alcançar de um
acordo desse género envolveria a persuasão daqueles que encontram na
dissuasão nuclear a segurança para o contra-balançar da superioridade
convencional de outros. Assim, considera que é necessário criar
condições políticas, militares, legais, institucionais, técnicas e
outras múltiplas condições que “(…) will give such states confidence
that their security will on balance be greater if they agree to a global
ban on nuclear weapons (…)”. O relatório que temos vindo a analisar
reconhece que o estabelecer destas condições, além de não poderem ser
feitas unilateralmente, como já vimos, não podem também ser executadas
de um momento para o outro, requerendo sim uma série de passos e a
participação activa da Comunidade Internacional. |
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c) A Política francesa |
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Aquando da sua criação, a capacidade nuclear conferia
à França a segurança em relação à URSS, independência em relação aos EUA
e, igualdade com o Reino Unido. Com as alterações geopolíticas
ocorridas, a política nuclear francesa praticamente não mudou,
continuando a ser uma questão de soberania, estatuto e segurança.
Em 2006, o então Presidente Jacques Chirac, propunha
a expansão do propósito da dissuasão nuclear francesa para além do
território francês, garantindo segurança aos interesses vitais
franceses, mas passando também a incluir os Aliados europeus, criando
assim uma Euro Deterrence[44].
O actual Presidente da República, Nicolas Sarkozy, convidou esses mesmos
Aliados para se juntarem num diálogo em torno da mesma ideia, alargando
assim a fronteira dos “interesses vitais”[45].
A França, no seu Livro Branco[46]
para a Defesa, datado de 2008, esclarece a sua visão sobre o papel da
sua Force de Frappe, da dissuasão nuclear e do desarmamento nuclear.
Para este membro da Aliança.
“(...) La dissuasion nucléaire demeure un fondement
essentiel de la stratégie de la France. Elle est la garantie ultime de
sa sécurité et de son indépendance. Elle a pour seul objet d’empêcher
une agression d’origine étatique contre les intérêts vitaux du pays, d’où
qu’elle vienne et quelle qu’en soit la forme (...)”.
Considerando que a credibilidade da dissuasão recai
sobre uma diversidade de opções e meios colocadas à disposição do Chefe
de Estado, o que implica uma modernização das duas componentes da Força:
os mísseis balísticos e os mísseis aerotransportados. Estes meios são
fundamentais para a manutenção da liberdade de acção (princípio base da
estratégia), para fazer face a qualquer desafio contra os interesses
vitais franceses, isto apesar de Sarkozy ser vago quanto à identificação
de eventuais interesses vitais franceses que impliquem uma acção
nuclear.
Nesta ordem de ideias, a França necessita de manter
esta capacidade pelo tempo que for considerado necessário para garantir
a sua segurança, assumindo, no entanto, que continuará com iniciativas
no domínio do desarmamento nuclear e da contra-proliferação, tendo
reduzido inclusivamente, e de acordo com a essência e os princípios do
desarmamento, o seu arsenal em cerca de 50% desde o fim da Guerra-Fria;
porém, cautelarmente, não desarma completamente, contando ainda com
cerca de 300 ogivas nucleares.
As actuais capacidades nucleares francesas são de
última geração, contando com 4 SSBN, tendo um deles (armado com o novo
Míssil M51, com um alcance de 8000 km), entrado ao serviço em 2010, e as
aeronaves Rafale são capazes de transportar o novo Air-Sol Moyenne
Portée Améliorée, com alcance de cerca de 400 km. Os custos de
manutenção da sua capacidade estão estimados em 4 mil milhões de
dólares, (cerca de 10% do Orçamento global da Defesa), dos quais 85% vão
para a frota de submarinos[47].
Mas a manutenção desta capacidade será benéfica para
a Aliança, contribuindo para a sua estratégia de dissuasão? Quais seriam
as implicações da criação de uma Euro Deterence? E esta fortalecerá ou
enfraquecerá o link transatlântico?
Tendo, entretanto, a França regressado à Estrutura
Militar Integrada da Aliança na Primavera de 2009, o que lhe abriu novas
oportunidades para discutir, no seio da Aliança, temas importantes como
o defesa antimíssil e a Política Nuclear, este importante aliado não
integra o Nuclear Planning Group (NPG), mantendo-se as suas Forças
completamente independentes, situação que pode levantar assim mais um
conjunto de questões quanto às intenções de uma eventual Euro Deterence.
Quem decidiria sobre o uso do armamento nuclear francês? Aceitaria a
França integrar um mecanismo como o NPG? Partilharia esta o acesso e
controlo do seu armamento? E os custos sobre quem recairiam? Será via
NATO ou através da UE? Estará a França realmente interessada em
pertencer a uma estrutura idêntica ao NPG, ou preferirá continuar a
condicionar a política nuclear da Aliança sem pertencer a qualquer
estrutura?
Além do mais, um papel francês predominante na
dissuasão pode ser questionado por alguns Aliados, nomeadamente, os
Estados-Membro mais recentes na Organização, que receiam ver diminuído o
papel e o compromisso dos EUA; isto para já não falarmos no facto de
serem escalas retaliatórias completamente diferentes.
Estas questões são um indicativo claro que os
Aliados, nomeadamente os norte-americanos, não estão indiferentes quanto
à política nuclear francesa e à sua respectiva evolução.
Quanto a desarmamento, Nicholas Sarkozy, apesar de
concordar e propor iniciativas neste sentido[48],
não pretende ser naive, falando em reciprocidade, sendo a França
cautelosa neste debate ao assumir a postura de Desmissive Realist na
expressão de Sir Michael Quinlan[49],
ou seja, a completa abolição será um sonho, tendo o mundo de se
concentrar na gestão da sua existência para o resto da História humana.
No que às armas sub-estratégicas na Europa diz respeito, o Poder francês
considera-as interligadas ao link transatlântico, à estabilidade na
Europa e à segurança da Aliança. Também a Academia francesa relaciona o
desarmamento com a não-proliferação, o tradicional círculo virtual,
enfatizando que apesar dos Tratados e das reduções efectuadas, não foi
diminuída a vontade de outros Estados adquirirem a tecnologia e o
know-how para o fabrico de armamento nuclear[50]. |
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d) Outras perspectivas |
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Na Aliança há uma pluralidade de visões sobre o seu
futuro, os seus riscos e desafios, sendo também plural a opinião quanto
ao nuclear. Muitos dos novos países encaram o “grande urso” russo com
desconfiança, nomeadamente depois da guerra de Agosto de 2008 na
Geórgia, e são eles os grandes opositores à retirada dos EUA do solo
europeu e do seu arsenal nuclear. Mesmo a Noruega começa agora a
preocupar-se com os patrulhamentos efectuados por bombardeiros
estratégicos no Ártico, resguardando-se sempre, em última análise, nos
compromissos e garantias de defesa da Aliança. Por outro lado, temos a
Turquia, que se não vê grande preocupação vinda de Moscovo, as
actividades do seu vizinho Irão, essas sim, são encaradas como uma real
ameaça à balança de poderes regional.
Esta disparidade de visões pode minar a coesão da
Aliança pela perda de confiança nos compromissos de defesa e, sobretudo,
no empenho dos EUA nesses compromissos. O fim da presença nuclear dos
EUA na Europa também influenciaria a policymaking nuclear na NATO[51].
Mas a política nuclear da Aliança ainda está assente
na existência de armamento norte-americano estacionado na Europa,
situação que levanta oposição em alguns Estados- Membro, sendo esta
oposição geralmente mais forte na Europa Ocidental e as expressões de
apoio mais vincadas nos territórios pertencentes ao antigo Pacto de
Varsóvia. Vejamos alguns exemplos a título ilustrativo.
Na Alemanha, a coligação liberal-conservadores,
eleita em Setembro de 2009, pretende a completa retirada das forças
nucleares norte-americanas do seu território; na Bélgica e nos Países
Baixos também este é um tema político recorrente.
Por outro lado, os
polacos assumem uma visão tida nos corredores do Quartel-General da
Aliança, em Bruxelas, como “histérica e histórica”, enfatizando que as
garantias norte-americanas são fundamentais para a sua segurança,
nomeadamente para manter a Rússia, face à sua nova postura, mais calma.
Na Polónia há vozes que clamam, mesmo ao arrepio do estabelecido no acto
fundador do NATO Rússia Council (NRC)[52],
a instalação dos eventuais Dual-Capable Aircraft (DCA)
[53] que retirem de outros países membros da Aliança e, como
veremos, vão albergar, sistemas de defesa antimíssil[54].
No caso da Letónia, esta
terá aderido à NATO especialmente devido à protecção conferida pelo
Art.º 5º, onde se incluem as garantias da Extended Deterrence[55]
e, na República Checa, as opiniões são semelhantes, considerando
que a ameaça para eles não vem do Irão mas sim da Rússia, realçando a
necessidade de reforço do Artº. 5º através da presença militar dos EUA
no seu território[56]. |
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3. A NATO E A POLÍTICA NUCLEAR[57] |
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A actual política nuclear da Aliança assenta ainda no
Conceito Estratégico de 1999. Porém, podemos apontar pelo menos dois
factores fundamentais que podem implicar uma reformulação do acordado
naquele documento. Em primeiro lugar, o ambiente estratégico, como já
mencionámos anteriormente, foi substancialmente alterado; e em segundo
lugar, a Aliança cresceu, passando o número dos seus membros de 16 para
28.
Mas vejamos assim o que ainda está em vigor. A
Aliança assume que, como forma de protecção da Paz e Segurança, bem como
de forma a prevenir a Guerra ou qualquer forma de coerção, manterá, num
futuro previsível (neste caso 11 anos), uma mistura de forças
convencionais e nucleares baseadas na Europa, isto num nível mínimo,
considerado o suficiente, mencionando ainda que, para assegurar uma
dissuasão credível[58],
as armas nucleares fornecem um contributo único, e permanecem essenciais
para preservar a paz, uma vez que tornam o risco de agressão à
Organização, incalculável e inaceitável.
O Conceito caracteriza ainda as Forças da Aliança,
enfatizando que o seu propósito é político, continuando a criar na mente
de um qualquer adversário o doutrinário clima de incerteza quanto à
natureza da resposta em caso de agressão militar, tendo com suprema
garantia de segurança dos Aliados, as Forças Nucleares Estratégicas dos
EUA, do Reino Unido e da França. Mais adiante no Conceito é especificado
o papel essencial das Forças Nucleares baseadas na Europa para o reforço
do link transatlântico.
Nos documentos oficiais, aprovados por consenso entre
todos os Aliados, também se afirma que, a Segurança Colectiva conferida
pela NATO Nuclear Posture, é a garante da “(...) reassurance to any
member that might otherwise feel vulnerable (...)”
[59], sendo, ao mesmo tempo, a participação de Estados não nucleares
na Nuclear Posture, o demonstrativo da solidariedade e do empenho comum
na manutenção da sua segurança e naquilo que podemos considerar um
burden-sharing alargado, ou seja, todos beneficiam da protecção e todos
partilham custos e responsabilidades.
Para que toda esta política da Aliança seja credível
é fundamental que os Aliados Europeus sejam envolvidos no planeamento
nuclear de defesa colectivo desde o tempo de paz, tendo por base as
forças estacionadas nos seus territórios e nos acordos de comando,
controlo e consulta.
Tendo em vista o futuro Conceito Estratégico a
aprovar na Cimeira de Lisboa, na Reunião Ministerial de Negócios
Estrangeiros que decorreu em Abril do corrente ano em Tallin, na
Estónia, as questões nucleares foram abordadas a pedido de cinco países:
Bélgica, Noruega, Alemanha, Luxemburgo e Países Baixos. Estes países já
haviam escrito uma carta ao Secretário-Geral da Aliança a 26 de
Fevereiro, onde consideravam que a NATO devia prosseguir uma política
global, equilibrada entre uma dissuasão credível, mas contrabalançada
com uma política de controlo de armamento, desarmamento e
não-proliferação. Nesta carta pediram ainda para que não se perdesse a
oportunidade de, em Tallinn, nas vésperas da Conferência de revisão do
NPT, fosse iniciado um debate alargado no sentido de uma aproximação ao
objectivo da busca da paz e segurança num mundo sem armas nucleares, e
que fosse orientador para o novo Conceito Estratégico[60].
