|
|
|
REVISTA TRIPLOV
de Artes, Religiões e Ciências
|
|
|
Ana Luísa Janeira
Foto de José M. Rodrigues |
|
ANA LUÍSA
JANEIRA
(Os meus) espaços
de construção intelectual
|
|
Editor | Triplov |
|
ISSN 2182-147X |
|
Dir. |
Maria Estela Guedes |
|
Índice de Autores |
|
Série Anterior |
|
Nova
Série | Página Principal |
|
SÍTIOS ALIADOS |
|
TriploII - Blog do TriploV |
|
TriploV |
|
Agulha Hispânica |
|
Filo-cafés |
|
Bule,
O |
|
Contrário do Tempo, O |
|
Domador de Sonhos |
|
Jornal de Poesia |
|
|
|
Quando se aplica uma perspectiva de
descontinuidade ao caso específico da produção de conhecimento, não
surpreenderá verificar quanto ela foi mudando segundo as épocas e os
paradigmas; o que talvez pareça menos óbvio, e por isso menos
descrito, é quanto e como houve espaços precisos concebidos e
organizados, na sequência.
Situação que recebeu concretizações particulares e definidoras de
inovação ao longo da implementação e consolidação das ciências
modernas. Quando, a par dos espaços para o livro, apareceram os
espaços de laboratórios, gabinetes e museus, aparentados entre si.
“Gabinetes (Curiosidades, História Natural) Boticas
(Conventos, Universidades) e Bibliotecas (Paços Reais,
Academias) são espaços, os primeiros antigos, os segundos
modernos, com proximidades-distâncias manifestas.
Têm em comum servirem para abrigar a recolha, a reserva, a
manutenção e a projecção de um património material e de um
legado espiritual.
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
|
Têm de diferente, o tipo de utilidade operativa que lhes é
atribuída.
Emergem, porque as configurações epistémicas de onde saem
precisam deles, e os vão deixar actuar nos limites do
permitido-proibido, onde os conhecimentos dominantes sempre
intervêm, num ou noutro caso.
Ao longo dos tempos, sofreram mudanças e estas mudanças
decorreram de algumas rupturas, até.
Também por isso, importa determinar as mudanças epistemológicas
que ocorreram entre estes espaços e as suas gentes.
Que o gesto de guardar possa ter uma natureza primitiva, a
cerâmica pré-histórica está aí para prová-lo.
Mas é por demais evidente que o gesto terá tomado contornos,
formas e conteúdos bem diversificados, desde esse tempo até à
Biblioteca e ao Museu, na Ilha de Faro.
Como também, desde Alexandria até às bibliotecas de Cister,
Upsala, Escorial, Mafra. Ou ainda às raridades mantidas por
papas, reis, príncipes.
O hábito de guardar alimentos e sementes requeria pequenas taças
incipientes ou ânforas mediterrânicas pomposas.
Mas, a tendência para guardar códices, frascos, alambiques e
balanças acabou por determinar a edificação de espaços, caves e
sótãos com alguma volumetria.
Ao arrepio da destruição que as cruzadas e as guerras santas
provocaram, a Idade Média soube criar mecanismos para
enriquecer, por acumulo. À época, houve até quem criasse uma
imagem perene - anões aos ombros de gigantes.
Por isso, devemos a costumes medievais consagrados a conservação
de testemunhos vindos mais de trás, devido às características da
actividade intelectual desenvolvida pela elite, monástica e
heráldica.
Na verdade, foram dez séculos de trevas sem trevas, onde
operaram copistas meticulosos e gente curiosa, somando legados e
anexando descobertas.
Apesar de ainda hoje estar longe de ser uma realidade acabada, a
identidade inicial do território europeu esteve ligada à
capacidade de desenvolver uma consciência orientada para a
memória colectiva, através de objectos culturais e suas
condições de preservação.
Sendo assim, havia um substrato milenar de recolha-manutenção (o
que, acrescente-se, também aconteceu entre chineses e japoneses,
etc.), mas a circunstância vai ter de se amplificar e de mudar
muito, por causa do contacto com os Novos Mundos.
As distâncias oceânicas concorreram para aumentar o campo de
possibilidade de coisas nunca vistas. Concorreram igualmente
para trazer para cá realidades novas, uma multidão daquilo a que
o ouvido não estava habituado, ou seja, o «ex-ótico».
Curiosidades eram chamadas.
Enchiam escaparates, estojos e caixas nas salas ou nos salons.
Eram os Gabinetes de Curiosidades.
Foram criados e organizados por pretensões estético-culturais,
com algum pó de snobismo. Muitos dos armários e estantes
pareciam de boticas e de bibliotecas. Às vezes eram mais
sofisticados, mas nem sempre isso acontecia.
Faziam pasmar até os espíritos mais superficiais.
Mas também vão acicatar outros, despertando quem olha e quer
mexer, virar de frente para trás, cheirar, apalpar. Por isso,
começam a ser necessárias bancadas, pinças e lupas mais
potentes. Em suma, começam a construir-se lugares
cientificamente mais operacionais.
Assim sendo, os Gabinetes de História Natural estão a nascer.
A partir de então, há que aumentar o tamanho e a consistência
das reservas operativas para acumular, guardar, preservar.
Reservas operativas, é a expressão correcta, porque elas têm de
adquirir maior quantidade e qualidade, do manuseamento à
utilidade.
Nesta altura, aparecem preocupações associadas ao método: a
atitude de guardar passa a ser precedida por uma colecta cuidada
e a ser seguida por uma colecção, melhor preparada e mais
sistematizada.
Saber-colectar para saber-coleccionar.
As Academias, conscientes do dever que lhes cabe a tal respeito,
normalizam a sequência dos momentos e processos.
Por certos aspectos da sua natureza, o Gabinete de História
Natural encontra a botica, parente da bodega e do botequim,
pelos «espíritos» em que banham as suas águas.
A botica é o espaço onde é praticada a ciência&arte do
medicamento, produto para curar uma qualquer perturbação na
saúde, desarmonia de humores, como queriam os hipocráticos.
Diferentemente dos casos anteriores, este lugar é também loja,
para venda e para compra. Como os médicos, os boticários têm os
seus clientes, os pacientes. Semelhantemente às oficinas de
ferreiros e de ferradores, e aos laboratórios de alquimistas e
de químicos: macerar de simples dentro de almofarizes, decantar
licores benfazejos. Aqui todos sujam as mãos. Facto sobejamente
discriminatório, porque alimenta desequilíbrios da elite versus
povo e da universidade versus artes e ofícios.
Na verdade, o imperativo do saber-fazer, não só introduz um
sistema de relações com efeitos no saber-poder, como acarreta
fortes consequências sociais para os seus praticantes. Como
acontece com os médicos contra os cirurgiões.
A manipulação precisa de receitas (a que as ciências chamam
protocolos, na sua experimentação). A medida tem de ser cuidada,
nem muito demasiado, nem demasiado pouco. O sistema racionalista
impõe-lhe normas. Além disso, é preciso agir segundo códigos
corporativos.
Saber-fazer para saber-curar.
Mantidas por práticas e saberes tradicionais, as mesclas,
misturas, miscelâneas construíram, durante muito tempo, um tipo
de conhecimento a que se vieram opor as análises e as sínteses
modernas, progressivamente.
As narrativas museográficas alteram-se, na medida mesma em que
se vão alterando as estruturas onde se inserem.
No primeiro conjunto, tendências fortemente
vinculadas a um optimismo centrado nas capacidades e virtudes da
euforia humanista, em torno do encantamento pela capacidade
criativa, da projecção artística à curiosidade científica.
Ambiência que se faz acompanhar por um clima financeiro muito
favorável, ao servir um surto de mecenatos, onde a riqueza das
Repúblicas Italianas
assume um papel relevante.
No segundo conjunto, processos antropocêntricos fascinados pelo
empirismo e pelo racionalismo, orientado pelas descobertas sobre
as capacidades sensoriais ou dinamizado pelo poder contratual e
homogeneizante dos princípios da razão, respectivamente. Ali,
critérios de diferenciação que entram mais em conta com as
características individuais. Aqui, critérios de universalização
que reduzem as marcas específicas.
Gabinetes, Boticas e Bibliotecas o que têm em comum? Têm em
comum serem divisões onde grande parte da superfície das suas
paredes está escondida por detrás de armários, a presença
frequente de varandins, subterfúgio para solucionar problemas de
armazenamento, uma ambiência envolvida por um ar de reserva -
responderá o olhar furtivo e muito superficial.
Embora o processo que vai reduzir a
manipulação e tornar dominante a farmácia química esteja longe,
embora o processo que constitui as bibliotecas especializadas só
aconteça numa época posterior, o que há de comum entre
Gabinetes, Boticas e Bibliotecas é serem espaços privilegiados
para a prática do conhecimento e terem sofrido mudanças, segundo
as configurações epistémicas que fizeram deles materialidades
produzidas pelas culturas pré-modernas ou pelas ciências
modernas.”[i]
|
|
Quer isto dizer que qualquer gesto de conhecimento
pressupõe coexistências onde é actualizado, como ainda influencia a
forma como estas são estruturadas.
Na verdade, quer o acto de conhecer, como o seu
produto, o conhecimento, requerem uma certa atitude por parte do
sujeito, ao mesmo tempo que mobilizam a necessidade de determinados
espaços.
Assim, o processo histórico mostra como o saber
esteve articulado a determinados lugares entre a natura e a cultura, do
campo ao construído. |
|
|
|
ESPAÇOS DE CONSTRUÇÃO INTELECTUAL NO PORTUGAL DO SÉCULO XX |
|
|
|
No seguimento de projectos anteriores dedicados a
espaços de produção científica, originados e conservados na modernidade[2],
chegou o momento de abordar tempos mais recentes e de reflectir sobre
eles, através de uma tónica centrada em experiências pessoais.
Descendo a um caso particular, na segunda metade do
século XX português, a arquitectura e o orçamento das universidades ou
de outras instituições tornavam quase inevitável a necessidade de um
espaço individualizado para o universitário trabalhar intelectualmente.
A carência de gabinetes e as bibliotecas desactualizadas concorriam para
que cada um procurasse ter o seu canto, comprando os livros e laborando
muito por casa. Diga-se que esta realidade era complementada pela
frequência assídua de cafés, hábito tradicional associado a um certo ar
de cavaqueira e de tertúlia.
Assim sendo, a ida a uma biblioteca era feita
predominantemente quando não se tinha a bibliografia/documentação
adequada, não havia hipótese de empréstimo por parte de
amigos/colegas/conhecidos, ou se a investigação exigia o contacto com
fundos e fontes declaradamente não-privados.
