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REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências
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Ana Luísa Janeira
Foto de José M. Rodrigues |
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A Ana Luísa Janeira, ao
deixar
a Universidade de Lisboa
CARLOS A. FILGUEIRAS |
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EDITOR | TRIPLOV |
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ISSN 2182-147X |
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DIREÇÃO |
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Maria Estela Guedes |
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Desejo dar um testemunho de natureza totalmente
pessoal a respeito de minha querida amiga Professora Ana Luísa
Janeira, neste momento em que tantos de seus admiradores e amigos se
juntam para homenageá-la. Quero somar-me a eles, mesmo não podendo
estar fisicamente em sua companhia.
Conheci Ana Luísa Janeira em Coimbra, quando lá passava uma
temporada em 1987. Desde logo ficamos amigos, e eu passei a
frequentar seus seminários aos sábados em Lisboa. Após meu regresso
ao Brasil, nosso intercâmbio continuou cada vez mais forte, tanto do
ponto de vista profissional como pessoal. Foram inúmeros encontros
de ambos os lados do Atlântico, em todos esses anos. Esses encontros
envolveram muitos trabalhos, projetos, congressos, seminários e
conferências, mas também viagens pelo interior do Brasil e de
Portugal. Por meio dela tive a alegria de conhecer um grande número
de pessoas, tanto no ambiente acadêmico ou fora dele, que vieram a
tornar-se amigos preciosos. Nossa convivência traduziu-se numa
amizade de quase um quarto de século que também envolve familiares e
amigos comuns. Ela é ótima companhia seja para discutir assuntos de
filosofia e história da ciência, seja para frequentar concertos em
Lisboa ou óperas no Rio de Janeiro. Ela me fez ver aspectos de
Portugal e da vida portuguesa com outros olhos, desde Lisboa até
pequenas comunidades do Minho. E seus olhos brilhavam quando
perambulávamos pelo interior de Minas Gerais, nas velhas cidades do
período barroco. |
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Ana Luísa tem uma personalidade bastante complexa,
que alia o brilhantismo excepcional de uma fantástica inteligência
verbal a uma fina ironia, sempre presente. Vez por outra surge uma certa
irascibilidade, quando a provocam, que é prontamente sufocada por uma
mescla de bom humor e laivos de ternura. Ela se transfigura quando
apresenta uma conferência e mesmeriza seus ouvintes pela maneira
profunda e sempre elegante de expor as ideias. O catolicismo de seus
interesses é notório e surpreende quem a conhece há pouco tempo. Sua
veia lúdica vive a expressar-se das formas mais insólitas e originais,
mas sempre embasada em sólidos fundamentos, os quais ela mostra com
brilho, expondo a tessitura das ideias que levam das origens às
consequências de seu raciocínio. Não obstante, muitas vezes me espantei
com algumas de suas propostas lúdicas, como a ideia de que talvez fosse
interessante fundar uma escola de samba em Lisboa.
Ana Luísa combate o conformismo com unhas e dentes.
Seu dinamismo é tão grande que sempre a leva à busca da renovação. E
espera que todos a sua volta também partilhem desse entusiasmo. Por isso
ela nunca poderia ser acusada de enfadonha, muito ao contrário.
Em suma, é um privilégio poder conhecer uma pessoa
com tantos predicados. Mesmo correndo o risco de às vezes parecer um
pouco piegas, assumo-o, pois em certas ocasiões é preciso deixar de lado
os preconceitos e dizer claramente o que se pensa. E isto que aqui está
é dito com muita admiração, singeleza e carinho a uma amiga querida.
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Carlos Alberto Lombardi Filgueiras
(Brasil)
Departamento de Química
Universidade Federal de Minas Gerais
Belo Horizonte, Brasil |
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© Maria Estela Guedes
estela@triplov.com
PORTUGAL |
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