Na Estónia o tema
Nuclear foi assim retomado. Tendo sempre como pano de fundo a Cimeira em
Lisboa, os Ministros discutiram a evolução futura da Nuclear Posture da
Aliança. Nesta reunião ministerial foi reafirmado que a Aliança
continua, como sempre, firmemente empenhada em garantir a segurança dos
seus membros, mas com o menor nível possível de armas nucleares; que a
unidade da Aliança permanecerá firme, sendo enfatizado que o
burden-sharing se mantêm essencial; e que as decisões sobre a política
nuclear da Aliança serão feitas em conjunto[61].
Nesta reunião, o Secretário-Geral afirmou mesmo que
num mundo onde existem armas nucleares "(...) NATO
needs a credible, effective and safely managed deterrent.
Nevertheless, the Alliance must also do what it can to
support arms control, disarmament and non-proliferation (…)". |
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a) As capacidades nucleares disponíveis para a Aliança |
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Os EUA e o Reino Unido, desde a década de sessenta do
século passado, têm praticado a política de Nuclear Sharing, e de
Nuclear Consultation, tendo sido para tal criado no seio da NATO, o
Nuclear Planning Group, onde participam todos os Aliados, excepto a
França. Estas políticas resumem-se basicamente a uma disponibilização,
por aqueles dois países, de armas e vectores de lançamento na Europa,
mas sob o seu estrito controlo, só podendo ser empregues após decisão
política, por consenso, ao mais alto nível.
Este arranjo organizacional teve quatro grandes
funções: 1) Deter a União Soviética, 2) vincular os EUA à Europa,
tornando o compromisso mais visível, 3) garantir que Aliados europeus
não desenvolviam as suas próprias capacidades, 4) permitir aos Aliados,
em troca, terem voz activa no planeamento de Forças nucleares[62].
Durante o período da Guerra-Fria, as Forças nucleares
desempenharam um papel central e mantinham um vasto plano de objectivos
a atingir. Hoje, após considerável redução de meios, já não se destinam
a ser empregues contra um país ou alvo específico e o seu emprego é
extremamente remoto[63],
sendo a sua função política, enviando uma mensagem de dissuasão clara
por parte da Aliança.
As actuais Forças nucleares disponíveis para a
Aliança assentam nos mísseis Trident do Reino Unido, no apoio externo e,
em cerca de duas dezenas de bombas não-guiadas B-61, armazenadas em
vários locais de membros da Aliança, transportadas por meios aéreos DCA
e respectivas tripulações, nomeadamente F-15 dos EUA, F-16
norte-americanos, belgas, turcos e holandeses, Tornados italianos e
alemães e, A7 gregos, todos em diferentes graus de alerta[64].
Esta organização leva a que na prática, no NPG existam três estatutos
diferenciados: os países com armas nucleares; os designados países DCA
e; os outros Aliados.
A partir de 1995, o grau de prontidão das Forças foi
substancialmente reduzido, medindo-se agora em semanas e não em minutos,
e em 2003, o tempo de reacção passou a ser de meses.
Hoje esta “arquitectura” é considerada obsoleta,
surgindo vozes, por um lado, que advogam que o armamento nuclear deve
ser removido do solo europeu, como já referimos anteriormente e outras,
que consideram aquela possibilidade um erro, que incrementará o fosso de
Power-Sharing na organização, entre Aliados europeus e norte-americanos.
Também o emprego militar eficaz das aeronaves é hoje muito questionado
(sobretudo fora da Organização), nomeadamente devido à falta de
capacidade sthealt e à eventual dificuldade em penetrar numa qualquer
defesa aérea adversária, além do mais, encontram-se em fim de ciclo de
vida, podendo os actuais meios aéreos operar até 2020, requerendo assim
uma substituição, em princípio, pelo F-35 Joint Strike Figther, bem como
o respectivo up-grade das B-61.
Há, no entanto, uma grande diferença entre manter uma
Força nuclear na Europa ou, modernizá-la. Sem a modernização, a Extended
Deterence tenderá a desaparecer com o passar dos anos e a respectiva
obsolescência dos meios. Porém, a opção pela modernização tem um custo
financeiro e político elevado, levando a um intenso debate sobre, entre
outros assuntos, requisitos estratégicos, relação com países terceiros,
impacto no NPT, bem como levantará questões como dissuasão do quê? e de
quem? Mas mais importante, a modernização implicará um assumir de que a
Aliança não prescindirá desta capacidade até pelo menos 2050, o que
contrasta com a política oficial de alguns dos Estados-Membro, pela sua
completa abolição.
A concretizar-se uma modernização dos meios, o
impacto também será negativo entre alguns países signatários do NPT, que
clamam que a existência de armas em países não nucleares, ao abrigo do
nuclear sharing, mina os objectivos do Tratado, nomeadamente na
igualdade de estatuto dos Estados não-nucleares[65].
Qualquer decisão para modernizar as Forças nucleares
da Aliança terá também de ter sempre em conta as relações com a Rússia.
Numa perspectiva russa, as actuais capacidades têm poucas possibilidades
de penetrar a sua defesa anti-aérea, fazendo pouca diferença em termos
de cálculos de potencial de combate, mas continuam a deter uma
importância político-estratégica determinante para o diálogo, e a sua
modernização pode afectar as actuais relações.
No meio académico, Rebecca Johnson[66],
e Ian Anthony[67],
entre outros, consideram que a Aliança não deverá continuar a possuir
esta capacidade, mas sim ver-se livre dela, uma vez que não é útil e que
o seu contributo para a dissuasão é uma panaceia, tendo que se
encontrar, no novo ambiente estratégico, alternativas credíveis e mais
baratas, apontando, sobretudo, para a substituição das B-61 por outros
meios estratégicos norte-americanos, nomeadamente convencionais,
continuando estes assim a garantir a Extended Deterrence.
Todavia, entendemos que estas continuam a
proporcionar uma resposta gradual e proporcional a um qualquer risco
emergente, evitando uma escalada massiva; mas e sobretudo, continuam a
dar a clara indicação política que mantêm o link transatlântico e o
garante da Extended Deterrence, ficando sempre um sinal político
negativo com a sua retirada. Uma vez retiradas, só em caso de crise
profunda regressariam e com custos logísticos enormes.
Há, no entanto, defensores de uma teoria diferente.
Se as armas forem retiradas, o seu eventual regresso, ou apenas as
movimentações nesse sentido, poderiam enviar uma mensagem clara a um
qualquer adversário, de quais as eventuais intenções da Aliança, podendo
ter assim um valor dissuasor[68].
O nuclear sharing na NATO também pode ser visto numa
perspectiva de não-proliferação. A criação do NPG e a implementação da
partilha nuclear no seio da Aliança nos anos sessenta, teve como base o
“convencer” a então República Federal da Alemanha a não optar pelo
nuclear e a aderir ao NPT como Estado não nuclear. Hoje, as
consequências da falta de confiança na Extended Deterrence, não devem
ser subestimadas, uma vez que se os Aliados não sentirem a confiança e,
ao mesmo tempo, os adversários percepcionarem menos receio das garantias
dadas pelos EUA, não só os riscos de conflito podem aumentar, mas a
proliferação pode também ser incrementada[69].
Esta situação talvez se coloque em relação pelo menos à Turquia que,
apesar das suas declarações oficiais de não pretender possuir armamento
nuclear, se os norte-americanos retirarem de Incirlik e consequentemente
a Aliança deixar de ter essa capacidade, face ao contexto regional
adverso, nada a impedirá de desenvolver o seu próprio programa[70].
Com a saída norte-americana a Extended Deterence
seria entregue aos ingleses e franceses. Estes últimos poderiam
sentir-se confortáveis em oferecer a sua Force de Frappe para cumprir
tal missão, mas quer os meios franceses quer os britânicos seriam vistos
como inadequados para os requisitos da Extended Deterence, e
politicamente outras potências europeias (Alemanha e Itália por exemplo)
dificilmente aceitariam essa função atribuída à França, e esta também
dificilmente estaria preparada para o regime de consultas com os outros
Aliados.
Nesta ordem de ideias, face às diferentes opiniões
expressas, estamos seguros que o diálogo sobre estas matérias no seio da
Aliança está para ficar. |
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b) A NATO e o Tratado de Não Proliferação |
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A NATO como Organização
não é uma parte do NPT. Porém, todos os seus Estados o são e todos eles
têm interesse num regime de não-proliferação forte. Ao mesmo tempo, a
Aliança é constituída por 3 Estados possuidores de armas nucleares e 25
sem esse armamento, tendo ainda mecanismos políticos e militares para
consulta e planeamento nuclear, nomeadamente o nuclear sharing, como
forma de demonstrar que a necessidade de partilhar os riscos e os
encargos de uma Aliança também pertencem ao domínio nuclear.
Como já referimos anteriormente, a Aliança desde o
fim da Guerra-Fria, tem reduzido progressivamente o seu arsenal nuclear
para o já proverbial minimum level required, bem como o papel e
importância das armas nucleares nas doutrinas e políticas. Neste
sentido, a NATO continua a apoiar os esforços para uma redução prudente
e gradual, tendo manifestado apoio aos diversos Tratados que contribuem
para o desarmamento e a não-proliferação e, após a revisão do último
Conceito Estratégico, em todas as Cimeiras desde Praga em 2002[71],
tem mencionado o tema da prevenção da proliferação de ADM.
Hoje a NATO conta com uma estratégia específica para
a prevenção da proliferação de ADM e de defesa contra ataques Químicos,
Biológicos, Radiológicos ou Nucleares. Esta estratégia, que implica uma
abordagem global ao nível político, militar e civil, assenta em três
pilares: Prevenção, Protecção e Recuperação[72].
Nesta estratégia são anda identificados os seus
“facilitadores” estratégicos: partilha de intelligence, cooperação entre
estruturas da NATO, diplomacia pública e comunicação estratégica e
colaboração internacional com Parceiros[73].
A NATO responde assim com uma agenda política activa
na área do controlo de armamento, desarmamento e não-proliferação, bem
como através do desenvolvimento de capacidades para impedir ou parar o
tráfico de ADM e respectivos vectores de projecção; impedir o
contrabando e transferência de material e tecnologia; efectuar o
tracking e detecção de uma eventual explosão, procurando garantir aos
seus membros que as suas populações, territórios e Forças estão seguras
e que Aliados e Parceiros não serão coagidos pela ameaça de ADM.
A Aliança conduz ainda operações militares,
consistentes com a decisão política, em apoio dos objectivos de
não-proliferação[74],
como a Active Endeavour e Allied Protector, com a missão de no primeiro
caso apoiar a deter, defender e impedir o terrorismo no Mar
Mediterrâneo, e a segunda contra pirataria e roubo no mar.
No que ao NPT diz respeito, consideramos que os
Aliados estão interessados na sua promoção, incluindo a manutenção da
legalidade e legitimidade das NATO Nuclear Sharing Policies bem como o
cumprir do Art.º VI do NPT e no fortalecimento dos artºs III[75],
IV e X[76].
Laura Kennedy[77]
esclarece que durante as negociações da revisão do NPT alguns assuntos
mais controversos persistiram ao longo de todas as negociações,
mencionando especificamente as Forças estacionadas, e que os EUA,
relembrando os 13 passos práticos do Plano de Acção para o desarmamento
acordados na Conferência de 2000, estiveram sempre empenhados em incluir
linguagem que aludisse a futuras reduções de armas nucleares
estratégicas e não estratégicas, sendo, no entanto, a Rússia a grande
opositora à menção específica às armas sub-estratégicas e, o Irão
continuadamente atacou a política nuclear da NATO como exemplo claro de
violação do Tratado.