Para esta situação concorria uma estrutura com termos
e relações ambientadas pela importância atribuída ao livro, menos à
revista, o que determinava, naturalmente, um processo educativo onde lhe
era atribuída uma identidade única e uma função sem igual.
Na verdade e para servir esta configuração, havia a
preocupação de ensinar como pegar neles, evitando que as crianças os
manuseassem sem estar preparadas, e os primeiros dias de aula eram
mobilizados pela compra excitante dos manuais, seguidos por horas
dedicadas a encaderná-los, desde o início de cada ano escolar.
Quando se junta ao enunciado anterior a perpetuidade
intergeracional dos compêndios, na primária, e o imobilismo dos livros
únicos, no secundário, percebe-se melhor quanto o factor económico
exigia ser auxiliado por um clima geral onde era importante dar-lhe uma
vida prolongada.
Convém desde já lembrar quanto a existência de uma
biblioteca em casa
identificava as famílias
distinguia as origens de cada um, ou as classes
respectivas
e os conteúdos opunham, inexoravelmente, a direita e
a esquerda.
Este era, pois, o contexto, onde quem tinha livros
geralmente os tratava bem e onde quem não os podia comprar sentia um
sinal discriminatório, vivido com angústia ou revolta à mistura.
Conjuntura última que veio a ser em parte superada pela intervenção
frutífera das Bibliotecas Itinerantes da Gulbenkian. Os muitos elogios,
que sempre acompanham a referência a este serviço criado, em 1959, pelo
escritor Branquinho da Fonseca, apontam para uma mudança qualitativa
entre a carência cultural anterior e o impacto cultural posterior, tudo
isto extremado por um analfabetismo larvar.
Por conseguinte, à novidade que transformava pela
capacidade de saber ler, escrever ou contar seguia-se a permanência
durante a qual a biblioteca pessoal jogava um papel e uma função de suma
importância, porque assim acontecia uma intimidade e uma conivência
únicas, entre quem tinha a possibilidade de criar um espaço deste género
e continuava a usufruir dele ao longo da vida.
Paralelamente e até porque o “je est un autre”, o
processo era constantemente enriquecido por diferentes metamorfoses
entre o sujeito e o objecto, em mudança. Por isso mesmo, este espaço
acumulava gostos e interesses individualizados, mas também tendências e
modas colectivas, a colmatar cadeias e cesuras, onde a existência tomava
corpo e fazia um “corpo sem órgãos”, mediado por desejos e fluxos, numa
constante tensão. |
|
|
|
PARA UMA EPISTEMOLOGIA DA BIBLIOTECA PESSOAL |
|
|
|
Na verdade, na medida mesma em que a biblioteca
pessoal reflecte a vida de quem a cria, ao mesmo tempo que incorpora as
suas potencialidades e limites, vale a pena fazer uma incursão pelas
autobiografias, pois entre elas há algumas pontes, pelo facto de ambas
concretizarem marcas de memórias comuns. Por outras palavras, a
biblioteca pessoal reflecte o indivíduo e a personalidade, rebatendo
sobre si fluxos e tensões entre o gosto e o interesse, o mister e a
selecção.
“Com
efeito, a contradição encerra o pano de fundo (…), pois permite adensar
quanto as (auto)biografias correspondem a estruturas onde o sujeito do
conhecimento está sempre distante do objecto a conhecer/objecto
conhecido. Porquanto a documentação usada pelo autor da biografia é
diferente da vida vivida pelo biografado, como outra será ainda a vida
narrada, mesmo se houver maior coexistência, no caso
da autobiografia.
Assim sendo, a questão fundadora dos enunciados em torno do tema
encontra a dualidade do mesmo e do outro, do princípio ao fim. E porque
é assim, caberá questionar as consequências para o tema, se prevalecer a
“stream
of consciousness”[i]
entendida de modo simplista, ou seja, como permanência dominante e
exclusiva em desprimor da mudança e diferença. Modelo que, aliás,
transvazou do foro psicológico e muito tem ajudado a deturpar a
realidade, favorecendo as tendências continuístas. ”[ii]
Fluxos há muito tempo descritos, e bem, por Luís de Camões (1524-1580),
por uma forma poética lapidar: “Mudam-se os tempos. Mudam-se as
vontades”.
Ambiente que mais avoluma quando a biblioteca
abriga, com muita frequência, a mesa de trabalho, onde a leitura e a
escrita se corporalizam também.
Configuração que serve para marcar, como mais
nenhuma, a sensação prolongada de ali se guardarem alegrias e
sofrimentos constitutivos de percursos e de faseamentos, onde muitas
projecções vão tomando forma e conteúdos. Configuração que serve para
materializar vivências, das frustrações aos sonhos, das amizades às
viagens, até porque, ao lado e no meio dos volumes, se abrigavam
elementos de gosto pessoal, recordações e outras simbologias, a mais das
vezes. Configuração que serve, finalmente, para arquivar papéis e
lembranças, com cartas, pessoais ou oficiais, em lugar de destaque.
Daí que a envolvente assuma múltiplos sinais de
identificação, qual pertença a uma vida interior e profissional,
assumindo o alcance global do auto-retrato. Conjunto de aspectos que
pode ser enriquecido quando perspectivado dentro do pensamento de Michel
Foucault (1926-1984).
“Para
adensar estas afirmações e interrogações, o contributo ímpar da
arqueologia-genealogia, (…) contexto onde toma forma – a partir de 1967,
mas com publicação só em 1984 – o quadro conceptual promissor que
desenvolveu em torno dos “espaços outros”[iii],
permite perspectivas originais sobre o tema.
Na verdade,
fundamentado numa epistemologia comprometida, inserido numa prática
teórica particularmente sensível ao diferente, entendido como dimensão
discontínua e individualizante, o múnus inovador remete as
“heterotopias” para uma universalidade significativa que, logo no
início, se exprime através de algumas afirmações pontuais e relevantes:
“há igualmente, e isto provavelmente em qualquer cultura e em toda a
civilização, lugares reais, lugares efectivos, lugares que estão
desenhados na instituição da própria sociedade, e que são uma espécie de
contra-localizações, espécie de utopias efectivamente realizadas, nas
quais as localizações reais que se podem encontrar no interior da
cultura são como representadas, contestadas e invertidas, espécie de
lugares que estão fora de todos os lugares, ainda que sejam
efectivamente localizáveis. Estes lugares, porque são absolutamente
outros que todas as localizações que reflectem e de que falam,
chamar-lhes-ei, por oposição às utopias, as heterotopias.[iv]
Assim
sendo, estas alteridades incorporam o real da topia, como o virtual da
u-topia, para gerar espacialidades que potencializam a fuga, bem como a
materialização, pelo que a concretude resultante assume a pecularidade
interfacial entre o desejo projectado e o existente. Paralelamente, e
até porque o projecto foucaultiano relevou a necessidade de atender à
complexidade espácio-temporal, as heterotopias acabam por integrar
heterocronias, muitas vezes votadas à realização efectiva, por via de
mudanças epistémicas bem sucedidas.
Prosseguindo com vários enunciados instigantes, a tender para o que se
“poderia chamar a heterotopologia”, o texto desmembra cinco princípios,
sendo dito a propósito do terceiro princípio: “a heterotopia tem o poder
de justapor num único lugar real vários espaços, várias localizações que
são eles próprias incompatíveis. É assim que o teatro faz suceder sobre
o rectângulo da cena toda uma série de lugares que são estranhos uns aos
outros; é assim que o cinema é uma muito curiosa sala rectangular, no
fundo da qual, sobre um ecrã de duas dimensões, se vê projectar um
espaço de três dimensões; mas talvez o exemplo mais antigo destas
heterotopias, com forma de localizações contraditórias, seja o jardim.
Não se pode esquecer que o jardim, espantosa criação agora milenar,
tinha no Oriente significações muito profundas e como que sobrepostas”[v]”[vi].
A partir da criação daquele conceito e desta área foram enunciadas
condições teóricas prévias, de onde saem pistas para perceber como, e
até que ponto, uma biblioteca pessoal poderá significar uma heterotopia
para quem a constrói.
Dito de outro modo: quem concebe um espaço chamado biblioteca está
a criar, e progressivamente a manter, a concretização de uma utopia
individualizada? Interrogação que carece de um questionamento favorável
à intervenção de densidades fornecidas pela imagética em torno de um
espelho.
“O espelho
é uma utopia, porque é um lugar sem lugar. No espelho, vejo-me onde não
estou, num espaço irreal que se abre virtualmente por detrás da
superfície, estou ali, ali onde não estou, uma espécie de sombra que me
dá a minha própria visibilidade, que me permite ver onde não estou –
utopia do espelho. Mas é igualmente uma heterotopia, na medida em que o
espelho existe realmente, e onde há, sobre o lugar que eu ocupo, uma
espécie de retorno; é a partir do espelho que me descubro ausente no
lugar onde estou, porque me vejo lá. A partir deste olhar, que de certo
modo incide sobre mim, do fundo deste espaço virtual que está do outro
lado do espelho, volto para mim e recomeço a orientar os meus olhos em
direcção a mim, e a reconstituir-me onde estou; o espelho funciona como
uma heterotopia, no sentido em que me retribui este lugar que ocupo no
momento em que me olho no espelho, absolutamente real, em ligação com o
espaço que o envolve, e absolutamente irreal pois que é obrigada, para
ser percebida, a passar por este ponto virtual que está lá.”[vii]
Tom geral
que beneficia de ser articulado, de novo, com as ideias de Miguel de
Foucault, aplicadas mais uma vez às biografias: “Inspirado por este
conceito, aponte-se que as (auto)biografias, próprias ou alheias,
funcionam como espaços-tempos outros, e isso segundo diferentes
aspectos. Quer como entidades de pensamento, quer como entidades de
escrita, elas interferem, frequentemente, como projecções para onde o
autor desloca realidades outras, por acção da criatividade ficcional.
Claro que esta afirmação serve para sobrestimar o lado deslocado, do
espaço ou do tempo, de onde a acção de imaginar ou a atitude de escrever
retiram a capacidade de narrar ou de sugerir.
Isto no que
respeita o objecto produzido. Porque no que respeita o criador,
representam uma forma bem sucedida de encontrar, noutra época da mesma
vida ou noutra época de outra vida, mas sempre diferente da actualidade,
um motivo aliciante para (sobre)viver no presente. Aspecto que só pode
ganhar densidade se for articulado à problemática da “morte do sujeito”[viii]
e à interrogativa sobre “o que é um autor?”[ix]
De facto, todos estes enfoques correspondem a termos bem definidos
de uma mesma configuração, onde as questões emergem por via de uma
descrição associada a linhas fundamentais do fazer
arqueológico-genealógico. O qual integrou um conjunto amplo de elementos
e de relações, de onde o sujeito-autor sai identificado mais como um
lugar, uma função, do que como uma identidade dotada de qualquer
superioridade.
