REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências


Nova Série | 2011 | Número especial
Homenagem a Ana Luísa Janeira

 

Ana Luísa Janeira
Foto de José M. Rodrigues

A Ana Luísa Janeira, ao deixar

a Universidade de Lisboa

 

CARLOS A. FILGUEIRAS

EDITOR | TRIPLOV  
ISSN 2182-147X  
DIREÇÃO  
Maria Estela Guedes  
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Desejo dar um testemunho de natureza totalmente pessoal a respeito de minha querida amiga Professora Ana Luísa Janeira, neste momento em que tantos de seus admiradores e amigos se juntam para homenageá-la. Quero somar-me a eles, mesmo não podendo estar fisicamente em sua companhia.

    
Conheci Ana Luísa Janeira em Coimbra, quando lá passava uma temporada em 1987. Desde logo ficamos amigos, e eu passei a frequentar seus seminários aos sábados em Lisboa. Após meu regresso ao Brasil, nosso intercâmbio continuou cada vez mais forte, tanto do ponto de vista profissional como pessoal. Foram inúmeros encontros de ambos os lados do Atlântico, em todos esses anos. Esses encontros envolveram muitos trabalhos, projetos, congressos, seminários e conferências, mas também viagens pelo interior do Brasil e de Portugal. Por meio dela tive a alegria de conhecer um grande número de pessoas, tanto no ambiente acadêmico ou fora dele, que vieram a tornar-se amigos preciosos. Nossa convivência traduziu-se numa amizade de quase um quarto de século que também envolve familiares e amigos comuns. Ela é ótima companhia seja para discutir assuntos de filosofia e história da ciência, seja para frequentar concertos em Lisboa ou óperas no Rio de Janeiro. Ela me fez ver aspectos de Portugal e da vida portuguesa com outros olhos, desde Lisboa até pequenas comunidades do Minho. E seus olhos brilhavam quando perambulávamos pelo interior de Minas Gerais, nas velhas cidades do período barroco.   

 
 
 
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
   
 
 

Ana Luísa tem uma personalidade bastante complexa, que alia o brilhantismo excepcional de uma fantástica inteligência verbal a uma fina ironia, sempre presente. Vez por outra surge uma certa irascibilidade, quando a provocam, que é prontamente sufocada por uma mescla de bom humor e laivos de ternura. Ela se transfigura quando apresenta uma conferência e mesmeriza seus ouvintes pela maneira profunda e sempre elegante de expor as ideias. O catolicismo de seus interesses é notório e surpreende quem a conhece há pouco tempo. Sua veia lúdica vive a expressar-se das formas mais insólitas e originais, mas sempre embasada em sólidos fundamentos, os quais ela mostra com brilho, expondo a tessitura das ideias que levam das origens às consequências de seu raciocínio. Não obstante, muitas vezes me espantei com algumas de suas propostas lúdicas, como a ideia de que talvez fosse interessante fundar uma escola de samba em Lisboa.

Ana Luísa combate o conformismo com unhas e dentes. Seu dinamismo é tão grande que sempre a leva à busca da renovação. E espera que todos a sua volta também partilhem desse entusiasmo. Por isso ela nunca poderia ser acusada de enfadonha, muito ao contrário.

Em suma, é um privilégio poder conhecer uma pessoa com tantos predicados. Mesmo correndo o risco de às vezes parecer um pouco piegas, assumo-o, pois em certas ocasiões é preciso deixar de lado os preconceitos e dizer claramente o que se pensa. E isto que aqui está é dito com muita admiração, singeleza e carinho a uma amiga querida.  
 

 

 

 

Carlos Alberto Lombardi Filgueiras (Brasil)
Departamento de Química
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte, Brasil

 

 

© Maria Estela Guedes
estela@triplov.com
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