Esta diplomata levanta a
grande questão de fundo, a da redução das armas sub-estratégicas. Mas
qualquer redução deste tipo de armamento tem sempre de ter em conta o
grande arsenal russo.
Este assunto fora já
este ano exposto pelos Ministros dos Negócios Estrangeiros da Noruega e
da Polónia, a 10 de Abril de 2010, em carta ao Secretário-Geral da NATO.
No seu documento, aqueles Ministros apelaram para englobar nas futuras
negociações sobre desarmamento nuclear as armas sub-estratégicas na
Europa[78];
salientaram que a redução do número deste tipo de armas nunca foi
objecto de qualquer acordo internacional e que não poderá haver mundo
sem armas nucleares se esta componente não entrar nas discussões. Este
documento sugere ainda uma aproximação passo a passo, flexível e
realista, onde se incluem medidas de transparência, a criação de medidas
de confiança no âmbito do NRC e, a redução balanceada de armas nucleares
russas e norte-americanas na Europa.
Esta posição oficial
polaca acaba por ser interessante e entrar em contradição, como já vimos
anteriormente, com o clamar de algumas vozes para a instalação de DCA
naquele país; podemos ainda interpretar esta atitude como uma evolução
da política polaca, agora que já tem a garantia que a partir de 2018
serão instalados interceptores de defesa antimíssil norte-americanos no
seu território.
Neste mesmo mês de
Abril, ou seja, em vésperas da Conferência de revisão do NPT, os EUA no
seu NPR vieram expor a sua intenção de incluir nas próximas negociações
com os russos sobre redução de armamento nuclear, as armas
sub-estratégicas. Também no Plano de Acção aprovado na Conferência de
revisão de 2010, se apela a um “(...) concrete progress on the steps
leading to nuclear disarmament (...)”, o que inclui forçosamente as
armas sub-estratégicas.
Como já referimos anteriormente, algumas vozes
críticas se levantam quanto à política de nuclear sharing praticada pela
Aliança, clamando a inconsistência com os Art.º. I e II do NPT. Os
Aliados lembram, no entanto, que esta foi aceite pelos russos aquando da
conclusão do NPT, e com o facto de em tempo de paz, as armas estarem
sobre controlo norte-americano e não serem transferidas para os Aliados,
excepto em caso de guerra, altura a partir da qual o NPT não se aplica[79].
Como resposta a alguma oposição do estacionar das
B-61 em diversos países europeus da Aliança, e uma vez que oficialmente
não se sabe qual é essa localização, alguns membros da Aliança,
contrariando o acto fundador do NRC e o próprio NPT, podem cair na
tentação de pretender uma nova redistribuição das mesmas armas,
alterando ou eventualmente expandindo os países participantes na DCA e
seguidores das nuclear rules, situação que pode ser encarada como um
assunto de expansão das capacidades nucleares da NATO, logo de
proliferação.
No meio académico também
têm surgido argumentos para que a NATO dê um contributo apreciável para
os esforços globais de não-proliferação, bastando para tal retirar as
restantes armas nucleares sub-estratégicas da Europa. Ao eliminar
sistemas militarmente obsoletos, os Aliados mostrariam que o seu
compromisso de não-proliferação e desarmamento, de redução do papel das
armas nucleares nas doutrinas militares, não sendo, assim, necessário
fazer uma revitalização aos sistemas de armas existentes. Os Estados
Unidos também deixariam de ser o único Estado nuclear com armas
nucleares fora do seu território.
Hoje quando se fala em redução de armamento nuclear
no seio da Aliança, a França, apesar de não pertencer ao NPG, influencia
a Política Nuclear da Aliança, não aceitando alguma terminologia nesse
sentido. |
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c) O Nuclear no novo Conceito Estratégico |
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Barack Obama, a 17 de Setembro de 2009, com a
apresentação da sua nova política para a arquitectura do escudo
antimíssil, indirectamente, acabou por lançar um importante desafio de
revisão do papel das armas nucleares nos planos de defesa da NATO.
No relatório
apresentado, a 17 de Maio, pelo Grupo de Peritos coordenados por
Madeleine Albright[80],
numa linguagem muito conservadora, as problemáticas da ameaça da
proliferação de ADM e da política nuclear são retomadas, sendo
recomendado que, enquanto existirem armas nucleares, a NATO deve
continuar a manter uma Força Nuclear confiável; que qualquer alteração
nesta política, incluindo a distribuição geográfica das TNW na Europa,
deve ser tomada pela Aliança como um todo; que as armas norte-americanas
em solo europeu reforçam o princípio da Extended Deterrence e da
segurança colectiva, devendo ainda o documento afirmar o pleno apoio aos
esforços de prevenção da proliferação de armas nucleares bem como a
redução da proeminência deste tipo de armamento nas doutrinas de defesa[81],
e que, a Aliança deve fazer progressos em direcção a um mundo livre do
medo de uma guerra nuclear, devendo acarinhar o diálogo com a Rússia,
procurando, assim, apoiar uma futura redução das armas sub-estratégicas.
Vimos que em Tallin os
Aliados acordaram que quaisquer alterações à política e postura nuclear
só serão tomadas por consenso. Dado que existe uma panóplia de opiniões
entre os Aliados sobre as questões nucleares, essa necessidade de
consenso sugere que as mudanças a introduzir no novo Conceito
Estratégico serão mais uma revolução na continuidade. O conservadorismo
na terminologia em questões nucleares do relatório do Grupo de Peritos
é, portanto, justificável. Embora o relatório não seja vinculativo, o
centrar-se sobre "garantias" sugere que a dimensão nuclear do novo
Conceito Estratégico continuará igualmente conservador.
E isto porque os membros
mais recentes da Organização, como vimos anteriormente, tiveram como
ponto fundamental para a sua adesão a garantia nuclear fornecida pelos
Estados Unidos. Qualquer alteração unilateral poderá ser interpretada
como uma diminuição dessa garantia. Em segundo lugar, os EUA e Rússia
ratificaram o novo START antes de abordarem problemas das armas
nucleares sub-estratégicas. Em terceiro lugar, a ameaça Iraniana e o
efeito de cascata potencial, representam não só um desafio à
proliferação latente para os países do Médio-Oriente e do Golfo, mas
também para certos Aliados. Finalmente, alguns dos principais objectivos
da administração de Obama de não-proliferação, tais como a ratificação
do CTBT, exigem apoio bipartidário. Está mais claro que este apoio só
será apresentado se a Administração demonstrar que o seu compromisso de
não-proliferação não enfraquece os laços dos Estados Unidos com os seus
Aliados.
O novo documento estruturante da Aliança vai de
certeza abordar as questões em torno do nuclear, em princípio com uma
linguagem política não muito diferente da do documento de 1999; contudo,
face ao novo ambiente estratégico, a referência, mesmo que menor, deve
ser inserida num contexto de controlo de armamentos e de
não-proliferação, como framework para uma futura retirada de armas
sub-estratégicas, que por agora mantêm um papel político importante,
quer para a coesão da Aliança, quer para o burden-sharing alargado, quer
ainda para uma qualquer estratégia de dissuasão.
As referências ao
desarmamento e à não-proliferação devem incluir uma explicação mais
detalhada da contribuição da NATO para estes objectivos. Eventualmente
pode-se entrar numa terminologia de referir um compromisso, a longo
prazo, de um mundo livre de armas nucleares e, mencionar a redução da
importância das doutrinas e políticas nucleares. Esta matéria será
provavelmente alvo de longo debate até se encontrar um equilíbrio
sustentável entre as visões dos Aliados. Curioso notar que o grupo de
peritos em todo o documento não mencionou sequer a palavra
desarmamento.
Com uma vida útil
estimada em cerca de dez anos, não significa que o Conceito venha de
algum modo "congelar" o status quo nuclear para a próxima década.
Entretanto, já ficou assente a revisão da postura nuclear da Aliança
logo após a Cimeira e, pensamos nós, será a evolução do ambiente de
segurança internacional nos próximos anos que determinará a evolução e a
dimensão nuclear da NATO.
Seja qual for a opção,
será crucial para impedir que o debate no seio da Aliança degenere numa
batalha política ou mesmo moral, entre os Aliados nucleares e
não-nucleares. Uma das conquistas mais importantes da NATO foi a
mensagem de credibilidade de segurança no espaço Euro-Atlântico. Esta
mensagem é hoje tão importante como no passado. Agora se vai continuar a
exigir armas nucleares sub-estratégicas na Europa continuará a ser uma
questão para debate.
Temos,
no entanto, algumas dúvidas em relação à recomendação feita pelos
peritos para que a NATO “(…) should endorse a policy of not using or
threatening to use nuclear weapons against non-nuclear states that are
party to the Nuclear Non-Proliferation Treaty and in compliance with
their nuclear non-proliferation (…)”. Esta posição parece-nos
condicionadora da política da Aliança e enferma de uma grande
vulnerabilidade. Se, por um lado, apresenta transparência quanto à
política de emprego dos meios (só empregues contra um ataque nuclear),
por outro, implica um conjunto de efeitos não desejáveis, como o findar
com o clima de incerteza, doutrinário de qualquer política de dissuasão
credível, e limitador da liberdade de acção. Ao mesmo tempo, o assumir
desta postura dá um sinal claro à Rússia, que este país nuclear vizinho
ainda é considerado um potencial inimigo pela Aliança e certamente
também “arrefecerá” as relações com diversos países, incluindo o
Paquistão, a Índia e Israel. Devemos, entretanto, evitar um infindável
debate interno sobre o que é um Estado nuclear e não nuclear. |
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4. A DEFESA ANTIMÍSSIL NA ALIANÇA |
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Na Cimeira dos 60 anos da Aliança, que teve lugar em
Estrasburgo/Kehl, foi reconhecido e reafirmado que a proliferação de
mísseis balísticos coloca uma crescente ameaça às Forças, territórios e
população dos Aliados, sendo que a defesa antimíssil (MD) constitui
parte de uma resposta mais alargada para conter essa ameaça. Mas, ao
falarmos em MD na NATO temos de abordar o tema em três grandes áreas:
Defesa de Teatro; defesa Territorial; e cooperação com a Rússia.
Os sistemas MD, que descreveremos adiante, estão a
ser desenvolvidos para fazer face a uma possível ameaça de mísseis
balísticos e, em Estrasburgo/Kehl, com base na análise técnica e
político-militar, foi decidido que a ameaça deveria ser abordada por
prioridades, motivo pela qual se entende que no imediato, a principal
ameaça balística que a Aliança poderá enfrentar é proveniente do
Médio-Oriente, nomeadamente do Irão. Vejamos no que se traduz essa
ameaça. |
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a) A possível ameaça |
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Mark Fitzpatrick[82]
considera que há evidências que o Irão procura uma capacidade de armas
nucleares devido, sobretudo, ao ambiente de secretismo em que o seu
programa nuclear está envolvido; à falta de lógica económica das suas
aquisições; ao desenvolvimento tecnológico de mísseis balísticos; e, aos
laços militares para o programa e actividades relacionadas com o
nuclear.
Actualmente o Irão tem potencial conhecimento
científico e tecnológico para desenvolver armas nucleares, porém ainda
não efectuou qualquer teste nuclear, pelo que ainda não possui qualquer
munição nuclear operacional, validada e testada que possa ser utilizada
como ADM. Todavia, o Irão desde Agosto de 2010 tem em funcionamento uma
central nuclear em Bushehr, tendo previsto um programa de edificação de
mais 19 instalações idênticas.
De acordo com o East-West Institute[83],
o Irão desenvolve programas de enriquecimento de urânio 235 e de
produção de plutónio 210 e 239[84]
e, será capaz de desenvolver, construir e testar um engenho nuclear de
um desenho simples, em dois ou três anos, após a decisão para o
executar, podendo levar cinco anos para transitar de um engenho simples
para o desenvolvimento de uma ogiva nuclear capaz de ser acoplada num
míssil balístico.