Diga-se, assim, que o (auto)biógrafo ou o (auto)biografado,
enquanto termos do discurso, emergem dentro dos sistemas que os
possibilitam, num cruzamento que é subdeterminado por termos e relações
entre os termos.””[x]
|
|
|
|
PARA UMA EPISTEMOLOGIA DA
VIAGEM[i]
|
|
|
|
Chegando à
língua portuguesa no século XII, a palavra “viagem” vem do latim –
viaticum, ii – com o significado de provisão para uma deslocação.
Logo, o significante carrega consigo, desde a origem, a ideia de uma
extensão e de uma duração, a justificar a necessidade de mantimentos[i].
Num
horizonte mais vasto, a exploração da imagem assume contornos, onde a
associação da itinerância à existência humana, lapida-se numa metáfora,
espalhada pelo mundo: a vida é uma viagem.
Com uma
larga tradição na Filosofia – desde a suposta ida de Pitágoras ao
Egipto, Babilónia e Índia, até à nomadologia de Deleuze e Guattari,
passando pelo homo viator de Kierkegaard ou Yaspers: o acto de
percorrer determinado espaço com o fim de chegar ou de transportar-se a
outro lugar estabelecido, inclui um sujeito - agente, actuante actante
–, mas também um objecto – os lugares do percurso –.
Este “acto
de andar para chegar de um ponto a outro, mais ou menos distante”
“jornada longa”, “navegação”, “viajar”, “fazer viagem”, “percorrer”[ii]
comporta conteúdos empíricos envolvidos no conceito que permitem induzir
quanto as mudanças, ocorridas na coexistência e na sucessão, aproximam o
mundo exterior e o mundo interior, obrigando a sintonias e simpatias, na
ausência das quais o viajante estriba resistências e anula lados
importantes da experiência, nomeadamente, a transformação de si, pela
interiorização das transformações em outrem.
Como
consequência, o “je est un autre” assenta perfeitamente na noção
de que nunca se é o mesmo, antes e depois. Na verdade, à simples
sensação de um acumulo de conjunturas ensaiadas pela primeira vez ou de
sensações que desencadeiam comparações novas, o saber de si adensa o
horizonte, e, pondo-se à prova, (com)prova.
São aliás
estes aspectos de transformação, que estão na base de alguns dos seus
primeiros contributos para a construção do saber.
Por certo,
continuaremos a ignorar se A Epopeia de Gilgamesh foi o primeiro
relato escrito do género, porém não duvidamos quanto a literatura de
viagens constitui uma forma prolixa e especial de reunir uma soma de
fenómenos e de eventos, passíveis de darem factos, processo científico a
que muito devem as Ciências Humanas e Sociais, da Geografia à
Antropologia.
Paralelamente, existem aspectos de hiper-realismo, que estão na base de
outros adquiridos cognitivos.
Porque o
encontro com o desconhecido alimenta o imaginário, nunca teremos a
certeza sobre as peripécias efectivas da Peregrinação de Fernão
Mendes Pinto ou da História Trágico-Marítima de Bernardo Gomes de
Brito. Em abono da verdade, até talvez isso pouco importe, pois o
ficcional, em despique com o real, engrandece a narrativa, quando
permite ápices extremos da condição humana, com imenso significado para
o aprofundamento das emoções perante o risco, o questionamento da
heroicidade e a fenomenologia dos limites entre o medo, o prazer e a
dor.
Pela
condensação, pode ainda questionar a ambiguidade latente, sempre que é
enunciado um nexo possível com a expressão desligar-se de tudo. Na
verdade e com propriedade, faculta, em si mesma, uma tal sequência de
vivências e uma tal concentração que o impositivo ligado ao imediato,
tem como efeito, o desligar-se de tudo o mais.[iii]
Por isso,
não se estranha, também, o que a Odisseia desempenha na matriz
mediterrânica, na medida mesma em que integrou um mar como elo de
ligação e permitiu a emergência de uma configuração idêntica pelo lado
territorial. E, assim fazendo, acabou por lhe determinar um mapeamento e
uma singularidade cultural, ainda hoje presente.
Além disso,
acresce chamar a atenção para lugares concretos ou míticos que
mobilizaram os povos e as gentes, nomeadamente com o impulso e o
compulso do benefício e do lucro, do perdão religioso ao tráfico
monetário.
No último
caso (não) é indiferente se o percurso é enquadrável pela Rota da Seda,
a Rota das Especiarias, as Rotas das Plantas ou as Rotas das Drogas. Com
efeito, apesar de serem concebidas, traçadas e percorridas em épocas
diferentes, por povos diferentes, une-as um objectivo comum. Todavia, o
certo é que ao longo e através dessas viagens de negócios, aconteceram
também trocas e intercâmbios com notório alcance social e cultural:
assim, houve razões de peso para que as terras de Vera Cruz passassem ao
nome de Brasil; assim, a mandioca, base alimentar africana, veio da
América Latina; assim a mesquita-pagode de Xian continua a mostrar uma
interculturalidade chino-muçulmana latente.
Abordada
pela direcção, claro que é não indiferente chamar-se ao destino Jardim
do Éden ou Eldorado. Ou mais recentemente, São Francisco ou Katmandou.
No primeiro
caso, houve alguma hesitação por parte dos ocidentais. Mas, certo,
certo, é que os portugueses, por muito que incarnassem um sonho medieval
e por muito que andassem pelo mundo, só o localizaram em terras
brasílicas, por nela verificarem três requisitos imprescindíveis:
população com longevidade, rios caudalosos, clima ameno.
Quanto aos espanhóis, e
como também o assinalou Sérgio Buarque de Holanda[iv],
foram precisas tentativas para que a área de Potosi – na altura no
Peru, hoje na Bolívia – se impusesse como nascimento geográfico do
capitalismo moderno, pela capacidade de gerar e de transportar uma fonte
de riqueza: imenso cabeço mineiro a desventrar prata sem fim, vias
fluviais, usando a Bacia do Prata, para carregá-la, entre a Cordilheira
dos Andes e os portos da Europa.
Muito
ligada à complementaridade entre o olhar e o ver, a configuração
conceptual de viagem tem como termos, o desconhecido e o risco, a
alteridade e a comparação, a vivência e a sobrevivência. A tal ponto que
é problemático estabelecer ontologicamente, um antes e um depois, entre
a viagem-descoberta e a viagem-iniciação. Ou seja, a
arqueologia-genealogia encontra situações gerais de imbricada mistura,
mesmo quando as conjunturas parecem aparentemente díspares, como no
desígnio atribuído à peregrinação medieval, na estética associada à rota
clássica por parte dos românticos, ou no intuito de ligar uma viagem à
maioridade, na tradição anglo-saxónica e americana.
Como ainda,
na linha das famosas experiências com alucinações visuais, por meio do
peyotl – uma das 30 espécies de fungos mexicanos, com a mescalina como
princípio activo, descoberto casualmente por Albert Hoffman em 1943 –,
quando as artes plásticas e a literatura europeias, entre Baudelaire e
Gauguin, conheceram a acção alucinogénea e psicadélica, cuja intensidade
culminou em Warhol e na Pop Art, e foi descrita por Aldous
Huxley, em As Portas da Percepção.
Mais
recentemente, a ciberviagem[v]
traduz um adensamento da problemática, porquanto a experiência em tempo
real carrega consigo potencialidades de deslocação de tipo global; como
sejam, vias favorecidas pelo alargamento da dimensão espacial, incluindo
as 3D, que adquirem, assim, aspectos ilusórios em profundidade.
Concomitantemente, a sensação de realismo converge para horizontes
sensoriais e sensuais, insuspeitos anos atrás.
Tratando-se
de uma realidade ligada ao alargamento da (in)formação, é natural que as
ciências modernas procurem nas viagens, e desde sempre, uma
circunstância privilegiada[vi],
isso acontecendo, aquém, além e com Humboldt ou Wallace, Agassi ou
Darwin. Concomitantemente, a arqueologia-genealogia das viagens permite
perceber que usaram-nas de diferentes maneiras e sob diferentes nomes,
como na territoralização da Amazónia, onde é possível descrever
diferenças terminológicas e conceptuais[vii],
com vista a uma tipologia:
“O século
XVIII imaginou uma viagem especial.
Chamou-lhe
viagem filosófica. Comportava um conjunto de actividades que alvejavam a
descoberta das riquezas do Reino, na metrópole e nas colónias. E era
orientada pelas regras internas da Física Natural e da História Natural
dos Três Reinos. Lembre-se a Viagem Filosófica de Alexandre Rodrigues
Ferreira e companheiros.
Depois,
veio a missão.
Mais
voltada para o reconhecimento e difusão artística das belezas naturais e
culturais. Várias: Missão Artística Francesa, Missão Austríaca/Viagem de
Johann-Baptiste von Spix e de Karl Friedrich von Phillip Martius.”
Seguida da
expedição.
Como é o
caso da Expedição do Barão Georg Heinrich von Langsdorff com o malogrado
Aimé-Adrien Taunay. Expedições Morgan. E já no século XX, a Expedição
Lévi-Strauss, também chamada de forma menos subjectivista, Expedição à
Serra do Norte.”
[viii]
Também
houve a comissão.
Destaque
para as Comissões Telegráficas e de Fronteiras, incluindo a Comissão
Rondon, e para a Comissão de Estudos da Malária na Amazónia, uma das
muitas pesquisas e acções sanitárias para proceder ao reconhecimento e
ao mapeamento epidemiológico de regiões e localidades do interior do
país.”
Hoje há
projectos.
Entre
deles, a originalidade e eficácia do Projecto Saúde e Alegria.
E também
programas.
Actuando de
dentro e até à distância. De que é um exemplar o Laboratório da Biosfera
da Amazónia, com núcleos fortes em São Paulo, no Instituto Postdam para
o Estudo do Impacto Climático, em Postdam, Alemanha, e no Laboratório
Nacional do Oak Ridge, em Tenesse, Estados Unidos da América. O real
anexou o virtual, e com isso, o conceito fica transformado,
substancialmente. Na verdade, a possibilidade de extremar o real faculta
um conceito reportado a realidades referenciais novas, bem como a
conteúdos novos. Isso acontecendo, enquanto a secular potência e o
longínquo acto aristotélicos ficam enriquecidos. De tal modo, oh! cumulo
dos cumulos, que quase já é possível “fazer uma expedição à Amazónia sem
lá pôr os pés”.
Assim da
viagem (origem: religião, navegação), passou-se à missão (origem:
diplomacia, religião), depois, à expedição (origem militar) e à comissão
(origem: administrativa); finalmente, a projectos (origem: legislativa;
arquitectura/engenharia) e programas (origem: política, educação).
Conjugando os dados reunidos, pode chegar-se a uma classificação e uma
tipologia com a seguinte sequência: modelo
naturalista[ix],
modelo militar[x],
modelo etnográfico[xi],
modelo médico-sanitário
e ambiental[xii].
Resumindo:
“Em tempos
de uma mudança tão significativa, mais se justifica invocar a
arqueologia-genealogia foucaultiana, para elucidar momentos marcantes do
processo geral, suas origens, diferenças e situação actual.
Para
perceber a discontinuidade que ocorreu, quando a expressão “expedição
científica” conquistou o terreno, ocupado até então pela viagem
filosófica e a (co)missão, convém voltar à palavra grega teleõssis
que significava acção de expedir ou a strateía que significava
expedição militar; e à palavra latina expeditio que correspondia
a remessa de tropas para certo fim.
No
Dicionário de Cândido de Figueiredo lê-se: “acção ou efeito de
expedir”; “remessa de tropas com determinado fim”; “excursão
científica”.
Assim
sendo, a metodologia proporá uma leitura interpretativa deste tipo: a
arqueologia da expressão “expedição científica” encontra a sua origem no
vocabulário do exército, no que ele produz conquista de terras
(diferentemente da marinha que produz descoberta de terras), no caso de
iniciativas bem definidas por uma estratégia muito particular, como a
Expedição ao Egipto, as Campanhas de África, ou a Comissão Rondon.
Por fim,
ressalve-se que qualquer expedição tem um chefe, menos autoproposto do
que nomeado pelos poderes, dos imperadores às universidades. Sendo uma
função onde o exercício da autoridade é exercido em configurações
psicológicas e sociológicas menos comuns, não surpreende que envolva
dificuldades particulares.
Pode ainda
chegar a ser penoso e melindroso, em momentos frequentemente críticos:
paragens forçadas, tensões afectivas fortes, doença, falta de
mantimentos ou de solidariedade, com realce para tomadas de decisão
solitárias, ao arrepio dos demais.
A
circunstância concreta de meses de nomadismo ou de certo sedentarismo
forçado gera situações de grupo especiais, durante as quais, o cansaço e
as fragilidades humanas, colectivas e individuais, acarretam fenómenos
emocionais que podem tender para o desequilíbrio. O intervalo vivido
durante a espera por uma ajuda distante ou a dificuldade de manter o
grupo num determinado ritmo, exigem opções que o chefe tem de saber
gerir. Passando ao nível da relação entre iguais, ser companheiro é
árduo, e pode querer dizer “o inferno são os outros”, de Jean-Paul
Sartre.[xiii] |
|
|
|
OS MEUS ESPAÇOS DE CONSTRUÇÃO INTELECTUAL |
|
|
|
Quando descobri René Descartes não simpatizei
muito com ele, mas fiquei seduzida, logo, pela ideia do “grande livro do
mundo”
[i],
ou seja pela importância que ele acorda, à necessidade de juntar à (in)formação
veiculada pelos livros, a experiência adquirida em viagens.
Contudo, esta articulação, agora provinda da
Filosofia, não me aparecia totalmente nova, pois seguia-se à sedução da
Peregrinação[ii]
de Fernão Mendes Pinto.
Comparando as duas fontes, direi que a primeira,
que me prendera desde o liceu, tivera o alcance de ser obra de um
português em terras exótica. Contudo, o facto da segunda ter sido
enunciada por um filósofo, dava-lhe uma carga maior, para quem acabara
de entrar em Filosofia. |
|
|
|
A
BIBLIOTECA E O ESCRITÓRIO |
|
|
|
A minha primeira biblioteca pública só tomou
corpo durante a preparação da tese de licenciatura, e chamou-se
Bibliothèque Nationale de Paris.
De facto, foi sob aquela magnífica cúpula, com
paredes e arcos pejados de livros, que me baptizei para a sagração deste
tipo de espaços. Com isso, nascia um imenso respeito e também o
orgulho-responsabildade de poder usufruir de tantos saberes mapeando o
mundo.
A sintonia estética e afectiva deu-se no
imediato, contudo, os verbetes foram devolvidos ou os livros vieram
trocados durante o primeiro dia. Episódio a corroborar quanto, ainda
naquela altura da minha formação, eu continuava a desconhecer um dos
requisitos fundamentais do cerimonial: a cota…
Por exemplo, na Biblioteca da Faculdade de Letras
da Universidade do Porto, acabada de restaurar no início dos anos 60,
bastava chegar, dizer o nome do livro ao Sr. Pinto, e pouco depois ele
aparecia, sendo só requerido um formulário exíguo.
E o que ocorria na Faculdade de Filosofia não era
menos insólito: como a Biblioteca não podia ser frequentada por
mulheres, era obrigada a ficar numa sala ao lado da recepção, enquanto o
Irmão Bernardino Fernandes subia e descia os livros, que lhe ia pedindo
oralmente.
À época e mesmo durante a universidade, a
frequência das bibliotecas públicas não significava muito na vida do
estudante, porque a leitura continuava maioritariamente ligada à posse,
aquisição e empréstimo de livros, lidos em cafés, confeitarias, jardins,
muito principalmente em casa. Por isso era possível terminar a
componente escolar de uma licenciatura em Filosofia, desconhecendo quase
integralmente a sua estrutura interna e funcionamento.
Em complementaridade, embora já durante a fase de
doutoramento, a Fondation Teilhard de Chardin, com sede no Muséum
National d´Histoire Naturelle, revelou-se um espaço acolhedor com imensa
funcionalidade: quer porque continha um arquivo, biblioteca, fonoteca,
fototeca sem iguais, quer porque para lá convergiam todos os
investigadores de Teilhard espalhados pelo mundo.
Este último aspecto continha efeitos positivos,
pois permitia diálogos internacionais e intergeracionais, a concorrer
para conversas e debates que alertavam os mais novos para determinadas
realidades, obrigava os mais velhos a rever posições, e criava um
ambiente para a difusão das perspectivas mais inovadoras. Tudo
favorecido por ligações humanas e redes afectivas, a tender para a
consciência real sobre a utilidade e o valor da colaboração e da
cooperação.
Assim sendo, devo a Paris sensações inolvidáveis
de convívio prolongado com o pulsar do mundo intelectual e a certeza de
quanto este modo de viver assenta em trabalho, persistência e
responsabilidade social.
Apesar de ter sido difícil entrar no ritual das
regras e dos gestos, não falando das frequentes filas de acesso
acrescidas de demora para obter os volumes, a BNP continuou a ser sempre
a Biblioteca da minha vida.
Em
Portugal, a Biblioteca da Faculdade de Ciências de Lisboa, na Rua da
Escola Politécnica, e a Torre de Tombo, ainda no Palácio de São Bento,
nunca me receberam com condições materiais do conforto necessário e
desejável, pois, na primeira, encontrei um óptimo ambiente humano, como
material imprescindível, no segundo.
Se
abreviar, por cá, primou a minha biblioteca pessoal, a biblioteca de uma
mulher
portuguesa
portuense
filósofa
católica
entre 1960
e 1995.
Fácil de
determinar sempre que houve o hábito de os assinar e datar, a ordem da
aquisição de livros permite localizar as sequências e séries que
determinaram o modo como o agregado foi organizado, e a partir destes
são detectáveis processamentos, pautados por leituras de lazer ou por
projectos de investigação, aulas recebidas ou dadas, no meio de dados
que permitem deduzir e induzir muita informação paralela.
Elementos
associados a hábitos de sublinhar momentos mais marcantes de leitura ou
hábitos seguidos de fazer comentários, chavetas e resumos nas margens,
que, quando abordados com alguma perspectiva temporal, permitem detectar
ingenuidades ou erros interpretativos, preocupações à época,
configurações de pensamento, modas e modelos de natureza individual ou
social.
Outro viés
informativo marcante estará associado aos livros oferecidos/herdados,
contribuindo, assim, para uma efectiva concomitância/integração de
objectos, marcados por interesses, escolhas e gostos, onde o mesmo
encontra o outro, certo presente com certo passado.
Montada sem
grande estética, mas tendo a estrutura metálica mais barata nos anos 70,
com um material robusto, porque sempre achei que devia dar-lhe condições
de resistência, de crescimento e de sobrevivência, a biblioteca continua
organizada segundo a História da Filosofia, Disciplinas Filosóficas,
Ciências Sociais e Humanas, História de Portugal, Literaturas
Estrangeiras e Literatura Portuguesa. Acresce verificar como a estrutura
geral do conjunto se manteve ligada à sequência das cadeiras que faziam
parte da Licenciatura em Filosofia, nos anos 60.
Como não
consigo trabalhar em atmosferas a que não dê um toque pessoal, e o
material de suporte agredia as minhas opções de gosto, retirei de
cartazes (políticos e outros), recordações de viagens (vídeos e CDs,
fotografias - destaque para as fotos da estada no Japão e os
diapositivos e fotos das missões jesuíticas junto dos Guarani e
Chiquitos, e para a colecção sobre jardins botânicos espalhados pelo
mundo -), coisas e loisas herdadas (aguarelas e óleos, cristais e
pratas) caminhos e soluções para o problema.
De tudo
isto, o maior realce para um quadro, mais especificamente uma academia,
guardado ciosamente. Trata-se de um nu que fazia parte do escritório do
meu Pai no Porto, onde também por isso eu e meus irmãos estávamos
proibidos de entrar quando crianças, e que incorporei aqui, sem dúvida,
por rebeldia, e muito menos por estar assinado H.C.A.P….
Então, os
livros fechados ou abertos acompanhavam a máquina de escrever, com
destaque para a Olivetti lettera 32.
Muito prática por ser portátil, ela ia presenciando, colaborando e
acompanhando estados de alma múltiplos, mudanças na percepção da
escrita, surpresas no convívio com a acção de escrever, e sucessões de
persistência articulada com o ambiente do escritório: de início, o
pensamento esconjurava a folha em branco, enquanto interlocutor-mediador
papel resvalava para objecto de tormenta, seguidamente, aumentou a
descontracção e o prazer, garante de uma experiência menos sofrida,
finalmente, a fluência encantatória das palavras a requererem-se entre
si.
Como consequência, ela foi possuindo, por si mesma, condições para
materializar, à sua maneira, um misto de projectos para a vida e de
horizontes sonhados.