Em paralelo com o programa nuclear, o Irão desenvolve
mísseis balísticos, com o objectivo aparente de ser capaz de projectar
ogivas nucleares para além das suas fronteiras. O desenvolvimento do seu
programa de mísseis balísticos remonta aos anos oitenta, aquando da
guerra com o Iraque, tendo desde então desenvolvido os mísseis de classe
Shahab 1, 2 e 3, e o Ghadr-1 Kavosghar (uma evolução do Shahab 3), de
combustível líquido, estando a desenvolver o Sajjil 2, míssil de
combustível sólido, com alcance estimado de 2200 km[85]
e capaz de transportar uma ogiva de 750 kg.
A versão de três fases de combustível sólido Sajjil
2, capaz de transportar uma ogiva de uma tonelada a mais de 3700 km está
a cerca de quatro ou cinco anos da sua operacionalidade, pelo que
provavelmente, o Irão não será capaz de atingir alvos na Europa
Ocidental antes de 2014 ou 2015 e, prevê-se que só em 2020 tenha
desenvolvido o seu conceito de ICBM (mais de 5500 km de alcance)[86].
As capacidades tecnológicas dos vectores de projecção
iranianos incluem, neste momento, a possibilidade de colocação de
satélites em órbita, pois recordamos que a 2 de Fevereiro de 2009 o Irão
efectuou lançamento do satélite Ormid com o SAFIR Space Launch Vehicle
(essencialmente idêntico ao Ghadr-1 Kavosghar), não há, no entanto,
evidências que o satélite tenha sido colocado em órbita. Estes vectores
de projecção têm alcances para atingir países na Europa de Leste, no
Médio-Oriente e partes da Rússia, basta adaptá-los para transportar uma
ogiva.
Porém, e segundo Mark Fitzpatrick[87],
devido à sua pouca precisão, a utilidade militar operacional de mísseis
balísticos do Irão é muito limitada. Contudo, em nosso entender, o papel
desempenhado por estes mísseis vai além do seu valor operacional, é
essencialmente político-estratégico, residindo aqui a nossa principal
diferença em relação a Fitzpatrick; mesmo sem grande precisão, se os
mísseis estiverem armados com ogivas químicas, biológicas ou nucleares,
o seu efeito será sempre devastador no âmbito psicológico e das
percepções, e é neste domínio que hoje a guerra, como forma superior de
política, se desenrola. Além do mais, o tornarem-se úteis militarmente
será uma questão de tempo, dado que há um incrementar contínuo das suas
capacidades e tecnologias.
Esta, recordamos, é uma ameaça hipotética, pois
apesar de o Irão desenvolver todas estas capacidades, não há evidência
que procure ameaçar territórios, Forças ou populações da Aliança. |
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b) O Active Layered Theatre Ballistic Missile
Defence |
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O Programa do Active Layered Theatre Ballistic
Missile Defence (ALTBMD) tem em vista o desenvolvimento de uma
capacidade de defesa antimíssil, capaz de conferir protecção às forças
NATO, fundamentalmente para mísseis balísticos com alcances até 3000 Km[88].
O estudo de viabilidade deste Programa foi lançado em Julho 2001 como
resposta à proliferação das tecnologias ligadas ao emprego de mísseis
balísticos e à existência de equipamentos capazes de alcançar partes do
território da Aliança (podendo, mesmo, transportar ADM). Em Março de
2004, o Conselho do Atlântico Norte aprovou o programa ALTBMD que foi
posteriormente ratificado pelos Chefes de Estado e de Governo na Cimeira
de Istanbul[89].
Já na Cimeira de Estrasburgo/Kehl se definiu que era
necessário
“(...) identificar e concretizar o trabalho político,
militar e técnico relacionado com a possível expansão do papel do
programa Active Layered Theatre Ballistic Missile Defence (…) para além
da protecção de Forças projectadas e incluir defesa territorial
antimíssil (...) apresentar recomendações compreendendo arquitecturas
alternativas a partir de elementos de arquitecturas já estudadas de
forma a serem consideradas na próxima Cimeira [Lisboa](...)”.
Posteriormente é afirmada a disponibilidade para
explorar o potencial de ligação entre sistemas de defesa antimíssil dos
Estados Unidos, da NATO e da Rússia, no momento apropriado, sendo ainda
encorajada a Rússia a tirar partido das propostas de cooperação com os
EUA[90].
Este programa desenvolve-se por fases de
implementação e baseia-se na integração dos diferentes sistemas em uso
nas nações NATO. A actual fase designa-se de Interina e deve estar
pronta em finais de 2010, seguida de uma Initial Operational Capability,
para apoio à NATO Response Force, à qual se segue uma Full Lower Layer
TMD C2, implementada através da estrutura de comandos fixa e móvel da
Aliança; e, por último, a Integrated Upper/Lower Layer C2. A
arquitectura final espera-se que seja atingida em 2017.
De momento os estudos decorrem para verificar a
viabilidade da integração deste sistema no novo sistema norte-americano,
sendo que o ALTBMD, se autorizada a sua expansão, pode vir a constituir
a base do sistema de defesa antimíssil territorial da Aliança. |
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c) Defesa antimíssil Territorial |
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Foi na Cimeira de Praga em 2002 que foi decidido o
lançamento de um estudo de exequibilidade do ambicioso projecto do
Territorial Missile Defence, que tem como objectivo proteger não só as
Forças como o território e as populações das nações da Aliança. Tal como
o programa ALTBMD, o MD Territorial está orientado para fazer face a
mísseis balísticos.
Em Riga[91],
os Chefes de Estado e de Governo acolheram com agrado o estudo iniciado
em Praga, que concluiu ser tecnicamente exequível para a Aliança
desenvolver uma capacidade de MD, e decidiram que se deveria continuar o
trabalho sobre as implicações políticas e militares para a Aliança, da
defesa antimíssil, incluindo uma actualização das ameaças.
Na Cimeira de Bucareste[92],
reconheceu-se o contributo norte-americano para a protecção conferida
aos membros da Aliança e, tendo por base a indivisibilidade da segurança
dos Aliados, foi atribuída ao Conselho a tarefa de desenvolver opções
para uma arquitectura global de defesa antimíssil que conferisse
cobertura a todos os territórios e populações dos Aliados europeus, não
abrangidos pelo sistema dos EUA[93].
Na época, para complementar a estrutura do sistema
dos EUA e ter a possibilidade de conferir a cobertura desejada, os
norte-americanos negociaram a instalação duma estação radar e um “site”
de intercepção (10 interceptores), respectivamente na República Checa e
na Polónia. Simultaneamente propuseram que fossem identificadas opções
no quadro da Aliança, para complementar o seu sistema de MD.
Entretanto, a 17 de Setembro de 2009, o Presidente
Obama apresentou o novo sistema de defesa antimíssil, o que veio alterar
o progresso dos trabalhos na NATO. A solução agora apresentada
caracteriza-se, essencialmente, por se desenvolver em quatro fases e foi
designada como Phased Adaptive Approach (PAA)[94].
O projecto teve por base, por um lado, uma
reavaliação da ameaça balística, nomeadamente por o Irão progredir mais
rapidamente do que estava inicialmente previsto na sua capacidade de
produção de mísseis de curto e médio alcance, e, por outro lado, para
aproveitar novas tecnologias surgidas nos últimos 5 anos – os navios
Aegis com interceptores SM-3 Block I-A – para fazer face à ameaça. Nesta
ordem de ideias, à luz da nova definição de prioridades políticas,
impunha-se uma revisão da arquitectura de defesa antimíssil.
O sistema antimíssil dos EUA que está
fundamentalmente orientado para fazer face a mísseis balísticos,
representa o contributo norte-americano para o esforço da Aliança e
confere uma cobertura substancial do seu território europeu, sendo ainda
coerente com as decisões políticas já tomadas, e compatível com os
contributos nacionais já adquiridos ou em vias de aquisição,
nomeadamente navios, interceptores e radares terrestres, navais e
aéreos. A Roménia e a Polónia concederam, entretanto, facilidades para
instalação nos seus territórios dos Mísseis SM-3 em 2015 e 2018
respectivamente, e que integram a componente europeia do PAA.
Entretanto, ficará sediado na República Checa um Centro de Alerta
Precoce, e não como no projecto anterior, um radar, inviabilizado
politicamente pela sua não aprovação na Câmara dos Deputados, embora
aprovado pelo Senado.
Para os norte-americanos, esta nova abordagem terá
menores custos, será mais flexível e adaptável, apresenta uma maior
capacidade de sobrevivência e garantirá o princípio fundamental da
indivisibilidade da Segurança para todos os membros da Aliança, sendo
que, em relação à proposta anterior, esta nova arquitectura
desenvolve-se face à evolução da ameaça, tendo sido decidido que a
prioridade na resposta deve antes incidir sobre os mísseis de curto e
médio alcance, relativamente aos quais o Irão já dispõe de capacidade
desenvolvida. Quanto aos mísseis intercontinentais, a revisão efectuada
concluiu que o acesso a uma tecnologia fiável e disponível não será uma
realidade, no curto e médio prazo.
No que diz respeito às implicações para a estrutura
em estudo na Aliança - o ALTMBD - os EUA estão convictos de que sistema
norte-americano poderá adaptar-se bem a uma integração com o sistema que
a NATO vier a desenvolver, aventando a possibilidade de surgirem mais
áreas de cooperação e inclusive uma redução de custos devido à
substituição de um grande número de componentes por uma só, com maior
capacidade.
Numa óptica da Aliança, em geral, afigura-se que o
objectivo da protecção de todo o território e populações europeias
parece merecer agora maior destaque do que no anterior plano. A nova
proposta, uma vez que lidará com uma ameaça concreta no curto e médio
prazo, faz sentido militarmente, é potencialmente mais integrável no
desenvolvimento do ALTBMD, e também, eventualmente, mais aceitável pelas
autoridades russas.
Este novo Sistema está ainda em sintonia com o novo
START. Segundo Washington, aquele Tratado não impõe
nenhuma limitação aos testes, ao desenvolvimento ou à instalação de
sistemas de defesa antimísseis dos Estados Unidos, que estejam
programados ou em curso de o ser. Podemos verificar logo no preâmbulo do
Tratado o reconhecimento da relação entre armas estratégicas
ofensivas e defensivas e que “(...) current strategic defensive arms do
not undermine the viability and effectiveness of the strategic offensive
arms of the Parties (…)”, não sendo, assim, incluído o sistema
Antí-míssil. Parece-nos ainda interessante referir a linguagem que é
introduzida e que limita o uso dos ICBM e SLBM para a adaptação a
interceptores antimíssil, bem como a situação inversa, salvaguardando no
entanto que “(...) This provision shall not apply to
ICBM launchers that were converted prior to signature of this Treaty for
placement of missile defense interceptors therein (…)”[95].
Todo este sistema deve ser avaliado de uma forma
global, inserido no âmbito de uma estratégia de dissuasão
norte-americana que engloba diversos parceiros. Na Ásia o Japão, a
Coreia do Sul e Taiwan; no médio oriente Israel, Arábia Saudita, Kuwait
e Turquia e na Europa a Alemanha, Holanda, Espanha e Grécia, todos
dotados de sistemas Patriot. De lembrar que a Espanha e Noruega possuem
também navios Aegis.
Esta questão não pode também ser desligada da
presença nuclear norte-americana na Europa. Enquanto esta se mantiver, a
NATO deve desenvolver o MD como um elemento da sua postura defensiva
cada vez mais importante, acrescentando assim um importante vector de
dissuasão pela negação. Um sistema MD efectivo pode ser complementar e
eventualmente, a seu tempo, o substituto da nuclear sharing, como meio
de manter os EUA empenhados na Defesa Europeia; acresce que alguns
Estados-Membro, como já referimos, não sentirão a necessidade de
desenvolverem os seus próprios meios nucleares, e ainda, este sistema MD
não manterá na Aliança o estatuto diferenciador entre países nucleares e
não nucleares. |
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d) Cooperação com a Rússia |
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De entre os programas em curso no âmbito do NATO
Rússia Council (NRC), é de destacar a cooperação a nível Theatre Missile
Defence (TMD). Este programa tem como objectivo conseguir a
interoperabilidade entre os meios da Rússia e da NATO, com o consequente
aumento da eficácia global do sistema. Dos objectivos iniciais constava
a intenção de interligar, quando apropriado, os sistemas da Rússia ao
ALTBMD[96].