Passando a alguns conteúdos, que falam por si, cabe lembrar quanto
estes meios muito próprios e específicos de realização avolumavam,
sempre que nela se desenhava, e por isso dela se podia aguardar, uma
“espécie de contestação, simultaneamente mítica e real, do espaço onde
vivemos”[i],
nomeadamente em épocas de ditadura e de censura.
Daí algum significado da assinatura dos primeiros anos da Revista
O Tempo e o Modo, como a aquisição de outras publicações ligadas
aos católicos progressistas, da Moraes Editora às Editions du Seuil.
Daí, um romance incluído na lista do Index Librorum Prohibitorum,
como um manifesto proibido pela PIDE representar um sinal de rebeldia ou
uma atitude de risco. Como simbolizavam, pela alternativa, sinais de
obediência reverente ou de medo interiorizado.
Daí a eventualidade significativa de nela guardar, ainda, a cópia
do pedido feito ao Bispo do Porto, com a respectiva autorização, para
ler as Meditations Metaphysiques ou Méditations sur la
philosophie première de René Descartes (1596-1654), segundo o
aconselhamento feito aos alunos do 1º ano de História e Filosofia, por
um professor de Coimbra, em 1960...
Apesar do
nacionalismo vigente e do Porto manter-se fiel à tradição inglesa, a
burguesia retinha certo espírito internacionalista, procurando munir os
filhos de uma língua que lhe permitisse viajar e desenvolver negócios no
exterior. Para tais fins, eram usados estratagemas como este: numa
altura em que dominava o francês, a par de explicações particulares para
iniciação na língua pelos 7 anos e apesar das traduções, foi-me
oferecido, no dia da Primeira Comunhão, um Missel Quotidien Pour
Enfants, do celebrado beneditino Dom Gaspard Lefebvre, que uma tia
comprara aquando numa ida a França.
A dominante
francesa repete-se na presença continuada dos pequenos Que sais-je?,
desmultiplicados por quase todos as prateleiras, porquanto a colecção
reunia especialistas conceituados para cada tema, possuía
características de sinopse com especial qualidade e não era cara. Na
mesma linha e até ao 25 de Abril, eram as viagens a Paris, e menos a
Londres, que mais serviam para comprar livros: a Vrin (Librairie
Philosophique J. Vrin) e a PUF (Presses Universitaires de France), na
Place de la Sorbonne, depois bastante eclipsadas pela Fnac
desempenhavam, sem sombra de dúvida, a maior atracção.
Num país
fechado sobre si mesmo, com reduzida tradição filosófica, não surpreende
que as publicações sobre a Filosofia, disciplinas filosóficas e
filósofos, fossem maioritariamente traduções francesas e inglesas, mas
também espanholas: Fondo de Cultura Económica, Mexico DC, Editorial
Sudamericana, Buenos Aires, e Editora Aguilar, Madrid.
Outro grupo
a destacar prende-se com ferramentas e meios para guardar e preservar a
informação: caixas, às vezes de sapatos, cheias de fichas, fotografias,
cassetes e diapositivos. Por demais usadas em várias áreas do
conhecimento, fichas e ficheiros equivaliam a métodos de trabalhos com
grande perenidade, a intimidar o aprendiz a investigador.
Como
raramente ocorria durante a escolaridade universitária, a tomada de
consciência - sobre como devia ser organizada a heurística, anotadas as
entrevistas ou estruturada a bibliografia - só surgia comummente com a
tese. Por momentos, a normalização revelava-se um grilhão insuportável,
mais parecendo inimiga congénita da criatividade e liberdade operativa.
Ou seja,
num país que não respeitava a faixa de peões e num período de rara
normalização, as normas bibliográficas eram encaradas como um entrave,
principalmente, quando aferidas pela natureza de uma escolha que pendera
para a carreira académica pela sua quota-parte de liberdade.
Outro
núcleo reúne as cartas que fui recebendo de especialistas que tomava a
iniciativa de contactar, a propósito de problemas de heurística,
propostas e dúvidas de interpretação, sobre as duas teses e diferentes
projectos de investigação: em resumo, tanta mais correspondência quanto
mais se estava no início da carreira. Curioso o papel e a nota enviada
por Simone de Beauvoir, como resposta a um carta-elogio que lhe
dirigira, a propósito da página brilhante que ela havia dedicado a
Simone Weil, em Mémoires d’une jeune fille rangée.
Existe
igualmente mais um sector, onde conservo dois exemplares de todos os
meus textos, fitas gravadas e vídeos de conferências, entrevistas na
rádio e intervenções televisivas.
Estes eram
os tempos de todas essas presenças, pois. Mas, eis senão quando a
expansão da informática trouxe transformações que alteraram
profundamente as universidades e os laboratórios, as fábricas, os
ateliers, as oficinas e escritórios, a vida toda em geral. Primeiro
fixo, depois portátil, primeiro com as disquets, logo a seguir
com as pens, o computador foi entrando neste espaço e na minha
vida. |
|
|
|
AS VIAGENS[i]
|
|
|
|
Desenvolvi
a minha natureza de viajante junto de Fernão Mendes Pinto, cabendo a meu
Pai alimentar, desde sempre, a tendência: quando li a Peregrinação
adaptada a crianças, senti entusiasmo e fiquei fascinada com tanta
descoberta e aventura, lados a que mais me prendo.
De facto,
essa circunstância impõe momentos com respostas rápidas para problemas
novos, e obriga a gestos que invertem o hábito ou abalam o repetitivo.
Semelhantemente, alimenta uma mente atenta, exercitada pela observação e
pela comparação, servindo para incrementar o relativo das coisas.
Com o
tempo, somei-lhes uma outra circunstância, pois passei a prezar a
planificação do essencial, ou seja, uma mala leve e rapidamente pronta.
Assim, concebo este requisito como treino para a apetência do provisório
e do aleatório, contributo para um maior desapego e um despojamento
libertadores, e assumo-os como medidas importantes para uma mentalidade
anti-consumista.
No que
respeita a actividade de ensino e de investigação, é indubitável que as
viagens sempre lhes acrescentam algo de novo e de inovador. Contudo,
cabe salientar os exemplos expressivos, aqueles onde mais senti via
trita, via tuta, ou seja, o caminho trilhado é o caminho seguro.
Fortalecido
há uns vinte anos, o projecto sobre a Estratégia Epistemológica da
Companhia de Jesus[i]
deve a sua exequibilidade a uma sequência de fases alimentadas por uma
série de viagens, que passo a sintetizar. Com base em estudos
anteriores, centrados nomeadamente na filosofia e perícia jesuíticas, em
1990, formulei esta hipótese de trabalho – os jesuítas seguiram as bases
ideológicas do modelo arquitectónico centrado no quadrilátero, usado em
casas, noviciados e colégios, e transformaram-no num modelo urbanístico,
ao serviço de relações pragmáticas entre o saber e o poder, ao longo das
missões sul-americanas –.
Todavia,
tornava-se impossível verificar se a ideia tinha peso histórico, tanto
mais que a primeira e única planta a que tive acesso me pareceu, desde
logo, fora da ideologia inaciana, mais concretamente da sua
Antropologia. Alguns anos depois tive acesso a uma outra, diferente,
todavia, sempre foi ficando no ar alguma dúvida. Tratando-se de uma
zona, com instabilidade por tráfico de droga e contrabando permanente –
a Chiquitana é atravessada pelo célebre comboio da morte que liga o
Brasil e a Bolívia –, tive de esperar uns oito anos, para realizar
aquilo a que chamarei a viagem crucial.
Qual era a
questão de base? No interior de cada aldeia, a coexistência real e
incontornável entre europeus e guarani chegou a igualar uma desproporção
de 2 a 3 padres para um máximo de 3000 índios. Qual foi a solução
encontrada? A localização soberana da Igreja impunha-se, como lado
principal da praça, mas os restantes lados eram ocupados pelas
habitações dos caciques, em lateralidades importantes, seguidas das
habitações dos demais, em ruas mais secundárias.
Resumindo,
só in loco, pude confirmar plenamente quanto a tal planta estava
errada e eu certa: “o primado do critério de orientação sobre o critério
de posição – ou seja, a subalternização da posição dianteira das casas
dos índios devido à orientação predominante da igreja – provoca a
coexistência de duas lógicas que não deixam de ser perturbadoras ao
olhar. na verdade, na primeira lógica, repita-se, dá uma clara primazia
a área habitacional, enquanto que a segunda lógica, não só imprime a
centralidade orientadora da igreja, como faz intervir um tipo de relação
que acaba por desconstruir as regras específicas da posição dianteira.
Talvez, por
isso, a planta da redução de San Ignacio Miní por Juan Queirel, baseada
nas ruínas e datada de 1899, e a planta de uma redução com base num
desenho seu (…) apresentem uma característica peculiar: num primeiro
plano, o jardim, a seguir o alinhamento da igreja, colégio e oficinas,
depois a praça, finalmente, as casas. Resumindo, Queirel inverte a
perspectiva da visão, pondo a frente o que está atrás, e atrás o que
está a frente.”.[ii]
Àquela
viagem seguiram-se, depois, sucessivas estadas entre os Tupi, Guarani e
Chiquitos – da Amazónia ao Uruguai, entre as Cordilheira dos Andes e o
Atlântico – completadas por outras andanças pela América do Norte ou
Ásia, que permitiram corroborá-la e integrá-la em contextos mais
globais. Simultaneamente, também me permitiram estabelecer, como sempre
gosto de fazer, paralelos entre a heurística e a hermenêutica históricas
e a actualidade, ou seja, a memória actual sobre a chamada República
Jesuítica do Paraguai.
De facto,
sem se compreender por dentro como este esquema societário foi capaz de
permitir um subtil, efectivo e forte, domínio, nunca haverá capacidade
de responder a este dilema – Utopia? ou Heteropia? –, título da
conferência inaugural que me foi proposto para o IX Simpósio
Internacional
Experiência Missioneira: Território, Cultura e Identidade, organizado no
contexto das Comemorações dos 400 Anos, pela Universidade do Vale do Rio
dos Sinos, em Outubro de 2010.
Outro caso
a assinalar passou pelo projecto desenvolvido em torno de Memória e
Coleccionismo, mais concretamente sobre os Gabinetes de Curiosidade.
Aqui, deparava-me com descrições cuidadas, algumas mesmo muito
minuciosas, mas a experiência dos Países Baixos – casa de Rembrandt, em
Amsterdam, e casa de Rubens, em Anvers – fez-me prever quanto a palavra
e a imagem dos livros estaria aquém da visibilidade espacial.