A anterior iniciativa dos EUA, para instalação do 3º
“site” MD na Europa, teve consequências no desenvolvimento dos trabalhos
do NRC-TMD. Com a colocação deste sistema na Europa, sobretudo à porta
da Rússia, Moscovo entendeu que se alterava o equilíbrio geoestratégico
existente até ao momento, prejudicando não só relações entre a Rússia e
os EUA, mas, também, entre a Rússia e a NATO, qualificando como
incompreensível a utilidade real do referido sistema.
A situação na Geórgia levou também a um arrefecimento
nas relações, agravadas pelo anúncio que a Rússia prepara a instalação
de Mísseis Iskander, de curto alcance, no seu enclave de Kalinegrado e
pela apresentação da sua nova doutrina militar a 5 de Fevereiro[97].
A mais recente doutrina militar russa considera um
dos principais perigos para a sua segurança[98]
o facto de a NATO mover as suas infra-estruturas militares para mais
perto das fronteiras da Federação Russa, em paralelo com o
desenvolvimento do eventual sistema antimíssil, perturbadores da actual
estabilidade e alinhamento no campo do nuclear, bem como da
militarização do espaço e a projecção de sistemas de armas estratégicas
não nucleares. A Rússia reserva o direito de empregar armas nucleares em
resposta à utilização deste tipo de armas ou de qualquer outro tipo de
ADM contra si ou contra os seus Aliados, ou também de qualquer outro
tipo de armas contra a Federação, desde que a existência do Estado
esteja sobre ameaça. Curiosamente, na principal tarefa atribuída às suas
Forças Armadas, para além da prevenção de conflitos militares, nucleares
e não nucleares, deixa a “porta aberta” para negociações no que ao MD
diz respeito, pois admite a possibilidade da criação de mecanismos para
a regulação e cooperação bi e multi-lateral neste âmbito. Lembramos as
negociações bilaterais com os EUA para a negociação do novo START e a
promessa de manterem futuras negociações sobre este e outros assuntos
relativos ao nuclear, desarmamento e controlo de armamento. Por fim, a
nova doutrina militar russa contém um adendum classificado sobre o uso
do nuclear, pelo que o seu emprego permanece pouco claro.
Mas porquê a preocupação e a insistência com o
envolvimento russo? Com efeito, a Rússia possui capacidades de detecção,
identificação e tracking de um qualquer disparo, que seriam não só um
contributo útil, como um corte nos custos de todo o projecto MD
territorial. Esta cooperação é ainda fundamental pelas consequências
associadas aos destroços que surgirão após a intercepção/destruição de
um qualquer míssil cujo alvo se localize em certas regiões da Europa,
uma vez que o território russo terá a probabilidade de ser o território
mais afectado.
Os EUA referem e forçam mesmo no seio da Aliança esta
eventual cooperação com os russos na partilha de informação e na área
dos radares, aproveitando a sua oferta, em 2007, de utilização das
instalações em Kabala (Azerbeijão), e, em Armavir (Rússia), devido à sua
capacidade para uma detecção precoce de lançamentos a partir do Irão[99].
Por outro lado, norte-americanos consideraram a possibilidade de
renunciar ao projecto em troca de a Rússia dar o seu contributo para
evitar o desenvolvimento nuclear iraniano, nomeadamente o programa de
mísseis de longo alcance.
Apesar de os EUA e NATO garantirem à Rússia que o
programa MD não se destina a fazer face àquela nação, mas
fundamentalmente à ameaça crescente do Irão, os russos, caso não sejam
membros activos no processo, rogam-se no direito de considerar ameaça
todo o míssil que cruzar o seu espaço e de tomar as medidas que
entenderem por adequadas, assumindo actualmente uma posição
interessante, definida pelo seu Representante Permanente junto da
Aliança, Embaixador Rogozin como de “trust but verify”. Tudo depende do
papel que lhe for atribuído e do grau de participação no processo de
decisão. |
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e) A defesa antí-míssil e o novo Conceito Estratégico |
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Na reunião de Ministros de Negócios Estrangeiro em
Tallin[100],
ficou estabelecido, que em Lisboa, se decidiria ou não sobre uma missão
antimíssil para a Aliança. Já Hillary Clinton e Robert Gates vêm
defendendo esta situação e que a Aliança deve suportar os custos da
expansão do ALTBMD para capacidade territorial. Esta capacidade
fortalecerá a coesão da Aliança, o Art.º 5 e garantirá a sua segurança.
No relatório do Grupo de Peritos considera-se que a
defesa de um qualquer ataque proveniente do Irão, transformou o MD numa
Missão essencial da Aliança. O relatório salienta ainda o importante
contributo do PAA, bem como o incrementar da dissuasão e da partilha de
responsabilidades transatlânticas. Reafirma-se ainda que este sistema
não é dirigido contra a Rússia, mencionando a necessidade de uma
estreita cooperação.
Surgem, no entanto, vozes contraditórias e mais
cautelosas quanto a esta nova missão, nomeadamente da França, que, em
Praga, aprovou a decisão de conduzir um estudo sobre a exequibilidade de
um sistema para a protecção de Forças, centros populacionais e
território europeu da Aliança[101].
O Ministro da Defesa, Hervé Morin, talvez bem
aconselhado pelos escritos de Samaan e Gompert[102],
compara o sistema MD à linha Maginot, que pode induzir numa falsa
percepção de segurança e que coloca a NATO numa posição de esperar pelo
ataque para se poder defender. Aqueles autores consideram ainda que este
sistema pode, em simultâneo, reduzir a confiança para se efectuar um
ataque contra a Aliança, e, ao mesmo tempo, incrementar a credibilidade
de uma retaliação nuclear, e, pode ainda, aumentar a confiança no seio
da Aliança para um ataque convencional contra um estado nuclear, não
receando resposta nuclear.
A França, apesar do apoio a um sistema de defesa
antimíssil, é muito crítica quanto às opções de Arquitectura e
respectivos custos. Face aos constrangimentos orçamentais, considera
difícil suportar uma capacidade incerta, apenas confiável para ataques
de pequena escala e com meios pouco sofisticados; porém, entendemos que
o grande motivo se prende com o acesso a tecnologia norte-americana e ao
envolvimento das indústrias de defesa francesas no projecto. Nos seus
discursos, o actual Presidente francês é claro ao mencionar:
“(...) Let us not lose sight of the
fact that missile defence will never be efficient enough to protect our
vital interests. On this issue, France has chosen a pragmatic approach.
It is in this spirit that we are taking part in the collective work of
the Atlantic Alliance - dear Hervé Morin. We have solid technical
know-how in this area that could be taken advantage of when the time
comes (…)”[103].
Na Aliança, o debate em
torno do MD também nos aparece associado ao desarmamento nuclear,
surgindo abordagens que interpretam esta capacidade como indutora de
proliferação, e outras com uma visão oposta, que se as potências
nucleares possuírem estes meios e estes forem confiáveis, conduzirá sim
a um desarmar progressivo, sendo proposta uma abordagem cooperativa do
MD com a Rússia e mesmo a China[104].
Em vésperas da Cimeira
em Lisboa, consideramos ainda ser possível negociar um acordo para que a
Aliança passe a desempenhar uma missão de defesa antimíssil, assim o
queiram os franceses. Se estes, de facto, aceitarem, fará sentido também
participarem na capacidade dissuasora da NATO. |
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5) O Regresso da Dissuasão nuclear |
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Com o regresso dos temas nucleares à Agenda
internacional e com a imposição do MD na Aliança, houve outro tema, que
tinha caído no esquecimento, que reaparece com um novo vigor: a
dissuasão.
Para Sauer[105]
o conceito de dissuasão está hoje desgastado por diversos factores como,
entre outros: a proliferação horizontal; o terrorismo; o tabu nuclear e
a defesa antimíssil. Quanto ao primeiro factor, podemos considerar que
desde 1945 a dissuasão nuclear não impediu outros Estados de se armarem
nuclearmente numa média de, em cada sete anos, aparecer um novo país com
capacidades nucleares. Após a Guerra-Fria, como vimos, tem havido um
incremento da proliferação quer pelo prestígio que adquire quem possuir
esta capacidade, quer pela protecção que confere, sendo que muitos dos
países proliferadores enfrentam grande instabilidade política interna
(Paquistão), com todos os riscos associados de falta de controlo e de
eventual transferência desta capacidade para actores estatais ou não
estatais.
Quando se trata de
aplicar o conceito tradicional de dissuasão ao terrorismo e a outros
actores não-estatais, temos sempre a tendência de considerar que esta é
uma estratégia que não se aplica[106],
arranjando argumentação em torno da falta de racionalidade desses
actores, confundido aqui com o conceito de razoabilidade[107],
esquecendo que um conceito não implica o outro e, considerando que
racional é o actor que segue a “nossa” lógica estratégica, esquecendo
também que a sua racionalidade está assente em outros valores e
princípios. Assim, devemos ter sempre presente o
princípio base desta estratégia, que só sabemos se funciona “(…) when it
does in the minds of enemy liders, it is their world view, not ours,
that must determine whether or not deterrence succeeds (…)”[108].
Nesta ordem de ideias, se tivermos a garantia de
comunicação, ou seja, que a mensagem transmitida é percebida e de que o
processo de decisão desses actores é baseado sempre no custo/benefício
da acção, deve-se aplicar a dissuasão através da negação de alvos ou
pela punição das lideranças destes actores. No fundo, será estruturar a
dissuasão à ameaça e mostrar que a concretização de um ataque não é uma
modalidade de acção a adoptar.
O tabu nuclear também tem desgastado a dissuasão uma
vez que se relaciona com o impedimento “moral” e com os custos políticos
de um qualquer líder dos P5 utilizar este armamento. Desde 9 de Agosto
de 1945 que nenhuma arma nuclear foi empregue, mesmo em Teatros de
Operações onde as baixas foram significativas.
Há ainda a tese que defende que o MD não reforça a
dissuasão nuclear, antes pelo contrário, pois esta capacidade pode
induzir numa percepção que a capacidade nuclear já não é capaz de
concretizar o seu papel. Sauer[109]
defende ainda que, se os sistemas MD, ainda em desenvolvimento, não
funcionarem, o que temos são dois sistemas débeis e, mesmo que
adversário acredite no real funcionamento do sistema, para o quebrar,
apenas desenvolverá mais armamento nuclear, conduzindo, assim, a uma
corrida ao armamento. Opinião com a qual discordamos, dado que, por um
lado, é o MD que conduz a dissuasão ao seu topo, pela negação, impedindo
ou dificultando as intenções, a quem quer que seja, de concretizar um
ataque, uma vez que os seus meios serão destruídos; por outro lado, a
quem defende ainda fica a capacidade de retaliação nuclear. Além do mais
uma das bases doutrinárias da dissuasão, que se desenrola num ambiente
de incerteza, é o acreditar na capacidade e credibilidade dos sistemas.
Assim, o critério da
suficiência da dissuasão passou a ser a capacidade das forças nucleares
penetrarem no sistema de defesa antimíssil inimigo, sendo esta
preocupação ainda mais evidente após a assinatura do Novo START[110].
Na Aliança continua em vigor o conceito de
Extended Deterrence norte-americano, porém abordado
de uma nova forma, onde forçosamente temos de incluir as diferentes
perspectivas dos Aliados, que continuam a confiar nas garantias dadas.
Assim, requere-se um olhar mais atento para os novos desafios como a
Proliferação e o Terrorismo nuclear, mas também pelo papel mais
assertivo da Rússia, com um novo enfoque no uso de armas nucleares, o
que determina/condiciona a postura de alguns Aliados.
Foi durante a presidência de Putin, entre 2000 e
2008, que a Rússia veio a reafirmar a sua intenção de se manter
associada ao nuclear como garante da sua independência, segurança,
soberania e, sobretudo, para a sua reafirmação como grande potência na
cena internacional, tendo o então Presidente russo afirmado “(...)
Our country’s nuclear potential is of vital
importance for our national security interests. The reliability of our
‘nuclear shield’ and the state of our nuclear weapon complex are a
crucial component of Russia’s world power status (…)”[111].
Posteriormente, em 2009, o General Leonid Ivashov, de forma a
contrabalançar as vantagens norte-americanas em Forças convencionais,
enfatizou que a Rússia não tem alternativa às armas nucleares[112],
tendo recentemente aquele país confirmado as suas intenções de
implementar uma nova doutrina para a preservação da sua tríade
estratégica nuclear, orientada para a dissuasão[113].
Dentro dos Aliados, destacamos a França com a
reafirmação de uma estratégia de dissuasão, encarada como um pilar da
sua soberania e do seu papel de actor global[114].
Sarkozy considera mesmo que: “(…) tomorrow,
technological breakthroughs may create new threats. That is why we are
so attached to our nuclear deterrent. It is strictly defensive
(…)”, associando a MD como um complemento da estratégia de dissuasão
francesa, salientando que “(…) In order to preserve our freedom of
action, missile defence capabilities against a limited strike could be a
useful complement to nuclear deterrence, without being a substitute for
it (…)”[115],
aqui juntando-se ao discurso dos governantes norte-americanos, para quem
a estratégia de dissuasão para o Século XXI passa pela capacidade de
MD.
Assim, na
impossibilidade de se caminhar para uma Post-existential deterrence[116]e
de forma a continuar a assegurar as suas garantias de defesa, a Aliança
deve adoptar uma Holistic Deterence, que inclua capacidades
convencionais, nucleares e agora o MD, ciente da necessidade de, a
partir destas capacidades, dever adoptar uma credível Tailored Deterence,
o que implica diferentes formas e opções de dissuasão para diferentes
confrontações e diferentes adversários[117],
pois no fim, são os Aliados que decidem sobre a suficiência da
credibilidade dessas garantias. |
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Algumas Conclusões |
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A NATO e os seus membros
vivem actualmente o dilema entre a dissuasão nuclear ou o desarmamento.
O desarmamento nuclear total só pode ser alcançado se conseguirmos uma
arquitectura de segurança colectiva funcional, assente numa paciente
criação de medidas de confiança e num complexo regime de verificação. No
entanto, acreditamos que num futuro previsível, a Aliança não será capaz
de dispensar as armas nucleares como um componente de uma dissuasão
eficaz e fiável, sendo, porém, fundamental encontrar um compromisso
político.
Apesar das diferentes perspectivas no seio da
Aliança, devemos avaliar criticamente como a componente nuclear pode ser
adaptada aos actuais desafios de segurança, ao extrair do Plano de Acção
do NPT elementos para o futuro da NATO, como o compromisso inequívoco
com a meta de longo prazo de um mundo livre de armas nucleares, cientes
de que um mundo sem armas nucleares, não será alcançado do dia para a
noite. Neste compromisso é imperioso ser mantido um estreito diálogo com
a Rússia, extensível também à defesa antimíssil.
Mas, neste debate sobre
política nuclear e a adopção ou não de uma missão antimíssil, o mais
importante é a garantia de manutenção da foot print norte-americano no
Velho Continente, essa é a verdadeira importância político-estratégica
da Extended Deterrence e do programa da defesa antimíssil. |
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Notas |
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[1] Sobre este assunto
podemos detalhar na documentação oficial da Aliança disponível entre
outros, em: http://www.nato.int/cps/en/natolive/official_texts_57218.htm?selectedLocale=en
[3]
A Coreia do Norte anunciou que iria abandonar o Tratado em 2003,
antes de admitir abertamente o seu envolvimento num programa de
armamento nuclear.
[4]
EUA, Rússia, Grã-Bretanha, França,
China
[5]
Paquistão, Índia, Israel e Coreia do Norte.
[6] TNO
(2007) – Missile Defence, an overview. The Hague.
[7]
SIPRI (2010) - Yearbook, Stockholm.
[8]
RUHLE, Michael - The bomb for beginners. A do-it-youself guid to
going nuke in a few easy steps. IP Global Edition, nº2, 2010, p.
37-40.
[9] BALL,
Deborah; GERBER, Theodore - Russian Scientists and Rogue States:
Does Western assistance reduce the Proliferation Threath? In,
International Security, Vol. 29, N.º 4. 2005. P. 65.
[10]
ALISSON, Graham (2010) – Nuclear disorder. Surveying Atomic Threats.
In, Foreign Affais, January/February.
[11] A
este propósito a Harvard Kennedy School, em Janeiro de 2010,
publicou um importante documento onde compila uma intensa cronologia
de acções/esforços desenvolvidos pela al Qaeda para conseguir obter
uma Arma de Destruição Massiva.
MOWAT-LARSEN Rolf - Al Qaeda Weapons of Mass
Destruction Threat: Hype or reality?. Harvard Kennedy School, 2010,
Cambridge.
[12] O discurso do
Presidente norte americano está disponível em
http://Prague.usembassy.gov/obama.html.
[13] United
States Department of Defence, Nuclear Posture Review Report.
Abril de 2010. Disponível em http://www.defense.gov/npr/.
[14] Participaram 46
países, delegações da Agência Internacional de Energia Atómica, das
Nações Unidas e da União Europeia.
[15] A “International
Conference on Disarmament and Non-Proliferation”, realizou-se entre
17 e 18 de Abril, tendo participado 35 países.
[16] A
“2010 Review Conference of the Parties to the Treaty on the Non
Proliferation of Nuclear Weapons”, decorreu de 3 a 28 de Maio.
[17] Conta com 116 Estados.
[18] JONHSON,
Rebecca (2010) – Assessing the 2010 NPT Review Conference.
Disponível em: http://www.acronym.org.uk/
[21] O CTBT detém um
sistema global de estações de monitorização (337 instalações), para
detectar localizar e caracterizar explosões nucleares. Recordamos
que em Portugal (Açores), na ilha das Flores, está sediada uma
estação hidro-acústica e na ilha de São Miguel uma estação
Radionuclide. Estas estações contribuem para o todo do sistema.
[22]
TREZZA, Carlo (2010) – The Ban of Fissile Material for weapons
purposes and the issue of nuclear fuel cycle. Apresentação
efectuada durante a Annual NATO Conference on WMD Arms Control,
Disarmament and Non-Proliferation, realizada em Praga em Junho de
2010.
[23]
GRAND, Camile (2010) - The Non-Proliferation Treaty in an era of
proliferation crises. In Nuclear weapons after the 2010 NPT Review
Conference, Chaillot Paper - n°120, April.
[24] ALISSON,
Graham, op. cit.
[25] NOGUEIRA, Franco
(1993) – O Juízo Final. Civilização, Porto.
[26] Uma medida curiosa,
mas sem efeitos práticos é o facto de nesta última revisão do NPT
continuar a a ser enfatizada a negação de estatuto de Nuclear Weapon
State à Coreia do Norte.
[27]
YAEL, Ronen (2010) - The Iran Nuclear Issue. Hart Publishing, Oxford
And Portland.
[28] Recordamos que a 17 de
Maio, o Irão na procura de evitar novas sanções, negociou com o
Brasil e com a Turquia uma troca de combustível nuclear, com a
intenção de estabelecer “(...) a positive constructive,
non-confrontational atmosphere leading to an era of interaction and
cooperation (...)”. Joint Declaration by Iran,
Turkey and Brazil,” Ministry of Foreign Affairs of Iran, Ministry of
Foreign Affairs of Turkey, and Ministry of External Relations of
Brazil, May 17, 2010. Disponível em:
http://www.politico.com/static/PPM143_100517_iran_agreemet.html.
[29] A
resolução especifica: “(…) Decides that Iran shall not undertake any
activity related to ballistic missiles capable of delivering nuclear
weapons, including launches using ballistic missile technology, and
that States shall take all necessary measures to prevent the
transfer of technology or technical assistance to Iran related to
such activities (…)”. Disponível em:
http://daccess-dds-ny.un.org/doc/UNDOC/GEN/N10/396/79/PDF/N1039679.pdf?OpenElement.
[30] ALISSON, Graham, op.
cit.
[31] Segundo o relatório da
Canberra Commission de 1996: “(…) The problem of
nuclear proliferation is inextricably linked to the continued
possession of nuclear weapons by a handful of states. As long as any
state has nuclear weapons, there will be others, state or sub-state
actors, who will seek to acquire them (…)”. A este propósito podemos
consultar as soluções apontadas pela Canberra Commission em Report
of the Canberra commission on the limination of nuclear weapons.
Agosto de 1996, disponível em
http://www.dfat.gov.au/cc/CCREPORT.pdf.
[32] Sobre este tema não
podemos deixar de ler o magnífico e elucidativo texto publicado na
revista Foreign Affairs, de FERGUSON, Charles (2010) - The long road
to zero. Overcoming the
obstacles to a Nuclear free World. In, Foreign Affairs,
January/February.
[33]
Tratado de Moscovo ou SORT, assinado em 24 de Maio de 2002
por George Bush e Vladimir Putin. O texto do Tratado limita-se a
definir um intervalo máximo para o número de ogivas nucleares
(1700-2200 ogivas) que cada uma das partes poderia manter nos seus
arsenais nucleares estratégicos. O Tratado não abrangia vectores de
lançamento.
[34] O START I, celebrado
entre a URSS e os Estados Unidos em 1991, foi o primeiro acordo de
desarmamento de armamento estratégico ofensivo entre as duas
potências nucleares. O START I tinha como objectivo destruir armas
nucleares excedentárias para se alcançar, de forma faseada, uma
paridade quantitativa entre as tríades nucleares estratégicas
(ICBMs, SLBMs e bombardeiros estratégicos) dos dois Estados. O
Tratado, que expirou em Dezembro de 2009, conseguiu uma redução do
número de vectores de lançamento e de ogivas na ordem dos 40% em
relação ao total das forças nucleares existentes nos dois países em
1991.
[35] O Tratado já
ratificado pelo Senado norte-americano, entrará em vigor depois de
ser ratificado pela Duma russa. O Tratado de Moscovo ficará
automaticamente abolido depois da entrada em vigor deste novo texto.
[36] Capítulo
XI, alínea 2. Treaty between the United States of America and the
Russian Federation on measures for the further reduction and
limitation of strategic offensive arms.
http://www.state.gov/documents/organization/140035.pdf.
[37]
KENNEDY , Laura (2010) - The NPT Review Conference and disarmament:
a participant’s perspective, efectuada durante a Annual NATO
Conference on WMD Arms Control, Disarmament and Non-Proliferation,
realizada em Praga em Junho de 2010.
[40]
SMITH, Mark (2010) – Disarmament in the Anglo-American context. In
Nuclear weapons after the 2010 NPT Review Conference, Chaillot Paper
- n°120, April.
[41]
SAMAAN, Jean Loup; GOMPERT, Davis (2009)
– French Nuclear Weapons, Euro-Deterrence,
and NATO. In
Contemporary Security Policy, Vol. 30, nº 3, December.
[42] COMPARATIVE
STRATEGY, 2010.
[43] Este importante
documento pode ser consultado no sítio:
www.carnegieendowment.org/files/nuclear-paper.pdf.
[44] SAMAAN e GOMPERT, ob.
cit.
[45] Ver a este propósito
discurso de Sarkozy em Cherbourg, a 21 de Março de 2008, aquando do
lançamento à água do SSBN “Le Terrible”, disponível em
http://www.ambafrance-ng.org/france_nigeria/spip.php?article889.