Depois de
várias deslocações entre centros culturais europeus, à procura de algum
vestígio, comecei a suspeitar que, entre a Áustria, Hungria e República
Checa, iria finalmente encontrar um exemplar.
Para lá
parti, num Inverno rigoroso. Já quase a desistir, porque o legado de
Rudolfo II não me oferecera nada do que procurava, e porque a colina era
árdua e a neve muita, vislumbrei, depois de um pequena porta que nada
faria prever, o tesouro cultural guardado no Mosteiro Strahov, em Praga.
Inigualável, por estar junto a uma riquíssima Biblioteca, mas
inigualável, principalmente, pelo espírito de curiosidade transmitido ao
espaço, pelo tom da madeira pintada, o ar que só o antigo dá, a
disposição dos objectos, um não sei quê de ingenuidade, à mistura.
Enfim, e que sensação, conseguia sentir o espírito deste lugar e assumir
o seu papel numa determinada construção do saber.
Ao longo
destes anos e olhando para trás, concluo como a actividade de
investigação foi-se vertendo para uma escrita mais confiante, uma
expressão mais solta, a retirar das estantes à volta uma qualquer
motivação e conforto, a descobrir outro modo dos livros serem companhia,
também. Apesar disso, importa afirmar que a produtividade intelectual a
longo termo ou imediata, através do texto, só começou a tomar uma
expressão permanente e quotidiana, em diálogo com um ecrã, a ocupar cada
vez mais o seu lugar, em comparação com a biblioteca.
Em síntese, Internet, Web World Wide (WWW ou Web),
operadores de busca, bibliotecas virtuais e Wikipedia
alteraram quase totalmente o carácter exclusivo deste espaço para o meu
trabalho intelectual.
Assim sendo, o interesse em conservar e dar visibilidade a uma
biblioteca como esta, tipicamente do século XX, está menos ligada à
mudança de século, do que a efeitos ligados a um novo paradigma, segundo
Thomas Samuel Kuhn, ou provavelmente a uma nova epistéme, na
terminologia de Michel Foucault.
A ligação de 1995 a um programa informático, no caso o Windows95,
vaticinou, com mestria, quebras e descontinuidades. A Internet
acrescentou-lhe uma dimensão global, entre o espaço e o tempo. Através
de ambos os casos, as topologias passaram a permitir virtualidades sem
fim.
Hoje em
dia, a vivência interactiva, estruturada em redes e gerando links
entre sites e blogs, cria novos rumos para o trabalho
intelectual, enquanto possibilita expansões em infinitas direcções.
De facto, a
partir do universo digital, estão abertas possibilidades exponenciais,
bibliográficas ou iconográficas, por reprodução ou simulação, universo
intermediário entre o potencial e o concreto. Com o virtual, a
biblioteca atinge a sensação de imensidade, a criar uma consciência de
ampliação, misto de abismo-vertigem, a favorecer cenários de bibliotecas
entre o imaginário e a utopia, furando e aumentando as quatro paredes da
minha biblioteca pessoal. Assim sendo, o mundo virtual tem-me
propiciado, também, imensas e apaixonantes viagens. |
|
|
|
Notas |
|
|
|
[i] Ana Luísa Janeira - A
configuração epistémica de gabinetes, boticas e bibliotecas, 2003.
http://triplov.com/ana_luisa/cabinet.html
[i]
Ver bibliografia final.
[i]
Expressão divulgada por William James (1842-1910) numa obra de 1890.
Ver, por exemplo, William James - The Principles of Psychologie,
Dover Publications, 1950.
[ii]
Ana Luísa Janeira, Ana Haddad Baptista - (Auto)biografias e
Memórias. São Paulo, Apenas-Arte, no prelo.
[iii]
Michel Foucault - Des espaces
autres (conférence au Cercle d'études architecturales,
14 mars 1967). In “Architecture,
Mouvement, Continuité”, 5, Out. 1984, 46-49.
Este texto foi publicado também e posteriormente em
http://foucault.Info/documents/heteroTopia/foucault.heteroTopia.fr.html,
de onde são retiradas as citações.
[iv]
Acrescente-se que o termo “heterotopia” tinha já aparecido no
Préface In Michel Foucault – Les mots et les choses:
une archéologie des sciences humaines, Paris, Gallimard, 1966,
Préface.
[ix]
Michel Foucault - Qu'est-ce qu'un auteur?. “Bulletin de la
Société Française de Philosophie”, Paris, n° 3, Jul.-Set., 1969,
73-104.
[x]
Ana Luísa Janeira, Ana Maria Haddad Baptista - (Auto)biografias e
Memórias. São Paulo, Apenas-Arte, no prelo.
[i]
Retirado de A viagem na construção do saber, conferência proferida
na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, 2010.
[i]
Aspectos corroborados igualmente, quando se desmembra o
universo semântico desta sinonímia: itinerário – “viagem”,
“roteiro”, “programa”; jornada – “marcha de um dia”, “viagem
por terra”, “acção militar”, “expedição”; odisseia – “viagem
cheia de aventuras extraordinárias”; périplo – “navegação à
volta de um mar ou pelas costas de um país”, “relação de uma
viagem desse género”; turismo – neologismo - “gosto por
viagens”, “viagens para recreio”, “excursionismo”;
afastamento – “desvio ou mudança de viagem”. No que respeita
o português, cabe ainda destacar, pelo sentido e alcance
histórico, a compósita torna-viagem associada à navegação,
colonização ou emigração: “volta de uma viagem por mar”,
“regresso”, “refúgio”, “resto”, aquele que regressou do
Brasil ou de África, com poucos haveres”. Expressões entre
aspas tiradas de Cândido de Figueiredo, Novo Dicionário
da Língua Portuguesa”, 5ª ed., Lisboa, Livraria Bertrand,
s.d... Contudo, o enunciado pode compreender, quer quem
regressa, quer o que regressa, tradicionalmente o vinho,
valorizado nas qualidades pelas condições do barco: “ Os
portugueses descobriram o Torna-Viagem há mais de um século,
por acaso. Na época em que seus navios cruzavam os mares do
mundo fazendo todo tipo de comércio, era comum levarem em
consignação uma partida do Moscatel de Setúbal. Os
comandantes recebiam pelo que vendiam. Nem sempre conseguiam
comercializar todos os barris. Na volta à pátria, depois do
périplo, em que se submetiam a diversos climas e
significativas variações de temperatura, os tonéis eram
devolvidos às caves dos produtores. Ao serem abertos, quase
sempre uma grata surpresa: geralmente o vinho estava melhor
do que antes de embarcar. A passagem pelos trópicos, a
caminho do Brasil, África ou Índia, quando atravessava por
duas vezes a linha do Equador, uma na ida, outra na volta,
parecia aprimorar a qualidade do Moscatel de Setúbal e
conferir-lhe grande complexidade. Nasceu assim a lenda do
Torna-Viagem.”
http://winexperts.terra.com.br/arquivos/moscatel.html
[ii]
Palavras e expressões obtidas em Cândido de Figueiredo,
Novo Dicionário da Língua Portuguesa”, 5ª ed., Lisboa,
Livraria Bertrand, s.d..
[iii]
Sensação empírica que chega a outorgar-lhe estatuto de
primeira na cura de males de amor…
[v]
Novas Co-Errâncias. Nouvelles Co-Errances.
“Atalaia”, Lisboa, nº 3, 1997.
[vi]
Ana Luísa Janeira (dir. cient.) -
Inovação-Tradição-Globalização – “As ciências modernas à
descoberta do mundo: viagens com destino nas
ciências”. Inclui estes textos de Ana Luísa Janeira: Cultura científica, cibercultura e literacia, O
conhecimento pela viagem, 2004.
http://cienciaeviagem.no.sapo.pt/cultura.html
[viii]
Na legislação brasileira e segundo os dispositivos que
regulamentaram as expedições científicas, a expressão foi
usada para designar: "o deslocamento, por um período
limitado, de recursos humanos e materiais para determinada
área geográfica, visando a realização de um plano
específico, de modo a obter dados e conhecimentos
científicos, comprovar ou estabelecer teorias,
caracterizando-se assim por um sentido mais amplo do que
simples pesquisa para avaliação de recursos naturais”,
"Decreto nº. 62.203, de 1968, e Decreto nº. 65.507, de 1969.
[ix]
Alexandre Rodrigues Ferreira a
quem Acompanhárão os Desenhadores Joseph Joachim Freire e
Joachim Joseph Codina E o Jardineiro Botanico Joaquim
Agostinho de Cabo, Roteiro Das Viagens que fez Pelas
Capitanias Do Pará, Rio Negro, Mato grosso e Cuiabá.
Lisboa, Biblioteca da Ajuda, c. 54-XI-27, nº15, na.1783,
ms.;“Expedição Filosofica do Pará de que hé Naturalista o
Doutor Alexandre Rodrigues Ferreira, os Riscadores, José
Codina, e José Joaquim Freire, e Agostinho do Cabo,
Jardineiro Botanico, o qual partio aos 14 de julho de 1783.
Relação do que levou o ditto Naturalista deste Real Gabinete
de Ajuda”, Lisboa, Museu Bocage, Maço 5, nº 7; Alexandre
Rodrigues Ferreira - Viagem Filosófica pelas capitanias
de Grão Pará, Rio Negro, Mato Grosso e Cuiabá (1783-1792).
Texto - 2 vols., Rio de Janeiro, Conselho Federal de
Cultura, 1972-1974. Gravuras - 2 vols., São Paulo, Editora
Monumental, 1971.
[x]
Cândido Mariano da Silva Rondon - Comissão Rondon, nº 43, Rio de Janeiro, 1916.
[xi]
Luiz de Castro Faria -
Pesquisa Etnológica sobre habitação, Rio de Janeiro, 1943.
Monografia apresentada ao concurso para a carreira de
Naturalista do M.E.S. Divisão de Antropologia e Etnografia –
Secção Etnografia e Arqueologia;
Luiz de Castro Faria - Um outro
olhar. Diário da Expedição à Serra do Norte. Rio de
Janeiro, Ouro sobre Azul Editora, 2001; Claude Lévi-Strauss
- Tristes Tropiques, Paris, Plon, 1955; Edgar
Roquette-Pinto - Rondônia. 4ª ed., Rio de Janeiro,
Companhia Editora Nacional, 1935.