“(…) Our vital interests, of course, include the
elements that constitute our identity and our existence as a
nation-State, as well as the free exercise of our sovereignty. My
responsibility, as Head of State, is to assess their limit at all
times, for in a changing world they cannot remain static (…)
As for Europe, it is a fact:
by their very existence, French nuclear forces are a key element in
Europe’s security. Any aggressor who might consider challenging it
must be mindful of this. Let us, together, draw every logical
consequence of this situation. I propose to engage those European
partners who would so wish in an open dialogue on the role of
deterrence and its contribution to our common security. Our
commitment to the security of our European partners is the natural
expression of our ever-closer union. The Lisbon Treaty marks a
historic step forward in this regard (…)”.
[46] Neste Livro Branco são
fixados três princípios que dão continuidade à política de De
Gaulle: “(...) l’indépendance complète de nos forces nucléaires ; la
liberté d’appréciation des autorités françaises, qui implique une
absence d’automaticité dans nos engagements militaires et le
maintien des moyens de l’autonomie stratégique, notamment par
l’accroissement de nos capacités de renseignement; enfin, la liberté
permanente de décision, qui suppose qu’aucune force française ne
soit placée en permanence, en temps de paix, sous le commandement de
l’OTAN (...)”.
[47]
SAMAAN e GOMPERT, op. cit.
[48] Sarkosy no seu
discurso em Cherbourg a 21 de Março de 2008, referiu: “(…)
But let us not be naïve; the very basis of
collective security and disarmament is reciprocity (...) I am
proposing to the international community an action plan to which I
call on the nuclear powers to resolutely commit by the 2010 NPT
Conference. Thus I invite all countries to ratify the Comprehensive
Test Ban Treaty, (…) I urge the nuclear powers to dismantle all
their nuclear testing sites in a manner that is transparent and open
to the international community; I call for the immediate launching
of negotiations on a treaty to ban the production of fissile
material for nuclear weapons purposes, and to establish without
delay a moratorium on the production of such material; I invite the
five nuclear weapon States recognized by the NPT to agree on
transparency measures; I propose opening negotiations on a treaty
banning short- and intermediate-range surface-to-surface missiles; I
ask all nations to accede to and implement the Hague Code of Conduct
Against Ballistic Missile Proliferation, as France has done. At the
same time, the entire international community must mobilize in all
other fields of disarmament (…)”. Disponível em:
http://www.ambafrance-ng.org/france_nigeria/spip.php?article889.
[49]
QUINLAN, Michael (2007) - Abolishing Nuclear Armouries: Policy or
Pipedream? In Survival, Vol. 49 No. 4, Winter.
[50]
TERTRAIS, Bruno (2009) - Advancing the Disarmament Debate: Common
Ground and Open Questions; In Carnegie Endowement. Brussels.
[51]
THRANERT, Oliver (2009) – NATO Missile Defence and Extended
Deterrence. In Survival, vol 51, nº 6 Dec/Jan.
[52] A política dos três
nãos expressa em Dezembro de 1996 na declaração final da reunião de
ministros de Negócios-Estrangeiros e da Defesa e, depois também no
acto fundador NATO–Rússia de 1997; “(…) The
member States of NATO reiterate that they have no intention, no plan
and no reason to deploy nuclear weapons on the territory of new
members, nor any need to change any aspect of NATO's nuclear posture
or nuclear policy - and do not foresee any future need to do so.
This subsumes the fact that NATO has decided that it has no
intention, no plan, and no reason to establish nuclear weapon
storage sites on the territory of those members, whether through the
construction of new nuclear storage facilities or the adaptation of
old nuclear storage facilities. Nuclear storage
sites are understood to be facilities specifically designed for the
stationing of nuclear weapons, and include all types of hardened
above or below ground facilities (storage bunkers or vaults)
designed for storing nuclear weapons (...)”. A este propósito
consultar
http://www.nato.int/cps/en/natolive/official_texts_25468.htm.
[53] Aeronaves preparadas
para efectuarem missões convencionais e nucleares.
[54] O
Ministro da defesa Polaco (Bogdan Klich) argumentou com as seguintes
expressões: “(…) the lack of the Polish feeling of security is
provoked by the tendencies of Russia over the past few years (…)”
acrescentando “(…) The distribution of NATO institutions in Europe
is not balanced. The majority of the NATO and EU institutions are
located in the western part of Europe. That is why we began those
talks with the Americans over missile defence (…)”. Texto
disponível em COMPARATIVE STRATEGY, 2010.
[55]
Interessante sobre esta temática analisar o relatório do workshop
organizado pelo NATO DEFENSE COLLEGE: Workshop report – The future
of NATO´s Nuclear Deterrent: The new Strategic Concept and the 2010
NPT Review Conference. Rome; bem como a análise efectuada na
COMPARATIVE STRATEGY de 2010.
[56]
COMPARATIVE STRATEGY, op. cit. e NATO DEFENCE COLLEGE, op. cit.
[57] Sobre este tema
podemos consultar a documentação em fonte aberta no sítio oficial da
Organização no seguinte endereço electrónico:
http://www.nato.int/issues/nuclear/sec-environment.html.
[58] Para ser credível deve
ter capacidades militares e uma vontade política determinada em
utilizá-las.
[59] Documento disponível
em: http://www.nato.int/issues/nuclear/sec-environment.html.
[60] Podemos ter uma
leitura mais detalhada desta carta, que se encontra disponível no
sítio do Ministério dos Negócios Estrangeiros dos Países Baixos
disponível em:
http://www.minbuza.nl/dsresource?objectid=buzabeheer:200281&type=org
[62] THRANERT, Oliver, op.
cit.
[63] Entre os anos 70 e 80
do século XX, a panóplia de meios nucleares da Aliança era vasto e
incluía diversos vectores como minas terrestres, munições de
artilharia, mísseis cruzeiro, mísseis de curto e médio alcance,
mísseis terra-ar e ar-terra e bombas de gravidade. Com o findar da
Guerra-Fria, unilateralmente adoptou diversas medidas para
concretizar a redução desses meios. George Bush (Pai) em 1991
decidiu reduzir as suas forças sub-estratégicas na Europa em 85%. A
redução atingiu também os paióis, que foram reduzidos em cerca de
80%.
[64] COMPARATIVE STRATEGY,
op. cit.
[65] Declarações oficiais
do Embaixador Egípcio, Maged Aziz a 5 de Maio de 2010, durante a
Conferência de revisão do NPT. A este propósito devemos consultar
http://www.reachingcriticalwill.org/legal/npt/revcon2010/statements.html.
Posição reafirmada a 25 de Junho de 2010 pelo Embaixador Khaled
Shamaa na sua intervenção The Middle East: a Nuclear Weapon Free
Zone, efectuada durante a Annual NATO Conference on WMD Arms
Control, Disarmament and Non-Proliferation, realizada em Praga.
[66]
JONHSON, Rebecca (2010) – The 2010 NPT Review Conference: Moving
beyond partial non-proliferation approaches. Apresentação
efectuada durante a Annual NATO Conference on WMD Arms Control,
Disarmament and Non-Proliferation, realizada em Praga em Junho de
2010.
[67]
ANTONHY, Ian (2010) - The future of nuclear weapons in NATO: a SIPRI
study. Apresentação efectuada durante a Annual NATO
Conference on WMD Arms Control, Disarmament and Non-Proliferation,
realizada em Praga em Junho de 2010.
[68] A retirada poderá
ainda ter implicações para outros países, como o Japão, que
questiona onde serão colocadas as armas nucleares sub-estratégicas
russas se retiradas de solo europeu? Vão ser desmanteladas, ou
estacionadas mais próximas do seu território?
[69]
COMPARATIVE STRATEGY, op. cit.
[70]
Para Catherine Warren “(…) Some European
countries, especially elites in the newer central and eastern
European member states, attach a high symbolic importance to the
deployment of tactical nuclear weapons on European soil as evidence
of U.S. security guarantees. Turkey also is thought to
be particularly concerned about any withdrawal because it faces a
more direct threat from Iranian missiles, although it is now
included in the new U.S. plans for a European missile defense system
(…)”. In, WARREN,
Catherine; Scott, L. (2009) - Getting to
Zero Starts Here: Tactical Nuclear Weapons. Disponível em:
http://www.armscontrol.org/act/2009_10/Kelleher.
[71]
Na declaração final de Praga podemos ler “(…) We
reaffirm that disarmament, arms control and non-proliferation make
an essential contribution to preventing the spread and use of WMD
and their means of delivery. We stress the importance of abiding by
and strengthening existing multilateral non-proliferation and export
control regimes and international arms control and disarmament
accords (…)”. Disponível em:
http://www.nato.int/docu/pr/2002/p02-127e.html.
[72]
Esta estratégia ficou designada por “A
NATO Comprehensive Stratgic Level Policy for preventing the
proliferation of WMD and defending against CBRN Threats”. No
documento podemos ler como Missão: “(…) With
due respect to the primarily military mission of the Alliance, NATO
will work actively to prevent the proliferation of WMD by State and
non-State actors, to protect the Alliance from WMD threats should
prevention fail, and be prepared for recovery efforts should the
Alliance suffer a WMD attack or CBRN event, within its competencies
and whenever it can bring added value, through a comprehensive
political, military and civilian approach (…)”. Disponível
em:
http://www.nato.int/cps/en/natolive/official_texts_57218.htm?selectedLocale=en.
[73]
Este documento considera que: “(…) Strategic
enablers are crosscutting capabilities that enable the Alliance to
effectively undertake the three pillars of NATO’s approach to
prevent the proliferation of WMD, protect against WMD should
prevention fail, and to be prepared to recover should the Alliance
suffer a WMD attack or CBRN event. The following strategic enablers
facilitate the Alliance’s efforts to combat WMD: intelligence and
information sharing, CBRN Reachback, international outreach and
partner activities, as well as public diplomacy and strategic
communications (…)”. Disponível em:
http://www.nato.int/cps/en/natolive/official_texts_57218.htm?selectedLocale=en
[74] Podemos detalhar sobre
este assunto na página oficial da NATO, disponível em:
www.nato.int/cps/en/natolive/official_texts_57218.htm?selectedLocale=en
[75] Artigo que basicamente
impõe que cada Estado não-nuclear, parte do Tratado, aceite o
sistema de salvaguardas das AIEA, com o exclusivo propósito de
verificação do cumprimento das obrigações assumidas perante o
Tratado, tendo em vista a prevenção do desviar energia atómica de
utilização pacífica para armamento nuclear.
[76] Artigo que refere que
cada parte no exercício do seu direito soberano tem o direito de
abandonar o Tratado se decidir que eventos extraordinários estão a
prejudicar o supremo interesse nacional.
[77]
KENNEDY, Laura, op. cit.
[78]
Joint Statement by Foreign Ministers of Norway and Poland.
Podemos detalhar sobre este assunto no sitio do Ministério da Defesa
Norueguesa em :
http://www.norwaynews.com/en/~view.php?724GnD58bAned672U4p353cza784e3P3c544NbQ384IUIk880XP648.
[79]
NATO DEFENSE COLLEGE, op. cit.
[80] Podemos consultar
detalhadamente o relatório em:
www.nato.int/strategic-concept/expertsreport.pdf.
[81] Este sentimento também
esteve presente na última revisão do NPT. Um dos 64 tópicos do Plano
de Acção, aborda a necessidade de reduzir o papel das armas
nucleares nas doutrinas militares dos NWS.
[82]
FITZPATRICK, Mark (2010) - Iran’s Ballistic Missile Capabilities: A
net assessment. International Institute for Strategic Studies,
London. No relatório elaborado por Fitzpatrick comparam-se o
progresso do Irão com o desenvolvimento de mísseis de programas
noutros países. O processo avalia os tipos de mísseis que o Irão
pode tentar desenvolver no futuro, quanto tempo ele pode levar e
quais as tendências observáveis e indicadores que permitem a outros
países monitorizar o progresso do Irão, bem como desenhar plano de
respostas adequadas.
[83]
EAST-WEST INSTITUTE (2009) - Iran´s Nuclear And Missile Potential. A
joint Threat assessment by US And Russian Technical Experts.
Brussels.
[84]
Enriquecer a 20% permite ficar perto da capacidade de produzir
armas; e com os actuais níveis de armazenamento de urânio
enriquecido a 3,5%, possui o suficiente, uma vez enriquecido, para
duas armas nucleares. Em 2010 foi publicado um estudo muito completo
de YAEL, Ronen (2010) – The Iran Nuclear Issue. Hart Publishing,
Oxford And Portland.
[85] Estes mísseis são
idênticos aos norte-coreanos da classe Scud, sendo o Shahab -3
idêntico ao Ghauri 1 paquistanês e ao norte-coreano Nodong.
[86] Actualmente pode
atingir alvos a cerca de 900 km das suas fronteiras com o Shahab-3,
que tem uma carga nominal de 1.000 kg. O Ghadr-1, teoricamente,
amplia o alcance do Irão para cerca de 1.600 km, com uma ogiva de
750 kg. Desenvolve agora uma nova gama média, de mísseis de
combustível sólido, o Sajjil-2. O Irão é o único país que
desenvolveu um míssil com estes alcances sem primeiro ter
desenvolvido armas nucleares. O sistema de combustível sólido
oferece muitas vantagens estratégicas, incluindo a ser menos
vulneráveis graças ao seu menor tempo de lançamento e de preparação.
Podemos detalhar em FITZPATRICK, op. cit.
[87] FITZPATRICK, op. cit.
[88] Podemos classificar os
alcances dos mísseis em SRBM, curto alcance, até aos 1000 km, MRBM,
médio alcance, entre os 1000 e os 3000 km; IRBM, intermédio, com
alcances entre 3000 e 5500km, ICBM, intercontinental, com alcances
superiores a 5500km.
[89] No
documento podemos ler: “(…) we noted the approval of the principle
of the establishment of a NATO Active Layered Theatre Ballistic
Missile Defence programme (…) and noted ongoing work by the NATO
Military Authorities in relation to the defence of deployed NATO
forces, including the NRF, against theatre ballistic missiles (…)”.
Disponível em: http://www.nato.int/docu/pr/2004/p04-096e.htm.
[90] No
texto da declaração final desta Cimeira foi afirmado: “(…) task the
Council in Permanent Session to identify and undertake the policy,
military and technical work related to a possible expanded role of
the
Active Layered Theatre Ballistic Missile Defence
(ALTBMD) programme beyond the
protection of NATO deployed forces to include territorial missile
defence (…)”. Disponível em:
http://www.nato.int/cps/en/natolive/news_52837.htm?mode=pressrelease.
[91] No texto da declaração
final desta Cimeira pode ler-se: “(…) It
concludes that missile defence is technically feasible within the
limitations and assumptions of the study. We tasked continued work
on the political and military implications of missile defence for
the Alliance including an update on missile threat developments
(…)”. Disponível em:
http://www.nato.int/docu/pr/2006/p06-150e.htm.
[92] Podemos consultar os
detalhes no texto da declaração final da Cimeira em:
http://www.nato.int/cps/en/natolive/official_texts_8443.htm?mode=pressrelease
[93] Ao todo foram
levantadas cinco opções possíveis: 1 - apenas sistema dos EUA; 2 -
sistema dos EUA com “interface” para a estrutura C2; 3 - sistema dos
EUA complementado com sistemas MD pertencentes aos sistemas ALTBMD;
4 – Idêntico à segunda opção, acrescida de sistemas móveis e por um
sistema de radares de vigilância móveis; 5 – Idêntica à segunda
opção, acrescida de sistemas interceptores fixos e radares de
vigilância e controlo de fogo.
[94] A partir de 2011, a
operacionalização do projecto terá, essencialmente, por base os
interceptores móveis SM-3 (Block IA) colocados a bordo de navios
Aegis, e sensores como o AN/TPY2 no Mediterrâneo Oriental. Nesta
fase o sistema destina-se a proteger de mísseis balísticos
“regionais” que ameacem a Europa. A partir de 2015, numa segunda
fase, o sistema será complementado por interceptores terrestres
SM3-Block IB, localizados no Nordeste europeu e está preparado para
fazer face a mísseis de curto e médio alcance. Até 2018 será
efectuado o alargamento para o dobro da área de cobertura graças ao
novo interceptor (SM-3 Block IIA) desenvolvido em cooperação com
Japão e instalação três novos "sites", dois em terra (Polónia e
Roménia) e um no Mediterrâneo. Nesta fase o sistema também terá
novas capacidades de detecção e prevê a cobertura de todo o
território e populações dos países da NATO contra MRBM/IRBM;
Finalmente, em 2020, com os SM-3 Block IIB, o sistema deverá ter
capacidade de interceptar mísseis intercontinentais, conferindo
cobertura completa do território Europeu da Aliança. Podemos
detalhar na documentação da Missile Defence Agency, disponível em:
http://www.mda.mil/system/paa.html.
[95]
Podemos ver o texto do Tratado em: Treaty between the United States
of America and the Russian Federation on measures for the further
reduction and limitation of strategic offensive arms, disponível em:
www.state.gov/documents/organization/140035.pdf.
[96] Na Cimeira de
Bucareste foi explicitamente referido: “(…) We also
commend the work already underway to strengthen NATO-Russia missile
defence cooperation. We are committed to maximum transparency and
reciprocal confidence building measures to allay any concerns. We
encourage the Russian Federation to take advantage of United States
missile defence cooperation proposals and we are ready to explore
the potential for linking United States, NATO and Russian missile
defence systems at an appropriate time (...)”. Disponível em:
http://www.nato.int/cps/en/natolive/official_texts_8443.htm?mode=pressrelease.
Em Estrasburgo/Kehl, na Cimeira do 60 aniversário, estes propósitos
foram reafirmados. Disponível em:
http://www.nato.int/cps/en/natolive/news_52837.htm?mode=pressrelease.
[97] Podemos consultar a
nova doutrina militar russa na internet, diponível em:
http://russianforces.org/blog/2010/02/new_russian_military_doctrine.shtml
[98] Na
doutrina vem expresso :”(…) The main external military dangers are:
a) the desire to endow the force potential of the North Atlantic
Treaty Organization (NATO) with global functions carried out in
violation of the norms of international law and to move the military
infrastructure of NATO member countries closer to the borders of
Russian Federation, including by expandig the bloc (…) c) the
deployment (buildup) of troop contingents of foreign states (groups
of states) on the territories of states contiguous with the Russian
Federation and its allies and also in adjacent waters (…)”.
[99]
Como podemos verificar no NPR norte americano: “(...)A strategic
dialogue with Russia will allow the United States to explain that
our missile defenses and any future U.S. conventionally-armed
long-range ballistic missile systems are designed to address newly
emerging regional threats, and are not intended to affect the
strategic balance with Russia (…)”.
[101] No comunicado final
da Cimeira em Praga foi referido: “(…) Examine
options for addressing the increasing missile threat to Alliance
territory, forces and population centres in an effective and
efficient way through an appropriate mix of political and defence
efforts, along with deterrence. Today we initiated a new NATO
Missile Defence feasibility study to examine options for protecting
Alliance territory, forces and population centres against the full
range of missile threats, which we will continue to assess. Our
efforts in this regard will be consistent with the indivisibility of
Allied security. We support the enhancement of the role of the WMD
Centre within the International Staff to assist the work of the
Alliance in tackling this threat (…)”. Disponível em:
http://www.nato.int/docu/pr/2002/p02-127e.htm
[102] SAMAAN,
Jean Loup; GOMPERT, Davis (2009) – French Nuclear Weapons,
Euro-Deterrence, and NATO.
In Contemporary Security Policy, Vol. 30, nº 3,
December.
[103] Ver a este propósito
discurso de Sarkosy em Cherbourg, a 21 de Março de 2008, aquando do
lançamento à água do SSBN “Le Terrible”, disponível em
http://www.ambafrance-ng.org/france_nigeria/spip.php?article889.
[104]
COMPARATIVE STRATEGY, op. cit.
[105] SAUER,
Tom (2009) - A Second nuclear revolution: From nuclear primacy to
post existential Deterrence. Taylor and Francis.
[106]
DAVIS, Paul; JENKINS, Brian (2002) – Deterrence and the influence in
counterterrorism: A component in the war on al Qaeda. RAND
Corporation, Santa Mónica.
[107]
GRAY, Colin (2009) – National Security Dilemas. Challenges &
Opportunities. Potomac Books, Washington
[109] SAUER, Tom, op. cit.
[110] SARAIVA, Francisca
(2009) – Poder Militar e Agressão Armada em Ambiente Pós Bipolar:
Análise Jurídico-Estratégica das “ Guerras High-Tech” e das “ Novas
Guerras” nos discursos e práticas sobre agressão e legítima defesa.
tese de doutoramento, Lisboa: ISCSP.
[111] PUTIN, Vladimir
(2006) - Opening Remarks at Meeting With Heads of the Russian
Nuclear Weapons and Nuclear Energy Complexes;
In Novo-Ogaryovo, 9 de Junho,
disponível no President of Russia OfficialWeb Portal, disponível em:
http://www.kremlin.ru/eng/text/speeches/2006/06/09/1952 type
82912type82913 106757,shtml.
[112] Podemos consultar
detalhadamente as palavras do General Ivashov no seu artigo
Suspicious Haste in ReducingArms. In, Nezavisimaya Gazeta Online,
dia 6 de Julho. Disponível em Open Source Center CEP20090706021008.
[113]Podemos consultar
detalhadamente em: http://russianforces.org/blog/2010/02/new_russian_military_doctrine.shtml.
[114]SAMAAN
e GOMPERT, op. cit.
[115] SARKOSY, Nicholas
(2008) - Discurso em Cherbourg, a 21 de Março, aquando do lançamento
à água do SSBN “Le Terrible”, disponível em http://www.ambafrance-ng.org/france_nigeria/spip.php?article889.
[117]
LANTIS, Jeffrey (2009) - Strategic Culture and Tailored Deterence:
Bridging the Gap between Theory and Practice. In Contemporary
Security Policy, Nº 3, Dezembro. pp. 467-485. Este conceito
aparece em documentos oficiais a partir de 2004, nomeadamente num
sobre doutrina do Comando Estratégico norte-americano.
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Francisco
Miguel
Gouveia Pinto Proença Garcia is a LTC in the Portuguese Army.
He graduated from
Military Academy in 1991. He took his PhD in Contemporary History at the
OPorto University in 2001. He had his Agregation (same as the German
Habilitation) at the Portuguese Catholic University in 2008.
He took the Staff Course at the Portuguese Joint War College in 2006.
He has served as Vice-president of the Council of the Portuguese
Military Academy and its Army Research Centre. He has lectured on
Strategy at the Joint War College and at the Institute of Political
Studies (Catholic
University of Portugal).
He his also Deputy-Secretary General from the International Academy of
Portuguese Culture. He is a Guest Professor of War and Strategic Studies
in the Catholic University of Lisbon and of War Studies in the Lisbon
University Institute.
In his Military career he has been assigned to several countries
(Angola, Mozambique, Guinea-Bissau and East-Timor) in peace keeping and
security sector reform missions.
At present he is serving as a Military Counsellor to the Portuguese
Delegation to NATO HQ in Brussels, he also serves as the Portuguese
representative in the Europen Defense Agency in Brussels.
He has written fifty articles on his subject and published seven books.
Francisco Garcia
is 42 and married to Elizabete Garcia with whom he has two little girls.
Email: FMGarcia@bx.emgfa.pt |
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Francisco Proença Garcia (Portugal)
Tenente-Coronel de Infantaria. Agregado em Relações Internacionais.
Actualmente a desempenhar as funções de Conselheiro Militar junto da
DELNATO. |
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© Maria Estela Guedes
estela@triplov.com
PORTUGAL |
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