[xiii]
“Além das diferenças decorrentes das disciplinas envolvidas,
recorde-se como a constituição das equipas foi sofrendo
alterações, em pessoas, equipamento e duração. A título de
exemplo: século XVIII - viagem filosófica de Alexandre
Rodrigues Ferreira – 1 naturalista, 2 riscadores (que teria
sido da História Natural dos Três Reinos, sem eles antes da
fotografia?), 1 jardineiro – 9 anos na Amazónia; século XX -
expedição de Claude Lévi-Strauss - 2 etnógrafos, 1
antropóloga, 1 médico – 6 meses na Amazónia Legal. Some-se
ainda o contributo de muitos que foram permanecendo ao longo
dos tempos: tropeiros, carregadores, guias, intérpretes. E
os caixões de ferramentas e munições. Evite-se, por fim, uma
injustiça fácil: o esquecimento das caravanas de mulas, de
burros e os carros de bois. Presença crucial. Todavia,
pobres animais, não só são ignorados, como são atribuídas as
suas tão importantes tarefas, a cavalos!”. Ana Luísa Janeira
et al. - Territorialização científica da Amazónia
(séculos XVIII-XXI).
http://www.amazónia.no.sapo.pt
[i]
René Descartes - Discours de la Méthode.
Pour bien conduire sa raison et chercher la vérité dans les
sciences.
Paris, 1637.
[ii]
Com o subtítulo de Aventuras Extraordinárias de um Português
no Oriente, edição adaptada por Aquilino Ribeiro e integrada
numa colecção particularmente preparada para crianças pela
Livraria Sá da Costa Editora.
[i]
Michel Foucault - Des
espaces autres (conférence au Cercle d'études
architecturales, 14 mars 1967). In “Architecture,
Mouvement, Continuité”, 5, Out. 1984, 46-49.
http://foucault.Info/documents/heteroTopia/foucault.heteroTopia.fr.html
[i]
Retirado de A viagem na construção do saber, conferência
proferida na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa,
2010.
[i]
Ana Luísa Janeira - Sistemas epistémicos e ciências. Do
Noviciado da Cotovia à Faculdade de Ciências de Lisboa.
Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 1987, 225; Ana Luísa
Janeira - A ciência e a virtude no Noviciado da Cotovia
(1603-1759): organização do espaço, produção do discurso e
sistema epistémico. ''Revista Portuguesa de Filosofia'',
Braga, 52 (1-4), 1996, 441-447; Ana Luísa Janeira (org.) -
“Gabinete de Curiosidades”. Lisboa, Centro Interdisciplinar
de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa
(CICTSUL), 1999. Inclui estes textos adaptados de Ana Luísa
Janeira: Ouvir e ler, olhar e ver, observar e experimentar,
31-38; Explorar, expor e crer, 41-49; Do Paço da Ajuda
à Escola Politécnica de Lisboa, 55-58; O jardim botânico
das reais quintas do Paço de Nossa Senhora da Ajuda, 61-65;
O Hospicio dos Apostolos da Cotuvia (1603-1759): Bairro do
Andaluz, cidade de Lisboa, 79-82; O quadrilátero
jesuítico: uma arquitectónica cultural e científica entre os
guaranis, 91-95; Viagem filosófica pelo espaço-tempo dos
jardins botânicos, 97-101; Jardins entre dois mundos,
103-106; O exótico nas colecções dos jardins botânicos,
109-118; Naturacultura: jardins e utopias, 121-127; Ana
Luísa Janeira; Ana Paula Macedo - Natura, cultura e ciência
nas missões guaranis. "Revista Portuguesa de Humanidades",
Braga, 3, (1/2), 1999. 455-490.
http://triplov.com/jardins/missoes/guaranis/index.htm
,
http://ccuc.cbuc.cat/search*cat~S23/i?08740321; Ana
Luísa Janeira - Notas de viagem sobre formas históricas de
globalização em Misiones, 2006.
http://triplov.com/ana_luisa/Notas-de-viagem/index.html;
Ana Luísa Janeira - Da natura à cultura. O povoado nos
trinta povos. In Ana Luísa Janeira et al. -
“Os Povos nos Novos Mundos”, Apenas Livros, Lisboa, 2007,
3-10; Ana Luísa Janeira - Apontamentos andarilhos: memórias
da Companhia de Jesus no centro académico de Évora. “Revué”,
Évora, 15 (10-11), Abr. 2009, 139-142; Ana
Luísa Janeira - A Energética teilhardiana - missão
evolucionista por terras cristãs. 2009.
http://triplov.com/ana_luisa/Chardin/index.html; Ana
Luísa Janeira; Graziela Wolfart - Entrevista a Ana Luísa
Janeira. “Revista IHS On-Line”, São Leopoldo, 13.9, 19.10 e
3.11. 2009; Ana Luísa Janeira – A Estratégia Epistemológica
da Companhia de Jesus na Memória Americana e Asiática. In
“Scientiarum Historia II”, Rio de Janeiro, Universidade Federal
do Rio de Janeiro, 2009, 49-67.
[ii]
Ana Luísa Janeira; Ana Paula Macedo - Natura, cultura e
ciência nas missões guaranis. "Revista Portuguesa de
Humanidades", Braga, 3, (1/2), 1999. 464.
http://triplov.com/jardins/missoes/guaranis/analuisa_07.htm
[i]
René Descartes - Discours de la Méthode.
Pour bien conduire sa raison et chercher la vérité dans les
sciences.
Paris, 1637.
[ii]
Com o subtítulo de Aventuras Extraordinárias de um Português
no Oriente, edição adaptada por Aquilino Ribeiro e integrada
numa colecção particularmente preparada para crianças pela
Livraria Sá da Costa Editora.
|
|
|
|
BIBLIOGRAFIA |
|
|
|
- JANEIRA,
Ana Luísa - Conhecer Simone Weil. Prefácio de Júlio FRAGATA,
Braga, Livraria Cruz, 1973, 300. Este livro reúne o corpo central de
O vazio no pensamento de Simone Weil. Ensaio de uma leitura
interpretativa. Tese de Licenciatura orientada pelo Professor Doutor
Júlio Moreira Fragata e apresentada à Faculdade de Letras da
Universidade do Porto, vol. policopiado, Porto, 1967, 179+LI, e ainda os
trabalhos sobre Simone Weil já assinalados, alguns inéditos (A
mulher em Simone Weil, Simone Weil operária, A caverna e o sol no
pensamento de Simone Weil. O significado dos "metaxus" em "La pesanteur
et la grâce") e bibliografias de e sobre Simone Weil.
- JANEIRA,
Ana Luísa - A Energética no pensamento de Pierre Teilhard de Chardin.
Introdução e estudo evolutivo. Prefácio de Henri GOUHIER, Braga,
Livraria Cruz-Faculdade de Filosofia, 1978, 360.
Este livro é a tradução de Réflexion philosophique sur l'Energétique
dans la pensée de Pierre Teilhard de Chardin.
Tese de Doutoramento orientada pelo Professor Henri Gouhier e
apresentada à Université de Paris I (Panthéon-Sorbonne), vol.
policopiado, Paris, 1971, 840.
- JANEIRA,
Ana Luísa - Filosofia das Ciências - porquê?, Filosofia das Ciências
e Epistemologia em Portugal. Esboço de uma situação, Da neutralidade(?)
das ciências e Filosofia e interdisciplinaridade. Descrição de duas
práticas interdisciplinares (ensino e investigação) In Ana
Luísa JANEIRA; Pedro Martins SILVA - "Textos de apoio para as cadeiras
de História das Ciências, Sociologia das Ciências e Filosofia das
Ciências". vol. de fotocópias, Lisboa, Associação dos Estudantes da
Faculdade de Ciências de Lisboa, A/1-A/12, B/1-B/6, C/1-C/7 e D/1-D/14
respectivamente. O texto integral do último artigo foi publicado
também In "1º Encontro Nacional de Professores de Filosofia".
Lisboa, Sociedade Portuguesa de Filosofia, 1980, 61-73.
- JANEIRA,
Ana Luísa - Humanismo. Logocentrismo. Etnocentrismo. "Revista
Portuguesa de Filosofia", Braga, 38 (4) Out.-Dez. 1982, 221-240. Actas
do 1º Congresso Luso-Brasileiro de Filosofia.
- JANEIRA,
Ana Luísa - Discursos dos saberes e das ciências na perspectiva de
Michel Foucault. "Revista Portuguesa de Filosofia", Braga, 39 (1-2)
Jan.-Jun. 1983, 92-109.
- JANEIRA,
Ana Luísa Cardoso Dias - Filosofia das Ciências. Relatório do
programa, conteúdos e métodos do ensino teórico e do ensino
teórico-prático. Lisboa, Faculdade de Ciências da Universidade de
Lisboa, 1984, 71. Parte deste relatório foi publicado posteriormente com
alterações: Filosofia das Ciências. Faces e interfaces de uma
disciplina. "Revista Portuguesa de Filosofia", Braga, 41 (1-2)
Jan.Jun. 1985, 281-303.
- JANEIRA,
Ana Luísa - Sistemas epistémicos e ciências. Do Noviciado da Cotovia
à Faculdade de Ciências de Lisboa. Lisboa, Imprensa Nacional-Casa da
Moeda, 1987, 225.
- JANEIRA,
Ana Luísa - Bloqueios mentais à emergência da mulher na comunidade
científica. In "A mulher e o ensino superior, a investigação
científica e as novas tecnologias em Portugal". Lisboa, Comissão da
Condição Feminina, 1987, 135-146. Actas do Seminário com o mesmo nome.
- JANEIRA,
Ana Luísa - A Filosofia das ciências em Portugal. "CTS. Revista
de Ciência, Tecnologia e Sociedade", Lisboa, (9), Jul.-Set. 1989, 8-13.
- JANEIRA,
Ana Luísa; CARNEIRO, Ana Maria; PEREIRA, Pilar Alagoínha - Situações
de controvérsia na Química do século XIX: a solução passiva adoptada na
Escola Politécnica de Lisboa (1837-1911). In F. GIL (edit) -
"Controvérsias científicas e filosóficas", Lisboa, Editora Fragmentos,
1990, 371-406.
- JANEIRA,
Ana Luísa; SANTOS, António Manuel Nunes dos; COELHO, José Amilcar - A
História das Ciências em Portugal: ensino e investigação.
"Ingenium", Santiago de Compostela, 2, 1990, 95-117.
- JANEIRA,
Ana Luísa - Jardins do saber e do prazer. Jardins botânicos.
Lisboa, Edições Salamandra, 1991, 146.
- JANEIRA,
Ana Luísa - Fazer-Ver para Fazer-Saber. Os Museus das Ciências.
Lisboa, Edições Salamandra, 1995.
- JANEIRA,
Ana Luísa - Viagem filosófica pelo espaço-tempo dos Jardins
Botânicos. In Ana Maria Alfonso-Goldfarb, Carlos A. Maia (orgs.),
''História da ciência: o mapa do conhecimento, São Paulo, Editora da
Universidade de São Paulo, 1995, 543-550.
- JANEIRA,
Ana Luísa - Há cem anos era assim. In A. L. JANEIRA (coord.
cient.), "Agenda 2001. Os nossos avós". Lisboa, Faculdade
de Ciências da Universidade de Lisboa, 2000, 3 pgs.
http://www.fc.ul.pt/agendaosnossosavós
- JANEIRA,
Ana Luísa – Simone de Beauvoir encontra Simone Weil. In M.
L. R. FERREIRA (org.), "Também há mulheres filósofas", Lisboa, Caminho,
2001, 163-169.
- JANEIRA,
Ana Luísa (prosa, fotos); JANEIRA, Isabel Maria (verso) -
Inovação-Tradição-Globalização: Japão:, 2002.
http://triplov.no.sapo.pt/
- JANEIRA, Ana Luísa - O lugar da memória na
comunidade científica e museológica actual, 2002. Maior
desenvolvimento em 117. Desde 2002 publicado
no primeiro. Em 2008, reescrito e publicado no segundo.
http://triplov.com/ana_luisa/memoria.html
http://marcasdasciencias.fc.ul.pt/conteudo/ficheiros/topologias.pdf
- JANEIRA, Ana Luísa; FONSECA, Tania -
Entrevista com Ana Luísa Janeira, Universidade de Lisboa.
“Psicologia & Sociedade”, Porto Alegre, 14, (2), Jul.-Dez., 2002, 7-17.
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-71822002000200002
- JANEIRA, Ana Luísa; MENEGAT, Rualdo - Como
se entrelaçam Inovação Científica, Saberes Tradicionais e Culturas
Globais na Descoberta do Mundo: Entrevista a Ana Luísa Janeira.
“Episteme”, Porto Alegre, 15, Ago-Dez, 2002, 15-28.
- JANEIRA,
Ana Luísa (dir. cient.) - "Inovação-Tradição-Globalização - As ciências
modernas à descoberta do mundo: Territoralização Científica da
Amazónia". Inclui estes textos de Ana Luísa Janeira: Um olhar
epistemológico; Outros olhares históricos, 2003.
http://amazonia.no.sapo.pt/OutrosOlharesHistoricos.html
http://amazonia.no.sapo.pt/Frame.html
- JANEIRA,
Ana Luísa - Ao. E-mail.com: A Amazónia tem de se ver de avião!
http://triplov.com/ana_luisa/ao_email_com.html
- JANEIRA,
Ana Luísa (dir. cient.) - Inovação-Tradição-Globalização – “As
ciências modernas à descoberta do mundo: viagens com destino nas
ciências”. Inclui estes textos de Ana Luísa Janeira: Cultura
científica, cibercultura e literacia, O conhecimento pela viagem,
2004.
http://cienciaeviagem.no.sapo.pt/cultura.html
http://www.cienciaeviagem.no.sapo.pt/Frame.html
http://cienciaeviagem.no.sapo.pt/conhecimentoviagem.html
- JANEIRA, Ana Luísa; LEITE, José Carlos; AMARAL, Maria Valderez -
Ana Luísa Janeira entrevistada por José Carlos Leite e Maurília
Valderez L. do Amaral (Cuiabá, 14.8.2003), 2004.
http://triplov.com/ana_luisa/cuiaba.htm
- JANEIRA, Ana Luísa (edit. conv.) - “O mundo nas colecções dos
nossos encantos”. "Episteme", Porto
Alegre, (21) Suplemento Especial, Jan.-Jun. 2005, 334 pp.+ CD-ROM.
Inclui estes textos de ou com a colaboração de Ana Luísa Janeira: A
configuração epistémica de gabinetes, boticas e bibliotecas; Mapeando a
natureza brasílica nas rotas dos mares; Poder,
saber e cais de intercâmbio à volta de L’Intérieur d’un
negociant bordelais au XVIII.e siècle; Endémicas e exóticas nos
jardins do Paço de Nossa Senhora da Ajuda e da Universidade de Coimbra;
Andarilhos, comerciantes, espiões,
naturalistas e outros cientistas em saques, expedições e exposições;
A Amazónia&companhia importada para o público norte-americano;
Entre ciências e etnociências; A memória na comunidade
científica e museológica moderna; Viajar
e sonhar pela colecção; Restos de colecção,
promoções no tempo, saldos pela história.
http://www.ilea.ufrgs.br/episteme/portal/pdf/numero21/episteme21_artigo_janeira6.pdf
- JANEIRA,
Ana Luísa - Primórdios do
coleccionismo moderno em espaços de produção do saber e do gosto,
"Memorandum: memória e história em psicologia", 2006.
http://www.fafich.ufmg.br/~memorandum/a10/janeira01.htm
- JANEIRA, Ana Luísa – Da natura à cultura. O
povoado nos trinta povos. In Ana Luísa Janeira et al.
–
“Os Povos nos Novos Mundos”, Apenas Livros, Lisboa, 2007, 3-10.
- JANEIRA,
Ana Luísa - Projecto “Marcas das Ciências e das Técnicas pelas ruas
de Lisboa”. Com Cesário Verde à descoberta de Lisboa,
“Circumscribere. International Journal for the History of Science”, 3,
2007.
http://revistas.pucsp.br/index.php/circumhc/article/viewFile/579/423
- JANEIRA, Ana Luísa - Mutações dos saberes no feminino.
In Andrés Galera et al.-“Cherchez la femme”, Lisboa, Apenas
Livros, 2008, 11-32.
-
JANEIRA, Ana Luísa; WOLFART, Graziela - Entrevista a Ana Luísa
Janeira. “Revista IHS On-Line”, São Leopoldo, 13.9, 19.10 e 3.11.
2009.
- JANEIRA,
Ana Luísa - Eixos e Configurações de Lisboa. Vol. I - Configuração
hospitalar de Santana, Eixo do Rato ao Chiado; Vol. II – Alcântara
desventrada, Ajuda: fastos e efeitos do Real Paço, Santa Maria de Belém:
o império da Praça do Império. Lisboa, Apenas Livros, 2009.
- JANEIRA, Ana Luísa - Figuras e configurações
do Porto: marcas em ambientes escolares. Lisboa, Apenas Livros, no
prelo.
LINKS
Museus e Colecções
-
Coleccionismo
http://www.ilea.ufrgs.br/episteme/portal/index.php?option=com_content&task=view&id=48&Itemid=28
- Museus
virtuais
http://polegaropositor.com.br/cienciapop/
http://polegaropositor.com.br/cruzeirodosul/
Marcas das
ciências e das técnicas pelas ruas de Lisboa
- Área
pública
http://marcasdasciencias.fc.ul.pt/pagina/inicio
http://turismocientificotecnologico.wordpress.com
Programa
internacional de investigação - natura, cultura e memória: projectos
transoceânicos
- A
Natureza impactante por terras de missão e a configuração epistemológica
moderna
http://www.cictsul.ul.pt
- Memória,
ciências e literatura
http://www.cictsul.ul.pt
Sustentabilidade
-
Sustentável versus sustentado
htt://sustentabilidade.home.sapo.pt/
- NaturaMeio - Natureza e eficiência na Herdade
do Freixo do Meio
http://naturameio.wordpress.com/
As
ciências modernas à descoberta do mundo
- As
curiosidades de Frei Manuel do Cenáculo
http://triplov.com/ana_luisa/Manuel-do-Cenaculo/Manuel-do-Cenaculo.doc
- A
territoralização científica da Amazónia (sécs. XVIII-XXI)
http://amazonia.no.sapo.pt
- Viagens
com destino nas ciências
http://cienciaeviagem.no.sapo.pt
- O espaço
e o tempo no Japão
http://triplov.no.sapo.pt
Formas
de viver, formas de pensar, formas de habitar
- Ciências,
técnicas e saberes
http://saberes.no.sapo.pt
http://fazeres.no.sapo.pt
Formas
de viver, formas de fazer, formas de saber
- Fazeres
com saberes
http://saberfazer.no.sapo.pt
- NaturArte
- Jardim dos Sete Sentidos
http://jardinsdecajardinsdela.blogs.sapo.pt
Colaboração
regular em
http://triplov.com/ana_luisa/index.htlm
|
|
|
|
Ana Luísa Janeira (Portugal)
Professora Associada da Secção Autónoma de História e Filosofia
das Ciências da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa
(2007--») aposentada. Investigadora do Centro Interdisciplinar
de Ciência, Tecnologia e Sociedade da Universidade de Lisboa
(1995--»). - Co-fundadora e primeira Coordenadora do Centro
Interdisciplinar de Ciência, Tecnologia e Sociedade da
Universidade de Lisboa (1995-1999). Com Agregação em Filosofia
das Ciências pela Faculdade de Ciências da Universidade de
Lisboa (1985) e Doutoramento em Filosofia Contemporânea pela
Université de Paris I (Panthéon-Sorbonne) (1971), a partir de
2000, iniciou uma reflexão crítica, visando definir teoricamente
topologias entre inovação – tradição – globalização,
nomeadamente os conceitos de espaço e de tempo, na sua
articulação com inovação científica, saberes tradicionais e
culturas globais. Projectos interdisciplinares em curso sob sua
coordenação:
- Marcas
das ciências e das técnicas pelas ruas de Lisboa
Construção de uma base de dados relativa a construído,
estatuária e toponímia em Lisboa, destinada a ser
preferencialmente utilizada em turismo cientifico e tecnológico.
(http://marcasdasciencias.fc.ul.pt/pagina/inicio)
-
NaturaMeio
Relações Universidade-Empresa orientadas para a procura de harmonias entre cultura e
natura na Herdade do Freixo do Meio, maior propriedade
portuguesa de agricultura biológica.
- A Real Abadia de Santa Maria de Alcobaça: organização
dos espaços, produção dos discursos, sistemas epistémicos
Estudo
histórico-filosófico visando configurar e articular espaços
arquitectónicos e espaços económicos.
- Natura,
Cultura e Memória
I - A
natureza impactante por terras de missão e a configuração
epistemológica moderna (séculos XVI-XIX)
Estratégias epistemológicas da Companhia de Jesus na memória
americana e asiática, na área da produção de conhecimentos
locais e globais. (http://www.triplov.com/jardins/missoes/guaranis/index.hm
http//:www.triplov.com/ana_luisa/notas-de-viagem/índex.htlm
II -
Memória, natura, cultura e literatura
A operatividade do acto e da acção dinamizados pela memória,
em contextos científicos e literários. |
|
|
|
© Maria Estela Guedes
estela@triplov.com
Rua Direita, 131
5100-344 Britiande
PORTUGAL |
|
|
|
|
|
|
|
|
|